Parabéns pela iniciativa. Mas, há nesse vídeo uma ideia errada (e muito comumente propagada) sobre a filosofia de Heidegger. Trata-se da tese de que "não há essência, apenas existência". Percebi uma aproximação da tese sartreana em seu discurso. Mas Heidegger não diz isso, e sim que "a essência se funda na existência" (Ser e tempo, § 25, p. 117), e isso faz toda diferença. A essência do homem não são propriedades dadas que se fixam a ele, mas sim *modos possíveis de ser*. O conceito ontológico-existencial de possibilidade é primordial para entender essa fusão entre essência e existência. É por isso que o próprio Heidegger vai discordar de Sartre (creio que em "Carta sobre o Humanismo"), quando este diz que "a existência precede a essência". Não precede, e nem procede, mas uma se funda na outra. Cuidado ao definir o homem como "aquilo que ele mesmo quer" ou discursos semelhantes. A vontade se funda na Cura (ou Cuidado, em outras traduções), é ela o fundamento do ser-aí enquanto ser-no-mundo, e não a vontade. Essa última é apenas um modo de exercer o ser-no-mundo, fundado na Cura. Dizer que "o homem é inacabado" é extremamente ambíguo na ótica de Ser e tempo. Muitos dizem isso, mas ficam por aí, como se isso fosse auto-explicativo - e não é. Esse "ser inacabado" não é simplesmente algo faltante ao homem, no modo de mera ausência - isso seria equiparar o ser do homem ao ser das coisas. Como, então, definir esse "ser inacabado"? No âmbito ontológico, o homem é um 'ente acabado', no sentido de ser total e inteira a sua estrutura ontológica - a Cura, e, em última instância, historicidade (temporalidade) - cf. Ser e tempo, § 45, p. 234. Outro discurso ambíguo é "buscar novas projeções". Deve-se explicitar o que significa projeção, como fenômeno existencial. Espero que essas considerações lhe sejam úteis. Até mais!
Ora, mas Platão, Aristóteles e etc. consideravam o ser como algo a ser buscado para além do homem, exatamente por esse motivo: "O homem é o "ser" que pergunta". Na concepção grega, para o homem ser o "ser ontológico" , esse teria que ser necessariamente o ser que responde, e não o ser que pergunta.
Ser e não ENTE, isso tá cheirando antropocentrismo com nome mais refinado e remete a velhos conceitos de Zen budismo. Por outro lado, custa -me crer que só Heidegger, após tantos séculos de construção filosófica, foi o único a ter a ILUMINAÇÃO, o INSIGHT de descobrir que o FUNDAMENTO é o SER ao invés do ENTE. Ou seja, todos antes estavam EQUIVOCADOS.
Heidegger provavelmente teve contato com comentadores escolásticos tardios, e não com os próprios escolásticos. A distinção entre ser e ente era bem conhecida por Tomás de Aquino. Quando se analisa gramaticalmente, fica mais fácil de entender: o ente é o particípio presente substantivo do verbo latino "esse", que significa ser. Portanto, ente é aquilo que é, aquilo que está sendo.
Caracas me apaixonei por esse prof amei prof 😍😍😍😍😍
O Dasein para Heidegger é um homem singular, uma vez que para ele não existe universais( possibilidade de essência).
Parabéns pela iniciativa. Mas, há nesse vídeo uma ideia errada (e muito comumente propagada) sobre a filosofia de Heidegger. Trata-se da tese de que "não há essência, apenas existência". Percebi uma aproximação da tese sartreana em seu discurso.
Mas Heidegger não diz isso, e sim que "a essência se funda na existência" (Ser e tempo, § 25, p. 117), e isso faz toda diferença. A essência do homem não são propriedades dadas que se fixam a ele, mas sim *modos possíveis de ser*. O conceito ontológico-existencial de possibilidade é primordial para entender essa fusão entre essência e existência. É por isso que o próprio Heidegger vai discordar de Sartre (creio que em "Carta sobre o Humanismo"), quando este diz que "a existência precede a essência". Não precede, e nem procede, mas uma se funda na outra.
Cuidado ao definir o homem como "aquilo que ele mesmo quer" ou discursos semelhantes. A vontade se funda na Cura (ou Cuidado, em outras traduções), é ela o fundamento do ser-aí enquanto ser-no-mundo, e não a vontade. Essa última é apenas um modo de exercer o ser-no-mundo, fundado na Cura.
Dizer que "o homem é inacabado" é extremamente ambíguo na ótica de Ser e tempo. Muitos dizem isso, mas ficam por aí, como se isso fosse auto-explicativo - e não é. Esse "ser inacabado" não é simplesmente algo faltante ao homem, no modo de mera ausência - isso seria equiparar o ser do homem ao ser das coisas. Como, então, definir esse "ser inacabado"?
No âmbito ontológico, o homem é um 'ente acabado', no sentido de ser total e inteira a sua estrutura ontológica - a Cura, e, em última instância, historicidade (temporalidade) - cf. Ser e tempo, § 45, p. 234.
Outro discurso ambíguo é "buscar novas projeções". Deve-se explicitar o que significa projeção, como fenômeno existencial.
Espero que essas considerações lhe sejam úteis. Até mais!
Aprendi mais um pouco . Obrigado!
Melhor professor de Filosofia!!!👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿
❤
Interessante.
UM HOMEM MORTO ERA UM "SER" VIVO ...
Filosofia certa, cara.
Podemos vê o existencialismo de Sartre.
Ora, mas Platão, Aristóteles e etc. consideravam o ser como algo a ser buscado para além do homem, exatamente por esse motivo: "O homem é o "ser" que pergunta". Na concepção grega, para o homem ser o "ser ontológico" , esse teria que ser necessariamente o ser que responde, e não o ser que pergunta.
Ser e não ENTE, isso tá cheirando antropocentrismo com nome mais refinado e remete a velhos conceitos de Zen budismo. Por outro lado, custa -me crer que só Heidegger, após tantos séculos de construção filosófica, foi o único a ter a ILUMINAÇÃO, o INSIGHT de descobrir que o FUNDAMENTO é o SER ao invés do ENTE. Ou seja, todos antes estavam EQUIVOCADOS.
Heidegger provavelmente teve contato com comentadores escolásticos tardios, e não com os próprios escolásticos. A distinção entre ser e ente era bem conhecida por Tomás de Aquino. Quando se analisa gramaticalmente, fica mais fácil de entender: o ente é o particípio presente substantivo do verbo latino "esse", que significa ser. Portanto, ente é aquilo que é, aquilo que está sendo.