4. Como criar um novo mundo, de acordo com Byung Chul Han? [Jogo e louvor à Terra]

Filósofo asiático, nascido na Coreia do Sul em 1959, que vive na Alemanha
Ensaísta sobre o mundo contemporâneo
(3) Jogo e uso lúdico da linguagem
A vida não é útil. Não no sentido de que não serve pra nada, mas do ponto de vista de que ela não deve se curvar diante do produtivismo capitalista. Ao analisar os diálogos platônicos, Byung afirma que eles, dentre outras coisas, eram escritos de forma a entreter as pessoas de uma maneira que fosse prazerosa: “O diálogo platônico ainda apresenta também elementos lúdicos.” (Desaparecimento dos rituais, p. 77).
Desse modo, o jogo e a linguagem podem ser formas de resistência ao produtivismo capitalista, assim como uma forma de vivermos sob o imperativo do lúdico: “Sob a coação do trabalho e da produção desaprendemos cada vez mais a capacidade de jogar. Também temos feito raramente um uso lúdico da linguagem.” (Desaparecimento dos rituais, p. 61).
Precisamos aprender a brincar com as palavras, mais do que usá-las para produzir algo. Por isso, é na poesia que mora o prazer de escrever e ler. É na poesia que linguagem e jogo se encontram para criar um modo de vida em que a diversão é a única coisa que importa.
Quando nosso foco é a vida e não a produtividade, o silêncio pode ser cultivado como resistência ao excesso de ruído que nos assola nos dias de hoje: “O silêncio é linguagem; a barulheira da comunicação, em contrapartida, não é.” (A expulsão do outro, p. 42).
(4) Louvor à Terra
Byung comprou uma casa e passou a cultivar um jardim. Sua experiência foi registrada em um diário, que serviu de base para a escrita de seu livro “Louvor à Terra”. Neste belo livro, talvez o mais encantado e poético de seus escritos, ele nos inspira a desacelerar o tempo e a aprender a cuidar do nosso planeta: “Desde que trabalho no jardim, sinto o tempo de um jeito diferente. Ele passa de um modo fundamentalmente mais lento.” (Louvor à Terra, p. 20).
As pessoas se orgulham de estarem mergulhadas na correria do dia a dia. É como se elas encontrassem a plenitude e a realização do sentido de suas vidas apenas quando estão sem tempo para a boa e inútil conversa ou são privadas dos pequenos prazeres cotidianos.
A regra é correr e se orgulhar por não ter tempo para nada. Assim, cultivar um jardim, pode ser uma forma de se tornar, de novo, rico em tempo e inutilidade: “O jardim torna possível uma experiência intensiva do tempo. Durante o meu trabalho no jardim, me tornei rico de tempo. O jardim para o qual se trabalha dá muito em troca. Ele me dá ser e tempo.” (Louvor à Terra, p. 21).
Não estamos falando apenas de reaprender a desacelerar o tempo, mas de olhar para o nosso planeta de forma generosa e complacente. Se conseguirmos amar e respeitar a Terra, então teremos a possibilidade de passar a olhar para ela com os olhos da admiração e não do produtivismo predatório que tem regido as economias capitalistas.

[@bonove250]

Tenho buscado viver de uma forma melhor...dentro do que me é possível. Ler os livros de Byung-Chul Han têm ajudado a compreender inquietações, angustias e dado força a essa busca. Coincidentemente aquilo que me faz bem tem relação direta com a infância, é o que fica cada mais mais claro ao ler livros como Louvor à Terra e Favor fechar os olhos. Aproveito para te agradecer pelos vídeos, pelo canal. Vejo sempre!

[@MariaJoseSilva-ez9be]

Seus vídeos são interessantíssimos, gosto de assistir, reassistir... já comprei dois livros, pretendo adquirir outros. Meu agradecimento por seu trabalho, sua gratuidade em tornar conhecido tão caro e necessário pensador, em tempos tão adversos. 👏👏

[@h.moraes8854]

Muito interessante esse livro que não conheço e vou comprar agora... me parece um movimento que iniciei em minha própria vida, ligada a hortas urbanas, compostagem e produção de alimento em meu quintal.

[@hosanarodrigues7703]

Acabei de conhecer seu canal, muito bom. Parabéns !

[@alfredo_oliva]

Bem vinda.

[@rosesantos1488]

interessante, busco viver assim , observei que é por aí.... não consegui me enquadrar no que me foi apresentado

[@suzanadacunha8799]

Obrigado!

[@danieladaroltrossetto9290]

👏👏

[@Impermanencia404]

Desculpe-me a ignorância. Como fazer essa proposta do nobre filosofo com a barriga vazia e desempregado?

[@alfredo_oliva]

Sugiro assistir ao vídeo. É sobre o que você está perguntando.