7:50 Eu sou bolsonarista e vejo muito UOL, Pedro Doria e outros canais de esquerda, uma vez ou outra quando fazem análises sensatas eu os ouço. O problema da esquerda é projetar aquilo que ela é nos outros, por exemplo, nós não somos um movimento centralizado, não temos um "gabinete do ódio", mídias tradicionais de TV, sindicatos e todo um financiamento de propaganda por meio da elite jornalística e artística para defender esse sistema.
Esse foi o seu melhor vídeo até agora. Tanto pela eloquência, como pela estrutura lógica bem encadeada, mas principalmente pela novidade. Não sei se você reparou, mas este discurso que você apresentou, não aparece com frequência nas redes sociais. A ideia de que as pessoas rejeitam a esquerda porque não gostam de sentirem vítimas parece óbvia, mas eu ainda não havia visto ninguém defender esta posição de maneira tão clara e direta. Tá bom! Eu sei que existe um vínculo entre o que você disse e algum discurso difícil de entender de Stuart Hall ou até mesmo em Mouffe ou Laclau a gente poderia encontrar uma autocrítica de esquerda que resvala no problema da auto-estima construída dentro da ideologia individualista do capitalismo. Mas você foi claro pra cacete e isso é maravilhoso. Eu estou te elogiando por falar isso de forma clara e concisa. Parecia até um filósofo analítico em relação ao uso da linguagem, e sejamos sinceros: Com relação ao uso da linguagem direta, os analíticos dão de dez nos pós-modernos. Acho que é um ganho admitir que os caras se comunicam melhor, do mesmo modo que é um ganho, admitir que a direita está se comunicando melhor que a esquerda. Precisamos reaprender a falar, e você deu um excelente primeiro passo. Imagino que você não saiba, mas eu sou adepto do único grupo de esquerda mais vilipendiado dentro da própria esquerda do que os comunistas pós-modernos. Refiro-me aos marxistas analíticos (Jon Elster; G.A. Cohen; John Roemer; e principalmente Adam Przeworski). Estou entre aqueles que pensam que Marx e Engels estavam no caminho certo, mas conservaram traços de um determinismo que precisa ser extirpado (você deve conhecer muitos marxistas deterministas e, se for sincero, sabe que este ranço de determinismo já estava presente no próprio Marx, mas principalmente em Engels). Há muita coisa obscura e mal explicada na teoria do capital que precisa ser detalhada e compreendida a luz de uma ciência não determinista que já se desenvolveu muito depois do final do século XIX. Mas isso não vem ao caso agora. Vou tentar mostrar como isso que você disse, bate perfeitamente com o marxismo analítico. Vamos começar do começo: Precisaremos olhar o capital à luz do conceito de entropia. Não. Não falo daquela bobagem que Bertallanfy aplicou na sua descrição da teoria dos sistemas e que depois contaminou o resto do mundo, que passou pensar que entropia é uma medida do grau de desordem do universo. De fato, Bertallanfy usou uma noção equivocada da descrição de Boltzmann da entropia. Boltzmann definiu entropia como o número de microestados possíveis de um sistema. Quando maior for o número de configurações que um sistema pode assumir, maior será a sua entropia, por exemplo: se a mesma quantidade de partículas for colocada em recipientes com tamanhos diferentes, aquela quantidade colocada no maior recipiente terá maior entropia, pois neste recipiente existem mais formas em que essas partículas podem se arranjar. Agora podemos avaliar esquerda e direita sob um espectro de entropia, esquecendo completamente essa bobagem de “desordem do sistema”. A descrição histórica que Marx faz dos sistemas políticos pode ser avaliada de um ponto de vista entrópico (probabilístico), ou seja, cada sistema econômico surge diante do colapso de outro, mas o que mudou no sistema para que ele colapsasse? Porque o comunismo primitivo deu lugar ao escravismo? Porque o escravismo deu lugar ou feudalismo? Porque o feudalismo deu lugar ao capitalismo? Marx nos diz que cada sistema econômico carrega consigo contradições internas que são inerentes ao próprio modo de funcionamento do sistema e estas contradições também serão responsáveis pela falência do sistema, mas porque as contradições já não resultam em falência do sistema desde o início? Porque o sistema pode funcionar por séculos antes que suas contradições os tornem inviáveis? Autores marxistas reuniram diversas hipóteses para explicar metaestabilidade dos sistemas econômicos, dentre elas, podemos citar com maior relevância: MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO: Os sistemas econômicos possuem mecanismos internos que permitem que eles se adaptem e se modifiquem ao longo do tempo. Reformas, inovações tecnológicas e mudanças nas relações sociais podem temporariamente aliviar as tensões geradas pelas contradições. DOMINAÇÃO DE CLASSE: A classe dominante, que detém os meios de produção, tem interesse em manter o sistema funcionando, mesmo com suas contradições. Ela dispõe de mecanismos de controle social e ideológico para garantir sua hegemonia e impedir que as contradições se manifestem de forma aberta e generalizada. ACUMULAÇÃO DE CAPITAL: O capitalismo, em particular, possui uma capacidade impressionante de se expandir e se adaptar a novas condições. A acumulação de capital permite que o sistema absorva crises e se reinvente. Todas estas explicações parecem relevantes e de certa forma corretas, mas não são explicações causais. São descrições de mecanismos pelos quais os sistemas econômicos conseguem se manter em funcionamento durante algum tempo, mesmo que contenha contradições desestabilizadoras. Mas repare que estes mecanismos são todos eles, formas de sustentação do sistema. Eles explicam que os sistemas podem funcionar, mas não explicam porque eles têm funcionalidade limitada. Imagine um sistema com contradições instabilizadoras e contrapesos estabilizadores como os que foram acima citados. Porque esse equilíbrio não pode se manter eternamente? Uma outra explicação mais condizente com a teoria dos sistemas é a seguinte: COMPLEXIDADE DOS SISTEMAS SOCIAIS: Os sistemas sociais são complexos e interconectados, com múltiplas variáveis econômicas em jogo. As contradições podem se manifestar de formas diversas e em diferentes momentos, tornando difícil prever com precisão quando e como um sistema entrará em colapso. Esta explicação é melhor, mas é fundamentalmente uma outra maneira de repetir Marx, pois o bom entendedor sabe que que sistemas contendo contradições são complexos, mais especificamente poderíamos dizer que sistemas econômicos são complexos por serem caóticos, mas Marx não tinha como saber disso, afinal a teoria do caos ainda não era conhecida quando Marx estava vivo.
De fato, a função que rege as contradições de um sistema qualquer são: X(sucessor) = K*X(antecessor) * [1-X (antecessor)] Tá legal. Eu sei que você é de humanas, mas a equação acima é chamada de equação logística e foi descoberta por Verhulst em meados do século XIX e tornou-se muito importante após a o desenvolvimento da teoria do caos. Ela mostra o que acontece num processo de eventos historicamente contraditórios (evento X e evento (1-X)). X é uma contrário de (1-X), ou seja: Num universo em que a totalidade é 1 (100%), se algo é X, tudo aquilo que não é X só pode ser (1-X). A equação logística mostra o que acontece quando X e (1-X) ocorrem simultaneamente. Repare que no interior da equação logística, a relação é de simultaneidade, então X é contraditório de (1-X) e não apenas contrário. Esta equação representa o que acontece quando existe uma contradição na história de um sistema. A solução desta equação depende do valor de K (uma constante que depende da taxa de reprodução do sistema (num sistema capitalista, a taxa de reprodução K é a taxa de reprodução do capital). Se K é menor que (1/0,9), o sistema é inviável e decairá em pouco tempo. Se K é maior que (1/0,9) e menor que 2,5, o sistema é crescente e atinge uma estabilidade Se K é maior que 2,5 e menor que 3,7, o sistema é crescente, mas se mantem instável com ciclos de crise que serão mais intensos, quanto mais perto de 3,7 ficar o valor de K, mas as crises não são suficientes para resultar em colapso do sistema (completa incapacidade de produção) Se K for maior que 3,7 e menor do que 4, o sistema torna-se caótico (imprevisível) e sofre oscilações contentes e intensas que o enfraquecem muito, abrindo assim a possibilidade de que este sistema venha a ser substituído por outro que possa ser funcional com valores menores de K. Se K for maior que 4, a sistema colapsa e deixa de existir, mesmo que não haja outro sistema substituto. Como se vê, nenhum sistema pode existir com K menor que 1 ou maior que 4. O sistema capitalista britânico observado por Marx, provavelmente tinha K entre 2,5 e 3,7. Nesta condição o sistema apresenta crises cíclicas mais ou menos previsíveis que podem ser contornadas por meio de medidas administrativas. Depois da crise de 1929 e sobretudo da segunda guerra mundial, o sistema capitalista adotou um estatismo parcial (Keynesianismo e sociais democracias) que reduziram as taxas de reprodução do capital (mantendo o valor de K abaixo de 2,5 e gozando de um período de desenvolvimento estável até por volta dos anos 80). Em outras palavras, o sistema optou por manter as taxas de lucro e a monopolização mais baixas até que a ameaça representada pela União Soviética se extinguisse. De 1990 para cá, o sistema voltou a aumentar o valor de K (taxa de reprodução do capital) e hoje deve estar superado os 3,7, entrando, portanto, em um regime caótico. Sistemas alternativos começam a se apresentar como candidatos a substituição do modelo capitalista (O Modelo Chinês, que ainda não tem nome, e capitalismo de estado da Rússia). Mas o que determina o valor de K? Porque os sistemas aumentam o valor de K inadvertidamente até o ponto de submeterem-se à condição de crises constantes? Marx não tratou deste problema, mas ele identificou perfeitamente o problema das contradições dos sistemas, contudo viveu em um tempo em que a ciência era newtoniana e determinista. Ele buscava formas de prever acuradamente o fim do capitalismo a partir das contradições internas e influenciar os trabalhadores para construírem um sistema substituto, que deveria derrubar o capitalismo durante uma das crises em que estivesse enfraquecido (revolução). Acho que qualquer um é capaz de compreender que não é possível fazer revoluções em momentos que o sistema está fortalecido. Ainda que você teime em tentar salvar Marx da acusação de determinismo, não é isso que eu leio nas páginas do “Capital” ou do “Manifesto” ou da “Ideologia”. Marx não era um determinista rígido: Ele não acreditava em um destino histórico inevitável e reconhecia o papel da agência humana na construção da história. Mas Marx tinha elementos deterministas em seu pensamento: A ênfase nas forças materiais e na evolução linear da história são indícios de um certo determinismo. E esse é sem dúvida um problema. Muitos comunistas ainda estão convictos de que o único sistema que pode ser candidatar a substituir o capitalismo é o socialismo. Isso é um fraqueza que leva a esquerda a agir de maneira similar ao anti-comunismo. Para um anti-comunista, tudo aquilo que não se aproxima muito de um fascismo capitalista é comunismo. Para muitos comunistas, tudo aquilo que não se aproxima muito da descrição de socialismo contida no manifesto comunista é capitalismo. Hoje vivemos uma proliferação de novos sistemas à esquerda (modelo chines) e à direita (modelo russo) e podem surgir outros que se proponham a substituir o capitalismo mesmo sem serem exatamente socialistas. A visão linear de evolução dos sistemas de Marx, que termina no socialismo, tem cheiro de determinismo. Não devemos nos encantar com isso. O socialismo, acontecer, será construído por nós e não pelas forças materiais. As forças materiais existem, mas tem uma influência caótica nas superestruturas. Não dá pra dizer de antemão qual será a consequência da ação das forças materiais. Estas forças materiais só atuam no sistema vigente, ou seja, o capitalismo e qualquer sistema anterior pode ser compreendido a partir da análise dos condicionantes materiais de seu tempo, mas o socialismo é um sistema potencial (Exceto em alguns poucos países) e, portanto, não é condicionado pela materialidade de nosso tempo (ou de algum momento passado). O socialismo é hoje uma proposta de sistema (uma hipótese). Sua materialidade só se estabelecerá quando ele tiver sido colocado em prática. O capitalismo sim, é condicionado pela materialidade econômica atual e a taxa de reprodução do capital atingiu valores tão elevados que estão instabilizando o sistema que adquiriu uma dinâmica caótica. É no caos que a ação humana deve agir. E algumas coisas podem acontecer: a) O capitalismo pode voltar a reduzir seu valor de K para sobreviver mais tempo. b) O capitalismo pode lançar mão de seu cão de guarda fascista para sobreviver mais tempo, mas isto é menos efeito que a redução do valor de K. c) O capitalismo pode ser substituído por um sistema ainda mais injusto d) O capitalismo pode ser substituído por um sistema mais justo (inclusive pelo socialismo)
Aqui entramos no ponto que você comentou: “As pessoas não querem se sentir oprimidas.” Sim. As pessoas são oprimidas, mas não querem se sentir assim. Porque? Sentir-se oprimido poderia ser o primeiro passo para a cura da doença da opressão. Mas o problema é que a opressão não é uma doença. A opressão é uma condição que se manifesta por meio da luta de classes, e não podemos esquecer que a luta de classes é antes de tudo, uma “LUTA”. O oprimido é o lado fraco na luta opressor versus oprimido e o fraco perde a luta. Argumento que o que você disse é verdadeiro, mas não pelos motivos mais óbvios. O sentimento de opressão é realmente péssimo e só pode levar à derrota. (Lembra de Nietzsche?) A esquerda erra quando tenta convencer as pessoas que elas são oprimidas pelo sistema. O sistema não oprime. O sistema luta para sobreviver. Nós temos que compreender que o sistema está em luta e temos que lutar do lado oposto. Observar as fraquezas e crises do sistema e nos aproveitarmos delas. Neste momento, cabe a nós entrar em modo propositivo. Construir o socialismo nos escombros do capitalismo. Sim. Hoje não vivemos mais num sistema capitalista. Vivemos nos escombros dele. O liberalismo faliu A democracia burguesa fracassou A ideologia individualista perdeu para o coletivismo chinês e para oi autoritarismo russso. Não estou dizendo que russos e/ou chineses serão necessariamente os herdeiros do mundo. Só serão se nós não entrarmos na Luta para conquistar um espaço para um sistema mais autenticamente socialista. Conquistar o mundo não é uma tarefa para os fracos e nem para os oprimidos. Não quero tapar o sol com a peneira. Há muito cheiro de determinismo em Marx e esse fedor levou boa parte da esquerda a entender que o capitalismo colapsa por suas contradições internas e o socialismo necessariamente o substituirá. Sim. O capitalismo se colocou numa situação escombrosa, numa crise em que seus restos são hoje administrados por aquilo que que os capitalistas originais consideravam como o único bicho papão além do estado. Falo dos monopólios. Os capitalistas originais pensavam que a formação de monopólios equivale a formação de estados, ou seja: se alguém detivesse o monopólio de determinado mercado, ele seria como o governo desse mercado. Pior. Seria um governo ditatorial sem nenhum controle. Nem mesmo os capitalistas queriam os monopólios, mas infelizmente eles eram bem burrinhos e pensavam que seu santo capitalismo poderia ser defendido nos monstros monopolistas pela mera concorrência do mercado. Advinha: Veio a internet, que é a primeira experiencia humana de mercado sem governos castradores e formaram-se os primeiros super-monópólios da terra. No mundo atual, o capital já não é tão poderoso. O que vale é o patrimônio (posse de dados, posse de informações, posse de dinheiro, posse de crédito, etc). Já não é preciso gastar dinheiro para fazer dinheiro (dinheiro que faz dinheiro se chama capital). Só é preciso ter um patrimônio relevante e outros otários gastarão dinheiro para te enriquecer ainda mais. Isso não é capitalismo no mesmo sentido que foi pensado por Marx (sei que Marx falou do capitalismo financeiro, mas nós já estamos vivendo o pós-financiamento). Mas se estamos vivendo os escombros do capitalismo, porque precisamos enfrenta-lo? Simples. Estes escombros continuam poderosos, mas alguém vai comer esta carcaça. Não serão os oprimidos. Por isso é melhor que nós não sejamos os oprimidos. Temos que ser combatentes. Temos que ser propositores. Ao invés de apenas reclamar dos latifúndios, vamos construir mais propriedades coletivas, inclusive invadindo as deles. Eu nunca vi um cara do MST que não fosse de esquerda. Ao invés de reclamar dos empresários, vamos construir cooperativas e boicotar os produtos dos capitalistas. Ao invés de reclamar da Uber, vamos criar um app socialista para os motoristas independentes. Claro que não é fácil. Claro que a globo vai falar mal. Claro que o sistema vai rejeitar, mas luta é isso aí. Vamos dizer todos em uníssono. OPRIMIDO É A PUTA QUE TE PARIU. EU SOU LUTADOR DA LUTA DE CLASSES. Esse é o sentimento a ser divulgado, mas não basta o discurso. A diferença entre o gado e a gente é que a gente não pode ficar só no blablablá. Tem que agir, organizar, construir alternativas de luta (vamos começar falindo o Uber - que tal um app gratuito pros motoristas independentes - tem muito programador de computador de esquerda por aí). Um militante só milita se for em coerencia com seu grupo de ação.
Viajou mano. Tem a parte mais "governista" da esquerda que realmente é meio assim, tiveram uma reação conservadora ao caso da Tertuliana, agora estão cheios de dedos com a pauta da escala 6x1 etc. Mas muita gente fez críticas à atitude da Tertuliana sem cair em conservadorismo, e eu acho mesmo que aquilo foi muito criticável, e isso não me torna de direita. Recomendo vc ver os comentários do Alexandre Linck e especialmente do canal trans-missão sobre esse assunto.
@@alejandrocuevas7831 Não há crítica à expressão corporal de uma mulher trans, feita com liberdade e autonomia, que não seja conservadora, mesmo partindo de outras mulheres trans. Pânico moral puro! Uma pessoa não deixa de ser conservadora ou reacionária porque ela diz que não é, caso do Linck. A crítica dele foi reacionária.
@@phmarcondes enquanto protesto político, foi vazio. Faria algum sentido, seria uma atitude corajosa, se estivesse num contexto em que as mulheres trans são proibidas ou inibidas de mostrar a raba em lugares propícios pra isso, não é o caso. A propósito, talvez seja conservador acreditar que o espaço de uma palestra numa universidade não seja adequado para esse tipo de exibição, seja de mulher trans, mulher cis, homem ou os caraio. Lembrando que eu não considero que seja um protesto de fato. Qual a pauta? Qual a reivindicação? Qual o movimento social envolvido? Sinto muito, pra mim foi só autopromoção de uma influencer. Mas acho que a maior reflexão nesse caso é: qual o estigma da população trans? Põe a mão na consciência e me responde. O que a maioria das pessoas vai visualizar ao pensar numa, pra usar a expressão do povão, travesti? Vai pensar numa prostituta de vestidinho mostrando a bunda em alguma esquina por aí. E de fato, graças a toda a discriminação que estas pessoas sofrem, sobra pouca oportunidade de emprego além da prostituição. Na minha opinião a pauta é combater o imaginário popular de hiper sexualização das mulheres trans, exatamente o contrário do que a Tertuliana fez, reforçar esse estereótipo. Entenda, não vejo absolutamente problema nenhum numa trans ou qualquer pessoa dançar funk, gostar de putaria (até porque lá no fundo todos gostamos de putaria), produzir conteúdo ou até se prostituir, se ela gostar disso, se quiser. Mas isso já não é proibitivo para as trans, é literalmente o gueto que a sociedade reserva para essa minoria. A gente precisa lutar para que as trans estejam na universidade, consigam empregos dignos, tenham direitos específicos de saúde, possam constituir família e ser aceitas pela própria família, e não vejo essas pautas no "manifesto" da Tertuliana rebolando. Te expliquei lá em cima a parte dessa argumentação que concordo ser conservadora. Mas essa última não é não.
@@phmarcondes tinha comentado mais cedo mas acho que o yt ocultou, vou tentar de novo com o mesmo texto porque tenho tido a impressão de que esse negócio de não aparecer o comentário tem menos a ver com palavras sensíveis do que com algum bug no site. Se sumir de novo tento censurar umas palavras. Enquanto protesto político, foi vazio. Faria algum sentido, seria uma atitude corajosa, se estivesse num contexto em que as mulheres trans são proibidas ou inibidas de mostrar a raba em lugares propícios pra isso, não é o caso. A propósito, talvez seja conservador acreditar que o espaço de uma palestra numa universidade não seja adequado para esse tipo de exibição, seja de mulher trans, mulher cis, homem ou os caraio. Lembrando que eu não considero que seja um protesto de fato. Qual a pauta? Qual a reivindicação? Qual o movimento social envolvido? Sinto muito, pra mim foi só autopromoção de uma influencer. Mas acho que a maior reflexão nesse caso é: qual o estigma da população trans? Põe a mão na consciência e me responde. O que a maioria das pessoas vai visualizar ao pensar numa, pra usar a expressão do povão, travesti? Vai pensar numa prostituta de vestidinho mostrando a bunda em alguma esquina por aí. E de fato, graças a toda a discriminação que estas pessoas sofrem, sobra pouca oportunidade de emprego além da prostituição. Na minha opinião a pauta é combater o imaginário popular de hiper sexualização das mulheres trans, exatamente o contrário do que a Tertuliana fez, reforçar esse estereótipo. Entenda, não vejo absolutamente problema nenhum numa trans ou qualquer pessoa dançar funk, gostar de putaria (até porque lá no fundo todos gostamos de putaria), produzir conteúdo ou até se prostituir, se ela gostar disso, se quiser. Mas isso já não é proibitivo para as trans, é literalmente o gueto que a sociedade reserva para essa minoria. A gente precisa lutar para que as trans estejam na universidade, consigam empregos dignos, tenham direitos específicos de saúde, possam constituir família e ser aceitas pela própria família, e não vejo essas pautas no "manifesto" da Tertuliana rebolando. Te expliquei lá em cima a parte dessa argumentação que concordo ser conservadora. Mas essa última não é não.
Vontade de esfregar esse vídeo em uma dúzia de colegas de trabalho kkk. Sou professor de história e a um bom tempo ando sofrendo com tudo isso, os professores de humanas onde eu trabalho defendem o PT ao máximo e não aceitam uma crítica, logo, mesmo se dizendo de esquerda estão sempre falando sobre mérito, "justo e injusto" - daquela maneira bem moral barata e falida sabe.. Muito triste ver o povo como maioria sustentando esse peso enorme, desse sistema falido. Apenas verdades e tapas na cara nesse vídeo, amei!
o vídeo da tertuliana respondeu muitas questões que eu tinha, me vi no papel da esquerda conservadora e, agora, mudei e concordo que não temos q ficar agradando a direita
Se houve críticas moralistas da esquerda à respeito daquela performance da Tertuliana eu não vi, mas eu vi muitas críticas sensatas. Aquilo que ela fez tá no mínimo uns 50 anos atrasado. Rebolar daquele jeito não é mais tabu hoje em dia, e não serviu pra contribuir em nada com a causa, à não ser com a própria imagem dela.
se n fosse tabu, ninguém ligava, ninguém tinha falado nada. e o fato de ter beneficiado a imagem dela, só demonstra as contradições capitalistas, incluindo da sexualidade. afinal tudo vira mercadoria, né? como sair dessa contradição?
De fato. A crítica não é sobre o rebolar. É sobre a inocuidade dessa ação. Na verdade, ela agiu conforme a direita queria, apenas reafirmando estereótipos.
A questão é: não foi performance, ela só rebolou, porque sentiu vontade naquele contexto, só isso. E isso virou um escândalo porque foi na universidade, porque ela é trans, porque a direita não sei o que, e as radfem contra a “objetificação” feminina mas que não reconhecem a transexualidade…. Só chorume conservador, nada de sensatez…
@@phmarcondes Não existe isso de "teve vontade". Se você tiver vontade de mostrar a bunda durante uma palestra, você não o faz. Tenho certeza. O que ela fez foi uma perfomance, algo pensado, e não um gesto fruto de uma vontade ocasional. Ela premeditou, pois queria "quebrar protocolo" e chocar. Sua intenção foi política.
Achei incrível descobrir que existe uma bolha da esquerda, que só vi aqui, que defende a atitude da Tertuliana... Nessa a gente discorda feio. Dito isso, adoro o canal. Daniel é o cara
Salve meu velho. Cheguei até seu canal através do video que disse ter sido o video de maior rejeição. Cheguei e fiquei, acho interessante tanto o algorítimo quanto o trabalho do canal. Digo há tempos, o mundo é dos sofistas. Refletindo sobre o herói nacional Ayrton Senna, que disse em relação a mudança nas regras da F1: "Bem na minha vez..." o brasileiro é como disse pastor Arnaldo (comediante): "brasileiro é putinha de político", e claro que não querem que o jogo mude pois esperam algum dia ser o dia deles.
Que canseira dessa esquerda. Acho que os votos nessa última eleição representam muito a rejeição a esse papo hegemonico do que seria a esquerda e acaba sendo mesmo.
Primeiro você fala que o povo não quer alguém que se apresente como "vítima do sistema" alguém que proponha mudança no sistema. Depois, tu afirmas que um ponto forte da direita é que eles se apresentam como "anti-sistema" e quer por isso angaria votos. Decida-se.
Você insiste no tema da Tertuliana, Daniel, sem entrar no mérito real das críticas. Muitas críticas dizem respeito à inutilidade do gesto que ela fez. Você parece acreditar que, para não ser acusado de conservador, é preciso chocar o tempo todo, agindo, ironicamente, de acordo com os estereótipos propagados pelos próprios conservadores. Se a mulher negra é apresentada como hipersexualizada pelos conservadores, então é preciso que mulheres negras estejam se insinuando em todos os espaços, o tempo todo? Do contrário, serão todas conservadoras? O objetivo é afrontar concordando com o discurso conservador? Que conversa é essa? Isso é se pautar pela direita, Daniel. E isso não traz nenhum resultado. Então para você é revolucionário quem enfia um crucifixo no ânus? Que tal entrar em igrejas com trajes de banho? Ou dançar um funk durante um velório? A ideia é só quebrar protocolos e chocar por chocar, sem ganhar nada com isso? Para quê, Daniel? Ninguém é contra ninguém rebolar, mas por que isso tem que ser feito durante uma palestra em uma universidade? E o que "educar com o koo" ajuda na nossa luta política contra a direita?
Você não entende! Não foi uma performance, ela só rebolou, porque ele teve vontade naquele contexto. Só isso, pelo fato dela ser trans e ser numa universidade provocou toda essa reação de puro pânico moral, a “inutilidade” de um gesto (que não tinha intenção politica alguma) também entra nesse bojo.
"ela teve vontade naquele contexto" você disse, contudo umas das premissas do convívio social é o controle das vontades. Exemplo: não podemos defecar no meia da rua. a atitude dela foi péssima
7:50 Eu sou bolsonarista e vejo muito UOL, Pedro Doria e outros canais de esquerda, uma vez ou outra quando fazem análises sensatas eu os ouço. O problema da esquerda é projetar aquilo que ela é nos outros, por exemplo, nós não somos um movimento centralizado, não temos um "gabinete do ódio", mídias tradicionais de TV, sindicatos e todo um financiamento de propaganda por meio da elite jornalística e artística para defender esse sistema.
Excelente vídeo, obrigada pelo seu trabalho, ótimas reflexões!
Esse foi o seu melhor vídeo até agora. Tanto pela eloquência, como pela estrutura lógica bem encadeada, mas principalmente pela novidade. Não sei se você reparou, mas este discurso que você apresentou, não aparece com frequência nas redes sociais. A ideia de que as pessoas rejeitam a esquerda porque não gostam de sentirem vítimas parece óbvia, mas eu ainda não havia visto ninguém defender esta posição de maneira tão clara e direta. Tá bom! Eu sei que existe um vínculo entre o que você disse e algum discurso difícil de entender de Stuart Hall ou até mesmo em Mouffe ou Laclau a gente poderia encontrar uma autocrítica de esquerda que resvala no problema da auto-estima construída dentro da ideologia individualista do capitalismo. Mas você foi claro pra cacete e isso é maravilhoso.
Eu estou te elogiando por falar isso de forma clara e concisa. Parecia até um filósofo analítico em relação ao uso da linguagem, e sejamos sinceros: Com relação ao uso da linguagem direta, os analíticos dão de dez nos pós-modernos. Acho que é um ganho admitir que os caras se comunicam melhor, do mesmo modo que é um ganho, admitir que a direita está se comunicando melhor que a esquerda. Precisamos reaprender a falar, e você deu um excelente primeiro passo.
Imagino que você não saiba, mas eu sou adepto do único grupo de esquerda mais vilipendiado dentro da própria esquerda do que os comunistas pós-modernos. Refiro-me aos marxistas analíticos (Jon Elster; G.A. Cohen; John Roemer; e principalmente Adam Przeworski). Estou entre aqueles que pensam que Marx e Engels estavam no caminho certo, mas conservaram traços de um determinismo que precisa ser extirpado (você deve conhecer muitos marxistas deterministas e, se for sincero, sabe que este ranço de determinismo já estava presente no próprio Marx, mas principalmente em Engels). Há muita coisa obscura e mal explicada na teoria do capital que precisa ser detalhada e compreendida a luz de uma ciência não determinista que já se desenvolveu muito depois do final do século XIX. Mas isso não vem ao caso agora. Vou tentar mostrar como isso que você disse, bate perfeitamente com o marxismo analítico.
Vamos começar do começo:
Precisaremos olhar o capital à luz do conceito de entropia. Não. Não falo daquela bobagem que Bertallanfy aplicou na sua descrição da teoria dos sistemas e que depois contaminou o resto do mundo, que passou pensar que entropia é uma medida do grau de desordem do universo. De fato, Bertallanfy usou uma noção equivocada da descrição de Boltzmann da entropia. Boltzmann definiu entropia como o número de microestados possíveis de um sistema. Quando maior for o número de configurações que um sistema pode assumir, maior será a sua entropia, por exemplo: se a mesma quantidade de partículas for colocada em recipientes com tamanhos diferentes, aquela quantidade colocada no maior recipiente terá maior entropia, pois neste recipiente existem mais formas em que essas partículas podem se arranjar.
Agora podemos avaliar esquerda e direita sob um espectro de entropia, esquecendo completamente essa bobagem de “desordem do sistema”.
A descrição histórica que Marx faz dos sistemas políticos pode ser avaliada de um ponto de vista entrópico (probabilístico), ou seja, cada sistema econômico surge diante do colapso de outro, mas o que mudou no sistema para que ele colapsasse? Porque o comunismo primitivo deu lugar ao escravismo? Porque o escravismo deu lugar ou feudalismo? Porque o feudalismo deu lugar ao capitalismo?
Marx nos diz que cada sistema econômico carrega consigo contradições internas que são inerentes ao próprio modo de funcionamento do sistema e estas contradições também serão responsáveis pela falência do sistema, mas porque as contradições já não resultam em falência do sistema desde o início? Porque o sistema pode funcionar por séculos antes que suas contradições os tornem inviáveis?
Autores marxistas reuniram diversas hipóteses para explicar metaestabilidade dos sistemas econômicos, dentre elas, podemos citar com maior relevância:
MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO: Os sistemas econômicos possuem mecanismos internos que permitem que eles se adaptem e se modifiquem ao longo do tempo. Reformas, inovações tecnológicas e mudanças nas relações sociais podem temporariamente aliviar as tensões geradas pelas contradições.
DOMINAÇÃO DE CLASSE: A classe dominante, que detém os meios de produção, tem interesse em manter o sistema funcionando, mesmo com suas contradições. Ela dispõe de mecanismos de controle social e ideológico para garantir sua hegemonia e impedir que as contradições se manifestem de forma aberta e generalizada.
ACUMULAÇÃO DE CAPITAL: O capitalismo, em particular, possui uma capacidade impressionante de se expandir e se adaptar a novas condições. A acumulação de capital permite que o sistema absorva crises e se reinvente.
Todas estas explicações parecem relevantes e de certa forma corretas, mas não são explicações causais. São descrições de mecanismos pelos quais os sistemas econômicos conseguem se manter em funcionamento durante algum tempo, mesmo que contenha contradições desestabilizadoras.
Mas repare que estes mecanismos são todos eles, formas de sustentação do sistema. Eles explicam que os sistemas podem funcionar, mas não explicam porque eles têm funcionalidade limitada. Imagine um sistema com contradições instabilizadoras e contrapesos estabilizadores como os que foram acima citados. Porque esse equilíbrio não pode se manter eternamente?
Uma outra explicação mais condizente com a teoria dos sistemas é a seguinte:
COMPLEXIDADE DOS SISTEMAS SOCIAIS: Os sistemas sociais são complexos e interconectados, com múltiplas variáveis econômicas em jogo. As contradições podem se manifestar de formas diversas e em diferentes momentos, tornando difícil prever com precisão quando e como um sistema entrará em colapso.
Esta explicação é melhor, mas é fundamentalmente uma outra maneira de repetir Marx, pois o bom entendedor sabe que que sistemas contendo contradições são complexos, mais especificamente poderíamos dizer que sistemas econômicos são complexos por serem caóticos, mas Marx não tinha como saber disso, afinal a teoria do caos ainda não era conhecida quando Marx estava vivo.
De fato, a função que rege as contradições de um sistema qualquer são:
X(sucessor) = K*X(antecessor) * [1-X (antecessor)]
Tá legal. Eu sei que você é de humanas, mas a equação acima é chamada de equação logística e foi descoberta por Verhulst em meados do século XIX e tornou-se muito importante após a o desenvolvimento da teoria do caos. Ela mostra o que acontece num processo de eventos historicamente contraditórios (evento X e evento (1-X)).
X é uma contrário de (1-X), ou seja: Num universo em que a totalidade é 1 (100%), se algo é X, tudo aquilo que não é X só pode ser (1-X). A equação logística mostra o que acontece quando X e (1-X) ocorrem simultaneamente. Repare que no interior da equação logística, a relação é de simultaneidade, então X é contraditório de (1-X) e não apenas contrário. Esta equação representa o que acontece quando existe uma contradição na história de um sistema.
A solução desta equação depende do valor de K (uma constante que depende da taxa de reprodução do sistema (num sistema capitalista, a taxa de reprodução K é a taxa de reprodução do capital).
Se K é menor que (1/0,9), o sistema é inviável e decairá em pouco tempo.
Se K é maior que (1/0,9) e menor que 2,5, o sistema é crescente e atinge uma estabilidade
Se K é maior que 2,5 e menor que 3,7, o sistema é crescente, mas se mantem instável com ciclos de crise que serão mais intensos, quanto mais perto de 3,7 ficar o valor de K, mas as crises não são suficientes para resultar em colapso do sistema (completa incapacidade de produção)
Se K for maior que 3,7 e menor do que 4, o sistema torna-se caótico (imprevisível) e sofre oscilações contentes e intensas que o enfraquecem muito, abrindo assim a possibilidade de que este sistema venha a ser substituído por outro que possa ser funcional com valores menores de K.
Se K for maior que 4, a sistema colapsa e deixa de existir, mesmo que não haja outro sistema substituto.
Como se vê, nenhum sistema pode existir com K menor que 1 ou maior que 4.
O sistema capitalista britânico observado por Marx, provavelmente tinha K entre 2,5 e 3,7. Nesta condição o sistema apresenta crises cíclicas mais ou menos previsíveis que podem ser contornadas por meio de medidas administrativas.
Depois da crise de 1929 e sobretudo da segunda guerra mundial, o sistema capitalista adotou um estatismo parcial (Keynesianismo e sociais democracias) que reduziram as taxas de reprodução do capital (mantendo o valor de K abaixo de 2,5 e gozando de um período de desenvolvimento estável até por volta dos anos 80). Em outras palavras, o sistema optou por manter as taxas de lucro e a monopolização mais baixas até que a ameaça representada pela União Soviética se extinguisse.
De 1990 para cá, o sistema voltou a aumentar o valor de K (taxa de reprodução do capital) e hoje deve estar superado os 3,7, entrando, portanto, em um regime caótico. Sistemas alternativos começam a se apresentar como candidatos a substituição do modelo capitalista (O Modelo Chinês, que ainda não tem nome, e capitalismo de estado da Rússia).
Mas o que determina o valor de K? Porque os sistemas aumentam o valor de K inadvertidamente até o ponto de submeterem-se à condição de crises constantes?
Marx não tratou deste problema, mas ele identificou perfeitamente o problema das contradições dos sistemas, contudo viveu em um tempo em que a ciência era newtoniana e determinista. Ele buscava formas de prever acuradamente o fim do capitalismo a partir das contradições internas e influenciar os trabalhadores para construírem um sistema substituto, que deveria derrubar o capitalismo durante uma das crises em que estivesse enfraquecido (revolução). Acho que qualquer um é capaz de compreender que não é possível fazer revoluções em momentos que o sistema está fortalecido.
Ainda que você teime em tentar salvar Marx da acusação de determinismo, não é isso que eu leio nas páginas do “Capital” ou do “Manifesto” ou da “Ideologia”.
Marx não era um determinista rígido: Ele não acreditava em um destino histórico inevitável e reconhecia o papel da agência humana na construção da história.
Mas
Marx tinha elementos deterministas em seu pensamento: A ênfase nas forças materiais e na evolução linear da história são indícios de um certo determinismo.
E esse é sem dúvida um problema.
Muitos comunistas ainda estão convictos de que o único sistema que pode ser candidatar a substituir o capitalismo é o socialismo. Isso é um fraqueza que leva a esquerda a agir de maneira similar ao anti-comunismo.
Para um anti-comunista, tudo aquilo que não se aproxima muito de um fascismo capitalista é comunismo.
Para muitos comunistas, tudo aquilo que não se aproxima muito da descrição de socialismo contida no manifesto comunista é capitalismo.
Hoje vivemos uma proliferação de novos sistemas à esquerda (modelo chines) e à direita (modelo russo) e podem surgir outros que se proponham a substituir o capitalismo mesmo sem serem exatamente socialistas.
A visão linear de evolução dos sistemas de Marx, que termina no socialismo, tem cheiro de determinismo. Não devemos nos encantar com isso. O socialismo, acontecer, será construído por nós e não pelas forças materiais. As forças materiais existem, mas tem uma influência caótica nas superestruturas. Não dá pra dizer de antemão qual será a consequência da ação das forças materiais.
Estas forças materiais só atuam no sistema vigente, ou seja, o capitalismo e qualquer sistema anterior pode ser compreendido a partir da análise dos condicionantes materiais de seu tempo, mas o socialismo é um sistema potencial (Exceto em alguns poucos países) e, portanto, não é condicionado pela materialidade de nosso tempo (ou de algum momento passado). O socialismo é hoje uma proposta de sistema (uma hipótese). Sua materialidade só se estabelecerá quando ele tiver sido colocado em prática.
O capitalismo sim, é condicionado pela materialidade econômica atual e a taxa de reprodução do capital atingiu valores tão elevados que estão instabilizando o sistema que adquiriu uma dinâmica caótica. É no caos que a ação humana deve agir. E algumas coisas podem acontecer:
a) O capitalismo pode voltar a reduzir seu valor de K para sobreviver mais tempo.
b) O capitalismo pode lançar mão de seu cão de guarda fascista para sobreviver mais tempo, mas isto é menos efeito que a redução do valor de K.
c) O capitalismo pode ser substituído por um sistema ainda mais injusto
d) O capitalismo pode ser substituído por um sistema mais justo (inclusive pelo socialismo)
Aqui entramos no ponto que você comentou: “As pessoas não querem se sentir oprimidas.”
Sim. As pessoas são oprimidas, mas não querem se sentir assim. Porque?
Sentir-se oprimido poderia ser o primeiro passo para a cura da doença da opressão.
Mas o problema é que a opressão não é uma doença. A opressão é uma condição que se manifesta por meio da luta de classes, e não podemos esquecer que a luta de classes é antes de tudo, uma “LUTA”. O oprimido é o lado fraco na luta opressor versus oprimido e o fraco perde a luta.
Argumento que o que você disse é verdadeiro, mas não pelos motivos mais óbvios. O sentimento de opressão é realmente péssimo e só pode levar à derrota. (Lembra de Nietzsche?)
A esquerda erra quando tenta convencer as pessoas que elas são oprimidas pelo sistema. O sistema não oprime. O sistema luta para sobreviver.
Nós temos que compreender que o sistema está em luta e temos que lutar do lado oposto. Observar as fraquezas e crises do sistema e nos aproveitarmos delas. Neste momento, cabe a nós entrar em modo propositivo. Construir o socialismo nos escombros do capitalismo.
Sim. Hoje não vivemos mais num sistema capitalista. Vivemos nos escombros dele.
O liberalismo faliu
A democracia burguesa fracassou
A ideologia individualista perdeu para o coletivismo chinês e para oi autoritarismo russso.
Não estou dizendo que russos e/ou chineses serão necessariamente os herdeiros do mundo. Só serão se nós não entrarmos na Luta para conquistar um espaço para um sistema mais autenticamente socialista.
Conquistar o mundo não é uma tarefa para os fracos e nem para os oprimidos.
Não quero tapar o sol com a peneira. Há muito cheiro de determinismo em Marx e esse fedor levou boa parte da esquerda a entender que o capitalismo colapsa por suas contradições internas e o socialismo necessariamente o substituirá.
Sim. O capitalismo se colocou numa situação escombrosa, numa crise em que seus restos são hoje administrados por aquilo que que os capitalistas originais consideravam como o único bicho papão além do estado. Falo dos monopólios. Os capitalistas originais pensavam que a formação de monopólios equivale a formação de estados, ou seja: se alguém detivesse o monopólio de determinado mercado, ele seria como o governo desse mercado. Pior. Seria um governo ditatorial sem nenhum controle. Nem mesmo os capitalistas queriam os monopólios, mas infelizmente eles eram bem burrinhos e pensavam que seu santo capitalismo poderia ser defendido nos monstros monopolistas pela mera concorrência do mercado. Advinha: Veio a internet, que é a primeira experiencia humana de mercado sem governos castradores e formaram-se os primeiros super-monópólios da terra.
No mundo atual, o capital já não é tão poderoso. O que vale é o patrimônio (posse de dados, posse de informações, posse de dinheiro, posse de crédito, etc). Já não é preciso gastar dinheiro para fazer dinheiro (dinheiro que faz dinheiro se chama capital). Só é preciso ter um patrimônio relevante e outros otários gastarão dinheiro para te enriquecer ainda mais.
Isso não é capitalismo no mesmo sentido que foi pensado por Marx (sei que Marx falou do capitalismo financeiro, mas nós já estamos vivendo o pós-financiamento).
Mas se estamos vivendo os escombros do capitalismo, porque precisamos enfrenta-lo?
Simples. Estes escombros continuam poderosos, mas alguém vai comer esta carcaça.
Não serão os oprimidos. Por isso é melhor que nós não sejamos os oprimidos.
Temos que ser combatentes.
Temos que ser propositores.
Ao invés de apenas reclamar dos latifúndios, vamos construir mais propriedades coletivas, inclusive invadindo as deles. Eu nunca vi um cara do MST que não fosse de esquerda.
Ao invés de reclamar dos empresários, vamos construir cooperativas e boicotar os produtos dos capitalistas.
Ao invés de reclamar da Uber, vamos criar um app socialista para os motoristas independentes.
Claro que não é fácil. Claro que a globo vai falar mal. Claro que o sistema vai rejeitar, mas luta é isso aí.
Vamos dizer todos em uníssono.
OPRIMIDO É A PUTA QUE TE PARIU. EU SOU LUTADOR DA LUTA DE CLASSES.
Esse é o sentimento a ser divulgado, mas não basta o discurso. A diferença entre o gado e a gente é que a gente não pode ficar só no blablablá. Tem que agir, organizar, construir alternativas de luta (vamos começar falindo o Uber - que tal um app gratuito pros motoristas independentes - tem muito programador de computador de esquerda por aí). Um militante só milita se for em coerencia com seu grupo de ação.
Até hj tb ainda não superei o caso da Tertuliana. Simplesmente ESCANCAROU que 99% da esquerda na vdd é a direita.
Viajou mano. Tem a parte mais "governista" da esquerda que realmente é meio assim, tiveram uma reação conservadora ao caso da Tertuliana, agora estão cheios de dedos com a pauta da escala 6x1 etc. Mas muita gente fez críticas à atitude da Tertuliana sem cair em conservadorismo, e eu acho mesmo que aquilo foi muito criticável, e isso não me torna de direita. Recomendo vc ver os comentários do Alexandre Linck e especialmente do canal trans-missão sobre esse assunto.
@@alejandrocuevas7831
Não há crítica à expressão corporal de uma mulher trans, feita com liberdade e autonomia, que não seja conservadora, mesmo partindo de outras mulheres trans. Pânico moral puro! Uma pessoa não deixa de ser conservadora ou reacionária porque ela diz que não é, caso do Linck. A crítica dele foi reacionária.
@@phmarcondes enquanto protesto político, foi vazio. Faria algum sentido, seria uma atitude corajosa, se estivesse num contexto em que as mulheres trans são proibidas ou inibidas de mostrar a raba em lugares propícios pra isso, não é o caso. A propósito, talvez seja conservador acreditar que o espaço de uma palestra numa universidade não seja adequado para esse tipo de exibição, seja de mulher trans, mulher cis, homem ou os caraio. Lembrando que eu não considero que seja um protesto de fato. Qual a pauta? Qual a reivindicação? Qual o movimento social envolvido? Sinto muito, pra mim foi só autopromoção de uma influencer. Mas acho que a maior reflexão nesse caso é: qual o estigma da população trans? Põe a mão na consciência e me responde. O que a maioria das pessoas vai visualizar ao pensar numa, pra usar a expressão do povão, travesti? Vai pensar numa prostituta de vestidinho mostrando a bunda em alguma esquina por aí. E de fato, graças a toda a discriminação que estas pessoas sofrem, sobra pouca oportunidade de emprego além da prostituição. Na minha opinião a pauta é combater o imaginário popular de hiper sexualização das mulheres trans, exatamente o contrário do que a Tertuliana fez, reforçar esse estereótipo. Entenda, não vejo absolutamente problema nenhum numa trans ou qualquer pessoa dançar funk, gostar de putaria (até porque lá no fundo todos gostamos de putaria), produzir conteúdo ou até se prostituir, se ela gostar disso, se quiser. Mas isso já não é proibitivo para as trans, é literalmente o gueto que a sociedade reserva para essa minoria. A gente precisa lutar para que as trans estejam na universidade, consigam empregos dignos, tenham direitos específicos de saúde, possam constituir família e ser aceitas pela própria família, e não vejo essas pautas no "manifesto" da Tertuliana rebolando. Te expliquei lá em cima a parte dessa argumentação que concordo ser conservadora. Mas essa última não é não.
@@phmarcondes tinha comentado mais cedo mas acho que o yt ocultou, vou tentar de novo com o mesmo texto porque tenho tido a impressão de que esse negócio de não aparecer o comentário tem menos a ver com palavras sensíveis do que com algum bug no site. Se sumir de novo tento censurar umas palavras. Enquanto protesto político, foi vazio. Faria algum sentido, seria uma atitude corajosa, se estivesse num contexto em que as mulheres trans são proibidas ou inibidas de mostrar a raba em lugares propícios pra isso, não é o caso. A propósito, talvez seja conservador acreditar que o espaço de uma palestra numa universidade não seja adequado para esse tipo de exibição, seja de mulher trans, mulher cis, homem ou os caraio. Lembrando que eu não considero que seja um protesto de fato. Qual a pauta? Qual a reivindicação? Qual o movimento social envolvido? Sinto muito, pra mim foi só autopromoção de uma influencer. Mas acho que a maior reflexão nesse caso é: qual o estigma da população trans? Põe a mão na consciência e me responde. O que a maioria das pessoas vai visualizar ao pensar numa, pra usar a expressão do povão, travesti? Vai pensar numa prostituta de vestidinho mostrando a bunda em alguma esquina por aí. E de fato, graças a toda a discriminação que estas pessoas sofrem, sobra pouca oportunidade de emprego além da prostituição. Na minha opinião a pauta é combater o imaginário popular de hiper sexualização das mulheres trans, exatamente o contrário do que a Tertuliana fez, reforçar esse estereótipo. Entenda, não vejo absolutamente problema nenhum numa trans ou qualquer pessoa dançar funk, gostar de putaria (até porque lá no fundo todos gostamos de putaria), produzir conteúdo ou até se prostituir, se ela gostar disso, se quiser. Mas isso já não é proibitivo para as trans, é literalmente o gueto que a sociedade reserva para essa minoria. A gente precisa lutar para que as trans estejam na universidade, consigam empregos dignos, tenham direitos específicos de saúde, possam constituir família e ser aceitas pela própria família, e não vejo essas pautas no "manifesto" da Tertuliana rebolando. Te expliquei lá em cima a parte dessa argumentação que concordo ser conservadora. Mas essa última não é não.
aquilo foi ridículo. foi autopromoção pura. em nada enriquece a luta por nenhuma minoria@@phmarcondes
Vontade de esfregar esse vídeo em uma dúzia de colegas de trabalho kkk. Sou professor de história e a um bom tempo ando sofrendo com tudo isso, os professores de humanas onde eu trabalho defendem o PT ao máximo e não aceitam uma crítica, logo, mesmo se dizendo de esquerda estão sempre falando sobre mérito, "justo e injusto" - daquela maneira bem moral barata e falida sabe.. Muito triste ver o povo como maioria sustentando esse peso enorme, desse sistema falido. Apenas verdades e tapas na cara nesse vídeo, amei!
teu video da tertuliana me fez seguir o canal
Perfeita a colocação de que temos uma esquerda que alimenta o próprio pânico moral.
Camarada, seus vídeos estão muito bons
Temos que ajudar a renovar a esquerda é pra já!!!
ARRAZOU! ESTUDO ISSO DESDE 2013! PARABÉNS!
o vídeo da tertuliana respondeu muitas questões que eu tinha, me vi no papel da esquerda conservadora e, agora, mudei e concordo que não temos q ficar agradando a direita
Se houve críticas moralistas da esquerda à respeito daquela performance da Tertuliana eu não vi, mas eu vi muitas críticas sensatas. Aquilo que ela fez tá no mínimo uns 50 anos atrasado. Rebolar daquele jeito não é mais tabu hoje em dia, e não serviu pra contribuir em nada com a causa, à não ser com a própria imagem dela.
se n fosse tabu, ninguém ligava, ninguém tinha falado nada. e o fato de ter beneficiado a imagem dela, só demonstra as contradições capitalistas, incluindo da sexualidade. afinal tudo vira mercadoria, né? como sair dessa contradição?
De fato. A crítica não é sobre o rebolar. É sobre a inocuidade dessa ação. Na verdade, ela agiu conforme a direita queria, apenas reafirmando estereótipos.
A questão é: não foi performance, ela só rebolou, porque sentiu vontade naquele contexto, só isso. E isso virou um escândalo porque foi na universidade, porque ela é trans, porque a direita não sei o que, e as radfem contra a “objetificação” feminina mas que não reconhecem a transexualidade…. Só chorume conservador, nada de sensatez…
@@phmarcondes Não existe isso de "teve vontade". Se você tiver vontade de mostrar a bunda durante uma palestra, você não o faz. Tenho certeza. O que ela fez foi uma perfomance, algo pensado, e não um gesto fruto de uma vontade ocasional. Ela premeditou, pois queria "quebrar protocolo" e chocar. Sua intenção foi política.
Achei incrível descobrir que existe uma bolha da esquerda, que só vi aqui, que defende a atitude da Tertuliana... Nessa a gente discorda feio. Dito isso, adoro o canal. Daniel é o cara
Nós temos Renato Freitas.
Salve meu velho.
Cheguei até seu canal através do video que disse ter sido o video de maior rejeição. Cheguei e fiquei, acho interessante tanto o algorítimo quanto o trabalho do canal.
Digo há tempos, o mundo é dos sofistas.
Refletindo sobre o herói nacional Ayrton Senna, que disse em relação a mudança nas regras da F1: "Bem na minha vez..." o brasileiro é como disse pastor Arnaldo (comediante): "brasileiro é putinha de político", e claro que não querem que o jogo mude pois esperam algum dia ser o dia deles.
Muito bom camarada!
Que canseira dessa esquerda. Acho que os votos nessa última eleição representam muito a rejeição a esse papo hegemonico do que seria a esquerda e acaba sendo mesmo.
11:20 esse é o poder da alienação. Neste caso, alienação histórica, alienação de classe, alienação cultural e alienação ideológica.
Quando a esquerda teve sucesso eleitoral?
Só ganhou 5 das últimas 6 eleições e vai ganhar a sexta.
O povo brasileiro é pudico. Mulher trans reboĺando assusta quem não for resolvido.
❤
Alckmin pra presidente
Primeiro você fala que o povo não quer alguém que se apresente como "vítima do sistema" alguém que proponha mudança no sistema. Depois, tu afirmas que um ponto forte da direita é que eles se apresentam como "anti-sistema" e quer por isso angaria votos. Decida-se.
A "vitima" do Sistema não refere ao
Mesmo "sistema" do anti sistema que foi "criado" pelo capitao nascimento
Complicada essa discussão!
Você insiste no tema da Tertuliana, Daniel, sem entrar no mérito real das críticas. Muitas críticas dizem respeito à inutilidade do gesto que ela fez. Você parece acreditar que, para não ser acusado de conservador, é preciso chocar o tempo todo, agindo, ironicamente, de acordo com os estereótipos propagados pelos próprios conservadores. Se a mulher negra é apresentada como hipersexualizada pelos conservadores, então é preciso que mulheres negras estejam se insinuando em todos os espaços, o tempo todo? Do contrário, serão todas conservadoras? O objetivo é afrontar concordando com o discurso conservador? Que conversa é essa? Isso é se pautar pela direita, Daniel. E isso não traz nenhum resultado. Então para você é revolucionário quem enfia um crucifixo no ânus? Que tal entrar em igrejas com trajes de banho? Ou dançar um funk durante um velório? A ideia é só quebrar protocolos e chocar por chocar, sem ganhar nada com isso? Para quê, Daniel? Ninguém é contra ninguém rebolar, mas por que isso tem que ser feito durante uma palestra em uma universidade? E o que "educar com o koo" ajuda na nossa luta política contra a direita?
Você não entende! Não foi uma performance, ela só rebolou, porque ele teve vontade naquele contexto. Só isso, pelo fato dela ser trans e ser numa universidade provocou toda essa reação de puro pânico moral, a “inutilidade” de um gesto (que não tinha intenção politica alguma) também entra nesse bojo.
"ela teve vontade naquele contexto" você disse, contudo umas das premissas do convívio social é o controle das vontades. Exemplo: não podemos defecar no meia da rua. a atitude dela foi péssima
Pergunta sincera: nao concordo com o que a Tertuliana fez, isso define o que eu li ou nao li? essa sua equivalência nao faz sentido.
vc é igualzinho ao pirula
Pirula é referência de quem?😮