Amei essa série, Ana! Trabalho na Proteção Básica há 6 anos, então mesmo que a a maioria das informações não seja exatamente novidade pra mim, as reflexões que você trouxe foram muito bem vindas 😊 Outro dia uma colega (ex-funcionária da Especial, hoje atuando na gestão) encaminhou um ofício do CT por situação de Trabalho Infantil pra nós, e justificou que o CRAS funciona como uma "triagem" do CREAS, já que é a "porta de entrada para todos os direitos"! Imagina, eu quase subi pelas paredes quando ouvi ela dizer isso! 😱 Mas, no final das contas, percebo que somos todos trabalhadores do SUAS, sobrecarregados e cansados, e às vezes essa exaustão faz a gente querer correr de cada caso (aparentemente) complexo que aparece pra gente. E como o sentimento de ficar "jogando" as famílias pra lá e pra cá é o que mais me incomoda, o jeito é arregaçar as mangas e tentar fortalecer essa rede, né? Bora marcar reuniões e discutir os casos, ao invés de fazer DR das Unidades 😅 Muito obrigada pela sua dedicação e pelos seus vídeos, eu recomendo seu canal pros colegas sempre que posso! Um beijo!
RSRSR Maria Luiza! ADOREI o seu comentário!!!! srsr é bem isso, você captou a mensagem. A gente precisa se olhar, se fortalecer, se cuidar enquanto trabalhadores. Hoje mesmo uma prefeitura me procurou solicitando um curso de CRAS (para a equipe do CRAS rsrs) e um de CREAS (para a do CREAS rsrsr). Eu SEMPRE sugiro colocar as equipes juntas: primeiro porque servidor público é assim: hoje estamos no CRAS, amanhã no CREAS! Segundo, porque quando a gente coloca uma equipe estudando o trabalho da outra, escutando as dúvidas, se aproximando dos perrengues que a outra equipe enfrenta, a gente planta a semente da empatia entre as equipes. E aí ocorre isso que você falou: ao invés de DR, as equipes se cuidam, se compreendem e se fortalecem. Beijokas, sua linda!!!
@@SUASConversas Já pensei a mesma coisa! Colocar equipes da Básica pra aprender sobre a Especial e vice versa. Fica até mais fácil de explicar pras famílias pra onde estamos encaminhando elas, sem criar fantasmas ou decepções. Mas é isso, trabalhar no SUAS é desafiador ao mesmo tempo que é maravilhoso! Seguimos em frente!
Bom dia! Excelente!!!! Sem palavras pra externar o quanto é bom seus vídeos que transmitem conhecimento tão necessário, com uma didática e linguagem perfeita que nos faz entender os conteúdos. Tem contribuído muito na minha vida profissional Gratidão!!!!!! Sucesso em tudo que você fizer, chuva de bençãos em sua vida!
Karla, sua querida! Obrigada lindona! O carinho contido nessas palavras me dá muita energia pra continuar! Fico muito feliz de contribuir com os colegas, pois, quando comecei, lá em 2008, eu sentia MUITA falta de alguém com quem compartilhar essas angústias. E era uma época que nem o CFP tinha muito claras nossas atribuições no Suas (falo especialmente da psicologia), enfim, a gente se sentia muito desamparado. Então eu fico feliz em contribuir com os colegas: não sei tudo, logicamente, ninguém sabe tudo, mas já deu pra acumular um bocadinho de experiências nessas andanças (e experiências são para serem partilhadas)! Beijokas sua linda!
Ana, quando a família está em acompanhamento no Paefi, mas necessita de acesso ao direito para bpc, ou benefício eventual ou documentação civil. (Serviços da proteção básica). A equipe do creas promove o acesso no próprio creas ou encaminha para atendimento no CRAS uma vez que esses dados também aparecem no nosso Rma e Raf do Paefi.
Oi Gleyce, sua linda! Bem importante sua pergunta, MUITO MESMO! Ela vai ser respondida no próximo vídeo, mas já antecipo: promove acesso no próprio CREAS. Mas vamos evoluir na resposta, até pra ajudar outras colegas que tenham a mesma dúvida. E primeiro precisamos "limpar" a pergunta pra ela ficar mais clara. Ali na sua questão, você colocou, no parênteses, que o acesso a BPC, benefício eventual (BE) e documentação civil são "SERVIÇOS de proteção básica". Será??? Realmente eles são SERVIÇOS? Não seriam ENCAMINHAMENTOS? Então esse é o primeiro ponto: "Serviço" é o PAIF, o PAEFI, o SCFV... um "serviço" é toda a ação continuada de assistência social descrita na Tipificação. O acesso à documentação básica é um ENCAMINHAMENTO (para um serviço de identificação, para um cartório, enfim, depende do documento), o acesso ao BPC é um ENCAMINHAMENTO (para um benefício continuado) e o acesso a uma cesta básica é uma PROVISÃO DE BENEFÍCIO EVENTUAL. Enquanto benefício eventual, o acesso à CB deve estar em articulação ao serviço no qual a família é referenciada (articulação entre serviços e benefícios). Então, se a família é referenciada ao CRAS, o Benefício eventual está, nesse caso, articulado ao serviço PAIF (seja atendimento de PAIF, quando a pessoa precisa desse acesso e ponto; seja ao acompanhamento de PAIF quando o benefício é apenas uma das muitas ações que serão realizadas com essa família por um período de tempo). Beleza. Mas vamos dizer que, com a palavra "serviços", você quis dizer "tarefas de proteção básica" (que o acesso à documentação, BPC e BE seriam tarefas só da proteção básica). Novamente, perguntamos: será??? Uma coisa é uma família em situação de vulnerabilidade buscar o CRAS para acessar um documento ou para encaminhar um BPC e essa ser uma demanda pontual, um ENCAMINHAMENTO. De fato, "encaminhamentos" estão entre os tipos de atendimentos de PAIF. Outra coisa é uma família que está em acompanhamento familiar especializado por meio do PAEFI no CREAS. Vamos dizer que temos uma família em PAEFI no CREAS cuja RF é uma mulher "quase" idosa e que sofria violência patrimonial por parte de um filho agressivo e usuário de substâncias psicoativas que mora com ela. No meio do acompanhamento em PAEFI, essa senhora faz aniversário, completa 60 anos e passa a ter direito ao BPC. Ora, se a família está em PAEFI, ela já tem um técnico de referência que conhece a situação familiar como um todo. Ela já tem um PAF que prevê todas as metas do acompanhamento (e, entre essas metas, bem possivelmente vai estar "encaminhar o BPC quando dona fulana fizer 60 anos", "encaminhar o filho da dona fulana para o CAPS", etc.). Percebes? Nesse caso, o encaminhamento do BPC não é uma ação isolada, mas uma ação que faz parte de um processo maior, o acompanhamento familiar. É por isso que, nesse caso, não tem porque a gente fazer a família peregrinar até o CRAS, já que "acompanhamento" envolve um olhar integral e que "serviços" (como o PAEFI) precisam estar articulados a benefícios (como o BPC). Para famílias em acompanhamento familiar, seja em PAIF ou PAEFI, os encaminhamentos e os acessos a BE entram no bojo do acompanhamento, entram junto nas metas do PAF. Quando aos BE, recentemente, isso é dito claramente na cartilha "Perguntas frequentes sobre benefícios eventuais", mais especificamente, nas questões 12 e 13, que vou deixar abaixo. E, mais uma vez, obrigada pela pergunta! Vi que mais pessoas têm essa dúvida, inclusive essa dúvida veio no instagram também (e, justamente por isso, o vídeo da semana que vem vai ser sobre isso). Beijokas!!!! blog.mds.gov.br/redesuas/wp-content/uploads/2021/12/Perguntas-frequentes_Beneficios_Eventuais_SUAS-2.pdf
@@denisemoscardini2323 Oi Denise! Sim, várias pessoas têm perguntado isso, tanto que vai ter "prorrogação" da série "é de CRAS ou é de CREAS" pra fechar essa parte rsrsrrs. Dá uma olhadinha aí na resposta que eu escrevi pra Gleyce, que procurei deixar bem completa. Beijokas!
Oi Ana, tudo bem? Espero que sim! Excelente aula!! Fiquei com uma duvida no decorrer do vídeo e lendo seu maravilhoso comentário acabou por me esclarecer. Nele vc cita sobre um documento que quando a família esta em acompanhamento em PAEF também pode ser atendimento com o beneficio eventual sem ter a necessidade de ir até o CRAS. Quero muito este documento...rs! Vc poderia me instruir como consigo acesso a ele?. Obrigada por compartilhar seus conhecimentos, estão enriquecendo muito a minha pratica. Vc consegue passar com tanta clareza que fico boquiaberta. Parabéns!
Oi Sô, tudo bem? Sim, esse documento é bem recente, vou colocar ele aqui ao final da minha resposta. Essa é uma questão que finalmente está ficando mais clara: se a ideia é o SERVIÇO estar articulado ao BENEFÍCIO (seja ele continuado, como o BPC, ou eventual, como auxílio alimentação, natalidade, etc.,), a provisão de benefícios precisa fazer parte do acompanhamento, seja ele no CRAS ou no CREAS. Essa ideia de que os BE são providos somente nos CRAS ficou pra trás e vai refletir até nos organogramas das prefeituras. Até pouco tempo atrás, tinha a orientação dos BE serem demandas de básica (tanto que aqui no meu município, e em vários outros, o setor de BE fica subordinado à Diretoria de proteção social básica). Mas exatamente na linha do que vc coloca, se a ideia é articular serviço e benefício, a subordinação do setor responsável pelos benefícios à diretoria de básica não tem sentido, já que os benefícios são transversais aos serviços (assim como a pessoa pode receber BPC e estar na básica, na média ou na alta, com os BE ocorre a mesma coisa). Recentemente isso foi reforçado na cartilha que vou te colocar abaixo, de perguntas e respostas (é a pergunta 12). Aqui no meu município, já faz uns três anos que não fazemos mais as famílias acompanhadas em CREAS peregrinarem ao CRAS por causa de CB. Se está em CREAS, retira no CREAS. E estamos repensando nosso organograma: hoje o setor de benefícios e transferências de renda é subordinado à proteção básica, no futuro esse setor deveria virar uma diretoria independente, já que os benefícios atravessam serviços de todas as proteções. Enfim guria, vamos aperfeiçoando aos poucos.... segue o link pra vc baixar a cartilha de perguntas e respostas (é a pergunta 12). Essa cartilha foi lançada em dezembro de 2021! Beijokas e bons estudos!!! 🙌🙌🙌❤️ blog.mds.gov.br/redesuas/lancamento-da-mais-nova-edicao-do-documento-perguntas-frequentes-beneficios-eventuais-no-suas/
Meu entendimento é: família acompanhada no Creas e atendida no CRAS. A equipe do Creas pode e deve fazer as ações e intervenções necessarias para BE, BPC e transferência de renda. Onde atuo por exemplo, não temos cadastrador, tampouco acesso ao Cd Unico, logo, a depender da situação, encaminhamos sim ao Cras. Porém, nada impede fazermos contato para conseguir o nis e outros dados junto ao CRAS. Agora, por mais de uma vez, ja atendi famílias do PAEFI, que buscaram o Cras para questões referentes a documentação civil, Cad único e por serem “do Creas” a pessoa nem foi atendida e mandaram ao Creas. A pessoa fica feito barata tonta andando pra lá e pra ca, sendo que nas situações em que citei, o Cras poderia ter atendido, ja que imprimir uma folha resumo do Cad Único não precisa ter “vínculo com a equipe”. A família é do município. E as equipes precisam ter bom senso. Se não, fica complicado pra família. Trm muito caso onde a família busca o Cras primeiro, por ser mais perto de sua casa para documentação civil e encaminham ao Creas, as vezes até parece que a família que está no Paefi tem alguma doenca contagiosa, que algum técnicos parecem ter medo de atender…. Existe algo bem simples nos equipamentos, que se chama telefone. Na dúvida é só telefonar e perguntar antes de fazer a pessoa andar a cidade toda atrás de um serviço que ela poderia ter sido atendida ali pertinho
Ótimo vídeo!!! Muito esclarecedor! E dois PAEFIs? É possível? No caso de mulheres acompanhadas em unidade especializada no atendimento a mulher vítima de violência (CEAM), cujos filhos também são alvo da violência. No meu entendimento não faz muito sentido separar as situações, até pela matricialidade familiar, mas vejo que acontece. Pode tirar essa dúvida? Obrigada!!
Oi Karla, beeem importante sua pergunta! Penso que não é interessante dois PAEFI... vamos juntas: o PAEFI é um acompanhamento FAMILIAR especializado (ou seja: ele não é para a VÍTIMA de violência, mas para a FAMÍLIA que tem a violência enquanto um modo de relação). Então, muitas vezes, vamos encontrar justamente isso que você colocou ali: além da mulher, as crianças sofrendo a violência (e, não raro, por parte da mulher, que, ao mesmo tempo, sofre a agressão do companheiro e pratica a agressão com os filhos...). Acho que esse é m ponto bem importante. Outro ponto que tem que ver é qual o tipo de atenção que essa unidade especializada de atendimento à mulher oferta (é uma escuta terapêutica? é um suporte psicossocial?). Bem possivelmente, o PAEFI não vai se sobrepor a essa unidade porque, diferente dessa unidade, que é focada na mulher, o PAEFI é focado na família. E, se essa unidade for terapêutica, bem, ali mesmo que o PAEFI não irá se sobrepor: a mulher faz a sua terapia lá no CEAM e o PAEFI faz trabalho social especializado com a família (que não é terapêutico)...espero ter esclarecido! Beijokas!
Oi Denisecs, tudo bem? Estou me baseando nas Orientações Técnicas do PAIF, volume II, quando trata do referenciamento CRAS e CREAS (quando a situação de vulnerabilidade se agrava e vira uma situação de risco social, a referência do acompanhamento familiar deve ser passada para o CREAS, que se torna, a partir de então, o responsável pelo trabalho social com famílias). Já as outras ações do CRAS, como ATENDIMENTOS PONTUAIS DE PAIF e SCFV podem ser destinadas a famílias em acompanhamento PAEFI no CREAS e adolescentes em MSE, tanto que eles são público prioritário nesse caso. Espero ter esclarecido, beijokas!
Tb gostaria de uma referência para embasar, pois onde trabalho todos dizem que a família deve esta em PAIF E PAEFI acompanhamento simultaneamente. Eu discordo, por isso gostaria de uma referência pra citar quando dialogamos sobre
Dessa vez discordo de você, Ana! E vou usar seus próprios exemplos para explicar: Pode um usuário ser acompanhado na atenção básica por um médico de família e ao mesmo tempo por um cardiologista? Claro que sim! É lógico que a questão ética fica mais complexa, pois demanda diálogo entre os dois médicos! Além disso, os acompanhamentos podem se dar por motivos diferentes (afinal as famílias podem viver mais de uma situação ao mesmo tempo!), ou até mesmo pela mesma situação!!! Isso geralmente não ocorre porque nossa política é tão precarizada que não dá conta de acompanhar nem os casos que precisa, imagina a mesma família em dois serviços! Por fim, lembre das equipes médicas quando um presidente fica doente: é formada por vários médicos, inclusive da mesma especialidade!!! Portanto, o acompanhamento simultâneo em dois serviços não acontece por uma questão econômica e não técnica!
Oi Marcelo! Cara, muito boa sua colocação, discordâncias com base e que fazem pensar/sofisticar a discussão são sempre muito bem vindas. Mas continuo achando contraproducente acompanhamento familiar em duplicidade, rsrrs, e já me explico o porquê. Talvez o melhor exemplo que eu tenha dado da saúde seja o da psicoterapia (mesma especialidade, mesmo objeto, olhar integral para aquele sujeito/caso). O exemplo de cirurgia de um presidente, que você deu (ou mesmo algo complexo, como um transplante de face, uma separação de gêmeas siamesas, etc.) realmente envolve vários médicos da mesma especialidade (e outros de especialidades diferentes), mas ali eu não vejo como acompanhamento em duplicidade: vejo que eles fazem parte de uma mesma equipe (assim como nós, no CRAS, em geral teremos mais de um psico, mais de um AS, mas estamos na mesma equipe) e que atuam na mesma intervenção. Então esse da cirurgia eu vejo como uma equipe maior se debruçando sobre uma mesma intervenção, pois tal intervenção exige a equipe inteira. E, assim como eu, penso que, no CRAS e no CREAS, algumas vezes, você também deve ter discutido casos com a equipe inteira, aqueles que a situação era tão complexa que não bastava uma dupla psico + AS para pensar alternativas... então esse da cirurgia pra mim não é um exemplo de duplicidade, mas de uma intervenção pontual (embora especializada) e que exige um olhar de mais profissionais ao mesmo tempo (mas ainda assim é UMA intervenção, pois eles compõem UMA equipe). Vejo como um contraponto direto o seu outro exemplo, vamos pensar juntos nele: realmente é possível a pessoa estar na atenção básica do SUS (em acompanhamento) e também estar no cardiologista (em acompanhamento): é a mesma pessoa, mas os objetos do acompanhamento são diferentes (num, a gestação, no outro, uma cardiopatia). No entanto, digamos que estejamos falando de um acompanhamento típico da atenção básica (como é o caso do acompanhamento pré-natal) em que a gestante é cardiopata grave, ou HIV+: pode ser que a referência para o pré-natal dela deixe de ser a UBS e passe para um serviço especializado... o acompanhamento das gestantes nas UBS também tem limites determinados por normas técnicas e éticas, via de regra, a UBS está equipada para uma assistência primária à saúde (pré-natal de baixo risco). Se a UBS se deparar com uma gestante de risco, ela vai referenciar aquela gestante a um ambulatório de especialidade ou hospital de referência, porque ultrapassou o nível de atenção básica, ela não vai fazer dois pré-natais. Mas vamos avançar ainda um pouco nos exemplos: é possível uma mesma pessoa estar no endócrino e no cardiologista (e ambos estarem realizando com ela um acompanhamento), digamos que ela tem hipertireoidismo e tem também uma cardiopatia. São demandas diferentes, os tratamentos serão diferentes, os remédios diferentes, as especialidades diferentes. Mas seria bem estranho essa pessoa estar em dois endócrinos (de clínicas separadas, não da mesma equipe) ambos tratando o hipertireoidismo, ou em dois cardiologistas (de clínicas separadas, não da mesma equipe), também tratando a cardiopatia. Bem possivelmente, ia chegar um ponto em que as orientações iam se chocar e a pessoa ia ficar confusa, com o médico "A" dizendo uma coisa e o médico "B" dizendo outra. A orientação de um poderia de certa forma "questionar" a do colega da mesma área, gerando aí o problema ético de interferir na terapia que o colega está fazendo... então, continuo achando tecnicamente complicado olhar pro mesmo objeto em acompanhamento duplo. Mas meu argumento final nem é esse, rsrsr, falei, falei e ainda não cheguei no meu ponto principal: Acho que uma diferença fundamental que temos em relação à saúde é que a saúde se super especializou em tal grau (e não estou aqui querendo julgar isso ou fazer discurso moralista), mas pontuando que a tecnologia propiciou que eles se super especializassem em tal grau que o sujeito da intervenção acabou retalhado. Aquele sujeito integral, da saúde como "estado de bem estar biopsicossocial" que tanto falavam quando eu era da saúde, está em frangalhos. Veja só: quando eu era criança eu ia ao dentista, e lá ele arrumava cárie, arrancava dente e fazia o que tinha que fazer. Hoje é um dentista pra tratamento de canal, outro pra colocar aparelho, outro para próteses, etc. Claro que isso não é ruim do ponto de vista técnico, a intervenção é altamente especializada (e tende a ser muito mais eficaz), mas o risco é que se perca o sujeito da intervenção, reduzido ao seu tratamento de canal ou ao seu implante, entende? Penso que nós, no Suas, ainda temos uma relação com o objeto do nosso trabalho (risco social, vulnerabilidade social) de um ponto de vista mais macro. Os objetos "risco social", "vulnerabilidade social", "violência" tem uma generalidade muito maior do que "cirurgia para substituição de válvula cardíaca", que é algo muito específico. Ao contrário da válvula e do canal do dente, rsrsr, a amplitude nos nossos objetos de trabalho permite que a gente olhe para aquela família como um todo, planeje com ela ações pensando a integralidade da atenção no nível de complexidade em que ela estiver. Se ela estiver no PAIF acompanhamento, vamos olhar pra dona Maria, pro seu João e pros filhos deles, encaminhar para serviços, encaminhar benefícios, enfim, dar um olhar integral para essa família em vulnerabilidade. Por outro lado, se estiverem em PAEFI, no Creas, olharemos pra dona Maria, pro seu João, pros filhos deles e não focaremos só na violência, fechando os olhos para as outras demandas da família na sua integralidade, e não reduzindo a família à sua situação de risco. Penso que nós conseguimos, pela natureza desses objetos, "assumir a família" onde ela estiver. Com assumir a família, quero significar o acompanhamento, os encaminhamentos e os benefícios eventuais. Possivelmente, vc vai lembrar que, até bem pouco tempo atrás, os benefícios eventuais ficavam na proteção básica. Aqui a gente fazia as famílias acompanhadas no Creas, em Paefi, irem ao Cras quando precisavam de benefício eventual, "recortando" a família ("aqui no Creas você fala da violência, mas a cesta básica você busca lá no Cras"). Hoje já se tem outra visão, saiu um documento agora em dezembro que referenda essa nova visão: se a família está em acompanhamento no Creas, o benefício eventual também é lá com o Creas, senão, de que articulação serviço/benefício estaríamos falando? E isso foi feito, justamente, pra não retalhar a família, pra dar atenção integral, no nível em que ela estiver em acompanhamento familiar. Então eu penso que a questão técnica de base que me faz ir contra a duplicidade é a integralidade da atenção ofertada. É por isso que, pra mim é muito complicado eu ter duas equipes olhando, ao mesmo tempo, para essa integralidade e intervindo sobre o mesmo objeto (sendo ele um objeto amplo, como a vulnerabilidade ou o risco social). Claro, estamos falando de ACOMPANHAMENTO em duplicidade, atendimento pontual eu não vejo problemas. Mas enfim, agradeço muito sua colocação, ela me fez pensar, refletir. E é pra isso que estamos aqui. Um grande abraço!
Concordo com vc Ana. O acompanhamento deve acontecer em duplicidade, o que poderá acontecer e deve acontecer é a família estar em acompanhamento e participar do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos no CRAS. Aqui no meu município o SCFV é de execução indireta, mas é executado no CRAS.
@@SUASConversas Oi Ana! Também acho fundamental seus vídeos, nos ajudam a pensar e a nos criticar!!! Concordo com você em praticamente todos os seus argumentos, e entendo o acompanhamento em mais de um serviço como algo excepcional, pois como você colocou, se virar regra ficará contraproducente. O que tinha discordado antes era que o motivo para não poder haver um "duplo" acompanhamento era a questão ética; a questão ética pode ser resolvida com a postura ética das duas equipes, sempre havendo diálogo entre elas para não tomarem ações contraditórias. Agora há poucos casos onde vejo o acompanhamento em mais de um serviço importante de ocorrer, e geralmente em casos altamente complexos. Como exemplo, dou um caso de família com filhos acolhidos em Saica: "teoricamente" quem deveria acompanhar a família é o Saica; entretanto é caso de CREAS também, e ainda por cima essa família pode já estar em acompanhamento de CRAS há um tempo! Nesse caso, entendo que o acompanhamento por todos esses serviços pode ser importante (e veja que ousei, e não são só 2 serviços, sendo que nesses casos ainda pode ter a equipe técnica da Defensoria e do TJ)! E veja porque é importante: não é possível passar todo o conhecimento da família do CRAS para o CREAS ou para o Saica; além disso, o Saica, por estar envolvido com a criança, tem uma tendência a não ver o lado da família como deveria. Concordo que a visão integral por todos serviços é fundamental (CREAS, Saica, etc), porém na realidade muitas vezes ela não acontece, pois o que cada serviço observa da realidade é um recorte da realidade, que tem seu enviesamento, por mais que os profissionais tenham ciência disso e tentam superar isso. Tenho experiências que esse acompanhamento "triplo (ou mais!)" gera efeitos benéficos para superar as retiradas de filhos de famílias pobres que continua sendo tão comum no nosso país! Portanto, concordo que o duplo acompanhamento deva ser evitado, mas em casos de alta complexidade ele pode ser benéfico para resgatar a integralidade que é comum se perder nesses casos.Para finalizar, deixo a frase da Campanha Nacional de Direitos Humanos do CFP de 2011, que pra mim é fundamental para repensar minha atuação: "Em nome da proteção e do cuidado, que formas de exclusão temos produzido?" site.cfp.org.br/em-nome-da-proteo-e-do-cuidado-que-formas-de-excluso-temos-produzido-campanha-nacional-de-direitos-humanos/
@@marcelosoaresvilhanueva8692 Sabe, Marcelo, é isso que eu adoro nessa interação com vocês! A gente poder subir o nível das discussões, discordar sem brigar e sem "se patear", evoluir a partir de críticas e argumentos, repensar, sofisticar o entendimento. A tua crítica me fez ir lá no âmago e buscar onde eu fundamentava o meu posicionamento, e eu fui lá no fundo e me reencontrei com a integralidade (algo que, na saúde, está se perdendo, a super especialização é muito eficiente pra resolver o problema pontual a que se propõe (a fratura do pedaço do pedaço do osso rsrsr), mas o sujeito, coitado, o dono do esqueleto inteiro, rsrs, esse está todo recortado...). E concordo que a questão ética é fácil equacionar sim, bastando alinhar com os colegas. E isso também tem melhorado, lembro que, lá no começo da minha trajetória no Suas, tinha muita gente que interpretava o código de ética de um modo tão restrito, mas tão restrito, que só faltava se agarrar nos prontuários pra esconder do colega de equipe (!!!) o acompanhamento que estava realizando (sendo que a família tem direito a um olhar interdisciplinar e complexo). No fim das contas, discussões assim me fazem ter orgulho de trabalhar no Suas, pois são essas discussões que qualificam a atenção que a gente presta às famílias e que diferenciam o que estamos propondo daquela velha assistência, que se resumia "a dar coisas de segunda mão", a ser uma política pobre para os pobres, uma política dos restos. Um grande abraço pra ti!
Amei essa série, Ana! Trabalho na Proteção Básica há 6 anos, então mesmo que a a maioria das informações não seja exatamente novidade pra mim, as reflexões que você trouxe foram muito bem vindas 😊
Outro dia uma colega (ex-funcionária da Especial, hoje atuando na gestão) encaminhou um ofício do CT por situação de Trabalho Infantil pra nós, e justificou que o CRAS funciona como uma "triagem" do CREAS, já que é a "porta de entrada para todos os direitos"! Imagina, eu quase subi pelas paredes quando ouvi ela dizer isso! 😱 Mas, no final das contas, percebo que somos todos trabalhadores do SUAS, sobrecarregados e cansados, e às vezes essa exaustão faz a gente querer correr de cada caso (aparentemente) complexo que aparece pra gente. E como o sentimento de ficar "jogando" as famílias pra lá e pra cá é o que mais me incomoda, o jeito é arregaçar as mangas e tentar fortalecer essa rede, né? Bora marcar reuniões e discutir os casos, ao invés de fazer DR das Unidades 😅
Muito obrigada pela sua dedicação e pelos seus vídeos, eu recomendo seu canal pros colegas sempre que posso! Um beijo!
RSRSR Maria Luiza! ADOREI o seu comentário!!!! srsr é bem isso, você captou a mensagem. A gente precisa se olhar, se fortalecer, se cuidar enquanto trabalhadores. Hoje mesmo uma prefeitura me procurou solicitando um curso de CRAS (para a equipe do CRAS rsrs) e um de CREAS (para a do CREAS rsrsr). Eu SEMPRE sugiro colocar as equipes juntas: primeiro porque servidor público é assim: hoje estamos no CRAS, amanhã no CREAS! Segundo, porque quando a gente coloca uma equipe estudando o trabalho da outra, escutando as dúvidas, se aproximando dos perrengues que a outra equipe enfrenta, a gente planta a semente da empatia entre as equipes. E aí ocorre isso que você falou: ao invés de DR, as equipes se cuidam, se compreendem e se fortalecem. Beijokas, sua linda!!!
@@SUASConversas Já pensei a mesma coisa! Colocar equipes da Básica pra aprender sobre a Especial e vice versa. Fica até mais fácil de explicar pras famílias pra onde estamos encaminhando elas, sem criar fantasmas ou decepções. Mas é isso, trabalhar no SUAS é desafiador ao mesmo tempo que é maravilhoso! Seguimos em frente!
@@marialuiz4 Isso aí guria, como estamos dizendo aqui "lets que lets!!!" (rsrrs "vamo que vamo!!! rsrrs). Beijos!
Excelente explicação
Bom dia! Excelente!!!! Sem palavras pra externar o quanto é bom seus vídeos que transmitem conhecimento tão necessário, com uma didática e linguagem perfeita que nos faz entender os conteúdos. Tem contribuído muito na minha vida profissional
Gratidão!!!!!! Sucesso em tudo que você fizer, chuva de bençãos em sua vida!
Karla, sua querida! Obrigada lindona! O carinho contido nessas palavras me dá muita energia pra continuar! Fico muito feliz de contribuir com os colegas, pois, quando comecei, lá em 2008, eu sentia MUITA falta de alguém com quem compartilhar essas angústias. E era uma época que nem o CFP tinha muito claras nossas atribuições no Suas (falo especialmente da psicologia), enfim, a gente se sentia muito desamparado. Então eu fico feliz em contribuir com os colegas: não sei tudo, logicamente, ninguém sabe tudo, mas já deu pra acumular um bocadinho de experiências nessas andanças (e experiências são para serem partilhadas)! Beijokas sua linda!
Ana, quando a família está em acompanhamento no Paefi, mas necessita de acesso ao direito para bpc, ou benefício eventual ou documentação civil. (Serviços da proteção básica). A equipe do creas promove o acesso no próprio creas ou encaminha para atendimento no CRAS uma vez que esses dados também aparecem no nosso Rma e Raf do Paefi.
Tenho essa dúvida também.
Oi Gleyce, sua linda! Bem importante sua pergunta, MUITO MESMO! Ela vai ser respondida no próximo vídeo, mas já antecipo: promove acesso no próprio CREAS. Mas vamos evoluir na resposta, até pra ajudar outras colegas que tenham a mesma dúvida. E primeiro precisamos "limpar" a pergunta pra ela ficar mais clara. Ali na sua questão, você colocou, no parênteses, que o acesso a BPC, benefício eventual (BE) e documentação civil são "SERVIÇOS de proteção básica". Será??? Realmente eles são SERVIÇOS? Não seriam ENCAMINHAMENTOS? Então esse é o primeiro ponto: "Serviço" é o PAIF, o PAEFI, o SCFV... um "serviço" é toda a ação continuada de assistência social descrita na Tipificação. O acesso à documentação básica é um ENCAMINHAMENTO (para um serviço de identificação, para um cartório, enfim, depende do documento), o acesso ao BPC é um ENCAMINHAMENTO (para um benefício continuado) e o acesso a uma cesta básica é uma PROVISÃO DE BENEFÍCIO EVENTUAL. Enquanto benefício eventual, o acesso à CB deve estar em articulação ao serviço no qual a família é referenciada (articulação entre serviços e benefícios). Então, se a família é referenciada ao CRAS, o Benefício eventual está, nesse caso, articulado ao serviço PAIF (seja atendimento de PAIF, quando a pessoa precisa desse acesso e ponto; seja ao acompanhamento de PAIF quando o benefício é apenas uma das muitas ações que serão realizadas com essa família por um período de tempo). Beleza. Mas vamos dizer que, com a palavra "serviços", você quis dizer "tarefas de proteção básica" (que o acesso à documentação, BPC e BE seriam tarefas só da proteção básica). Novamente, perguntamos: será??? Uma coisa é uma família em situação de vulnerabilidade buscar o CRAS para acessar um documento ou para encaminhar um BPC e essa ser uma demanda pontual, um ENCAMINHAMENTO. De fato, "encaminhamentos" estão entre os tipos de atendimentos de PAIF. Outra coisa é uma família que está em acompanhamento familiar especializado por meio do PAEFI no CREAS. Vamos dizer que temos uma família em PAEFI no CREAS cuja RF é uma mulher "quase" idosa e que sofria violência patrimonial por parte de um filho agressivo e usuário de substâncias psicoativas que mora com ela. No meio do acompanhamento em PAEFI, essa senhora faz aniversário, completa 60 anos e passa a ter direito ao BPC. Ora, se a família está em PAEFI, ela já tem um técnico de referência que conhece a situação familiar como um todo. Ela já tem um PAF que prevê todas as metas do acompanhamento (e, entre essas metas, bem possivelmente vai estar "encaminhar o BPC quando dona fulana fizer 60 anos", "encaminhar o filho da dona fulana para o CAPS", etc.). Percebes? Nesse caso, o encaminhamento do BPC não é uma ação isolada, mas uma ação que faz parte de um processo maior, o acompanhamento familiar. É por isso que, nesse caso, não tem porque a gente fazer a família peregrinar até o CRAS, já que "acompanhamento" envolve um olhar integral e que "serviços" (como o PAEFI) precisam estar articulados a benefícios (como o BPC). Para famílias em acompanhamento familiar, seja em PAIF ou PAEFI, os encaminhamentos e os acessos a BE entram no bojo do acompanhamento, entram junto nas metas do PAF. Quando aos BE, recentemente, isso é dito claramente na cartilha "Perguntas frequentes sobre benefícios eventuais", mais especificamente, nas questões 12 e 13, que vou deixar abaixo. E, mais uma vez, obrigada pela pergunta! Vi que mais pessoas têm essa dúvida, inclusive essa dúvida veio no instagram também (e, justamente por isso, o vídeo da semana que vem vai ser sobre isso). Beijokas!!!!
blog.mds.gov.br/redesuas/wp-content/uploads/2021/12/Perguntas-frequentes_Beneficios_Eventuais_SUAS-2.pdf
@@denisemoscardini2323 Oi Denise! Sim, várias pessoas têm perguntado isso, tanto que vai ter "prorrogação" da série "é de CRAS ou é de CREAS" pra fechar essa parte rsrsrrs. Dá uma olhadinha aí na resposta que eu escrevi pra Gleyce, que procurei deixar bem completa. Beijokas!
Conteúdo importantíssimo! Essencial para a prática dos técnicos dos dois serviços. Excelente explanação! Obrigada!
Que bom que você gostou Elaine! Beijokas!
Oi Ana, tudo bem? Espero que sim! Excelente aula!! Fiquei com uma duvida no decorrer do vídeo e lendo seu maravilhoso comentário acabou por me esclarecer. Nele vc cita sobre um documento que quando a família esta em acompanhamento em PAEF também pode ser atendimento com o beneficio eventual sem ter a necessidade de ir até o CRAS. Quero muito este documento...rs! Vc poderia me instruir como consigo acesso a ele?. Obrigada por compartilhar seus conhecimentos, estão enriquecendo muito a minha pratica. Vc consegue passar com tanta clareza que fico boquiaberta. Parabéns!
Oi Sô, tudo bem? Sim, esse documento é bem recente, vou colocar ele aqui ao final da minha resposta. Essa é uma questão que finalmente está ficando mais clara: se a ideia é o SERVIÇO estar articulado ao BENEFÍCIO (seja ele continuado, como o BPC, ou eventual, como auxílio alimentação, natalidade, etc.,), a provisão de benefícios precisa fazer parte do acompanhamento, seja ele no CRAS ou no CREAS. Essa ideia de que os BE são providos somente nos CRAS ficou pra trás e vai refletir até nos organogramas das prefeituras. Até pouco tempo atrás, tinha a orientação dos BE serem demandas de básica (tanto que aqui no meu município, e em vários outros, o setor de BE fica subordinado à Diretoria de proteção social básica). Mas exatamente na linha do que vc coloca, se a ideia é articular serviço e benefício, a subordinação do setor responsável pelos benefícios à diretoria de básica não tem sentido, já que os benefícios são transversais aos serviços (assim como a pessoa pode receber BPC e estar na básica, na média ou na alta, com os BE ocorre a mesma coisa). Recentemente isso foi reforçado na cartilha que vou te colocar abaixo, de perguntas e respostas (é a pergunta 12). Aqui no meu município, já faz uns três anos que não fazemos mais as famílias acompanhadas em CREAS peregrinarem ao CRAS por causa de CB. Se está em CREAS, retira no CREAS. E estamos repensando nosso organograma: hoje o setor de benefícios e transferências de renda é subordinado à proteção básica, no futuro esse setor deveria virar uma diretoria independente, já que os benefícios atravessam serviços de todas as proteções. Enfim guria, vamos aperfeiçoando aos poucos.... segue o link pra vc baixar a cartilha de perguntas e respostas (é a pergunta 12). Essa cartilha foi lançada em dezembro de 2021! Beijokas e bons estudos!!! 🙌🙌🙌❤️ blog.mds.gov.br/redesuas/lancamento-da-mais-nova-edicao-do-documento-perguntas-frequentes-beneficios-eventuais-no-suas/
@@SUASConversas muitíssimo obrigada 💓!
@@solangebarbosa7242 Imagina Sô, estamos aqui pra isso! Beijokas!
Muito bom, esclarecedor!!
Meu entendimento é: família acompanhada no Creas e atendida no CRAS. A equipe do Creas pode e deve fazer as ações e intervenções necessarias para BE, BPC e transferência de renda. Onde atuo por exemplo, não temos cadastrador, tampouco acesso ao Cd Unico, logo, a depender da situação, encaminhamos sim ao Cras. Porém, nada impede fazermos contato para conseguir o nis e outros dados junto ao CRAS. Agora, por mais de uma vez, ja atendi famílias do PAEFI, que buscaram o Cras para questões referentes a documentação civil, Cad único e por serem “do Creas” a pessoa nem foi atendida e mandaram ao Creas. A pessoa fica feito barata tonta andando pra lá e pra ca, sendo que nas situações em que citei, o Cras poderia ter atendido, ja que imprimir uma folha resumo do Cad Único não precisa ter “vínculo com a equipe”. A família é do município. E as equipes precisam ter bom senso. Se não, fica complicado pra família. Trm muito caso onde a família busca o Cras primeiro, por ser mais perto de sua casa para documentação civil e encaminham ao Creas, as vezes até parece que a família que está no Paefi tem alguma doenca contagiosa, que algum técnicos parecem ter medo de atender…. Existe algo bem simples nos equipamentos, que se chama telefone. Na dúvida é só telefonar e perguntar antes de fazer a pessoa andar a cidade toda atrás de um serviço que ela poderia ter sido atendida ali pertinho
Ótima explanação! Quais normas evidência ?
Obrigada Elisângela! Quanto às normas, é o guia de orientações do Cras e os do Paif que eu usei pra elaborar o vídeo. Beijokas!
Ótimo vídeo!!! Muito esclarecedor!
E dois PAEFIs? É possível? No caso de mulheres acompanhadas em unidade especializada no atendimento a mulher vítima de violência (CEAM), cujos filhos também são alvo da violência. No meu entendimento não faz muito sentido separar as situações, até pela matricialidade familiar, mas vejo que acontece. Pode tirar essa dúvida? Obrigada!!
Oi Karla, beeem importante sua pergunta! Penso que não é interessante dois PAEFI... vamos juntas: o PAEFI é um acompanhamento FAMILIAR especializado (ou seja: ele não é para a VÍTIMA de violência, mas para a FAMÍLIA que tem a violência enquanto um modo de relação). Então, muitas vezes, vamos encontrar justamente isso que você colocou ali: além da mulher, as crianças sofrendo a violência (e, não raro, por parte da mulher, que, ao mesmo tempo, sofre a agressão do companheiro e pratica a agressão com os filhos...). Acho que esse é m ponto bem importante. Outro ponto que tem que ver é qual o tipo de atenção que essa unidade especializada de atendimento à mulher oferta (é uma escuta terapêutica? é um suporte psicossocial?). Bem possivelmente, o PAEFI não vai se sobrepor a essa unidade porque, diferente dessa unidade, que é focada na mulher, o PAEFI é focado na família. E, se essa unidade for terapêutica, bem, ali mesmo que o PAEFI não irá se sobrepor: a mulher faz a sua terapia lá no CEAM e o PAEFI faz trabalho social especializado com a família (que não é terapêutico)...espero ter esclarecido! Beijokas!
Muito obrigada pela resposta! Aprendendo cada vez mais!🤝🏽
@@karlamadruga8807 Eu é que agradeço por vc nos acompanhar! BEIJOS!
Olá, Ana. Em qual caderno de orientação você se baseou para este vídeo?
Oi Denisecs, tudo bem? Estou me baseando nas Orientações Técnicas do PAIF, volume II, quando trata do referenciamento CRAS e CREAS (quando a situação de vulnerabilidade se agrava e vira uma situação de risco social, a referência do acompanhamento familiar deve ser passada para o CREAS, que se torna, a partir de então, o responsável pelo trabalho social com famílias). Já as outras ações do CRAS, como ATENDIMENTOS PONTUAIS DE PAIF e SCFV podem ser destinadas a famílias em acompanhamento PAEFI no CREAS e adolescentes em MSE, tanto que eles são público prioritário nesse caso. Espero ter esclarecido, beijokas!
Excelente, obrigada!
Excelente, concordo.
Excelente 👏👏👏Gratidão Ana🌼
Eu é que agradeço, Virgínia! Beijos!
Olá Ana, tenho dúvida sobre qual é o documento específico que diz que a família não pode ser acompanhada ao mesmo tempo pelo paif e paefi
Tb gostaria de uma referência para embasar, pois onde trabalho todos dizem que a família deve esta em PAIF E PAEFI acompanhamento simultaneamente.
Eu discordo, por isso gostaria de uma referência pra citar quando dialogamos sobre
Perfeito.. muito obrigada 🌹
Eu é que agradeço Ana! Beijos!
Perfeita!
Obrigada Daiane! Beijokas!
Muito útil
Obrigada!
Show de bola!
rsrsrrsrs beijos sua linda!!!
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Obrigada Karla! Beijokas!
👏👏👏
Obrigada Roberto!
Dessa vez discordo de você, Ana! E vou usar seus próprios exemplos para explicar: Pode um usuário ser acompanhado na atenção básica por um médico de família e ao mesmo tempo por um cardiologista? Claro que sim! É lógico que a questão ética fica mais complexa, pois demanda diálogo entre os dois médicos! Além disso, os acompanhamentos podem se dar por motivos diferentes (afinal as famílias podem viver mais de uma situação ao mesmo tempo!), ou até mesmo pela mesma situação!!! Isso geralmente não ocorre porque nossa política é tão precarizada que não dá conta de acompanhar nem os casos que precisa, imagina a mesma família em dois serviços! Por fim, lembre das equipes médicas quando um presidente fica doente: é formada por vários médicos, inclusive da mesma especialidade!!! Portanto, o acompanhamento simultâneo em dois serviços não acontece por uma questão econômica e não técnica!
Oi Marcelo! Cara, muito boa sua colocação, discordâncias com base e que fazem pensar/sofisticar a discussão são sempre muito bem vindas. Mas continuo achando contraproducente acompanhamento familiar em duplicidade, rsrrs, e já me explico o porquê. Talvez o melhor exemplo que eu tenha dado da saúde seja o da psicoterapia (mesma especialidade, mesmo objeto, olhar integral para aquele sujeito/caso). O exemplo de cirurgia de um presidente, que você deu (ou mesmo algo complexo, como um transplante de face, uma separação de gêmeas siamesas, etc.) realmente envolve vários médicos da mesma especialidade (e outros de especialidades diferentes), mas ali eu não vejo como acompanhamento em duplicidade: vejo que eles fazem parte de uma mesma equipe (assim como nós, no CRAS, em geral teremos mais de um psico, mais de um AS, mas estamos na mesma equipe) e que atuam na mesma intervenção. Então esse da cirurgia eu vejo como uma equipe maior se debruçando sobre uma mesma intervenção, pois tal intervenção exige a equipe inteira. E, assim como eu, penso que, no CRAS e no CREAS, algumas vezes, você também deve ter discutido casos com a equipe inteira, aqueles que a situação era tão complexa que não bastava uma dupla psico + AS para pensar alternativas... então esse da cirurgia pra mim não é um exemplo de duplicidade, mas de uma intervenção pontual (embora especializada) e que exige um olhar de mais profissionais ao mesmo tempo (mas ainda assim é UMA intervenção, pois eles compõem UMA equipe). Vejo como um contraponto direto o seu outro exemplo, vamos pensar juntos nele: realmente é possível a pessoa estar na atenção básica do SUS (em acompanhamento) e também estar no cardiologista (em acompanhamento): é a mesma pessoa, mas os objetos do acompanhamento são diferentes (num, a gestação, no outro, uma cardiopatia). No entanto, digamos que estejamos falando de um acompanhamento típico da atenção básica (como é o caso do acompanhamento pré-natal) em que a gestante é cardiopata grave, ou HIV+: pode ser que a referência para o pré-natal dela deixe de ser a UBS e passe para um serviço especializado... o acompanhamento das gestantes nas UBS também tem limites determinados por normas técnicas e éticas, via de regra, a UBS está equipada para uma assistência primária à saúde (pré-natal de baixo risco). Se a UBS se deparar com uma gestante de risco, ela vai referenciar aquela gestante a um ambulatório de especialidade ou hospital de referência, porque ultrapassou o nível de atenção básica, ela não vai fazer dois pré-natais. Mas vamos avançar ainda um pouco nos exemplos: é possível uma mesma pessoa estar no endócrino e no cardiologista (e ambos estarem realizando com ela um acompanhamento), digamos que ela tem hipertireoidismo e tem também uma cardiopatia. São demandas diferentes, os tratamentos serão diferentes, os remédios diferentes, as especialidades diferentes. Mas seria bem estranho essa pessoa estar em dois endócrinos (de clínicas separadas, não da mesma equipe) ambos tratando o hipertireoidismo, ou em dois cardiologistas (de clínicas separadas, não da mesma equipe), também tratando a cardiopatia. Bem possivelmente, ia chegar um ponto em que as orientações iam se chocar e a pessoa ia ficar confusa, com o médico "A" dizendo uma coisa e o médico "B" dizendo outra. A orientação de um poderia de certa forma "questionar" a do colega da mesma área, gerando aí o problema ético de interferir na terapia que o colega está fazendo... então, continuo achando tecnicamente complicado olhar pro mesmo objeto em acompanhamento duplo. Mas meu argumento final nem é esse, rsrsr, falei, falei e ainda não cheguei no meu ponto principal: Acho que uma diferença fundamental que temos em relação à saúde é que a saúde se super especializou em tal grau (e não estou aqui querendo julgar isso ou fazer discurso moralista), mas pontuando que a tecnologia propiciou que eles se super especializassem em tal grau que o sujeito da intervenção acabou retalhado. Aquele sujeito integral, da saúde como "estado de bem estar biopsicossocial" que tanto falavam quando eu era da saúde, está em frangalhos. Veja só: quando eu era criança eu ia ao dentista, e lá ele arrumava cárie, arrancava dente e fazia o que tinha que fazer. Hoje é um dentista pra tratamento de canal, outro pra colocar aparelho, outro para próteses, etc. Claro que isso não é ruim do ponto de vista técnico, a intervenção é altamente especializada (e tende a ser muito mais eficaz), mas o risco é que se perca o sujeito da intervenção, reduzido ao seu tratamento de canal ou ao seu implante, entende? Penso que nós, no Suas, ainda temos uma relação com o objeto do nosso trabalho (risco social, vulnerabilidade social) de um ponto de vista mais macro. Os objetos "risco social", "vulnerabilidade social", "violência" tem uma generalidade muito maior do que "cirurgia para substituição de válvula cardíaca", que é algo muito específico. Ao contrário da válvula e do canal do dente, rsrsr, a amplitude nos nossos objetos de trabalho permite que a gente olhe para aquela família como um todo, planeje com ela ações pensando a integralidade da atenção no nível de complexidade em que ela estiver. Se ela estiver no PAIF acompanhamento, vamos olhar pra dona Maria, pro seu João e pros filhos deles, encaminhar para serviços, encaminhar benefícios, enfim, dar um olhar integral para essa família em vulnerabilidade. Por outro lado, se estiverem em PAEFI, no Creas, olharemos pra dona Maria, pro seu João, pros filhos deles e não focaremos só na violência, fechando os olhos para as outras demandas da família na sua integralidade, e não reduzindo a família à sua situação de risco. Penso que nós conseguimos, pela natureza desses objetos, "assumir a família" onde ela estiver. Com assumir a família, quero significar o acompanhamento, os encaminhamentos e os benefícios eventuais. Possivelmente, vc vai lembrar que, até bem pouco tempo atrás, os benefícios eventuais ficavam na proteção básica. Aqui a gente fazia as famílias acompanhadas no Creas, em Paefi, irem ao Cras quando precisavam de benefício eventual, "recortando" a família ("aqui no Creas você fala da violência, mas a cesta básica você busca lá no Cras"). Hoje já se tem outra visão, saiu um documento agora em dezembro que referenda essa nova visão: se a família está em acompanhamento no Creas, o benefício eventual também é lá com o Creas, senão, de que articulação serviço/benefício estaríamos falando? E isso foi feito, justamente, pra não retalhar a família, pra dar atenção integral, no nível em que ela estiver em acompanhamento familiar. Então eu penso que a questão técnica de base que me faz ir contra a duplicidade é a integralidade da atenção ofertada. É por isso que, pra mim é muito complicado eu ter duas equipes olhando, ao mesmo tempo, para essa integralidade e intervindo sobre o mesmo objeto (sendo ele um objeto amplo, como a vulnerabilidade ou o risco social). Claro, estamos falando de ACOMPANHAMENTO em duplicidade, atendimento pontual eu não vejo problemas. Mas enfim, agradeço muito sua colocação, ela me fez pensar, refletir. E é pra isso que estamos aqui. Um grande abraço!
Concordo com vc Ana. O acompanhamento deve acontecer em duplicidade, o que poderá acontecer e deve acontecer é a família estar em acompanhamento e participar do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos no CRAS. Aqui no meu município o SCFV é de execução indireta, mas é executado no CRAS.
@@SUASConversas Oi Ana! Também acho fundamental seus vídeos, nos ajudam a pensar e a nos criticar!!! Concordo com você em praticamente todos os seus argumentos, e entendo o acompanhamento em mais de um serviço como algo excepcional, pois como você colocou, se virar regra ficará contraproducente. O que tinha discordado antes era que o motivo para não poder haver um "duplo" acompanhamento era a questão ética; a questão ética pode ser resolvida com a postura ética das duas equipes, sempre havendo diálogo entre elas para não tomarem ações contraditórias. Agora há poucos casos onde vejo o acompanhamento em mais de um serviço importante de ocorrer, e geralmente em casos altamente complexos. Como exemplo, dou um caso de família com filhos acolhidos em Saica: "teoricamente" quem deveria acompanhar a família é o Saica; entretanto é caso de CREAS também, e ainda por cima essa família pode já estar em acompanhamento de CRAS há um tempo! Nesse caso, entendo que o acompanhamento por todos esses serviços pode ser importante (e veja que ousei, e não são só 2 serviços, sendo que nesses casos ainda pode ter a equipe técnica da Defensoria e do TJ)! E veja porque é importante: não é possível passar todo o conhecimento da família do CRAS para o CREAS ou para o Saica; além disso, o Saica, por estar envolvido com a criança, tem uma tendência a não ver o lado da família como deveria. Concordo que a visão integral por todos serviços é fundamental (CREAS, Saica, etc), porém na realidade muitas vezes ela não acontece, pois o que cada serviço observa da realidade é um recorte da realidade, que tem seu enviesamento, por mais que os profissionais tenham ciência disso e tentam superar isso. Tenho experiências que esse acompanhamento "triplo (ou mais!)" gera efeitos benéficos para superar as retiradas de filhos de famílias pobres que continua sendo tão comum no nosso país! Portanto, concordo que o duplo acompanhamento deva ser evitado, mas em casos de alta complexidade ele pode ser benéfico para resgatar a integralidade que é comum se perder nesses casos.Para finalizar, deixo a frase da Campanha Nacional de Direitos Humanos do CFP de 2011, que pra mim é fundamental para repensar minha atuação: "Em nome da proteção e do cuidado, que formas de exclusão temos produzido?" site.cfp.org.br/em-nome-da-proteo-e-do-cuidado-que-formas-de-excluso-temos-produzido-campanha-nacional-de-direitos-humanos/
@@marcelosoaresvilhanueva8692 Sabe, Marcelo, é isso que eu adoro nessa interação com vocês! A gente poder subir o nível das discussões, discordar sem brigar e sem "se patear", evoluir a partir de críticas e argumentos, repensar, sofisticar o entendimento. A tua crítica me fez ir lá no âmago e buscar onde eu fundamentava o meu posicionamento, e eu fui lá no fundo e me reencontrei com a integralidade (algo que, na saúde, está se perdendo, a super especialização é muito eficiente pra resolver o problema pontual a que se propõe (a fratura do pedaço do pedaço do osso rsrsr), mas o sujeito, coitado, o dono do esqueleto inteiro, rsrs, esse está todo recortado...). E concordo que a questão ética é fácil equacionar sim, bastando alinhar com os colegas. E isso também tem melhorado, lembro que, lá no começo da minha trajetória no Suas, tinha muita gente que interpretava o código de ética de um modo tão restrito, mas tão restrito, que só faltava se agarrar nos prontuários pra esconder do colega de equipe (!!!) o acompanhamento que estava realizando (sendo que a família tem direito a um olhar interdisciplinar e complexo). No fim das contas, discussões assim me fazem ter orgulho de trabalhar no Suas, pois são essas discussões que qualificam a atenção que a gente presta às famílias e que diferenciam o que estamos propondo daquela velha assistência, que se resumia "a dar coisas de segunda mão", a ser uma política pobre para os pobres, uma política dos restos. Um grande abraço pra ti!
Ana, é obrigado o assistente social atender um usuário do Suas junto com a psicóloga? A assiste social pode acompanhar uma família sozinha no Cras.?