Q frase linda essa do Freud: "Ele assim se tornou o que ele poderia ter se tornado no melhor dos casos, sob as melhores condições". Acredito na ideia da escultura, que a análise consegue retirar os "excessos" deixando o nosso melhor aparecer, existir, se colocar no mundo. Estou na minha segunda análise, agora com quase 7 anos e SIM, há um antes e um depois depois da análise, acredito que dá pra ser medido e transmitido, pois quando mudamos, também mudamos o nosso entorno/ambiente e isso muda o mundo. Parece pouco, mas é muito. Com minha análise extingui sintomas, outros porém, diminuíram sua força e intensidade e consequentemente, o sofrimento. Vivo uma vida mais autêntica, assumindo meu desejo em alguma medida, dentro das minhas possibilidades claro. A vida dói e não cessa de nos colocar à prova, por isso vejo a análise como algo interminável... mas isso é tema para outra aula né Fábio? Mais um vez, grata pela suas palavras.
Oi Gleide! Valeu pelo relato, isso me motiva a seguir em frente 🙌🏻 Faço sessões semanais de psicanálise há mais de 1 ano e meio, e tenho observado alguns progressos; entretanto, discordo da frase do Freud, a qual considero supervalorizar a psicanálise, e explico utilizando uma analogia: um vaso quebrado até pode ser colado/restaurado, mas jamais será o mesmo. Isso não é necessariamente ruim, talvez até mesmo surja uma outra arte daí, porém sugerir que poderíamos nos tornar aquilo que seríamos, caso tivéssemos as melhores condições, me parece um tanto forçado. Pegue como exemplo uma pessoa que sofreu abuso sexual e/ou emocional: ela até pode aprender a aceitar o ocorrido, ressignificar a experiência, seguir em frente, mas o fato jamais deixará de existir na mente dela. Se possível, gostaria da sua opinião, para o caso de eu ter interpretado de forma equivocada.
Faço análise a 2 anos e posso dizer com convicção que a Psicanálise faz muita diferença na vida do sujeito. Consegui fazer grandes mudanças no meu comportamento e ressignifiquei certos traumas da infância. A transferência é uma grande ferramenta nesse processo. Não sei se a Psicanálise muda o sujeito ou se desvela o que estava escondido, mas sei que ela funciona.
Gleides, obrigado pelo relato! Concordo com vc... faz muita diferença... e é mesmo difícil fazer esse cálculo: o quanto encontramos que já estava lá, o quanto criamos... Abraços!
Fábio, comecei a fazer análise há uma semana, tomei a decisão depois de asssitir ao seu vídeo sobre os arruinados pelo êxito. E realmente meu objetivo é ser o eu que teria me tornado no melhor dos casos.
Olá Fabio! Gostei muito desse vídeo. Sim, sei que a psicanálise provoca literalmente algum tipo/forma/maneira/jeito/possibilidade de mudança, mas sem modelos, pois não há modelo de subjetividade. Cada um muda/transforma/adapta como pode, consegue e é possível. Tenho uma forma pessoal de sintetizar e objetivar meu olhar para o processo analítico: "quando olhamos para uma coisa, a coisa olha de volta". Nomear, tornar conhecido ou reconhecido, faz toda a diferença para lidar/conviver com os fantasmas das angustias de nossa existência.
Faço análise há quase 3 anos e as mudanças foram enormes. Não sem um investimento. Novas configurações de relacionamento surgiram e outras tiveram que ser deixadas. Identificar a fantasia e os mecanismos de auto-sabotagem inconscientes foram fundamentais. Sem dúvida muda muita fazer análise. Todo mundo precisa de análise...
Acredito que nem todos precisem da psicanálise: algumas pessoas simplesmente não sentem-se angustiadas, com questões internas a resolver, nós a desatar; arrisco dizer que, em alguns casos, poderia trazer mais problemas do que soluções. Há um vídeo do Christian Dunker chamado "Quem precisa de análise?" no qual ele desenvolve uma ideia nesse sentido.
Eu comparo a Psicoterapia com o apredizado de um idioma não nativo. Não acontece de forma instantânea, e sim apartir de um esforço continuado. O sujeito não "muda" por que aprendeu a falar Inglês, Espanhol ou Francês, mas a aquisição de uma nova liguagem o posibilita a pensar com uma estrutura nova e se expressar de uma maneira diferente. Se dar conta da existência do inconsciente é perceber essa outra possibilidade de compreensão e "leitura" do mundo. O terapueta te ajuda a se tornar fluente em si mesmo, fluente na sua própria linguagem.
Excelente metáfora, Mauricio! Diria que para além dessa fluência em si mesmo, um analista ensina a reconhecer essa língua estrangeira que te habita cuja tradução é, para sempre impossível... um reconhecimento dessa alteridade interna, do estrangeiro... é nessa direção que penso... obrigado por acompanhar! :-)
@@fabiobelo Interessante, não tinha pensado por esse lado de um estrangeiro interno. Você poderia desenvolver mais essa idéia em um futuro vídeo? Ou indicar algum vídeo que você fale desse tema?
@@mauriciopio8563 Sim, veja, por favor, meu vídeo sobre a revolução copernicana. Lá explicito bastante essa tese do Laplanche do Ics como outro estrangeiro interno... O vídeo tem duas partes e o texto ao qual faço referência está linkado na descrição do vídeo. Mais uma vez, obrigado pelo interesse e pela conversa!
Fábio, vc tem algum vídeo explicando o entendimento lacaniano do inconsciente estruturado como linguagem? Em um seminário clínico sobre o texto o Inconsciente, de Freud, vemos o quanto para este o inconsciente é energia pulsional, representação-coisa, inacessível. Já com Lacan entendo que o inconsciente é linguagem, é o significante em ação. E Lacan diz aprender isso revisitando Freud. Dá trabalho entender Lacan kkkkk. Agradeço toda ajuda e amo seus vídeos. Obrigado!
Ah, sobre Lacan nada ainda... mas estou preparando um vídeo longo sobre o congresso de Bonneval que marca a crítica de Laplanche a essa ideia de Lacan...
Que vídeo bom! Como é bom ser aliviada das tormentas em análise. A sensação é de deixar de carregar pesos. Atravessar situações traumáticas com base no próprio desejo de saber sobre seu desconhecimento. Me interessa quando vc pergunta como que a gente pode enquanto profissionais transmitir a eficácia da condução de uma análise. Transmissão sempre parcelada, aos poucos, pq a transformação é da ordem da experiência né.. Por isso, além de fazer cada um seu testemunho, a gente sempre indica "vá fazer análise" "leva isso pra análise". Confesso que sinto amor, mas um amor genuíno por ter sido acolhida e tratada. Uma gratidão imensa pelo tratamento e um desejo enorme que outras pessoas possam ter acesso a essa fluidez de desembocar no desejo.
Adorei seu comentário, Tais. Obrigado! Sinto o mesmo que vc: uma gratidão pelas conquistas das análises que fiz (e faço!) e um desejo de transmitir isso... o método funciona e pode ajudar muitas pessoas a encontrarem seu percurso singular...
A análise faz toda diferença na vida de um ser humano. Já estou há 6 meses e as coisas que me atormentavam, hoje consigo ter uma visão muito pacífica a respeito. Todas as minhas formas de relacionamento com as outras pessoas sofreram uma grande mudança. Claro, há muito a trabalhar ainda, mas vejo um futuro bem positivo. Acompanho todos os seus vídeos! Um abraço!
A Psicanálise é essencial para a saúde mental de todo indivíduo, devia ser objetivo de vida para todos, adoro sua empatia e facilidade de explicar; virei fã do canal, Gratidão por todo seu comprometimento e empenho.
O Fábio! Sou estudante de psicologia e fui seu aluno. Minha visão sobre os questionamentos que você traz é de que existe algo de político ou uma moral específica que ocorre na psicoterapia de base analítica ou na psicanálise. O simples fato de ter um outro na presença do paciente/cliente que está aberto a ouvir e não julgar, já seria o suficiente para pressupor que o ambiente analítico possui uma moral diferente. A impressão que tenho, não são dados científicos, é que as pessoas que passaram por psicoterapia tendem a estar melhor, após o processo, por conseguirem minimizar ou até acabar com a culpa por algo que era demandado por seu inconsciente e que pôde ser elaborado de forma coerente com a atual existência desta pessoa. Nesse sentido, acredito que a psicoterapia é um modo de subjetivação do paciente, pois muda seu olhar, sentir e reagir. O sujeito pós análise me parece ser alguém mais autônomo, que atribui valor a esta autonomia e que passa a perceber o outro também como sujeito às mazelas e sofrimentos da sua própria formação. Assim, a psicoterapia de base analítica seria politica no sentido de promover autonomia e um olhar mais compreensivo pelo outro.
Oi, Davi! Obrigado pelo comentário. Concordo totalmente com vc... Acho que tem sim uma finalidade política e vai nessa direção: um pouco mais de autonomia... um pouco mais de compreensão quanto à alteridade (a do outro e a que me habita)...
Vídeo excelente para muitas reflexões e muito interessante a associação da arte (o de colocar ou de retirar algo). Estou em processo de análise ainda e diria no “começo” (1 ano), mas já da para sentir uma grande diferença em relação as outras linhas de psicoterapia pelas quais passei. Até falei sobre isso ontem com o meu Psicanalista: sem demérito algum as demais linhas, mas percebo que elas nos mantém “na superfície”, enquanto na análise, mergulhamos mais profundo. Penso também que as vezes se faz necessário passar inicialmente por essas etapas, analisando a superfície e as bordas, para depois avançar para as camadas mais profundas da consciência. Fazer análise requer coragem. O próprio Freud mencionou isso em algum momento, bem como que, quando a dor se torna insuportável, a pessoa busca ajuda. As vezes é mais cômodo deixar a sujeira debaixo do tapete, mas o inconsciente teima em se manifestar, em sonhos, em atos falhos, em comportamentos que se repetem, etc, mas na maioria das vezes, através de dor e sintomas. Esse penso ser um sinal indicativo de que você deva buscar análise. Não acredito que nos transformemos em outras pessoas, porque, da mesma forma do exemplo da escultura, fomos sendo “talhados e moldados” ao longo da nossa existência e a maior parte da “obra” já está feita. Mas podemos sim melhorar e refinar a obra e isso certamente se da quando você finalmente consegue “recordar e elaborar” aquilo que vinha repetindo, repetindo e repetindo. Padrões são ressignificados com certeza, políticos, familiares e até mesmo religiosos. Por isso, é preciso coragem, porque encarar essas mudanças não é fácil, até porque você vai continuar convivendo com pessoas que não fazem ou fizeram análise e terá que lidar com eventuais “rejeições”. Enfim, me estendi, porque o tema é amplo, complexo e como toda análise, muito individual. Obrigada pelo vídeo!
A psicanálise me encanta porque justamente questiona conceitos como o de mudança. Iniciei minha análise faz um ano e mudei sim, principalmente as expectativas.
Obrigado pela explanação tão didática do antes e do depois. Acredito que uma análise altera o analisando, suas percepções, seus julgamentos e suas reações aos fatos da vida. A propósito da possibilidade de descrição do que ocorre numa análise, cito o último livro da psicanalista e escritora Betty Milan “LACAN AINDA”, no qual ela Conta sua análise com o professor e psicanalista Jacques Lacan, na década de 70.
Fabio comecei a escrever um pensamento falando que a psicanalise faz com que o "real sujeito" se mostre (mude) após passar pelos traumas armazenados no inconsciente, que estes traumas estivessem "maquiando" o real sujeito, como o sujeito é constituído na sua infância através da influência local e histórico per via di levare iria ajudar na mudança do sujeito. Mas após este pensamento me veio outra hipótese, onde o primeiro cenário realmente acontece, ou seja é retirado todos os entraves do inconsciente e que após isso o paciente começará a ressignificar suas verdades. Ressurgindo e criando novas verdades, através do per via di porre. Obrigado pelo vídeo, muito bom vídeos que nos fazem exercitar a memória e pensar nos diferentes cenários.
Que legal, Pedro... foi minha experiência na análise tb... consigo localizar claramente um "antes" e um "depois"... obrigado por assistir! e pelo comentário!
Professor, uma questão q me surgiu agora estudando psicanálise. Vejo uma ênfase grande na linguagem, na fala, na palavra. Como é análise com pessoas surdas, análise em libras? Quais implicações para a clínica de uma análise em Libras?
Excelente questão! Pouquíssimas pesquisas sobre esse tema... sei que existe, mas nunca vi nada escrito... Há uma publicação de Liliane Camargos, sobre os sonhos dos cegos... mas sobre psicanálise em Libras, nunca vi...
A Psicanálise, na minha vivência, sinto-me, de volta para me mesma, no agora, com nova compreensão dos porquês e para que da existência. E com tantas possibilidades de resignificar valores. Somos filhos de Deus, e fomos criados para sermos felizes e promovermos A Paz; que graças A Psicanálise nos proporciona olharmos para nós mesmos e tornarmos-nos bem melhores. E, nos capacitar em não mais apontarmos para o outro, outra como culpados; sim, nos voltarmos para percepção de nossa postura, que seja mental ou articulada, se assim possa ser escrita.
Fazer análise prá mim, é como respirar. Faz parte da vida, da conexão real com o Eu. Claro que não foi sempre assim. Terapia é um processo no qual exige coragem, mas apesar de desafiadora, sua recompensa é inestimável.
A psicanálise acaba mudando o sujeito ao expor seu inconsciente, promovendo autoconhecimento, o que faz melhorar o entendimento do seu eu. Não tem como não mudar depois de se conhecer intimamente. A análise aflora aquilo que se tem dentro, mudando ou criando um novo eu, não sei se ele já estava lá, sua essência, creio que sim. A análise lapida o eu bruto. A análise me deu ferramentas para revisitar meus eventos "trágicos" e ressinificar alguns deles, o que fez eu me sentir melhor. Acho tão subjetivo que não penso em métricas capazes de mensurar as mudanças. Por outro lado, existe mudança pra pior em análise?
Excelente, Ângela! Acho difícil tb propor alguma métrica aqui... se bem que existem várias pesquisas mostrando a eficácia da psicanálise diante de alguns parâmetros... não sou contra esse tipo de metodologia para "provar" que a psicanálise funciona, mas acho que não devemos ficar apenas neles... colher relatos de fim de análise ainda é metodologia preciosa, né? Sua questão final é importantíssima! Acho que tem sim mudança pra pior, pode ter! Estou orientando um trabalho de doutorado sobre os efeitos iatrogênicos na análise... Uma análise mal conduzida pode ser traumática, né?
Pegar seu psicanalista ressonando na sua sessão tmb é traumático. Mesmo assim, não anula os efeitos positivos já adquiridos. Ainda sobre as métricas, como comparar o antes com o depois concretamente? Creio que não há controles positivo e negativo nesse caso, tmb para comparar, como há na pesquisa laboratorial, há? Nossa, são muitas questões que vc me faz refletir!!!
@@acvolpini rs... é bem traumático isso: analista q dorme, que lê atrás do divã, mexe no celular... é uma pena, mas eles existem... Há sim métricas boas do antes e depois em estudos longitudinais... vale a pena ler e refletir sobre esses testes... Que bom q tá gerando conversa e reflexão. Esse é o objetivo! Mais uma vez: obrigado pelas ótimas questões!
Faço sessões semanais de paicanálise há mais de 1 ano e meio, e tenho notado algum progresso importante. Discordo do Freud: um vaso quebrado pode ser colado/restaurado, mas jamais será o mesmo, e tudo bem; somos o produto fiel de todos fatores de nossa existência, para o bem ou para o mal. A psicanálise possui sim um poder terapêutico (quem sabe surja uma outra forma de arte a partir dos cacos do vaso? Quem sabe hehehe), mas jamais saberemos o que poderíamos ter sido em condições diferentes.
Eu acho que a análise proporciona uma revisitação das identificações do sujeito. Uma possibilidade de aceitação da sexualidade infantil, portanto, uma possibilidade de "humanização" do sujeito e um caminho para a escolha
Do ponto de vista de uma analisanda que sou só posso agradecer...Cura pela fala é bem apropriado. Há dias em que se expor e cruel, duro, dolorido mas vale a pena. Encontrando -se um.bom profissional , independente da linha que ele segue psicanalise só traz benefícios
Vídeo sensacional. Parabéns, Fabio, pela iniciativa. É possível falar sobre o fim de uma análise assim como se fala como do fim de outras terapêuticas (nos sentido de abordagens psicológicas)?
Obrigado por acompanhar, Victor! Acho que é possível comparar sim... há estudos que tentam mostrar a eficácia dessas várias abordagens a partir de critérios específicos... acho válido dialogar com essa metodologia, mas, insisto, o relato clínico tb é uma metodologia boa pra gente apreender esses finais de análise, o que se produziu ao longo de um percurso...
Isso deveria ser o ideal mas nao é verdadeira pois vemos nos casos, como Freud induzia muitas vezes. Respondendo a sua pergunta final, acho que vamos para análise qdo estamos sofrendo ou sugerimos qdo vemos alguém sofrendo, em conflito, perdido, soterrado..Trabalhando num centro de pesquisa na área de RH, acompanhei ao longo dos anos a trajetória de colegas que fizeram análise durante anos. De modo geral o que se percebe é mais equilíbrio, menos sofrimento e uma melhor convivência social
Fabio, eu gostaria de saber sobre os limites da análise. Ha limites políticos e éticos, claro: o que a psicanálise, podendo mudar, nao deve mudar na pessoa. Mas também sobre os limites técnicos, o que a psicanálise nao dá conta de mudar. Ha casos perdidos, barreiras "ontológicas", dilemas insolúveis, tragedias intransponíveis, tipos irredutíveis, etc? (rss sente o drama). Brincadeira. Lógico que isso coloca a questao da teleologia e sua crítica, mas me refiro ao caso de dizer: "olha meu filho, nao vai ter jeito com voce nao". Rss
rs... eu penso nisso muitas vezes, viu, Heitor? Claro, vc tem toda razão: a psicanálise não dá conta de tudo... penso, pra começar, nas neuro-atipicidades... esses casos infinitos, tipo homem dos lobos, dão o que pensar... lembro de um romance, "a consciência de zeno", no qual isso é explorado de forma um tanto cômica... tem gente tb q se agarra ao sintoma e não vai soltar mesmo! rs...
Muito bom! Na frase de Freud, o neurótico não muda a essência a circunstancia é que pode ter alterado a essência por algum tempo e com a psicanalise volta à sua essência original. É isto não é? Faz um retorno ao que devia ter sido se não fossem as circunstancias porque passou. Será que é isto?
Sim, essa pode ser uma leitura... e é tb um problema, afinal, a ideia de inconsciente parece se opor à de essência... mas isso daria tema pra outro vídeo! rs...
@@fabiobeloobrigado! O inconsciente é sempre um problema porque é algo vindo do exterior que ficou inconsciente na nossa psique, já a essência do ser humano é ele mesmo, sem todas as camadas vindas do exterior, é o que é dele e não dos outros. Aquilo que somos nós, o mais puro de nós mesmos. Será que estou pensar bem?
@@aguasaguas9972 a partir de Laplanche, acho muito difícil acreditar em qualquer tipo de essência... toda nossa subjetividade está marcada pelo outro, por traduções, por restos intraduzíveis...
@@fabiobelo sendo assim para Laplanche a frase de Freud não tem sentido. O outro é que pode alterar a essência, tem que haver sempre um outro. Nesse caso na psicanálise é o psicanalista que muda o analisando e não analisando que volta a sua essência, segundo o pensamento de Laplanche, certo? Para si, qual é o pensamento que vai ao encontro do seu? A nossa personalidade de adulto será sempre inédita com restos da infância e são esses restos que vamos trabalhar na psicanalise e como se pode chegar ao inconsciente com coisas criadas numa idade em que ainda não temos capacidade para registar imagens nem memória? Fazer o retorno do recalcado, um recalcado desconhecido no labirinto que somos nós? Há restos intraduzíveis, mas que nós sentimos as coisas e não conseguimos explicar porque as sentimos. Devem estar lá no inconsciente e a fazer moça no consciente como podemos mudar a forma de sentir as coisas? Já que a maneira como sentimos as coisas começa na 1ª infância? Esta fase tem muito peso na formação da nossa personalidade. Obrigado!
@@aguasaguas9972 O psicanalista não muda o analisando... é um processo interpessoal, aberto pela transferência. De fato, suas questões são fundamentais... a grande questão da clínica é essa: como mudar algo que parece inscrito no inconsciente, cuja força exige uma repetição que parece infinita?
Professor amei fazer análise. É realmente libertador. Minha dúvida é a de que quando na análise nos damos conta de como nosso sintoma procede, como fazer com que o sintoma haja de modo diferente?
É uma questão fundamental... sempre aparece na análise: quando a gente já tem o mapa do sintoma, por assim dizer, mas ainda não consegue dar o passo na direção de "poder não" fazer o que o sintoma determina...
Fábio, bom dia! Seu vídeo foi assistido por mim no momento adequado. Sou a prova viva de que muda. E muda muito! Mas a citação da conferência XXVII é a chave para a questão. Mas o interessante é que só experimentando uma análise é que a gente se convence de fato de que uma análise muda, no sentido de que nossa maneira de analisar muda. Isso pode ser considerado uma forma de resistência? ( experimentar para acreditar? - São Tomé rs). Diante do exposto, gostaria de compartilhar com você um texto de mais ou menos cinco páginas, escrito quando desperto pela madrugada, e que consigo traduzir para escrita esta mudança que a análise propicia. Você poderia passar seu email ou outro contato, para que eu possa enviar o referido texto a fim de que você possa me dizer algo? Grato.
Querer ser outro parece uma fantasia para desviar daquilo que nós somos e suas implicações no nosso próprio sofrimento. Mais uma armadilha superegóica?
Excelente!
Sinto, pela minha história. Que o movimento é permanente. Às vezes, circular, às vezes, em espiral...
Q frase linda essa do Freud: "Ele assim se tornou o que ele poderia ter se tornado no melhor dos casos, sob as melhores condições". Acredito na ideia da escultura, que a análise consegue retirar os "excessos" deixando o nosso melhor aparecer, existir, se colocar no mundo. Estou na minha segunda análise, agora com quase 7 anos e SIM, há um antes e um depois depois da análise, acredito que dá pra ser medido e transmitido, pois quando mudamos, também mudamos o nosso entorno/ambiente e isso muda o mundo. Parece pouco, mas é muito. Com minha análise extingui sintomas, outros porém, diminuíram sua força e intensidade e consequentemente, o sofrimento. Vivo uma vida mais autêntica, assumindo meu desejo em alguma medida, dentro das minhas possibilidades claro. A vida dói e não cessa de nos colocar à prova, por isso vejo a análise como algo interminável... mas isso é tema para outra aula né Fábio? Mais um vez, grata pela suas palavras.
Oi Gleide! Valeu pelo relato, isso me motiva a seguir em frente 🙌🏻 Faço sessões semanais de psicanálise há mais de 1 ano e meio, e tenho observado alguns progressos; entretanto, discordo da frase do Freud, a qual considero supervalorizar a psicanálise, e explico utilizando uma analogia: um vaso quebrado até pode ser colado/restaurado, mas jamais será o mesmo. Isso não é necessariamente ruim, talvez até mesmo surja uma outra arte daí, porém sugerir que poderíamos nos tornar aquilo que seríamos, caso tivéssemos as melhores condições, me parece um tanto forçado. Pegue como exemplo uma pessoa que sofreu abuso sexual e/ou emocional: ela até pode aprender a aceitar o ocorrido, ressignificar a experiência, seguir em frente, mas o fato jamais deixará de existir na mente dela. Se possível, gostaria da sua opinião, para o caso de eu ter interpretado de forma equivocada.
Faço análise a 2 anos e posso dizer com convicção que a Psicanálise faz muita diferença na vida do sujeito. Consegui fazer grandes mudanças no meu comportamento e ressignifiquei certos traumas da infância. A transferência é uma grande ferramenta nesse processo. Não sei se a Psicanálise muda o sujeito ou se desvela o que estava escondido, mas sei que ela funciona.
Gleides, obrigado pelo relato! Concordo com vc... faz muita diferença... e é mesmo difícil fazer esse cálculo: o quanto encontramos que já estava lá, o quanto criamos... Abraços!
"A análise retirar escombros": achei lindo demais essa figura de linguagem !
Que bom q gostou. Obrigado!
Fábio, comecei a fazer análise há uma semana, tomei a decisão depois de asssitir ao seu vídeo sobre os arruinados pelo êxito. E realmente meu objetivo é ser o eu que teria me tornado no melhor dos casos.
Olá, Lucas! Que legal!! Torço aqui para que seu percurso te leve ao seu objetivo. Obrigado pela companhia por aqui!
Olá Fabio! Gostei muito desse vídeo. Sim, sei que a psicanálise provoca literalmente algum tipo/forma/maneira/jeito/possibilidade de mudança, mas sem modelos, pois não há modelo de subjetividade. Cada um muda/transforma/adapta como pode, consegue e é possível. Tenho uma forma pessoal de sintetizar e objetivar meu olhar para o processo analítico: "quando olhamos para uma coisa, a coisa olha de volta". Nomear, tornar conhecido ou reconhecido, faz toda a diferença para lidar/conviver com os fantasmas das angustias de nossa existência.
Excelente leitura, Cybelle! Obrigado pela companhia!
Excelente vídeo, Fábio 😉👍🏼
Que bom que gostaste, Helena! Obrigado!
Excelente. Eu mudei sim; sou cada vez mais eu mesmo. Consegui que as outras pessoas tb mudassem; algumas inclusive chegaram mais para perto.
Bem lembrado, Ricardo! Tb há esse efeito: nossa mudança gera mudanças nos outros tb...
Sim, a uma mudança! E um reinventar do eu muito profícuo, porém no sentido de tornáno-nos nós mesmos, numa "estética da existência ".
Nessa direção!
Eu gosto de lhe ouvir Fábio !
Puxa, obrigado, Jean!
Faço análise há quase 3 anos e as mudanças foram enormes. Não sem um investimento. Novas configurações de relacionamento surgiram e outras tiveram que ser deixadas. Identificar a fantasia e os mecanismos de auto-sabotagem inconscientes foram fundamentais. Sem dúvida muda muita fazer análise. Todo mundo precisa de análise...
Obrigado por compartilhar sua experiência, Cristiane. Bacana demais!
Acredito que nem todos precisem da psicanálise: algumas pessoas simplesmente não sentem-se angustiadas, com questões internas a resolver, nós a desatar; arrisco dizer que, em alguns casos, poderia trazer mais problemas do que soluções. Há um vídeo do Christian Dunker chamado "Quem precisa de análise?" no qual ele desenvolve uma ideia nesse sentido.
Importantísimo esse debate
Obrigado, Lucas!
@@fabiobelo o senhor poderia me passar o email profissional do senhor, por favor?
@@LucasRodrigues-jl1mq www.fabiobelo.com.br/?page_id=45
Eu comparo a Psicoterapia com o apredizado de um idioma não nativo. Não acontece de forma instantânea, e sim apartir de um esforço continuado. O sujeito não "muda" por que aprendeu a falar Inglês, Espanhol ou Francês, mas a aquisição de uma nova liguagem o posibilita a pensar com uma estrutura nova e se expressar de uma maneira diferente. Se dar conta da existência do inconsciente é perceber essa outra possibilidade de compreensão e "leitura" do mundo. O terapueta te ajuda a se tornar fluente em si mesmo, fluente na sua própria linguagem.
Excelente metáfora, Mauricio! Diria que para além dessa fluência em si mesmo, um analista ensina a reconhecer essa língua estrangeira que te habita cuja tradução é, para sempre impossível... um reconhecimento dessa alteridade interna, do estrangeiro... é nessa direção que penso... obrigado por acompanhar! :-)
@@fabiobelo Interessante, não tinha pensado por esse lado de um estrangeiro interno. Você poderia desenvolver mais essa idéia em um futuro vídeo? Ou indicar algum vídeo que você fale desse tema?
@@mauriciopio8563 Sim, veja, por favor, meu vídeo sobre a revolução copernicana. Lá explicito bastante essa tese do Laplanche do Ics como outro estrangeiro interno... O vídeo tem duas partes e o texto ao qual faço referência está linkado na descrição do vídeo. Mais uma vez, obrigado pelo interesse e pela conversa!
Muito bomm
Fábio, vc tem algum vídeo explicando o entendimento lacaniano do inconsciente estruturado como linguagem? Em um seminário clínico sobre o texto o Inconsciente, de Freud, vemos o quanto para este o inconsciente é energia pulsional, representação-coisa, inacessível. Já com Lacan entendo que o inconsciente é linguagem, é o significante em ação. E Lacan diz aprender isso revisitando Freud. Dá trabalho entender Lacan kkkkk. Agradeço toda ajuda e amo seus vídeos. Obrigado!
Ah, sobre Lacan nada ainda... mas estou preparando um vídeo longo sobre o congresso de Bonneval que marca a crítica de Laplanche a essa ideia de Lacan...
Que vídeo bom! Como é bom ser aliviada das tormentas em análise. A sensação é de deixar de carregar pesos. Atravessar situações traumáticas com base no próprio desejo de saber sobre seu desconhecimento. Me interessa quando vc pergunta como que a gente pode enquanto profissionais transmitir a eficácia da condução de uma análise. Transmissão sempre parcelada, aos poucos, pq a transformação é da ordem da experiência né.. Por isso, além de fazer cada um seu testemunho, a gente sempre indica "vá fazer análise" "leva isso pra análise". Confesso que sinto amor, mas um amor genuíno por ter sido acolhida e tratada. Uma gratidão imensa pelo tratamento e um desejo enorme que outras pessoas possam ter acesso a essa fluidez de desembocar no desejo.
Adorei seu comentário, Tais. Obrigado! Sinto o mesmo que vc: uma gratidão pelas conquistas das análises que fiz (e faço!) e um desejo de transmitir isso... o método funciona e pode ajudar muitas pessoas a encontrarem seu percurso singular...
A análise faz toda diferença na vida de um ser humano. Já estou há 6 meses e as coisas que me atormentavam, hoje consigo ter uma visão muito pacífica a respeito. Todas as minhas formas de relacionamento com as outras pessoas sofreram uma grande mudança. Claro, há muito a trabalhar ainda, mas vejo um futuro bem positivo.
Acompanho todos os seus vídeos!
Um abraço!
Que relato bonito, Mauro. Que bom que seu percurso analítico tem esses efeitos... Obrigado por acompanhar! Abraços!
A Psicanálise é essencial para a saúde mental de todo indivíduo, devia ser objetivo de vida para todos, adoro sua empatia e facilidade de explicar; virei fã do canal, Gratidão por todo seu comprometimento e empenho.
Eu agradeço pela companhia e pelo carinho, Gladis!
Com certeza o processo psicanalítico promove mudanças, principalmente por meio do auto conhecimento!!! É tudo de bom, é libertador.🤗
Concordo com vc! :-)
O Fábio!
Sou estudante de psicologia e fui seu aluno. Minha visão sobre os questionamentos que você traz é de que existe algo de político ou uma moral específica que ocorre na psicoterapia de base analítica ou na psicanálise. O simples fato de ter um outro na presença do paciente/cliente que está aberto a ouvir e não julgar, já seria o suficiente para pressupor que o ambiente analítico possui uma moral diferente. A impressão que tenho, não são dados científicos, é que as pessoas que passaram por psicoterapia tendem a estar melhor, após o processo, por conseguirem minimizar ou até acabar com a culpa por algo que era demandado por seu inconsciente e que pôde ser elaborado de forma coerente com a atual existência desta pessoa. Nesse sentido, acredito que a psicoterapia é um modo de subjetivação do paciente, pois muda seu olhar, sentir e reagir. O sujeito pós análise me parece ser alguém mais autônomo, que atribui valor a esta autonomia e que passa a perceber o outro também como sujeito às mazelas e sofrimentos da sua própria formação. Assim, a psicoterapia de base analítica seria politica no sentido de promover autonomia e um olhar mais compreensivo pelo outro.
Oi, Davi! Obrigado pelo comentário. Concordo totalmente com vc... Acho que tem sim uma finalidade política e vai nessa direção: um pouco mais de autonomia... um pouco mais de compreensão quanto à alteridade (a do outro e a que me habita)...
Vídeo excelente para muitas reflexões e muito interessante a associação da arte (o de colocar ou de retirar algo). Estou em processo de análise ainda e diria no “começo” (1 ano), mas já da para sentir uma grande diferença em relação as outras linhas de psicoterapia pelas quais passei. Até falei sobre isso ontem com o meu Psicanalista: sem demérito algum as demais linhas, mas percebo que elas nos mantém “na superfície”, enquanto na análise, mergulhamos mais profundo. Penso também que as vezes se faz necessário passar inicialmente por essas etapas, analisando a superfície e as bordas, para depois avançar para as camadas mais profundas da consciência. Fazer análise requer coragem. O próprio Freud mencionou isso em algum momento, bem como que, quando a dor se torna insuportável, a pessoa busca ajuda. As vezes é mais cômodo deixar a sujeira debaixo do tapete, mas o inconsciente teima em se manifestar, em sonhos, em atos falhos, em comportamentos que se repetem, etc, mas na maioria das vezes, através de dor e sintomas. Esse penso ser um sinal indicativo de que você deva buscar análise. Não acredito que nos transformemos em outras pessoas, porque, da mesma forma do exemplo da escultura, fomos sendo “talhados e moldados” ao longo da nossa existência e a maior parte da “obra” já está feita. Mas podemos sim melhorar e refinar a obra e isso certamente se da quando você finalmente consegue “recordar e elaborar” aquilo que vinha repetindo, repetindo e repetindo. Padrões são ressignificados com certeza, políticos, familiares e até mesmo religiosos. Por isso, é preciso coragem, porque encarar essas mudanças não é fácil, até porque você vai continuar convivendo com pessoas que não fazem ou fizeram análise e terá que lidar com eventuais “rejeições”. Enfim, me estendi, porque o tema é amplo, complexo e como toda análise, muito individual. Obrigada pelo vídeo!
Obrigado pela partilha, Dalva!
A psicanálise me encanta porque justamente questiona conceitos como o de mudança. Iniciei minha análise faz um ano e mudei sim, principalmente as expectativas.
Que bacana, Denia! Obrigado pela companhia aqui no canal!
Obrigado pela explanação tão didática do antes e do depois. Acredito que uma análise altera o analisando, suas percepções, seus julgamentos e suas reações aos fatos da vida. A propósito da possibilidade de descrição do que ocorre numa análise, cito o último livro da psicanalista e escritora Betty Milan “LACAN AINDA”, no qual ela Conta sua análise com o professor e psicanalista Jacques Lacan, na década de 70.
Ótima dica! Gosto muito de ler esses relatos de análise... vou procurar!
Fabio comecei a escrever um pensamento falando que a psicanalise faz com que o "real sujeito" se mostre (mude) após passar pelos traumas armazenados no inconsciente, que estes traumas estivessem "maquiando" o real sujeito, como o sujeito é constituído na sua infância através da influência local e histórico per via di levare iria ajudar na mudança do sujeito.
Mas após este pensamento me veio outra hipótese, onde o primeiro cenário realmente acontece, ou seja é retirado todos os entraves do inconsciente e que após isso o paciente começará a ressignificar suas verdades. Ressurgindo e criando novas verdades, através do per via di porre.
Obrigado pelo vídeo, muito bom vídeos que nos fazem exercitar a memória e pensar nos diferentes cenários.
Excelente leitura, Jefferson! Obrigado pela companhia!
Eu faço análise tem 3 meses e ja senti mudanças em alguns fatores da minha vida, comecei a ver algumas coisas da minha vida com outros olhos.
Que legal, Pedro... foi minha experiência na análise tb... consigo localizar claramente um "antes" e um "depois"... obrigado por assistir! e pelo comentário!
Professor, uma questão q me surgiu agora estudando psicanálise. Vejo uma ênfase grande na linguagem, na fala, na palavra. Como é análise com pessoas surdas, análise em libras? Quais implicações para a clínica de uma análise em Libras?
Excelente questão! Pouquíssimas pesquisas sobre esse tema... sei que existe, mas nunca vi nada escrito... Há uma publicação de Liliane Camargos, sobre os sonhos dos cegos... mas sobre psicanálise em Libras, nunca vi...
A Psicanálise, na minha vivência, sinto-me, de volta para me mesma, no agora, com nova compreensão dos porquês e para que da existência. E com tantas possibilidades de resignificar valores.
Somos filhos de Deus, e fomos criados para sermos felizes e promovermos A Paz; que graças A Psicanálise nos proporciona olharmos para nós mesmos e tornarmos-nos bem melhores. E, nos capacitar em não mais apontarmos para o outro, outra como culpados; sim, nos voltarmos para percepção de nossa postura, que seja mental ou articulada, se assim possa ser escrita.
Fazer análise prá mim, é como respirar. Faz parte da vida, da conexão real com o Eu. Claro que não foi sempre assim. Terapia é um processo no qual exige coragem, mas apesar de desafiadora, sua recompensa é inestimável.
Muito bom, Vanessa! Tb gosto muito de fazer análise... e concordo com vc: precisa mesmo de coragem!
A psicanálise acaba mudando o sujeito ao expor seu inconsciente, promovendo autoconhecimento, o que faz melhorar o entendimento do seu eu. Não tem como não mudar depois de se conhecer intimamente. A análise aflora aquilo que se tem dentro, mudando ou criando um novo eu, não sei se ele já estava lá, sua essência, creio que sim. A análise lapida o eu bruto. A análise me deu ferramentas para revisitar meus eventos "trágicos" e ressinificar alguns deles, o que fez eu me sentir melhor. Acho tão subjetivo que não penso em métricas capazes de mensurar as mudanças. Por outro lado, existe mudança pra pior em análise?
Excelente, Ângela! Acho difícil tb propor alguma métrica aqui... se bem que existem várias pesquisas mostrando a eficácia da psicanálise diante de alguns parâmetros... não sou contra esse tipo de metodologia para "provar" que a psicanálise funciona, mas acho que não devemos ficar apenas neles... colher relatos de fim de análise ainda é metodologia preciosa, né? Sua questão final é importantíssima! Acho que tem sim mudança pra pior, pode ter! Estou orientando um trabalho de doutorado sobre os efeitos iatrogênicos na análise... Uma análise mal conduzida pode ser traumática, né?
Pegar seu psicanalista ressonando na sua sessão tmb é traumático. Mesmo assim, não anula os efeitos positivos já adquiridos. Ainda sobre as métricas, como comparar o antes com o depois concretamente? Creio que não há controles positivo e negativo nesse caso, tmb para comparar, como há na pesquisa laboratorial, há? Nossa, são muitas questões que vc me faz refletir!!!
@@acvolpini rs... é bem traumático isso: analista q dorme, que lê atrás do divã, mexe no celular... é uma pena, mas eles existem... Há sim métricas boas do antes e depois em estudos longitudinais... vale a pena ler e refletir sobre esses testes... Que bom q tá gerando conversa e reflexão. Esse é o objetivo! Mais uma vez: obrigado pelas ótimas questões!
Faço sessões semanais de paicanálise há mais de 1 ano e meio, e tenho notado algum progresso importante. Discordo do Freud: um vaso quebrado pode ser colado/restaurado, mas jamais será o mesmo, e tudo bem; somos o produto fiel de todos fatores de nossa existência, para o bem ou para o mal. A psicanálise possui sim um poder terapêutico (quem sabe surja uma outra forma de arte a partir dos cacos do vaso? Quem sabe hehehe), mas jamais saberemos o que poderíamos ter sido em condições diferentes.
Eu acho que a análise proporciona uma revisitação das identificações do sujeito. Uma possibilidade de aceitação da sexualidade infantil, portanto, uma possibilidade de "humanização" do sujeito e um caminho para a escolha
Concordo com vc, Vanessa!
Do ponto de vista de uma analisanda que sou só posso agradecer...Cura pela fala é bem apropriado. Há dias em que se expor e cruel, duro, dolorido mas vale a pena. Encontrando -se um.bom profissional , independente da linha que ele segue psicanalise só traz benefícios
Que bom, Denise!
Vídeo sensacional. Parabéns, Fabio, pela iniciativa.
É possível falar sobre o fim de uma análise assim como se fala como do fim de outras terapêuticas (nos sentido de abordagens psicológicas)?
Obrigado por acompanhar, Victor! Acho que é possível comparar sim... há estudos que tentam mostrar a eficácia dessas várias abordagens a partir de critérios específicos... acho válido dialogar com essa metodologia, mas, insisto, o relato clínico tb é uma metodologia boa pra gente apreender esses finais de análise, o que se produziu ao longo de um percurso...
Isso deveria ser o ideal mas nao é verdadeira pois vemos nos casos, como Freud induzia muitas vezes.
Respondendo a sua pergunta final, acho que vamos para análise qdo estamos sofrendo ou sugerimos qdo vemos alguém sofrendo, em conflito, perdido, soterrado..Trabalhando num centro de pesquisa na área de RH, acompanhei ao longo dos anos a trajetória de colegas que fizeram análise durante anos. De modo geral o que se percebe é mais equilíbrio, menos sofrimento e uma melhor convivência social
Fabio, eu gostaria de saber sobre os limites da análise. Ha limites políticos e éticos, claro: o que a psicanálise, podendo mudar, nao deve mudar na pessoa. Mas também sobre os limites técnicos, o que a psicanálise nao dá conta de mudar. Ha casos perdidos, barreiras "ontológicas", dilemas insolúveis, tragedias intransponíveis, tipos irredutíveis, etc? (rss sente o drama). Brincadeira. Lógico que isso coloca a questao da teleologia e sua crítica, mas me refiro ao caso de dizer: "olha meu filho, nao vai ter jeito com voce nao". Rss
rs... eu penso nisso muitas vezes, viu, Heitor? Claro, vc tem toda razão: a psicanálise não dá conta de tudo... penso, pra começar, nas neuro-atipicidades... esses casos infinitos, tipo homem dos lobos, dão o que pensar... lembro de um romance, "a consciência de zeno", no qual isso é explorado de forma um tanto cômica... tem gente tb q se agarra ao sintoma e não vai soltar mesmo! rs...
Muito bom! Na frase de Freud, o neurótico não muda a essência a circunstancia é que pode ter alterado a essência por algum tempo e com a psicanalise volta à sua essência original. É isto não é? Faz um retorno ao que devia ter sido se não fossem as circunstancias porque passou. Será que é isto?
Sim, essa pode ser uma leitura... e é tb um problema, afinal, a ideia de inconsciente parece se opor à de essência... mas isso daria tema pra outro vídeo! rs...
@@fabiobeloobrigado! O inconsciente é sempre um problema porque é algo vindo do exterior que ficou inconsciente na nossa psique, já a essência do ser humano é ele mesmo, sem todas as camadas vindas do exterior, é o que é dele e não dos outros. Aquilo que somos nós, o mais puro de nós mesmos. Será que estou pensar bem?
@@aguasaguas9972 a partir de Laplanche, acho muito difícil acreditar em qualquer tipo de essência... toda nossa subjetividade está marcada pelo outro, por traduções, por restos intraduzíveis...
@@fabiobelo sendo assim para Laplanche a frase de Freud não tem sentido. O outro é que pode alterar a essência, tem que haver sempre um outro. Nesse caso na psicanálise é o psicanalista que muda o analisando e não analisando que volta a sua essência, segundo o pensamento de Laplanche, certo? Para si, qual é o pensamento que vai ao encontro do seu? A nossa personalidade de adulto será sempre inédita com restos da infância e são esses restos que vamos trabalhar na psicanalise e como se pode chegar ao inconsciente com coisas criadas numa idade em que ainda não temos capacidade para registar imagens nem memória? Fazer o retorno do recalcado, um recalcado desconhecido no labirinto que somos nós? Há restos intraduzíveis, mas que nós sentimos as coisas e não conseguimos explicar porque as sentimos. Devem estar lá no inconsciente e a fazer moça no consciente como podemos mudar a forma de sentir as coisas? Já que a maneira como sentimos as coisas começa na 1ª infância? Esta fase tem muito peso na formação da nossa personalidade. Obrigado!
@@aguasaguas9972 O psicanalista não muda o analisando... é um processo interpessoal, aberto pela transferência. De fato, suas questões são fundamentais... a grande questão da clínica é essa: como mudar algo que parece inscrito no inconsciente, cuja força exige uma repetição que parece infinita?
Professor amei fazer análise. É realmente libertador. Minha dúvida é a de que quando na análise nos damos conta de como nosso sintoma procede, como fazer com que o sintoma haja de modo diferente?
É uma questão fundamental... sempre aparece na análise: quando a gente já tem o mapa do sintoma, por assim dizer, mas ainda não consegue dar o passo na direção de "poder não" fazer o que o sintoma determina...
Fábio, bom dia! Seu vídeo foi assistido por mim no momento adequado. Sou a prova viva de que muda. E muda muito! Mas a citação da conferência XXVII é a chave para a questão. Mas o interessante é que só experimentando uma análise é que a gente se convence de fato de que uma análise muda, no sentido de que nossa maneira de analisar muda. Isso pode ser considerado uma forma de resistência? ( experimentar para acreditar? - São Tomé rs). Diante do exposto, gostaria de compartilhar com você um texto de mais ou menos cinco páginas, escrito quando desperto pela madrugada, e que consigo traduzir para escrita esta mudança que a análise propicia. Você poderia passar seu email ou outro contato, para que eu possa enviar o referido texto a fim de que você possa me dizer algo? Grato.
Meus contatos aqui: www.fabiobelo.com.br/?page_id=45
Acho que tem um pouco de São Tomé... rs... na experiência da análise a gente sente que muda mesmo!
Querer ser outro parece uma fantasia para desviar daquilo que nós somos e suas implicações no nosso próprio sofrimento. Mais uma armadilha superegóica?