As crônicas de Ruben Braga muito lindas como sempre.Tenho uma duvida,caso você me possa ajudar a esclarecer: Esta crônica pode ser considerada "ficção" na classificação literária? obrigado um abc!
Despedida E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval - uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito - depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado - sem glória nem humilhação. Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito. E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho? Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras - com flores e cantos. O inverno - te lembras - nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil. Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus. A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo. Rubem Braga , A Traição das Elegantes, Editora Sabiá, Rio de Janeiro, 1967.
Na verdade não conta uma história,e sim várias, a das pessoas que viram no carnaval e a dos amantes, eu acredito que Rubem escreveu a crônica na intensão de que o leitor se identifique com os acontecimentos de sua vida.
@@brukkkj olha, pelo o que eu aprendi a crônica em si tem como objetivo retratar algo do contiano, algo que faz parte da nossa vida. No caso da Despedida(Rubem Braga) ele escreveu sobre a despedida que é algo da nossa e que vai acontecer, mais cedo ou mais tarde.
Uma crônica linda e maravilhosa narrada por uma voz perfeita que enche a crônica de vida e sentimentos.
Não canso de assistir
Excelente! Especialmente porque o autor nasceu em minha cidade.
Parabéns!!!!!!! Amei.
Maravilhoso! parabéns!
Que lindo 😘
As crônicas de Ruben Braga muito lindas como sempre.Tenho uma duvida,caso você me possa ajudar a esclarecer: Esta crônica pode ser considerada "ficção" na classificação literária? obrigado um abc!
Uma crônica tão linda
essa crônica foi escrita em Março 1957.
Como você sabe? Você sabe em qual jornal ela foi publicada inicialmente? Precisava saber.
Despedida
E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval - uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito - depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado - sem glória nem humilhação.
Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras - com flores e cantos. O inverno - te lembras - nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.
A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.
Rubem Braga , A Traição das Elegantes, Editora Sabiá, Rio de Janeiro, 1967.
:,( que triste
❤
Adeus...👋
Pode resumir a história aqui nos comentários para mim? É que eu n entendi direito! Já vi várias vezes!
Na verdade não conta uma história,e sim várias, a das pessoas que viram no carnaval e a dos amantes, eu acredito que Rubem escreveu a crônica na intensão de que o leitor se identifique com os acontecimentos de sua vida.
@@BurguesGames Ah, Obrigado!
@@brukkkj é nois
@@BurguesGames Mano, mas qual o "conceito" essas crônicas passam?
@@brukkkj olha, pelo o que eu aprendi a crônica em si tem como objetivo retratar algo do contiano, algo que faz parte da nossa vida. No caso da Despedida(Rubem Braga) ele escreveu sobre a despedida que é algo da nossa e que vai acontecer, mais cedo ou mais tarde.