A correlação entre roubos ao patrimônio e desigualdade social não implica causalidade direta, pois fatores culturais e morais são determinantes. Por exemplo, embora o Irã e o Brasil apresentem altos níveis de desigualdade segundo o índice de Gini (0,38 no Irã e 0,54 no Brasil), as taxas de roubo diferem drasticamente: 27 por 100 mil habitantes no Irã contra 387 no Brasil. Isso reflete como no Irã os valores culturais e religiosos, junto com sanções legais rigorosas, desestimulam o crime, enquanto no Brasil fatores como a normalização do roubo em certos setores e menor coesão social agravam o problema. Assim, o crime não é apenas uma questão econômica, mas também cultural. Infelizmente, parte da academia de ciências sociais ignora dados concretos e formula análises baseadas exclusivamente na causalidade para sustentar discursos ideológicos pouco embasados. Por isso, é importante lembrar que correlação não significa causalidade.
Muito bom a questão de fatores culturais, porém tem que de fato analisar o conceito de crime, questões como violência contra mulheres, violência sexual, perseguição religiosa, tortura que lá se tem a questão do castigo físicos, etc..., eu não bebo, mas sabe aquela cervejinha no final de semana, crime, se referiu a alguma autoridade política ou religiosa, sem o respeito que julga merecer crime, etc..., para julgar o que é crime é necessário entender a dinâmica do poder, pois tem lugares em que uma facção domina e "apazigua" (por favor repare nas aspas) o local, pois diminui proíbe roubos, adultérios, em alguns lugares até protegem igrejas, então nessa dinâmica consideraria uma facção uma força positiva, isso foi só um exemplo, então quem detém o poder legitima suas ações e não pode ser considerado criminoso, na Índia também é um país pacífico, porém embora tenha avançado na questão das castas, ainda condena boa parte de sua população a uma vida miserável, e quando um homem de casta dita superior agride um de casta inferiror por não sair do seu caminho não é um crime, porém se o homem de uma casta dita inferior reagir é.
Como lembra Eduardo Viveiros de Castro, uma parte significativa dos chamados "pobres" no Brasil são, na verdade, índios empobrecidos, isto é, índios cujas terras foram tomadas, índios que foram incorporados à civilização industrial à força na condição de destituídos. A famosa ideia de que "A propriedade é um roubo" está em perfeita sintonia com a sensibilidade ameríndia. Talvez deveríamos inverter o que é considerado como crime: o que é visto como "roubo" pode ser simplesmente uma restituição; o que é visto como "lucro" pode ser o verdadeiro crime, como o caso do Luigi Mangione está mostrando.
Concordo 100% com os fatores culturais sendo determinantes também. Não dá pra ler essas pesquisas de maneira fria e longe das subjetividades da sociedade brasileira, conheci muitos intelectuais na faculdade que desprezavam qualquer leitura sobre o modo como o brasileiro se comporta e sua correlação com a criminalidade. Fatores mais subjetivos, como o caráter predatório das relações sociais no Brasil, também explicam o porquê da violência tão brutal no ambiente brasileiro. Os roubos são feitos quase sempre envolvendo armas de fogo, truculência e ameaça, e quando falham, linchamentos são comuns por parte da população. Essa violência mais subjetiva da criminalidade brasileira não vai ser lida nos números. O sujeito brasileiro tem suas particularidades culturais que agravam o cenário e geram essa sensação ruim de não poder confiar em ninguém em nenhum momento. E mesmo nos casos aonde há mais presença do Estado e uma menor desigualdade, os números de violência continuam mais altos do que países em guerra, tanto é que até em ambientes de classe média existe a sensação de insegurança. Do mais rico ao mais pobre, parece sempre existir um caráter violento na cultura brasileira que não deixa ninguém abaixar as suas armas.
A sua análise parte de uma correlação interessante entre os índices de desigualdade e criminalidade em diferentes países, mas recai em uma interpretação idealista ao privilegiar fatores culturais e morais como determinantes principais para o crime. Do ponto de vista marxista, devemos buscar a base material que estrutura essas diferenças, pois, como Marx disse em A Ideologia Alemã: "A produção das ideias, das representações e da consciência está diretamente entrelaçada à atividade material e ao intercâmbio material dos homens." Assim, as condições econômicas e sociais de um país são a base sobre a qual os aspectos culturais e morais se erguem, e não o contrário. O exemplo do Irã e do Brasil deve ser analisado no contexto de suas estruturas socioeconômicas e históricas. Embora ambos apresentem desigualdade segundo o índice de Gini, é essencial considerar que a criminalidade é influenciada pela forma como a pobreza e a exclusão se manifestam em cada sociedade. No Brasil, a desigualdade não é apenas numérica, mas estrutural e profundamente enraizada em sua história de escravidão, racismo e concentração fundiária. Como resultado, a marginalização de amplas parcelas da população cria um terreno fértil para o surgimento do que o sistema capitalista chama de "criminalidade". Já no Irã, a relação entre Estado, religião e sociedade impõe um controle rígido, onde sanções severas podem desencorajar certos crimes. No entanto, isso não resolve os problemas de desigualdade - apenas os mascara. É importante lembrar que, como apontado em O Estado e a Revolução, de Lênin: "A força organizada de uma classe dominante é essencialmente a expressão de sua luta para manter o controle sobre as classes subordinadas." As "sanções legais rigorosas" mencionadas não eliminam as contradições sociais; apenas as reprimem de maneira mais ostensiva. Quando falamos de criminalidade no Brasil, devemos observar como a pobreza estrutural e a ausência de garantias básicas forçam milhares a ações de sobrevivência, classificadas como crimes pela superestrutura jurídica. Essa relação é abordada em O Manifesto Comunista, onde Marx e Engels destacam que as leis não são neutras, mas servem aos interesses da classe dominante. A ideia de que o crime é "normalizado" em setores da sociedade brasileira é, em si, um reflexo da alienação promovida pelo capitalismo, que coloca a propriedade acima da vida humana. Essa alienação, como Marx explica em Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844, desumaniza o trabalhador e cria uma sociedade baseada na exploração e na competição, onde valores culturais e morais são distorcidos pela lógica do lucro. Por fim, é importante reafirmar que correlação realmente não implica causalidade. Porém, ignorar as bases materiais que produzem tanto a desigualdade quanto a criminalidade é abandonar uma análise científica em favor de interpretações que reforçam preconceitos ou justificam repressões. Se queremos compreender a realidade, precisamos partir das condições concretas da vida, como preconiza o materialismo histórico e dialético. Recomendo a leitura de O Capital para entender como o sistema econômico molda todas as esferas da sociedade e também de estudos críticos que analisam a criminalização da pobreza no Brasil, como as obras de Alessandro Baratta sobre criminologia crítica.
@@regiseduardoaielo9355 Sua análise parte de uma premissa interessante, mas rapidamente recai em reducionismos que desconsideram a complexidade do fenômeno social da criminalidade. A ideia marxista de que "a produção das ideias e da consciência está entrelaçada à atividade material" é, sem dúvida, válida dentro de um escopo limitado, mas insuficiente para explicar como os comportamentos criminosos se desenvolvem em diferentes contextos históricos e culturais. Cultura não é uma simples "superestrutura" subordinada à base econômica. Como Max Weber demonstrou em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, os valores culturais e morais podem não apenas acompanhar as estruturas econômicas, mas transformá-las, moldando profundamente o comportamento social. Negar isso é optar por uma visão determinista que subestima o papel das ideias e dos valores como motores da ação humana. A criminalidade não pode ser explicada unicamente por condições materiais, como pobreza ou desigualdade. Embora esses fatores desempenhem um papel relevante, não explicam por que, em sociedades com índices de pobreza similares, as taxas de criminalidade variam tanto. Isso ocorre porque o comportamento criminoso está profundamente influenciado por normas sociais e valores culturais, que regulam como os indivíduos percebem e respondem aos desafios econômicos. Em países como o Brasil, o crime não é um fenômeno restrito às classes empobrecidas, mas atravessa todas as camadas sociais, incluindo elites econômicas que se envolvem em corrupção, lavagem de dinheiro e práticas ilícitas. Essa universalidade do crime no Brasil reflete uma crise de valores, onde a impunidade, a normalização da transgressão e a relativização moral enfraquecem a coesão social e exacerbam a criminalidade. Como Wilson e Kelling apontaram na teoria das Janelas Quebradas, a percepção de que normas sociais e morais podem ser violadas impunemente gera um efeito cascata que intensifica o desrespeito às regras em todos os níveis da sociedade. Ademais, ao atribuir a criminalidade exclusivamente à "alienação capitalista" ou à desigualdade econômica, seu argumento desconsidera uma realidade evidente: sociedades estruturalmente desiguais podem, sim, apresentar baixos índices de criminalidade, desde que possuam coesão social, normas culturais sólidas e mecanismos eficazes de responsabilização. Em contrapartida, sociedades que relativizam o valor das normas morais e culturais - muitas vezes sob a justificativa de fatores econômicos - tendem a legitimar comportamentos desviantes. Isso não significa ignorar as dificuldades impostas pela desigualdade, mas reconhecer que esta, por si só, não é suficiente para determinar os níveis de crime. Por exemplo, o fato de países culturalmente distintos apresentarem respostas diferentes à desigualdade evidencia que fatores culturais e sociais são tão importantes quanto as condições materiais na prevenção ou amplificação do crime. Sua referência às "sanções legais rigorosas" como um instrumento que mascara desigualdades sociais também apresenta uma falha conceitual. A eficácia das leis, em qualquer sociedade, não reside apenas em sua severidade, mas na maneira como estão integradas aos valores culturais e às normas coletivas. Onde há um desalinhamento entre lei e cultura, a criminalidade floresce, independentemente da dureza das punições. Isso é observável em contextos globais, onde tanto democracias liberais quanto regimes autoritários enfrentam dificuldades na manutenção da ordem quando há uma desconexão entre as expectativas culturais e o aparato legal. Como afirmou Durkheim, a moralidade não é apenas uma consequência das condições econômicas, mas um fato social autônomo que desempenha um papel central na regulação do comportamento humano. Ao reduzir a criminalidade a uma resposta inevitável à exclusão material ou à alienação promovida pelo capitalismo, seu argumento não só ignora a complexidade do fenômeno, mas também recorre a um determinismo que minimiza a responsabilidade individual e coletiva. A realidade é que o crime emerge de uma interação entre fatores econômicos, culturais, legais e morais. Ignorar a relevância dos valores culturais e sociais como elementos reguladores é abandonar uma análise mais abrangente e, por consequência, mais eficaz. A criminalidade não é meramente uma manifestação de desigualdade; é também, e talvez principalmente, um reflexo da deterioração das normas morais e culturais que estruturam a convivência humana. A abordagem materialista, por si só, não é suficiente para compreender nem solucionar o problema.
Você me fez pensar que talvez seja melhor falar em "pessoas empobrecidas" ou "camadas empobrecidas da população" do que falar em "pessoas pobres" ou "camadas pobres da população". A substituição de "pobre" por "empobrecido" pode ajudar a lembrar que a pobreza resulta de circunstâncias históricas. Ela não é uma condição estática. Ela é o resultado de decisões macropolíticas e macroeconômicas, bem como de manobras geopolíticas, muitas vezes realizadas às escondidas (como os inúmeros golpes de estado orquestrados pela CIA, começando pela derrubada em 1953 do primeiro-ministro iraniano Mohammad Mosaddegh).
Tanto o proletariado quanto a burguesia comentem "desvios legais". O cerne é que em maioria o crime do "pobre" se dá pela violência física direta, enquanto que o crime de "colarinho branco" se dá de maneira violenta também, mas indireta. Ex.: Desviar galões de oxigênio de UTI´s é tão violento quanto um latrocínio por causa de um "smartphone" .
Toda gente a dizer que é uma coisa e os que dizem que é outra coisa, tão errados, há diversas razões para se cometer crimes vários.. tanto a pobreza como é claro falta de caráter. E o caráter afeta rico ou pobre.
A questão é o que quer dizer isso? caráter? A questão do "caráter" é, antes de tudo, uma construção profundamente influenciada pelas condições materiais e históricas em que vivemos. Quando você fala em "falta de caráter", está tratando de um conceito que, em última instância, é subjetivo e idealista, pois depende das crenças, valores e julgamentos individuais, que são formados pela sociedade em que estamos inseridos. No entanto, no materialismo histórico, sabemos que nenhum indivíduo nasce com um "caráter" definido ou "marcado" como bom ou mau. Como Marx e Engels apontam em A Ideologia Alemã: "Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, o seu ser social que determina sua consciência." Ou seja, o que somos - incluindo nosso caráter - é moldado pelas condições materiais, pelo meio em que vivemos e pelas relações sociais que estabelecemos. O caráter, longe de ser uma essência imutável, é formado a partir das condições concretas da vida. Um exemplo claro disso é como a fome, o desemprego e a falta de moradia - consequências estruturais do capitalismo - criam situações de luta pela sobrevivência. Quando um sistema econômico coloca milhões de pessoas na miséria e depois criminaliza suas tentativas de sobreviver, estamos diante de uma das maiores contradições do capital. No capitalismo, o conceito de "crime" é construído para proteger a propriedade privada e os interesses da classe dominante. Marx e Engels explicam em O Manifesto Comunista: "A legislação, a moral, a religião são para ele [o burguês] outros tantos preconceitos burgueses, detrás dos quais se ocultam outros tantos interesses burgueses." Isso significa que as leis não existem para garantir justiça universal, mas para preservar o sistema de exploração e os privilégios da classe dominante. Lênin reforça essa ideia em O Estado e a Revolução, ao dizer: "O Estado é um órgão de dominação de classe, um órgão de opressão de uma classe por outra; é a criação da 'ordem' que legaliza e perpetua essa opressão." Dessa forma, a repressão contra os pobres e os marginalizados não é um "acidente", mas uma necessidade para manter a ordem capitalista. Essa mesma pobreza que você menciona não é uma questão de "falta de caráter", mas o resultado direto da exploração. Quem não tem nada a perder luta pela sobrevivência - não por uma falha moral, mas porque o sistema os deixou sem alternativas. Convido você a refletir mais profundamente sobre as raízes dessas questões e a estudar as bases do materialismo histórico e dialético. Obras como O Manifesto Comunista, A Ideologia Alemã e O Estado e a Revolução são fundamentais para entender como a estrutura econômica molda nossas relações e como o capitalismo cria seus próprios "vilões" para perpetuar sua existência. A resistência à exploração não é falta de caráter. É, muitas vezes, a luta pela vida diante de um sistema que devora corpos e almas para gerar lucro.
@@hon8177 Não se trata de uma relativização, pelo contrário, é coloca-las em seu contexto material, social e histórico e entender que ela é dialética, ou seja se transforma a cada momento. É ir mais a fundo e ver que ela não surge do nada e sim em um contexto, é lembrar também que ela foi construída e está sendo ainda a cada momento!
@@regiseduardoaielo9355 esse relativismo aí é sacanagem. Quem faz o mal costuma saber muito bem o que está fazendo, não são bichos não, temos que parar de infantilizar as pessoas.
Excelente vídeo. Como a minha formação é em filosofia, quero aproveitar para fazer uma observação meio conceitual, meio epistemológica. Talvez ela seja irrelevante, mas talvez se possa tirar algo dela. Não sei. Observe o seguinte: um pesquisador pode facilmente observar a "criminalidade" e a "infraestrutura urbana" separadamente e depois compará-las para ver se estão correlacionadas. É possível, sim, observar a criminalidade ignorando a estrutura urbana. Também é possível observar a estrutura urbana ignorando a criminalidade. Se você for colocar as coisas em uma planilha do Excel, você colocá-las em colunas diferentes, pois elas são variáveis separadas. Você não vê o crime através da estrutura urbana, nem vê a estrutura urbana através do crime. No entanto, não é possível fazer a mesma coisa com "criminalidade" e "caráter", especialmente se vê a criminalidade como "sinal" de falta de caráter. Se você fizer duas colunas separadas no Excel, uma para "criminalidade", a outra para "caráter", e se você usar a "criminalidade" como "sinal" de "falta de caráter", você vai ter que preencher a coluna "caráter" com os dados da coluna "criminalidade". Não estou dizendo, claro, que seja impossível testar o caráter de forma independente. Aliás, acho que o crime (dependendo do crime) pode ser sinal não de falta de caráter ou falta de ética, mas de presença de caráter e presença de ética. Por exemplo, Julian Assange foi preso. Ele foi considerado criminoso. Mas ele foi preso não por ser uma pessoa sem caráter e sim por ser uma pessoa de alto padrão ético. A mesma coisa pode ser dita de um grande número de "criminosos". Apesar de serem criminosos aos olhos da lei, o que estão fazendo está certo aos olhos da ética e da razão. Pode ser até ser coisa de mau caráter seguir a lei.
Sem dúvida. No discurso do pondé, o crime não é correlacionado ao caráter, ele é a demonstração da falta de caráter (e como agravante, é uma conclusão retirada da boca de um frentista, ou seja, é uma conclusão que instrumentaliza a própria pobreza contra ela). Você é o Murilo Seabra que fez live com o Caio Souto? Se sim, ótima live!
Uma observação: Mas é os crimes que envolvem estelionato? Lavagem de dinheiro? É algumas manobras contáveis pesadas? No contexto onde moro e nas regiões próximas, até mesmo dos Estados vizinhos e suas capitais, há esse tipo de atos criminosos, mas só quem vejo praticar são os da burguesia.
Realmente a falta de investimento na sociedade, contribui para as estatísticas da criminalidade. O Censo de 2022 do IBGE acusou a existência de mais de doze mil favelas no país com população estimada em pouco mais de dezesseis milhões vivendo nessas condições. Essa população é quase equivalente a do Chile no mesmo período. A capital paulista, município com maior PIB nacional, possui duas comunidades (Paraisópolis e Heliópolis) as quais figuram entre as dez maiores da nação. É fato que uma pequena porcentagem dos criminosos, infringem a lei sob o aspecto patológico o qual não escolhe condição social.
Gente, podemos partir do pressuposto de que levar tiro, ser esfaqueado, espancado, assaltado e estuprado é uma merda?! Partindo desse pressuposto, todos os atos que resultem nos crimes acima devem ser coibidos e reprimidos com rigor. Inclusive, a maior vítima dos crimes, principalmente os violentos, são os mais pobres. A esquerda tem que saber da NECESSIDADE de prevenção e repressão ao crime. O fato de a pessoa ser pobre não lhe dá a prerrogativa de fazer mal aos outros.
Existe um outro senso comum onde busca-se uma binariedade entre, por um lado, a correlação entre questões socioeconômicas e crime e, por outro, questões morais e o mesmo fenômeno. É altamente improvável que seja apenas um ou outro, até pq, como apontado em outros comentários, há outros exemplos de países pobres que não têm o alto índice de crimes contra o patrimônio que há no Brasil
Acredito que vc nunca tem sofrido um assalto na vida e tomado umas coronhadas na testa ao demora para passar a senha do celular, se isso acontecer (espero que não), vc vai ver que fatores individuais contam muito nesse tipo de ação violenta. E para exemplificar que o caráter e conduta do criminoso contam, leia essa matéria do G1: "Jovem de 18 anos é baleado e morto durante assalto na Zona Sul de SP" E já te adianto, crimes desse tipo ocorrem aos montes nas periferias do Brasil (eu inclusive já fui vitima), e não há pobreza ou desigualdade que sirvam de desculpa para se cometer crimes hediondos.
Nada a ver. Sua indignação com um bandido em particular não aprova a tese colocada pelo Pondé nem anula as correlações sócio econômicas. Também não anula o fato de nossa cultura ser muito atrelada à violência.
@@colunas.tortas Um bandido em particular? Vc ve os noticiários com frequência? Pra quem não vive a realidade das periferias, todo criminoso é uma vitima da desigualdade social, que só assalta para sobreviver e trazer o alimento para casa. Bandido assalta por que é fácil e as leis são frouxas. Já vi diversas entrevistas de presos e criminosos que tratam a vida bandida como profissão, como uma atividade socioeconômica. Eles não se veem como vitimas, na verdade a maioria adora a emoção que a vida bandida traz. A maioria esmagadora dos pobres trabalham arduamente e estudam para ter um futuro melhor, sem tirar nada de ninguém, então não tem desculpa.
@@apolohigor6520 É a classe social que detém os meios de produção e reprodução da vida material em uma sociedade capitalista. Essa classe lucra explorando a força de trabalho do proletariado, apropriando-se da mais-valia gerada. Controla o Estado como instrumento para manter seu domínio econômico e político.
Você cometeu uma simplificação excessiva. A moral, medo, cultura e violência apesar de correlacionadas, possuem influência por si mesmas no nosso país. A pessoa reincidente em latrocínio tem uma personalidade e moral absolutamente deturpada. A própria estatística pode ser analisada com essa perspectiva e colocar de forma explícita o baixo número, mesmo entre os de mesmas variáveis, de pessoas reincidentes em latrocínio. Ao meu ver a sua crítica, apesar de válida, desprezou esse tipo de indivíduo, me passando a impressão de que o debate sério sobre o assunto não é o seu objetivo e sim fazer uma mera oposição polêmica respaldada em fatos selecionados exclusivamente para isso.
A correlação entre roubos ao patrimônio e desigualdade social não implica causalidade direta, pois fatores culturais e morais são determinantes. Por exemplo, embora o Irã e o Brasil apresentem altos níveis de desigualdade segundo o índice de Gini (0,38 no Irã e 0,54 no Brasil), as taxas de roubo diferem drasticamente: 27 por 100 mil habitantes no Irã contra 387 no Brasil. Isso reflete como no Irã os valores culturais e religiosos, junto com sanções legais rigorosas, desestimulam o crime, enquanto no Brasil fatores como a normalização do roubo em certos setores e menor coesão social agravam o problema. Assim, o crime não é apenas uma questão econômica, mas também cultural. Infelizmente, parte da academia de ciências sociais ignora dados concretos e formula análises baseadas exclusivamente na causalidade para sustentar discursos ideológicos pouco embasados. Por isso, é importante lembrar que correlação não significa causalidade.
Muito bom a questão de fatores culturais, porém tem que de fato analisar o conceito de crime, questões como violência contra mulheres, violência sexual, perseguição religiosa, tortura que lá se tem a questão do castigo físicos, etc..., eu não bebo, mas sabe aquela cervejinha no final de semana, crime, se referiu a alguma autoridade política ou religiosa, sem o respeito que julga merecer crime, etc..., para julgar o que é crime é necessário entender a dinâmica do poder, pois tem lugares em que uma facção domina e "apazigua" (por favor repare nas aspas) o local, pois diminui proíbe roubos, adultérios, em alguns lugares até protegem igrejas, então nessa dinâmica consideraria uma facção uma força positiva, isso foi só um exemplo, então quem detém o poder legitima suas ações e não pode ser considerado criminoso, na Índia também é um país pacífico, porém embora tenha avançado na questão das castas, ainda condena boa parte de sua população a uma vida miserável, e quando um homem de casta dita superior agride um de casta inferiror por não sair do seu caminho não é um crime, porém se o homem de uma casta dita inferior reagir é.
Como lembra Eduardo Viveiros de Castro, uma parte significativa dos chamados "pobres" no Brasil são, na verdade, índios empobrecidos, isto é, índios cujas terras foram tomadas, índios que foram incorporados à civilização industrial à força na condição de destituídos. A famosa ideia de que "A propriedade é um roubo" está em perfeita sintonia com a sensibilidade ameríndia. Talvez deveríamos inverter o que é considerado como crime: o que é visto como "roubo" pode ser simplesmente uma restituição; o que é visto como "lucro" pode ser o verdadeiro crime, como o caso do Luigi Mangione está mostrando.
Concordo 100% com os fatores culturais sendo determinantes também. Não dá pra ler essas pesquisas de maneira fria e longe das subjetividades da sociedade brasileira, conheci muitos intelectuais na faculdade que desprezavam qualquer leitura sobre o modo como o brasileiro se comporta e sua correlação com a criminalidade.
Fatores mais subjetivos, como o caráter predatório das relações sociais no Brasil, também explicam o porquê da violência tão brutal no ambiente brasileiro. Os roubos são feitos quase sempre envolvendo armas de fogo, truculência e ameaça, e quando falham, linchamentos são comuns por parte da população.
Essa violência mais subjetiva da criminalidade brasileira não vai ser lida nos números. O sujeito brasileiro tem suas particularidades culturais que agravam o cenário e geram essa sensação ruim de não poder confiar em ninguém em nenhum momento. E mesmo nos casos aonde há mais presença do Estado e uma menor desigualdade, os números de violência continuam mais altos do que países em guerra, tanto é que até em ambientes de classe média existe a sensação de insegurança. Do mais rico ao mais pobre, parece sempre existir um caráter violento na cultura brasileira que não deixa ninguém abaixar as suas armas.
A sua análise parte de uma correlação interessante entre os índices de desigualdade e criminalidade em diferentes países, mas recai em uma interpretação idealista ao privilegiar fatores culturais e morais como determinantes principais para o crime. Do ponto de vista marxista, devemos buscar a base material que estrutura essas diferenças, pois, como Marx disse em A Ideologia Alemã:
"A produção das ideias, das representações e da consciência está diretamente entrelaçada à atividade material e ao intercâmbio material dos homens."
Assim, as condições econômicas e sociais de um país são a base sobre a qual os aspectos culturais e morais se erguem, e não o contrário.
O exemplo do Irã e do Brasil deve ser analisado no contexto de suas estruturas socioeconômicas e históricas. Embora ambos apresentem desigualdade segundo o índice de Gini, é essencial considerar que a criminalidade é influenciada pela forma como a pobreza e a exclusão se manifestam em cada sociedade. No Brasil, a desigualdade não é apenas numérica, mas estrutural e profundamente enraizada em sua história de escravidão, racismo e concentração fundiária. Como resultado, a marginalização de amplas parcelas da população cria um terreno fértil para o surgimento do que o sistema capitalista chama de "criminalidade".
Já no Irã, a relação entre Estado, religião e sociedade impõe um controle rígido, onde sanções severas podem desencorajar certos crimes. No entanto, isso não resolve os problemas de desigualdade - apenas os mascara. É importante lembrar que, como apontado em O Estado e a Revolução, de Lênin:
"A força organizada de uma classe dominante é essencialmente a expressão de sua luta para manter o controle sobre as classes subordinadas."
As "sanções legais rigorosas" mencionadas não eliminam as contradições sociais; apenas as reprimem de maneira mais ostensiva.
Quando falamos de criminalidade no Brasil, devemos observar como a pobreza estrutural e a ausência de garantias básicas forçam milhares a ações de sobrevivência, classificadas como crimes pela superestrutura jurídica. Essa relação é abordada em O Manifesto Comunista, onde Marx e Engels destacam que as leis não são neutras, mas servem aos interesses da classe dominante.
A ideia de que o crime é "normalizado" em setores da sociedade brasileira é, em si, um reflexo da alienação promovida pelo capitalismo, que coloca a propriedade acima da vida humana. Essa alienação, como Marx explica em Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844, desumaniza o trabalhador e cria uma sociedade baseada na exploração e na competição, onde valores culturais e morais são distorcidos pela lógica do lucro.
Por fim, é importante reafirmar que correlação realmente não implica causalidade. Porém, ignorar as bases materiais que produzem tanto a desigualdade quanto a criminalidade é abandonar uma análise científica em favor de interpretações que reforçam preconceitos ou justificam repressões. Se queremos compreender a realidade, precisamos partir das condições concretas da vida, como preconiza o materialismo histórico e dialético.
Recomendo a leitura de O Capital para entender como o sistema econômico molda todas as esferas da sociedade e também de estudos críticos que analisam a criminalização da pobreza no Brasil, como as obras de Alessandro Baratta sobre criminologia crítica.
@@regiseduardoaielo9355 Sua análise parte de uma premissa interessante, mas rapidamente recai em reducionismos que desconsideram a complexidade do fenômeno social da criminalidade. A ideia marxista de que "a produção das ideias e da consciência está entrelaçada à atividade material" é, sem dúvida, válida dentro de um escopo limitado, mas insuficiente para explicar como os comportamentos criminosos se desenvolvem em diferentes contextos históricos e culturais. Cultura não é uma simples "superestrutura" subordinada à base econômica. Como Max Weber demonstrou em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, os valores culturais e morais podem não apenas acompanhar as estruturas econômicas, mas transformá-las, moldando profundamente o comportamento social. Negar isso é optar por uma visão determinista que subestima o papel das ideias e dos valores como motores da ação humana.
A criminalidade não pode ser explicada unicamente por condições materiais, como pobreza ou desigualdade. Embora esses fatores desempenhem um papel relevante, não explicam por que, em sociedades com índices de pobreza similares, as taxas de criminalidade variam tanto. Isso ocorre porque o comportamento criminoso está profundamente influenciado por normas sociais e valores culturais, que regulam como os indivíduos percebem e respondem aos desafios econômicos. Em países como o Brasil, o crime não é um fenômeno restrito às classes empobrecidas, mas atravessa todas as camadas sociais, incluindo elites econômicas que se envolvem em corrupção, lavagem de dinheiro e práticas ilícitas. Essa universalidade do crime no Brasil reflete uma crise de valores, onde a impunidade, a normalização da transgressão e a relativização moral enfraquecem a coesão social e exacerbam a criminalidade. Como Wilson e Kelling apontaram na teoria das Janelas Quebradas, a percepção de que normas sociais e morais podem ser violadas impunemente gera um efeito cascata que intensifica o desrespeito às regras em todos os níveis da sociedade.
Ademais, ao atribuir a criminalidade exclusivamente à "alienação capitalista" ou à desigualdade econômica, seu argumento desconsidera uma realidade evidente: sociedades estruturalmente desiguais podem, sim, apresentar baixos índices de criminalidade, desde que possuam coesão social, normas culturais sólidas e mecanismos eficazes de responsabilização. Em contrapartida, sociedades que relativizam o valor das normas morais e culturais - muitas vezes sob a justificativa de fatores econômicos - tendem a legitimar comportamentos desviantes. Isso não significa ignorar as dificuldades impostas pela desigualdade, mas reconhecer que esta, por si só, não é suficiente para determinar os níveis de crime. Por exemplo, o fato de países culturalmente distintos apresentarem respostas diferentes à desigualdade evidencia que fatores culturais e sociais são tão importantes quanto as condições materiais na prevenção ou amplificação do crime.
Sua referência às "sanções legais rigorosas" como um instrumento que mascara desigualdades sociais também apresenta uma falha conceitual. A eficácia das leis, em qualquer sociedade, não reside apenas em sua severidade, mas na maneira como estão integradas aos valores culturais e às normas coletivas. Onde há um desalinhamento entre lei e cultura, a criminalidade floresce, independentemente da dureza das punições. Isso é observável em contextos globais, onde tanto democracias liberais quanto regimes autoritários enfrentam dificuldades na manutenção da ordem quando há uma desconexão entre as expectativas culturais e o aparato legal. Como afirmou Durkheim, a moralidade não é apenas uma consequência das condições econômicas, mas um fato social autônomo que desempenha um papel central na regulação do comportamento humano.
Ao reduzir a criminalidade a uma resposta inevitável à exclusão material ou à alienação promovida pelo capitalismo, seu argumento não só ignora a complexidade do fenômeno, mas também recorre a um determinismo que minimiza a responsabilidade individual e coletiva. A realidade é que o crime emerge de uma interação entre fatores econômicos, culturais, legais e morais. Ignorar a relevância dos valores culturais e sociais como elementos reguladores é abandonar uma análise mais abrangente e, por consequência, mais eficaz. A criminalidade não é meramente uma manifestação de desigualdade; é também, e talvez principalmente, um reflexo da deterioração das normas morais e culturais que estruturam a convivência humana. A abordagem materialista, por si só, não é suficiente para compreender nem solucionar o problema.
Você me fez pensar que talvez seja melhor falar em "pessoas empobrecidas" ou "camadas empobrecidas da população" do que falar em "pessoas pobres" ou "camadas pobres da população". A substituição de "pobre" por "empobrecido" pode ajudar a lembrar que a pobreza resulta de circunstâncias históricas. Ela não é uma condição estática. Ela é o resultado de decisões macropolíticas e macroeconômicas, bem como de manobras geopolíticas, muitas vezes realizadas às escondidas (como os inúmeros golpes de estado orquestrados pela CIA, começando pela derrubada em 1953 do primeiro-ministro iraniano Mohammad Mosaddegh).
Obrigado pela contribuição, Murilo! Tem toda razão.
Tanto o proletariado quanto a burguesia comentem "desvios legais". O cerne é que em maioria o crime do "pobre" se dá pela violência física direta, enquanto que o crime de "colarinho branco" se dá de maneira violenta também, mas indireta. Ex.: Desviar galões de oxigênio de UTI´s é tão violento quanto um latrocínio por causa de um "smartphone" .
Toda gente a dizer que é uma coisa e os que dizem que é outra coisa, tão errados, há diversas razões para se cometer crimes vários.. tanto a pobreza como é claro falta de caráter. E o caráter afeta rico ou pobre.
A questão é o que quer dizer isso? caráter?
A questão do "caráter" é, antes de tudo, uma construção profundamente influenciada pelas condições materiais e históricas em que vivemos. Quando você fala em "falta de caráter", está tratando de um conceito que, em última instância, é subjetivo e idealista, pois depende das crenças, valores e julgamentos individuais, que são formados pela sociedade em que estamos inseridos. No entanto, no materialismo histórico, sabemos que nenhum indivíduo nasce com um "caráter" definido ou "marcado" como bom ou mau. Como Marx e Engels apontam em A Ideologia Alemã:
"Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, o seu ser social que determina sua consciência."
Ou seja, o que somos - incluindo nosso caráter - é moldado pelas condições materiais, pelo meio em que vivemos e pelas relações sociais que estabelecemos.
O caráter, longe de ser uma essência imutável, é formado a partir das condições concretas da vida. Um exemplo claro disso é como a fome, o desemprego e a falta de moradia - consequências estruturais do capitalismo - criam situações de luta pela sobrevivência. Quando um sistema econômico coloca milhões de pessoas na miséria e depois criminaliza suas tentativas de sobreviver, estamos diante de uma das maiores contradições do capital.
No capitalismo, o conceito de "crime" é construído para proteger a propriedade privada e os interesses da classe dominante. Marx e Engels explicam em O Manifesto Comunista:
"A legislação, a moral, a religião são para ele [o burguês] outros tantos preconceitos burgueses, detrás dos quais se ocultam outros tantos interesses burgueses."
Isso significa que as leis não existem para garantir justiça universal, mas para preservar o sistema de exploração e os privilégios da classe dominante. Lênin reforça essa ideia em O Estado e a Revolução, ao dizer:
"O Estado é um órgão de dominação de classe, um órgão de opressão de uma classe por outra; é a criação da 'ordem' que legaliza e perpetua essa opressão."
Dessa forma, a repressão contra os pobres e os marginalizados não é um "acidente", mas uma necessidade para manter a ordem capitalista. Essa mesma pobreza que você menciona não é uma questão de "falta de caráter", mas o resultado direto da exploração. Quem não tem nada a perder luta pela sobrevivência - não por uma falha moral, mas porque o sistema os deixou sem alternativas.
Convido você a refletir mais profundamente sobre as raízes dessas questões e a estudar as bases do materialismo histórico e dialético. Obras como O Manifesto Comunista, A Ideologia Alemã e O Estado e a Revolução são fundamentais para entender como a estrutura econômica molda nossas relações e como o capitalismo cria seus próprios "vilões" para perpetuar sua existência.
A resistência à exploração não é falta de caráter. É, muitas vezes, a luta pela vida diante de um sistema que devora corpos e almas para gerar lucro.
@@regiseduardoaielo9355 a marca do mau caráter é o relativismo moral.
@@hon8177 Apenas quando o beneficia...
@@hon8177 Não se trata de uma relativização, pelo contrário, é coloca-las em seu contexto material, social e histórico e entender que ela é dialética, ou seja se transforma a cada momento. É ir mais a fundo e ver que ela não surge do nada e sim em um contexto, é lembrar também que ela foi construída e está sendo ainda a cada momento!
@@regiseduardoaielo9355 esse relativismo aí é sacanagem. Quem faz o mal costuma saber muito bem o que está fazendo, não são bichos não, temos que parar de infantilizar as pessoas.
Excelente vídeo. Como a minha formação é em filosofia, quero aproveitar para fazer uma observação meio conceitual, meio epistemológica. Talvez ela seja irrelevante, mas talvez se possa tirar algo dela. Não sei. Observe o seguinte: um pesquisador pode facilmente observar a "criminalidade" e a "infraestrutura urbana" separadamente e depois compará-las para ver se estão correlacionadas. É possível, sim, observar a criminalidade ignorando a estrutura urbana. Também é possível observar a estrutura urbana ignorando a criminalidade. Se você for colocar as coisas em uma planilha do Excel, você colocá-las em colunas diferentes, pois elas são variáveis separadas. Você não vê o crime através da estrutura urbana, nem vê a estrutura urbana através do crime. No entanto, não é possível fazer a mesma coisa com "criminalidade" e "caráter", especialmente se vê a criminalidade como "sinal" de falta de caráter. Se você fizer duas colunas separadas no Excel, uma para "criminalidade", a outra para "caráter", e se você usar a "criminalidade" como "sinal" de "falta de caráter", você vai ter que preencher a coluna "caráter" com os dados da coluna "criminalidade". Não estou dizendo, claro, que seja impossível testar o caráter de forma independente. Aliás, acho que o crime (dependendo do crime) pode ser sinal não de falta de caráter ou falta de ética, mas de presença de caráter e presença de ética. Por exemplo, Julian Assange foi preso. Ele foi considerado criminoso. Mas ele foi preso não por ser uma pessoa sem caráter e sim por ser uma pessoa de alto padrão ético. A mesma coisa pode ser dita de um grande número de "criminosos". Apesar de serem criminosos aos olhos da lei, o que estão fazendo está certo aos olhos da ética e da razão. Pode ser até ser coisa de mau caráter seguir a lei.
Sem dúvida. No discurso do pondé, o crime não é correlacionado ao caráter, ele é a demonstração da falta de caráter (e como agravante, é uma conclusão retirada da boca de um frentista, ou seja, é uma conclusão que instrumentaliza a própria pobreza contra ela).
Você é o Murilo Seabra que fez live com o Caio Souto? Se sim, ótima live!
Uma observação: Mas é os crimes que envolvem estelionato? Lavagem de dinheiro? É algumas manobras contáveis pesadas? No contexto onde moro e nas regiões próximas, até mesmo dos Estados vizinhos e suas capitais, há esse tipo de atos criminosos, mas só quem vejo praticar são os da burguesia.
Realmente a falta de investimento na sociedade, contribui para as estatísticas da criminalidade. O Censo de 2022 do IBGE acusou a existência de mais de doze mil favelas no país com população estimada em pouco mais de dezesseis milhões vivendo nessas condições. Essa população é quase equivalente a do Chile no mesmo período. A capital paulista, município com maior PIB nacional, possui duas comunidades (Paraisópolis e Heliópolis) as quais figuram entre as dez maiores da nação. É fato que uma pequena porcentagem dos criminosos, infringem a lei sob o aspecto patológico o qual não escolhe condição social.
Gente, podemos partir do pressuposto de que levar tiro, ser esfaqueado, espancado, assaltado e estuprado é uma merda?!
Partindo desse pressuposto, todos os atos que resultem nos crimes acima devem ser coibidos e reprimidos com rigor. Inclusive, a maior vítima dos crimes, principalmente os violentos, são os mais pobres.
A esquerda tem que saber da NECESSIDADE de prevenção e repressão ao crime.
O fato de a pessoa ser pobre não lhe dá a prerrogativa de fazer mal aos outros.
Pondé tocou numa questao, que em geral, a ciencia nunca ira alcancar, a individualidade do cidadao. E é isso que o video se preocupa em explicar.
Mas todo indivíduo está dentro do contexto
Esse indivíduo paira nas nuvens, é?
A individualidade está inserida no coletivo
@@ivinhojpj1786 nada ver. Não seja burro.
Agora POR QUE QUE ESSE FI DA DSGC TA USANDO UMA CAMISA DA URSS??????????????????????
Humor irônico de pseudão
@@Weezykillah se usa camisa de palhaço é porque...
Existe um outro senso comum onde busca-se uma binariedade entre, por um lado, a correlação entre questões socioeconômicas e crime e, por outro, questões morais e o mesmo fenômeno. É altamente improvável que seja apenas um ou outro, até pq, como apontado em outros comentários, há outros exemplos de países pobres que não têm o alto índice de crimes contra o patrimônio que há no Brasil
Eu consigo provar com números que crime de patrimônio vai além de caráter, é só me desafiar
Acredito que vc nunca tem sofrido um assalto na vida e tomado umas coronhadas na testa ao demora para passar a senha do celular, se isso acontecer (espero que não), vc vai ver que fatores individuais contam muito nesse tipo de ação violenta.
E para exemplificar que o caráter e conduta do criminoso contam, leia essa matéria do G1: "Jovem de 18 anos é baleado e morto durante assalto na Zona Sul de SP"
E já te adianto, crimes desse tipo ocorrem aos montes nas periferias do Brasil (eu inclusive já fui vitima), e não há pobreza ou desigualdade que sirvam de desculpa para se cometer crimes hediondos.
Nada a ver. Sua indignação com um bandido em particular não aprova a tese colocada pelo Pondé nem anula as correlações sócio econômicas. Também não anula o fato de nossa cultura ser muito atrelada à violência.
@@colunas.tortas Um bandido em particular? Vc ve os noticiários com frequência? Pra quem não vive a realidade das periferias, todo criminoso é uma vitima da desigualdade social, que só assalta para sobreviver e trazer o alimento para casa.
Bandido assalta por que é fácil e as leis são frouxas. Já vi diversas entrevistas de presos e criminosos que tratam a vida bandida como profissão, como uma atividade socioeconômica. Eles não se veem como vitimas, na verdade a maioria adora a emoção que a vida bandida traz.
A maioria esmagadora dos pobres trabalham arduamente e estudam para ter um futuro melhor, sem tirar nada de ninguém, então não tem desculpa.
Fora que a burguesia legaliza os seus crimes.
Quem é a burguesia?
@@apolohigor6520 É a classe social que detém os meios de produção e reprodução da vida material em uma sociedade capitalista. Essa classe lucra explorando a força de trabalho do proletariado, apropriando-se da mais-valia gerada. Controla o Estado como instrumento para manter seu domínio econômico e político.
Dá um exemplo.
Pondé tem razão! Ladrão é ladrão e acabou
Porque ele usa essa camiseta?
O inverso é verdadeiro, todo mau-caráter é criminoso, principalmente sendo 'filósofo'.
Esse Pondé é um intelectual desonesto!
Não sei como chamam ele de intelectual sendo que ele só fala um monte de senso comum com um liguajar refinado
Desonesto é o Karnal pedof.
Sim ele não é progressista, super desonesto
Usando a camisa da União soviética 😂😅
I blame society
Hahahha pondé meteu a camisa da URSS
Para Pondé, é de duas uma ou puro suco de senso comum, ou ideias que flertam com a extrema direita. Absurdamente desonesto.
@@vitoriabotelho4210 nunca vi Pondé flertar com extremismo. A ponto de perceber que os verdadeiros extremistas são os que o acusam de sê-lo.
@@vitoriabotelho4210 porque você é hipócrita.
Você cometeu uma simplificação excessiva. A moral, medo, cultura e violência apesar de correlacionadas, possuem influência por si mesmas no nosso país. A pessoa reincidente em latrocínio tem uma personalidade e moral absolutamente deturpada. A própria estatística pode ser analisada com essa perspectiva e colocar de forma explícita o baixo número, mesmo entre os de mesmas variáveis, de pessoas reincidentes em latrocínio. Ao meu ver a sua crítica, apesar de válida, desprezou esse tipo de indivíduo, me passando a impressão de que o debate sério sobre o assunto não é o seu objetivo e sim fazer uma mera oposição polêmica respaldada em fatos selecionados exclusivamente para isso.
Ué ... que porcaria de fala do ... é o Pondé, né?