Cafezinho 556 - Pobre linguagem
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- เผยแพร่เมื่อ 8 ก.ย. 2024
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Hoje abro com trechos de um texto do professor francês de gestão, Christophe Clavé:
“O QI médio da população mundial, que sempre aumentou desde o pós-guerra até ao final dos anos 90, diminuiu nos últimos vinte anos (...). Pode haver muitas causas para este fenômeno. Um deles pode ser o empobrecimento da linguagem.(...) não é apenas a redução do vocabulário utilizado, mas também as sutilezas linguísticas que permitem elaborar e formular pensamentos complexos.
O desaparecimento gradual dos tempos (subjuntivo, imperfeito, formas compostas do futuro, particípio passado) dá origem a um pensamento quase sempre no presente, limitado ao momento: incapaz de projeções no tempo.
A simplificação dos tutoriais, o desaparecimento das letras maiúsculas e da pontuação são exemplos de "golpes mortais" na precisão e variedade de expressão.
Apenas um exemplo: eliminar a palavra "signorina/senhorita/mademoiselle" (agora obsoleta) não significa apenas abrir mão da estética de uma palavra, mas também promover involuntariamente a ideia de que entre uma menina e uma mulher não existem fases intermediárias.
Menos palavras e menos verbos conjugados significam menos capacidade de expressar emoções e menos capacidade de processar um pensamento. Estudos têm mostrado que parte da violência nas esferas pública e privada decorre diretamente da incapacidade de descrever as emoções em palavras. Sem palavras para construir um argumento, o pensamento complexo torna-se impossível.
Quanto mais pobre a linguagem, mais o pensamento desaparece. A história está cheia de exemplos (...) como todos os regimes totalitários sempre atrapalharam o pensamento, reduzindo o número e o significado das palavras.
Se não houver pensamentos, não há pensamentos críticos. E não há pensamento sem palavras. (...)
Façamos com que os nossos filhos, os nossos alunos falem, leiam e escrevam. Ensinemos e pratiquemos o idioma nas suas mais diversas formas. Mesmo que pareça complicado. Principalmente se for complicado. Porque nesse esforço existe liberdade.
Aqueles que afirmam a necessidade de simplificar a grafia, descartar a linguagem dos seus "defeitos", abolir géneros, tempos, nuances, tudo que cria complexidade, são os verdadeiros arquitetos do empobrecimento da mente humana.
Não há liberdade sem necessidade. Não há beleza sem o pensamento da beleza.”
A FILOSOFIA DA LINGUAGEM é um ramo importantíssimo da Filosofia, pois atenta para a lógica, significado, uso, contextualização, influência e relação da linguagem entre os indivíduos e a realidade percebida por eles.
Não à toa, o método medieval de formação das bases do ensino era baseado no conhecimento grego clássico e iniciava-se pelo Trivium, cujas disciplinas eram: lógica, gramática e retórica.
A influência da linguagem já era notada pela comunicação entre caçadores/coletores e era determinante para a eficiência da empreitada de cerco à caça e, portanto, para a sobrevivência de todo o grupo.
A cada dia da história humana a linguagem e a comunicação se sofisticaram mais, pois não há quem prescinda da linguagem em qualquer instante da convivência.
Sabe-se até que a surdez é um elemento dissociativo e pode conduzir a graus variados de demência.
Um professor colega meu, ao ouvir a clássica pergunta "Pra quê eu vou usar isso na vida?!", retruca pedindo ao aluno que explique por que é que ele vai pra academia fazer musculação: "Você não precisa agachar com 100kg nas costas, no dia a dia, precisa?".
O cérebro precisa ser treinado com uma grande variedade de estímulos (um deles a linguagem), da mesma forma que músculos necessitam de estímulos para que não atrofiem.
E um cérebro atrofiado, a gente tem percebido bem no que resulta.
Analogia perfeita!
Só percebi o tamanho dessa tragédia na época que inventaram a pandemidia...a maioria das pessoas mesmo as que tinham.diplomas universitários, prederam a capacidade de raciocinar, pensar!
Muito necessário seu comentário.👏🏼👏🏼
Excelente! Um vocabulário rico é importantíssimo.
BOM trabalho abraços de Belém do Pará.
Luciano, essa descrição do apresentador que usa muito o termo "tá ligado", me remeteu ao Monark. Ele é bem intensionado, mas seu repertório é o que sabemos. Produto do tempo em que vive. Um forte abraço.
Concordo plenamente com você, sempre reclamei e orientei minha filha caçula a escrever sem usar reduções das palavras, além de criar uma comunidade onde só eles entendem o significado daquelas letras soltas no texto. Parabéns pela colocação.
Obrigada pelo pensamento, tão rico e profunda nesta arte de expressão. Difícil, extremamente difícil encontrar nestes tempos de expressão de águas rasas e cheia de pedras agudas sem conteúdos e pobres de narrativas. Te encontrei, achei você em seus olhos.
Que bom que falamos português, língua tão rica! Explorando o tema da linguagem, já pensaram sobre o gênero das palavras? Não estou entrando na discussão sobre ideologia de gênero e, sim, sobre entender os caminhos que levaram “mar” em português a ser masculino e, em francês, feminino: “lá mer”. Ou o fato de haver, no alemão, palavras neutras! Em um Ted Talk sobre linguagem, explicaram que há uma tribo que só consegue expressar algumas coisas associando a direção pra onde estão olhando. Enfim… O ponto onde quero chegar é que a linguagem também traz uma herança de valores que as vezes nem sequer conhecemos, mas que ainda assim nós influenciam e podem explicar um pouco da cultura em que estamos inseridos.
Explicação perfeita para mostrar aos amigos que são pais de adolescentes e crianças.
O processo de redução do vocabulário está em curso e criando uma geração com defasagem de raciocínio.
Deficientes intelectuais além de narcisistas
Precisamos agir como formiguinhas, divulgando seu trabalho aos mais próximos para que tenham a oportunidade de ao menos questionar. Descobri vc numa entrevista da Brasil Paralelo e já enviei o link para grande parte dos meus contatos. Parabéns!!
Obrigado, Claudia. Seja bem-vinda!
O canal adverte: altas doses de inteligência, e extremo Senso de humor👏👏👏🔥🔥🔥
Muito oportuno! Trabalho com profissionais que não sabem conjugação verbal . É desesperador!
Grande Luciano. Adoro seus “cafezinhos”
Li o livro Merdades e Ventiras em 2 dias. Livro sensacional. Aprendi muita coisa. Vou ler de novo para fixar as dicas. E ainda veio autografado. Obrigada por ter dedicado o seu tempo para nos ensinar .
Luciano Pires sua isca é bastante oportuna, pena que a desvalorização da nossa língua tem ocorrido de forma acelerada em todas as camadas da nossa sociedade, geralmente substituem as palavras por abreviações criadas na internet ou por palavras em inglês, como se não existissem em português.
Por essas e por outras o inglês se usa nos negócios mas o francês continua sendo usado na diplomacia 😊
Obrigada por esse vídeo Luciano.
A banalização das coisas é consequência direta da abundância das mesmas...
No âmbito da natureza humana, a vulgarização dos costumes e relações, acrescida dos movimentos socialistas, desde o século XIX, que confundiram ideológica e politicamente o anseio por melhor igualdade social com revoltas por conquistas utópicas pela indistinção entre indivíduos, seguidas dos movimentos fermentados na Escola de Frankfurt e difundidos pela contracultura e outros movimentos de revolta contemporâneos, estimulando ao simplismo das formas arquitetônicas, design, de todas as artes e da própria existência humana, acabou gerando uma revolução no imaginário coletivo.
Essa revolução e até negação do tradicionalismo histórico, somado à engenharia social, que estimulava o crescimento populacional, com vistas ao aumento do consumo, promoveu grandes mudanças na cultura, ética, religião e moral, trazendo a reboque a libertinagem, enquanto reduzia liberdades, como a desmistificação do sexo e um aumento populacional exponencialmente descontrolado e restritivo à vida que se praticava até então.
Portanto, não seria de se estranhar que a linguagem e a comunicação sofressem erosões semelhantes, principalmente ajudadas pelo advento das modernas tecnologias da informação, que desvalorizariam a própria informação.
Se observarmos que a população mundial, do final do século XIX era de um bilhão de pessoas e que em 2022 atingimos praticamente os oito bilhões de humanos sobre a mesma Terra, não será difícil concluir-se pelo caos que se abateu, diante de tantas mudanças socioculturais, na administração da coisa pública, na religião e na constituição familiar, pela histeria das exigências de novas leis que regulassem o descompasso entre tão absurdo crescimento demográfico e o moroso avanço das novas regras de convivência.
Mesmo que tal adequação ocorresse com eficácia admirável, sem a costumeira inércia dos entraves legais e burocráticos, certamente a administração, a lei e a justiça ainda teriam que lidar com o previsível aumento do número de oportunistas que se alimentam justamente do caos e da desordem.
Assim, não só a linguagem se vulgarizou, mas também, a essência das relações humanas, pois a importância de um ser para o outro certamente sofreria com a desconstrução da religião, da família e com a liberalização indiscriminada de tabus morais e éticos, tão dissociadores das gerações tradicionais e os filhos dos novos conceitos.
Assim, desde a Primeira Grande Guerra proliferam notícias de catástrofes, seguidas de grande mortandade de espécies selvagens e de humanos, extinção de biomas naturais importantes, ameaçando a qualidade de vida, enquanto o indivíduo, a cada dia mais insensível, aliena-se sobre a importância da própria existência. Que dirá, sobre a existência dos seus semelhantes?...
Boa explicação sobre a linguagem!
Se você ver o conteúdo dos cursos de letras hoje em dia, ficará surpreso com o desencorajamento em relação à nossa norma culta.
Infelizmente, meu vocabulário empobrecido não me permite dizer mais do que "excelente reflexão". Kkkk. Ops, escapou.
Muito bom! Se tivermos um vocabulário limitado, perdemos a precisão de nossas ideias. É por isso q temos q incentivar à leitura.🤔
Muito obrigada por compartilhar conosco
Até em empresas centenárias a língua está sendo deixada em segundo plano em favor de modismos. Lamentável.
Luciano, vou criar vergolha e assinar seu conteúdo! Sempre muito bom, atualizado e esclarecedor, para um momento da sociedade tão perdido e sem referências. Mas, uma vez parabéns pelo seu Conteúdo.
Seja bem-vindo, Coimbra!
Graças a Deus que você fez essa apresentação. Canal edificante
Obrigado Luciano, sempre nos mostrando caminhos a seguir e as pessoas inteligentes seguem exatamente o caminho correto. Fazendo uma analogia comparo você ao personagem Morpheus do filme Matrix, liberando varias mentes para a verdade. Apenas quem esta com a mente livre enxerga.
Tenho vIsto essa pobreza das palavras se transformando em violência emocional e física dentro das escolas. Quem não sabe ler ou entender um grande arcabouço de palavras o mundo não passará de uma pequena cela confortável. Valeu demais Luciano.
Comentando pra fortalecer o canal, gerar engajamento e agradecer pelo vídeo Luciano! 😉
Acabo de descobrir seu trabalho maravilhoso através do podcast do BP e já sei que uma porta de conhecimento positivo e viciante se abre pra mim, parabéns.
seja bem-vindo, Ivan!
Ótimo ponto para ser discutido.
Winston vai duplipensar que está no Ministério da Verdade
Muito bom! Obrigado por mais um conteúdo riquíssimo.
Muito bom. Estamos mesmo descartando a beleza, na linguagem então? Vixe!
Novidioma - 1984 Gerge Orwell
Excelente
Muito bom, excelente vídeo 👏🏻👏🏻👏🏻
Parabéns
Genial seu vídeo!!!
Parabéns pelo seu trabalho.
Muito obrigado
👏👏👏👏👏
Será que os ideogramas japoneses também têm essas questões? Não há palavras e sim ideias. Ouvi dizer que não existe o SIM e nem o NÃO 😮
Realmente hoje a linguagem está muito rasa, mas as pessoas hoje tem preguiça de escutar e de ler. Tudo está muito artificial infelizmente.
A pior coisa que escuto é: "tipo assim"...
Caraca, tão óbvio😮vc explodiu minha cabeça.
Alguns personagens que fazem "podcasts" na internet são simplesmente insuportáveis justamente pela indigência vocabular, pela incapacidade de formar uma frase com mais de cinco palavras. Fico com pena quando o entrevistado domina perfeitamente o idioma e passa por essas "conversas". Deve ser torturante...
Esses "podcast" modernos começaram de um forma interessante, mas de uns tempos para cá tem se tornando mais do mesmo e por longos horas. Fora que passaram dos limites, pois 4 horas de conversa fiada é exagero. Para completar, acabam fazendo cortes que em algum momento acabam tirando uma frase complementa de contexto ou, na correia para ocupar agendas, acabam colocando pessoas que em nada somam para a sociedade.
Abraço Luciano.