"A dimensão fenomenológica e transcendental da matriz neo-pagã (...)" | Luís Filipe B. Teixeira

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  • เผยแพร่เมื่อ 13 ก.ค. 2024
  • Décima sessão do III Curso de Verão em Literatura, Humanismo e Cosmopolitismo, organizado pelo Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta e dedicado ao tema Natureza, que decorreu no dia 08 de julho de 2024.
    A dimensão fenomenológica e transcendental da matriz neo-pagã do conceito de natureza («das coisas») em Fernando Pessoa
    Sinopse:
    O conceito de Natureza, em Fernando Pessoa, atravessa e constitui uma das matrizes do seu pensamento e obras, quer poéticas quer ensaísticas, sendo, como não podia deixar de ser, pilar recorrente da própria heteronímia. Com efeito, nela assenta a própria «tentativa de reconstruir/reformar o (Neo-)Paganismo», base da defesa do «Regresso dos Deuses» nas suas diversas formas. As duas obras teóricas em que se apoia esta «defesa/reconstrucção», «nos seus dois ramos divergentes, o neo-paganismo portuguez» são «o Regresso dos Deuses de António Mora, e o Paganismo Superior de Fernando Pessoa» (Luis Filipe B. Teixeira, ORD, I,5). Caeiro, poeta materialista, «filho» de Lucrécio e do «naturalismo grego», é, de facto, «o S. Francisco de Assis do novo paganismo» (Luis Filipe B. Teixeira, ORD, II, 215) e, por isso, o «reconstructor/reformador do paganismo» de que o Dr. António Mora é o seu «continuador filosófico». Se, em Caeiro, «Guardador de Rebanhos» que, afinal, são os pensamentos, assistimos à «Entrega» e «Eterna Criança»; em Reis, poeta Horaciano, manifesta-se o «diálogo dentro da Natureza» e a «Indiferença»; Campos, por sua vez , nesta tipologia, elabora «súplicas à Noite», ao «Instinto de Morte» e à «Viagem de regresso», tendo a «mala» como símbolo de Viagem da Vida e a Terra como «Mãe verde», «Mãe carinhosa» e «vertiginosa» nessa «excentricidade caótica» de ressonâncias vergilianas («Iniciativa»); e, por fim, esta «quadratura circular» cumpre-se, uroboricamente, na «Morte e Regresso» da Alma Portuguesa em Fernando Pessoa ortónimo e na Natureza como «Mar» e «Ilha» e »Instinto de Infância» e apelo às origens órficas e à figura Mítica da «Mãe como forma arquetípica de «equilíbrio» e «acolhimento». Por sua vez, o Dr. António Mora que, sozinho, escreveu mais que Reis e Caeiro juntos, defende esse «retorno» a partir de um «Programa» preciso e bem delineado, desde logo, tendo por base uma «Theoria dos Deuses. O que são os Deuses?» e as próprias «Provas da existência dos deuses.» (Luis Filipe B. Teixeira, ORD, II, 217-220). Nestes documentos está bem presente o que designaríamos por dimensão fenomenológica e transcendental, quer desse mesmo Paganismo (como escreve num dos fragmentos dos seus «Prolegómenos…», «O Paganismo Transcendental - o ocultismo», Luis Filipe B. Teixeira, ORD, II, 241), fazendo-o avançar pela «defesa de Apollo contra Christo», quer, evidentemente, por via de uma reflexão alargada da(s) noções de Natureza, não como natura naturata, inerte, mas como natura naturans, dinâmica, em processo, as bases da descoberta do «sentimento naturalista», pois o indivíduo é, essencialmente, uma «realidade natural» e, por isso, como acrescenta no «Programa de Athena» (de que Mora foi o Director), há que fazer frente ao espirito filosófico, «doente», do kantismo (a partir da elaboração de uma «Contrathese à C.R.Pura de Kant….») e, reformando-o, «reintegrar o Homem na Natureza, sem o tirar da Humanidade» (Luis Filipe B. Teixeira, ORD, II, 125). Daí, igualmente, que, em termos sistemáticos, «os Prolegómenos sejam um ataque ao Christianismo» e «Os Fundamentos uma defesa do paganismo» (Luis Filipe B. Teixeira, ORD, II, 237). Neste nosso Seminário tentaremos reflectir, sistematicamente, sobre tudo isto, demonstrando, quer particularmente, com base nos documentos existentes no espólio, quer a partir das suas articulações filosóficas, o sentido de todo este «programa» pessoano que, evidentemente, toma a «Natureza» por reflexão fundante e fundamental.
    Luís Filipe B. Teixeira é Licenciado (1984) e Mestre em Filosofia (1990) (Univ. Lisboa) e Doutorado em Estudos Portugueses (Univ. Nova de Lisboa, 1998). Professor na University of the People. Foi Director da ECATI-Escola de Comunicação, Artes e Tecnologias da Informação/ULHT. É (ex-)investigador do Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design e (ex-)Investigador (colaborador) da equipa do Centro de Estudos de Comunicação e Linguagens que desenvolveu o projecto «A Ficção e as Raízes da Cibercultura» (2010-2014). É Membro do Conselho Editorial da Platô Editorial. É autor de mais de uma centena de ensaios e livros sobre várias áreas da cultura contemporânea, de que se destacam: A Consciência Sacra (Mar.Fim, 1987), O Nascimento do Homem em Pessoa (Cosmos, 1992); Fernando Pessoa e o ideal neo pagão (FCG/Acarte, 1996); Pensar Pessoa (Lello Editores, 1997); Obras de António Mora (IN-CM, 2002); Hermes ou a experiência da mediação (Pedra de Roseta, 2004); Fernando Pessoa e a Filosofia sanatorial (Nova Vega, 2009); O Regresso dos Deuses (2024). É criador, produtor dos conteúdos e CEO das «Escritas Mutantes».

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