Que alegria ver um vlog adulto de quem não finge ter de trocar de roupa, não dá gritinhos planejados e lê algo diferente do que a literatura de fantasia adolescente que se vê por aí.
Complementando o bom resumo de Paloma acerca do enredo em si do romance, mais nos aspectos contexto, implicações e crítica da obra. Faço-o porque essa obra tem um significado muito importante para mim também e também com o intuito de ajudar outros a se entusiasmar por ela. No romance, Adrian Leverkühn nasceu no final do século XIX próximo à cidade de Kaiseraschern, que é na verdade Naumburg, situada no chamado “Triângulo da Saxônia” composto por Leipzig, Dresden e Halle. Em termos de história da música, essa é a região mais rica da Alemanha. Lá se desenvolveram compositores da grandeza de um Heinrich Schütz, Johann Sebastian Bach, Georg Friedrich Händel, Robert Schumann, Felix Mendelssohn-Bartholdy, entre muitos outros, sem contar que é também um dos ninhos mais exuberantes de excelentes orquestras sinfônicas , a exemplo da antológica Leipzig Gewandhaus Orchester. A obra da juventude de Adrian Leverkühn foi composta no estilo romântico tardio do francês Claude Debussy e do bávaro Richard Strauss (que Thomas Mann conheceu, aliás, pessoalmente). Por exemplo, a primeira obra orquestral de Leverkühn - o poema sinfônico Iluminações do Mar - é impressionista e a sua descrição no romance recorda La Mer de Debussy. Depois do pacto, o estilo composicional de A.L. se torna avanguardista e envereda pioneiramente no sistema dodecafônico que dá o mesmo valor às 12 notas da escala cromática, estilo de fato inventado pelo compositor austríaco Arnold Schoenberg e exposto em sua obra seminal Harmonielehre (Teoria da Harmonia) que viria a influenciar fortemente toda a música erudita do pós-Guerra. Leverkühn compõe então no romance obras-primas - com forte emancipação da dissonância harmônica - que estabelecem sua reputação, incluindo um oratório sobre o Livro da Revelação do Apocalipse de São João (1919), coinispirado pelas xilogravuras Apocalipsis cum Figuris do pintor renascentista Albrecht Dürer, e uma cantata sinfônica épica, A Lamentação do Doutor Fausto (1920). A carreira meteórica de Adrian se encerra prematuramente em 1930 quando ele sofre um colapso mental por conta de uma neurosífilis, último estágio de uma sífilis contraída deliberadamente na juventude. Ele vem a morrer 10 anos depois disso, em estado de demência, em sua casa-fazenda (Hof) em Pfeiffering, que é na verdade Poling bei München, aldeia próxima aos Alpes Bávaros. (O fato de Adrian levar uma vida reclusa e misantrópica em Pfeiferring é possivelmente uma referência biográfica ao filósofo existencialista Heidegger, cuja teorias filosóficas forneceram bases para o pensamento nazista de culto à morte e sublimação da ação guerreira como forma de superação da Angst, da angústia existencial, rebaixando valores burgueses e ideais republicanos, similar ao que a Adrian faz ao proclamar a impossibilidade da nobreza e da bondade humanas após a morte de Nepomuk e assim "revogar a Sinfonia Coral" de Beethoven). As inovações harmônicas de Adrian Leverkühn (em verdade Arnold Schoenberg) deram forma à música erudita do pós-Guerra influenciando grandes compositores modernos como o romeno György Ligeti (que leu apaixonadamente o Doutor Fausto de Mann) e o russo Alfred Schnittke. (Quem tiver a curiosidade de “ouvir” como soaria a música de vanguarda de Adrian, recomendo que ouça as seguintes obras: Erwartung Opus 17, de Schoenberg; Lux Aeterna e o Requiem de Ligeti, músicas aliás usadas na trilha sonora do filme 2001 Uma Odisséia no Espaço, de Kubrick, para acompanhar as aparições do “Monolito”; e a Cantata Fausto de Schnittke.) Uma curiosidade é que a biografia de Adrian Leverkühn foi tão impecavelmente alinhavada por T.M., com construções retiradas à vida de vários outros compositores reais, que muitos na Alemanha pensam que esse compositor, com sua aparição meteórica nos céus turbulentos da República de Weimar, realmente existiu! Porém, sua estória não passa de uma dramatização alegórica de que Mann se valeu para expor o declínio espiritual e intelectual da Alemanha, cuja gestação se iniciou no final do século XIX sob a ética militar do prussianismo e foi acalentada por leituras espúrias dos exageros e dos excessos tóxicos de aspectos das obras de Richard Wagner, Friedrich Nietzsche, e antes deles dos professores de filosofia Fichte e Hegel, e que culminou na primeira metade do século XX com os credos anti-semitas da chamada “Arianosofia”, crivada de interpretações estapafúrdias e aterradoras tiradas ao darwinismo social e à eugenia e misturadas com leituras delirantes e ocultistas do passado nórdico e bárbaro dos alemães. Com isso, o povo alemão cedeu conscientemente a pulsões mórbidas que o afastaram de seu rico passado neoclássico e iluminista, sim, que o desviaram do legado estético de expoentes humanistas como Bach, Beethoven, Goethe, Herder, Schiller, Lessing e Kleist e que acabaram culminando no fanatismo narcísico, bélico e megalomaníaco do Estado totalitário do fascismo, com todas as suas consequências catastróficas da Guerra Total e do Holocausto. Apesar da colossalidade evidente desta obra de Mann, ela é também frequentemente criticada por sua prolixidade, por vezes realmente constrangedora, e por ser uma espécie de ensaio-Frankenstein que procura, em verdadeiro afã enciclopédico, unificar os campos muito díspares da música, da filosofia, da história e da política. A princípio, isso pode parecer um grande mérito intelectual, mas, na prática, acaba resultando em um todo hermético de leituras truncadas e dificílimas, de forma que é não incomum que muitos leitores simplesmente abandonem o livro e tendam a ficar com a impressão de que Thomas Mann, além de possivelmente um grande escritor, era também um “filósofo chato”, epíteto que seus críticos de fato lhe deram. Particularmente, eu concordo que essa crítica (“intriga da oposição”?) tem um certo grau de validade, embora reconheça que a obra é sim um baluarte da literatura do século XX. Boa Noite!
Ricardo, seus comentários são impecáveis! Vc veria alguma relação de 24 anos , tempo de vida q Adrian recebe após fazer o pacto, com algum período específico de 24 anos da Alemanha? Estou conjecturando, tão somente. Abs
@@fernandosathler436 Oi, Fernando, meu caro, Boa Tarde! Mais provavelmente os 24 anos que T.M. escolheu para o período criativo de Adrian pós-pacto se referem ao tempo que transcorreu entre a publicação do Fausto I de Goethe (1808) e do Fausto II de Goethe (1832). Mas tenho abaixo mais outra hipótese que escrevi em comentários anteriores: Em 1921, Adolf HITLER tornou-se líder do Partido Nazista. Além disso, em 4 de novembro de 1921, a taberna HOFBRÄUHAUS, em Munique, também foi o local de nascimento da mais tarde temida organização de luta de rua nazista, a Sturmabteilungen ou SA. Naquele dia, o Partido Nacional Socialista realizou uma grande reunião pública na cervejaria e, depois que HITLER falou por algum tempo, a reunião explodiu em uma balbúrdia. Houve uma luta massiva entre os brigões nazistas e seus oponentes social-democratas e comunistas. HITLER conseguiu terminar seu discurso, apesar do caos de mesas e cadeiras quebradas e canecas de cerveja jogadas sobre ele. Pois bem, exatamente 24 ANOS DEPOIS desses eventos, em 1945, aconteceria a trágica declaração de capitulação da combalida Alemanha em meio à sua destruição total (“Hora Zero”). Chega a causar um arrepio gelado na espinha perceber o que está por trás dos vinte e quatro anos de pacto fáustico do trágico herói do romance de Thomas Mann... Forte abraço!
Há alguns anos eu li "Os Buddenbrook" e me lembro de ficar impressionado com algo que até agora só vi uma vez na vida: a capacidade de escrever a música (com isso me refiro a poder descrever, com palavras, as notas e o sentimento musicais). Fiquei fascinado ao "ouvir" a música que o jovem Hanno tocava ao piano baseado somente nas descrições do Mann. Ainda não li outras obras do autor (logo corregirei isto), mas sou testemunha da sua genialidade. 🤚🏼😅
@@PalomaLima "A Montanha Mágica" (inclusive comprei o livro do Carpeaux que vc indicou) e já estou me preparando psicologicamente rsrsrs Quem sabe ainda leio alguma novela do Mann ainda este ano, mas assim que comece "Doutor Fausto" (talvez ano que vem) vou usar sua playlist 😁
Comecei a ler Thomas Mann com "A Montanha Mágica" e somente um capítulo me deixou bastante entediada - é aquele em que se descreve em minúcias o trajeto do oxigênio no corpo humano. Mann é MUITO detalhista e isso acaba me cansando um pouco. Os diálogos em francês também foram bem maçantes. Li esse livro como um desafio para mim mesma e no final eu estava chorando, pq tinha me apaixonado por Hans Castorp. Agora estou lendo "Doutor Fausto". Não entendo nada de música clássica, mas aprecio esse gênero. Como já li "Fausto", de Goethe, e entendo as analogias com a Alemanha e a Segunda Guerra Mundial, estou achando esse livro mais fácil. Masssss.... Não precisa de nada disso para curtir esse livro! Saibam apenas de que não é uma leitura fácil, pq Thomas Mann é muito erudito e usa palavras muito rebuscadas. Boa leitura a todos!
Paloma, tem um capitulo dividido em 3 partes, o cap 34, em que Mann apresenta, pelo Serenus, os diferentes tipos de pensamentos que fluíam na Alemanha entre guerras. Esse capitulo é fascinante, porque em um sarau, um miriade de personagens surgem com ideias ridículas, e, esse é o humor de Mann, sutil e sofrido. A abolição da ideia de individuo para a convergência a sistemas com apologia à violência, ou a retomada de ideias tolas sobre narrativas místicas, sumarizam o que ele pensave dos intelectuais entre-guerras que permitiram a ascensão de Hitler. Poderia ficar horas conversando sobre esse livro que me impressionou tanto, pela linguagem rebuscada e filosófica, mas ao mesmo tempo tão humana e tal triste. obrigado por trazer esse livro no seu canal
leiam devagar. Cada frase tem tanto significado, tanta alegoria, e o texto é tão lindo e perfeito que paga todo o esforço de atravessar suas 700 paginas. uma experiencia espiritual transformadora
Gostei muito da Resenha. Na verdade a melhor q vi até agora. Fala muito bem e tranquilamente sem aquela coisa acelerada, com recortes a cada 3 segundos q a gente vê por aí. E fala com propriedade e conhecimento. Parabéns.
Meu primeiro contato com Mann foi com Os Buddenbrook. Eu jamais achei que iria ficar tão impressionado com um autor. A capacidade de concatenar as palavras e extrair delas as descrições mais incríveis para a a natureza das coisas é chocante e comovente em Mann. Pense o que você seria capaz de escrever por exemplo sobre tifo. Umas cinco ou seis palavras? Duas frases? Pois Mann fez um capítulo inteiro sobre tifo e a forma como ele narra te faz sentir absolutamente imerso nas sensações e angústias da doença. O último parágrafo desse capítulo sobre tifo foi uma das coisas mais incríveis que já li.
Rafael, esse capítulo sobre o tifo me tocou profundamente - lembro que reli 3 vezes. E a gente fica ainda mais "embasbacado" quando lembramos que ele escreveu aquilo aos 24 anos (!)
Vi duas vezes. É uma delícia ouvir vc falar deste livro. Tenho o livro, acabei abandonando devido a correria, mas vou retomar mesmo tendo visto todos os vídeos da leitura conjunta, pois sei que a experiência de leitura é incrível e não ligo para spoilers. Kkk Amei todos os vídeos!🥰🌷
Que bela resenha! Vou começar a leitura bem mais entusiasmada. Depois que descobri suas resenhas confesso que que ver todas as postagens... Parabéns 👏👏
Ótima resenha de um dos livros do meu coração. Dá pra dizer que Doutor Fausto foi escrito a quatro mãos, já que o Adorno colaborou intensamente na parte musicológica da obra.
Paloma, foi um grande desafio essa leitura coletiva. Meu primeiro do Thomas Mann. Agradeço demais pelos seus vídeos que deram o gás necessário pra que eu não abandonasse e conseguisse ver algumas das camadas da obra, que, como você mesmo diz, é para outras releituras. Parabéns por essa resenha. Conseguiu trazer os principais pontos com sua didática de sempre. Amanhã estarei na live!!
Apesar de não ter participado da LC (por um certo medo de não ter capacidade de entender Thomas Mann 😔), assisti todos os vídeos e adorei! Depois de tudo o que você falou a respeito, de forma tão cativante, com certeza vou me arriscar e ler Doutor Fausto. Caso não entenda mesmo, posso ficar revendo e revendo e revendo seus vídeos...☺️
Nem assisti ao vídeo ainda mas já coloquei Doutor Fausto na wish list porque sou bem emocionada UAUAHA. Paloma, já decidiu quando começará a leitura coletiva dos Contos do Tolstói? Mês que vem terá Prime Day e eu queria ver se entra em promoção também kkkk
nao vejo a hora de ler esse livro! tenho muita vontade de conhecer o autor e estou pretendendo ler o primeiro livro dele agora nas férias da faculdade e já estou ansiosa pra ler esse - mas vai demorar um pouquinho kkkkk obrigada por tanta dedicação, Paloma! É visível o quanto você leva a sério o que se propõe. Ótimo vídeo 💛
Foi a primeira obra do Thomas Mann que li (apesar de me recomendarem não começar logo por este, rsrs), e mesmo não entendendo tudo (tarefa quase impossível) deu pra extrair o suficiente pra dizer que esse livro é maravilhoso, grandioso, belo e genial, “E que Deus tenha misericórdia de vossas pobres almas, meus amigos, minha pátria!”
Mal terminei de ler esse livro e já coloquei como meta reler daqui há pelo menos 5 anos. E nesse meio tempo vou buscar mais referências para entender melhor a obra do Mann. Foi minha primeira leitura desse autor, achei difícil em certo aspecto, sobretudo na parte de teoria literária, mas no geral é uma leitura bem proveitosa porque gera inúmeras interpretações e cada discussão que vejo a respeito noto que as opiniões divergem em sentidos bem diferentes. Gostei muito da experiência! Obrigada Paloma por promover essa LC e pelos vídeos de acompanhamento, esse auxílio foi fundamental para uma melhor experiência e a live final foi sensacional 👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾
Hoje visitando um sebo, me deparei com esse livro e tive que levar, pq só lembrei de vc, Paloma. Acha q seria muito "traumático" começar Thomas Mann por este livro ?
Me arrependo de ter lido " A montanha Mágica" com pressa, acabei não gostando tanto do livro. Quando eu for ler Doutor Fausto, certamente, lerei no kindle para utilizar bastante o Wikipédia e não se perder nas inúmeras referências e, além disso, ver os vídeos de leituras conjuntas, pois são alguns detalhes que você não pega e, sem dúvida, fazem total diferença na construção de sentido do livro. Portanto, Caso alguém queira ler Mann e é o primeiro contato, conselho que dou, vá ler com tempo, sem querer terminar o livro rápido, pesquisando e entendendo o que é falado. Poxa, eu fui ler achando que iria acontecer coisas fantásticas, enquanto a beleza do livro está nos seus longos diálogos e discussões filosóficas.
Queria ter participado da leitura conjunta 😔 mas infelizmente não consegui porque fiquei com menos tempo por estar fazendo faculdade e ter começado a trabalhar
Posso estar redondamente enganado, mas em nenhum momento achei no livro a citação de que o compositor teria contraido sífilis, e muito menos que a esmerada tenha lhe dito que estava com a mesma.
Oi, Leandro! Recomendo que assista aos vídeos aqui do canal nos quais comento a leitura de Doutor Fausto capítulo a capítulo. Lá eu indico o capítulo onde está essa passagem.
@@PalomaLima Boa tarde Paloma. Obrigado pela sua manifestação. Na verdade o que eu quis dizer é que não li em momento algum na obra, a palavra "sífilis" escrita literalmente. Obs: Li "Doutor Fausto" por completo.
@@leandromartins2502 se eu não me engano, ela não aparece de forma literal, mesmo. Mas pelo modo que a Esmeralda fala do que ela tinha e como a doença é descrita, sabe-se que se trata de sífilis.
Das discussões que o Mann propõe nele, que requerem uma bagagem considerável de referências para que consigamos apreender pelo menos minimamente o que ele está falando, rs. Como falei no vídeo, é um livro de releituras, mesmo. Impossível pegar tudo "de primeira"
Apenas uma observação: sabia que o Carlos Ruiz Zafón trabalha o pacto faustico em uma de suas obras? 👀 Eu sei que vc comentou que não sente vontade de ler algo dele agr mas eu precisava aproveitar essa oportunidade hahah
@@PalomaLima Então, não sei se vc já conhece, mas o Zafón tem uma série de livros conhecida como O Cemitério dos Livros Esquecidos. Foi com essa série que ele ganhou maior notariedade como escritor. Por que estou citando ela? Porque ele desenvolve o pacto faustico no 2º livro dessa série, O Jogo do Anjo. O próprio autor esclarece que não se trata de uma série contínua e que o leitor pode começar por qualquer um dos 4 livros que a compõe. Porém, eu e outras pessoas que já a leram, discordamos bastante dessa recomendação. Com isso, fica a seu critério, vc pode começar diretamente pelo O Jogo do Anjo. Ou, vc pode começar pelo A Sombra do Vento e, logo em seguida, partir para O Jogo do Anjo.
Muito legal!!!.
Que alegria ver um vlog adulto de quem não finge ter de trocar de roupa, não dá gritinhos planejados e lê algo diferente do que a literatura de fantasia adolescente que se vê por aí.
Complementando o bom resumo de Paloma acerca do enredo em si do romance, mais nos aspectos contexto, implicações e crítica da obra. Faço-o porque essa obra tem um significado muito importante para mim também e também com o intuito de ajudar outros a se entusiasmar por ela.
No romance, Adrian Leverkühn nasceu no final do século XIX próximo à cidade de Kaiseraschern, que é na verdade Naumburg, situada no chamado “Triângulo da Saxônia” composto por Leipzig, Dresden e Halle. Em termos de história da música, essa é a região mais rica da Alemanha. Lá se desenvolveram compositores da grandeza de um Heinrich Schütz, Johann Sebastian Bach, Georg Friedrich Händel, Robert Schumann, Felix Mendelssohn-Bartholdy, entre muitos outros, sem contar que é também um dos ninhos mais exuberantes de excelentes orquestras sinfônicas , a exemplo da antológica Leipzig Gewandhaus Orchester.
A obra da juventude de Adrian Leverkühn foi composta no estilo romântico tardio do francês Claude Debussy e do bávaro Richard Strauss (que Thomas Mann conheceu, aliás, pessoalmente). Por exemplo, a primeira obra orquestral de Leverkühn - o poema sinfônico Iluminações do Mar - é impressionista e a sua descrição no romance recorda La Mer de Debussy. Depois do pacto, o estilo composicional de A.L. se torna avanguardista e envereda pioneiramente no sistema dodecafônico que dá o mesmo valor às 12 notas da escala cromática, estilo de fato inventado pelo compositor austríaco Arnold Schoenberg e exposto em sua obra seminal Harmonielehre (Teoria da Harmonia) que viria a influenciar fortemente toda a música erudita do pós-Guerra. Leverkühn compõe então no romance obras-primas - com forte emancipação da dissonância harmônica - que estabelecem sua reputação, incluindo um oratório sobre o Livro da Revelação do Apocalipse de São João (1919), coinispirado pelas xilogravuras Apocalipsis cum Figuris do pintor renascentista Albrecht Dürer, e uma cantata sinfônica épica, A Lamentação do Doutor Fausto (1920). A carreira meteórica de Adrian se encerra prematuramente em 1930 quando ele sofre um colapso mental por conta de uma neurosífilis, último estágio de uma sífilis contraída deliberadamente na juventude. Ele vem a morrer 10 anos depois disso, em estado de demência, em sua casa-fazenda (Hof) em Pfeiffering, que é na verdade Poling bei München, aldeia próxima aos Alpes Bávaros. (O fato de Adrian levar uma vida reclusa e misantrópica em Pfeiferring é possivelmente uma referência biográfica ao filósofo existencialista Heidegger, cuja teorias filosóficas forneceram bases para o pensamento nazista de culto à morte e sublimação da ação guerreira como forma de superação da Angst, da angústia existencial, rebaixando valores burgueses e ideais republicanos, similar ao que a Adrian faz ao proclamar a impossibilidade da nobreza e da bondade humanas após a morte de Nepomuk e assim "revogar a Sinfonia Coral" de Beethoven).
As inovações harmônicas de Adrian Leverkühn (em verdade Arnold Schoenberg) deram forma à música erudita do pós-Guerra influenciando grandes compositores modernos como o romeno György Ligeti (que leu apaixonadamente o Doutor Fausto de Mann) e o russo Alfred Schnittke. (Quem tiver a curiosidade de “ouvir” como soaria a música de vanguarda de Adrian, recomendo que ouça as seguintes obras: Erwartung Opus 17, de Schoenberg; Lux Aeterna e o Requiem de Ligeti, músicas aliás usadas na trilha sonora do filme 2001 Uma Odisséia no Espaço, de Kubrick, para acompanhar as aparições do “Monolito”; e a Cantata Fausto de Schnittke.)
Uma curiosidade é que a biografia de Adrian Leverkühn foi tão impecavelmente alinhavada por T.M., com construções retiradas à vida de vários outros compositores reais, que muitos na Alemanha pensam que esse compositor, com sua aparição meteórica nos céus turbulentos da República de Weimar, realmente existiu!
Porém, sua estória não passa de uma dramatização alegórica de que Mann se valeu para expor o declínio espiritual e intelectual da Alemanha, cuja gestação se iniciou no final do século XIX sob a ética militar do prussianismo e foi acalentada por leituras espúrias dos exageros e dos excessos tóxicos de aspectos das obras de Richard Wagner, Friedrich Nietzsche, e antes deles dos professores de filosofia Fichte e Hegel, e que culminou na primeira metade do século XX com os credos anti-semitas da chamada “Arianosofia”, crivada de interpretações estapafúrdias e aterradoras tiradas ao darwinismo social e à eugenia e misturadas com leituras delirantes e ocultistas do passado nórdico e bárbaro dos alemães. Com isso, o povo alemão cedeu conscientemente a pulsões mórbidas que o afastaram de seu rico passado neoclássico e iluminista, sim, que o desviaram do legado estético de expoentes humanistas como Bach, Beethoven, Goethe, Herder, Schiller, Lessing e Kleist e que acabaram culminando no fanatismo narcísico, bélico e megalomaníaco do Estado totalitário do fascismo, com todas as suas consequências catastróficas da Guerra Total e do Holocausto.
Apesar da colossalidade evidente desta obra de Mann, ela é também frequentemente criticada por sua prolixidade, por vezes realmente constrangedora, e por ser uma espécie de ensaio-Frankenstein que procura, em verdadeiro afã enciclopédico, unificar os campos muito díspares da música, da filosofia, da história e da política. A princípio, isso pode parecer um grande mérito intelectual, mas, na prática, acaba resultando em um todo hermético de leituras truncadas e dificílimas, de forma que é não incomum que muitos leitores simplesmente abandonem o livro e tendam a ficar com a impressão de que Thomas Mann, além de possivelmente um grande escritor, era também um “filósofo chato”, epíteto que seus críticos de fato lhe deram. Particularmente, eu concordo que essa crítica (“intriga da oposição”?) tem um certo grau de validade, embora reconheça que a obra é sim um baluarte da literatura do século XX.
Boa Noite!
Ricardo, seus comentários são impecáveis! Vc veria alguma relação de 24 anos , tempo de vida q Adrian recebe após fazer o pacto, com algum período específico de 24 anos da Alemanha? Estou conjecturando, tão somente. Abs
@@fernandosathler436 Oi, Fernando, meu caro, Boa Tarde! Mais provavelmente os 24 anos que T.M. escolheu para o período criativo de Adrian pós-pacto se referem ao tempo que transcorreu entre a publicação do Fausto I de Goethe (1808) e do Fausto II de Goethe (1832). Mas tenho abaixo mais outra hipótese que escrevi em comentários anteriores:
Em 1921, Adolf HITLER tornou-se líder do Partido Nazista. Além disso, em 4 de novembro de 1921, a taberna HOFBRÄUHAUS, em Munique, também foi o local de nascimento da mais tarde temida organização de luta de rua nazista, a Sturmabteilungen ou SA. Naquele dia, o Partido Nacional Socialista realizou uma grande reunião pública na cervejaria e, depois que HITLER falou por algum tempo, a reunião explodiu em uma balbúrdia. Houve uma luta massiva entre os brigões nazistas e seus oponentes social-democratas e comunistas. HITLER conseguiu terminar seu discurso, apesar do caos de mesas e cadeiras quebradas e canecas de cerveja jogadas sobre ele. Pois bem, exatamente 24 ANOS DEPOIS desses eventos, em 1945, aconteceria a trágica declaração de capitulação da combalida Alemanha em meio à sua destruição total (“Hora Zero”). Chega a causar um arrepio gelado na espinha perceber o que está por trás dos vinte e quatro anos de pacto fáustico do trágico herói do romance de Thomas Mann...
Forte abraço!
Ricardo, seu fã número 1 te agradece!!!!!!
@@ricardopachecoricardo3671 creio que na lenda original também fala-se em 24 anos, não?
Há alguns anos eu li "Os Buddenbrook" e me lembro de ficar impressionado com algo que até agora só vi uma vez na vida: a capacidade de escrever a música (com isso me refiro a poder descrever, com palavras, as notas e o sentimento musicais).
Fiquei fascinado ao "ouvir" a música que o jovem Hanno tocava ao piano baseado somente nas descrições do Mann.
Ainda não li outras obras do autor (logo corregirei isto), mas sou testemunha da sua genialidade. 🤚🏼😅
Se você já ficou impressionado com esse aspecto em “Os Buddenbrook”, imagine em “Doutor Fausto”! E qual será o próximo Mann? Fiquei curiosa =)
@@PalomaLima "A Montanha Mágica" (inclusive comprei o livro do Carpeaux que vc indicou) e já estou me preparando psicologicamente rsrsrs
Quem sabe ainda leio alguma novela do Mann ainda este ano, mas assim que comece "Doutor Fausto" (talvez ano que vem) vou usar sua playlist 😁
@@DanielAlmeida72 Qual é o Livro do Carpeaux?
Comecei a ler Thomas Mann com "A Montanha Mágica" e somente um capítulo me deixou bastante entediada - é aquele em que se descreve em minúcias o trajeto do oxigênio no corpo humano. Mann é MUITO detalhista e isso acaba me cansando um pouco. Os diálogos em francês também foram bem maçantes. Li esse livro como um desafio para mim mesma e no final eu estava chorando, pq tinha me apaixonado por Hans Castorp. Agora estou lendo "Doutor Fausto". Não entendo nada de música clássica, mas aprecio esse gênero. Como já li "Fausto", de Goethe, e entendo as analogias com a Alemanha e a Segunda Guerra Mundial, estou achando esse livro mais fácil. Masssss.... Não precisa de nada disso para curtir esse livro! Saibam apenas de que não é uma leitura fácil, pq Thomas Mann é muito erudito e usa palavras muito rebuscadas. Boa leitura a todos!
Paloma, tem um capitulo dividido em 3 partes, o cap 34, em que Mann apresenta, pelo Serenus, os diferentes tipos de pensamentos que fluíam na Alemanha entre guerras. Esse capitulo é fascinante, porque em um sarau, um miriade de personagens surgem com ideias ridículas, e, esse é o humor de Mann, sutil e sofrido. A abolição da ideia de individuo para a convergência a sistemas com apologia à violência, ou a retomada de ideias tolas sobre narrativas místicas, sumarizam o que ele pensave dos intelectuais entre-guerras que permitiram a ascensão de Hitler. Poderia ficar horas conversando sobre esse livro que me impressionou tanto, pela linguagem rebuscada e filosófica, mas ao mesmo tempo tão humana e tal triste. obrigado por trazer esse livro no seu canal
leiam devagar. Cada frase tem tanto significado, tanta alegoria, e o texto é tão lindo e perfeito que paga todo o esforço de atravessar suas 700 paginas. uma experiencia espiritual transformadora
Gostei muito da Resenha. Na verdade a melhor q vi até agora. Fala muito bem e tranquilamente sem aquela coisa acelerada, com recortes a cada 3 segundos q a gente vê por aí. E fala com propriedade e conhecimento. Parabéns.
Muitíssimo obrigada, Edmar! Senti-me muito lisonjeada com seu comentário.
Meu primeiro contato com Mann foi com Os Buddenbrook. Eu jamais achei que iria ficar tão impressionado com um autor. A capacidade de concatenar as palavras e extrair delas as descrições mais incríveis para a a natureza das coisas é chocante e comovente em Mann. Pense o que você seria capaz de escrever por exemplo sobre tifo. Umas cinco ou seis palavras? Duas frases? Pois Mann fez um capítulo inteiro sobre tifo e a forma como ele narra te faz sentir absolutamente imerso nas sensações e angústias da doença. O último parágrafo desse capítulo sobre tifo foi uma das coisas mais incríveis que já li.
Rafael, esse capítulo sobre o tifo me tocou profundamente - lembro que reli 3 vezes. E a gente fica ainda mais "embasbacado" quando lembramos que ele escreveu aquilo aos 24 anos (!)
@@PalomaLima exato! Aos 24 anos! Eu vou fazer 35 e tenho dificuldades de escrever meu nome completamente hahaha.
Vi duas vezes. É uma delícia ouvir vc falar deste livro. Tenho o livro, acabei abandonando devido a correria, mas vou retomar mesmo tendo visto todos os vídeos da leitura conjunta, pois sei que a experiência de leitura é incrível e não ligo para spoilers. Kkk Amei todos os vídeos!🥰🌷
Ah, meu Deus 💜 você é muito querida, Claudia! Muitíssimo obrigada pela companhia 💜
Que bela resenha! Vou começar a leitura bem mais entusiasmada. Depois que descobri suas resenhas confesso que que ver todas as postagens... Parabéns 👏👏
Ótima resenha de um dos livros do meu coração. Dá pra dizer que Doutor Fausto foi escrito a quatro mãos, já que o Adorno colaborou intensamente na parte musicológica da obra.
Vim correndo.
Simplesmente a melhor leitura de 21! E com vc, ficou especial!!!!
Digo o mesmo sobre a companhia de vocês, Fernando!
Estou lendo e estou maravilhado com esse livro.
Paloma, foi um grande desafio essa leitura coletiva. Meu primeiro do Thomas Mann. Agradeço demais pelos seus vídeos que deram o gás necessário pra que eu não abandonasse e conseguisse ver algumas das camadas da obra, que, como você mesmo diz, é para outras releituras. Parabéns por essa resenha. Conseguiu trazer os principais pontos com sua didática de sempre. Amanhã estarei na live!!
É certo que irei ler Doutor Fausto na companhia da tua playlist, muito obrigada por isso Paloma! 😚🌹
Por nada! 💜
Apesar de não ter participado da LC (por um certo medo de não ter capacidade de entender Thomas Mann 😔), assisti todos os vídeos e adorei! Depois de tudo o que você falou a respeito, de forma tão cativante, com certeza vou me arriscar e ler Doutor Fausto. Caso não entenda mesmo, posso ficar revendo e revendo e revendo seus vídeos...☺️
Boa noite Paloma, ainda não li, mas pretendo. Obrigada por essa resenha.👏👏👏👏👏👏👏😍
Nem assisti ao vídeo ainda mas já coloquei Doutor Fausto na wish list porque sou bem emocionada UAUAHA. Paloma, já decidiu quando começará a leitura coletiva dos Contos do Tolstói? Mês que vem terá Prime Day e eu queria ver se entra em promoção também kkkk
Oi, Carol! Ainda não, mas no mês que vem isso estará definido e aí eu solto o vídeo aqui no canal explicando tudo!
@@PalomaLima Que ótimo, espero dê certo porque quero muito participar dessa vez
nao vejo a hora de ler esse livro! tenho muita vontade de conhecer o autor e estou pretendendo ler o primeiro livro dele agora nas férias da faculdade e já estou ansiosa pra ler esse - mas vai demorar um pouquinho kkkkk obrigada por tanta dedicação, Paloma! É visível o quanto você leva a sério o que se propõe. Ótimo vídeo 💛
Foi a primeira obra do Thomas Mann que li (apesar de me recomendarem não começar logo por este, rsrs), e mesmo não entendendo tudo (tarefa quase impossível) deu pra extrair o suficiente pra dizer que esse livro é maravilhoso, grandioso, belo e genial, “E que Deus tenha misericórdia de vossas pobres almas, meus amigos, minha pátria!”
Já começou "chutando a porta", rs!
Mal terminei de ler esse livro e já coloquei como meta reler daqui há pelo menos 5 anos. E nesse meio tempo vou buscar mais referências para entender melhor a obra do Mann. Foi minha primeira leitura desse autor, achei difícil em certo aspecto, sobretudo na parte de teoria literária, mas no geral é uma leitura bem proveitosa porque gera inúmeras interpretações e cada discussão que vejo a respeito noto que as opiniões divergem em sentidos bem diferentes. Gostei muito da experiência! Obrigada Paloma por promover essa LC e pelos vídeos de acompanhamento, esse auxílio foi fundamental para uma melhor experiência e a live final foi sensacional 👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾
Obrigada a você pela companhia, Mônica! Feliz demais que tenha gostado
Quero muito começar a ler Thomas Mann mas diante da sua observação com relação a dificuldade desse livro, vou começar por um + tranquilo kkkk
Decisão sábia! Rs
Ótimo vídeo. Parabéns!
Muito obrigada, Daniel, não só pelo elogio, mas também pelos comentários muitíssimo enriquecedores durante a leitura conjunta!
Vou começar por O Eleito, mas quero muito ler esse!
Acho uma boa começar por “O eleito”!
Muito, muito bom Paloma 👏👏👏👏💕💕💕💕
Que resenha maravilhosa
Muito obrigada!
Já definiu qual será a obra da próxima leitura coletiva? Amo seus vídeos!
Os contos do Tolstói! Será no segundo semestre =)
Alguém me pode indicar uma biografia boa de Thomas Mann?
Estou a ler a Montanha Mágica e gostava de saber mais sobre o autor .
Obrigada Igor
QUE VIDEO MARAVILHOSOS Estou na duvida se leio a montanha magica tenho ouvido falar muito dele também e vsrias coisas positivas
Dá trabalho, mas vale MUITO a pena!
Lerei A montanha mágica com a Isabella do canal Ler antes de morrer, em junho. Aguardando ansiosamente.
Hoje visitando um sebo, me deparei com esse livro e tive que levar, pq só lembrei de vc, Paloma. Acha q seria muito "traumático" começar Thomas Mann por este livro ?
Me arrependo de ter lido " A montanha Mágica" com pressa, acabei não gostando tanto do livro. Quando eu for ler Doutor Fausto, certamente, lerei no kindle para utilizar bastante o Wikipédia e não se perder nas inúmeras referências e, além disso, ver os vídeos de leituras conjuntas, pois são alguns detalhes que você não pega e, sem dúvida, fazem total diferença na construção de sentido do livro. Portanto, Caso alguém queira ler Mann e é o primeiro contato, conselho que dou, vá ler com tempo, sem querer terminar o livro rápido, pesquisando e entendendo o que é falado. Poxa, eu fui ler achando que iria acontecer coisas fantásticas, enquanto a beleza do livro está nos seus longos diálogos e discussões filosóficas.
José e seus irmãos
Trilogia de Thomas Mann.
M a r a v i l h o s o s.
Queria ter participado da leitura conjunta 😔 mas infelizmente não consegui porque fiquei com menos tempo por estar fazendo faculdade e ter começado a trabalhar
Posso estar redondamente enganado, mas em nenhum momento achei no livro a citação de que o compositor teria contraido sífilis, e muito menos que a esmerada tenha lhe dito que estava com a mesma.
Oi, Leandro! Recomendo que assista aos vídeos aqui do canal nos quais comento a leitura de Doutor Fausto capítulo a capítulo. Lá eu indico o capítulo onde está essa passagem.
@@PalomaLima Boa tarde Paloma. Obrigado pela sua manifestação. Na verdade o que eu quis dizer é que não li em momento algum na obra, a palavra "sífilis" escrita literalmente.
Obs: Li "Doutor Fausto" por completo.
@@leandromartins2502 se eu não me engano, ela não aparece de forma literal, mesmo. Mas pelo modo que a Esmeralda fala do que ela tinha e como a doença é descrita, sabe-se que se trata de sífilis.
Paloma, ele é difícil em que sentido? Fiquei meio confusa porém, como sempre, querendo ler porque vc recomenda hahaha
Das discussões que o Mann propõe nele, que requerem uma bagagem considerável de referências para que consigamos apreender pelo menos minimamente o que ele está falando, rs. Como falei no vídeo, é um livro de releituras, mesmo. Impossível pegar tudo "de primeira"
Apenas uma observação: sabia que o Carlos Ruiz Zafón trabalha o pacto faustico em uma de suas obras? 👀 Eu sei que vc comentou que não sente vontade de ler algo dele agr mas eu precisava aproveitar essa oportunidade hahah
Não sabia! Ok, agora fiquei mais interessada haha em qual livro ele faz isso?
@@PalomaLima Então, não sei se vc já conhece, mas o Zafón tem uma série de livros conhecida como O Cemitério dos Livros Esquecidos. Foi com essa série que ele ganhou maior notariedade como escritor. Por que estou citando ela? Porque ele desenvolve o pacto faustico no 2º livro dessa série, O Jogo do Anjo. O próprio autor esclarece que não se trata de uma série contínua e que o leitor pode começar por qualquer um dos 4 livros que a compõe. Porém, eu e outras pessoas que já a leram, discordamos bastante dessa recomendação. Com isso, fica a seu critério, vc pode começar diretamente pelo O Jogo do Anjo. Ou, vc pode começar pelo A Sombra do Vento e, logo em seguida, partir para O Jogo do Anjo.
Retorne à primeira página do primeiro capítulo, linhas 22 e 23. Havia dois anos da morte de Adrian, e não três como vc disse.