Carreta Bitrem - História e evolução, será o fim?

O Bitrem de 7 eixos é uma clássica configuração de carreta brasileira, com uma interessante e importante participação na história recente do transporte. Era final da década de 80 quando os primeiros bitrens entraram em teste no Brasil, criação do proprietário da transportadora sobre rodas, de Caxias do Sul, Sr Dirceo Sironi, que iniciou os testes diuturnos em 1988 com AET, com carretas criadas pela Guerra S/A, e utilizando os cavalos mecânicos mais potentes da época, como Volvo N12 XH, Scania 142, e Mercedes 1941.
O bitrem seria finalmente legalizado para comercialização no início dos anos 90, ainda necessitando de AET, e no decorrer daquela década foi ganhando espaço no mercado, e a partir do anos 2000 inundavam o mercado em vários seguimentos.
Um fato interessante é que as carretas com eixos espaçados, as vanderleias, haviam surgido antes do bitrem, com principais registros começando na década de 70, porém demoram para obter sucesso, e viria a ter grande destaque no mercado juntamente com o bitrem 7 eixos, na década de 90 e anos 2000.
Em comparação com as carretas LS de 3 eixos, vemos por que o bitrem era bem mais vantajoso em termos de carga líquida e por que ganhou tanta adesão, um cavalo 6x2 mais carreta 3 eixos, tinha PBT de 48,5 t, sendo uma carga líquida de aproximadamente 31 toneladas, já o bitrem, teria no total 1 eixo a mais, porém PBT de 57 toneladas, sendo carga liquida de aproximadamente 37 toneladas, um ganho bem significativo, obtido com apenas um eixo a mais.
Já a vanderleia moderna, tinha PBT de 53 toneladas, com uma carga líquida de 36, apenas uma tonelada a mais que o bitrem, e um eixo a menos.
Em 2011, o uso do 7 eixos sofreu um duro golpe, o Contran estabeleceu que apenas cavalos traçados poderiam puxar bitrens a partir daquele ano, elevando muito o custo de tal conjunto, e por isso, a partir dali passamos a ver bem menos caminhões novos nessa configuração, afinal de contas, passaria a ser mais viável então a utilização do bitrenzão 9 eixos, para mais carga, ou mesmo a vandeleia 3 eixos com cavalo 6x2.
Com isso, outras possibilidades em substituição ao Bitrem também já eram estudadas na época, uma delas, foi o cavalo mecânico de 4 eixos, que obtinha juntamente com uma carreta de 3 eixos um PBT de 54,5 t, sendo aproximadamente a mesma carga líquida de um bitrem 7 eixos, 37 t, com a vantagem de ser apenas uma carreta, dois pneus a menos e não precisar ser cavalo mecânico traçado.
Outra composição que começou a ser testada foi a carreta LS com 4 eixos, nessa composição, o PBT passava 58,5 T, sendo uma carga liquida de aproximadamente 39 toneladas.
Um marco regulatório de 2016, porém, tramitava prevendo o revogação dessa necessidade de cavalo mecânico 6x4 para bitrens, e finalmente, em 2022, a legislação foi atualizada, homologando a carreta 4 eixos, e ao mesmo tempo voltando a permitir cavalo mecânico 6x2 para bitrens de 57toneldas, e até mesmo 4x2, dentro da capacidade de carga permitida para ele, ficando portanto, todas essas opções disponíveis para escolha do que mais se adequar ao tipo de serviço e necessidade do transportador.
As carretas tipo bitrem de 7 eixos, teve uma aprovação muito grande desde a década de 90, e principalmente após os anos 2000, e muitas fabricantes criaram implementos especiais para esse conjunto, como por exemplo as basculantes, porém a configuração sofreu com algumas restrições da legislação, e hoje, ficando apenas a concorrência com as outras configurações de conjuntos que surgiram. Ainda não é o fim do bitrem, pois ainda possui vantagens, como menor desgaste de pneus, maior facilidade de distribuição da carga entre os eixos, mas seu uso caiu muito, e mesmo com as novas legislações, não deve voltar a ter uso tão difundido como antes, pois, um conjunto formato com cavalo mecânico 4 eixos, consegue aproximadamente a mesma carga, ou se for necessário carga maior, com conjunto de duas carretas, é mais viável a utilização de doly, como podemos ver penas estradas, e não o antigo bitrem comum.
#carreta #bitrem #caminhão