Não é tendencia, é uma imposição na academia essa fragmentação. Ninguém passa num processo seletivo stricto sensu com um projeto muito amplo, os membros exigem essa "delimitação". Eu sou fã e defensor da interdisciplinaridade e uso esse mecanismo no meu projeto de pesquisa, sou bem criticado por seguir essa linha. Valeu pelo vídeo, me serviu como incentivo.
Te recomendo a ler os livros "Racismo Estrutural" do Ministro Silvio Almeida e "A Sociedade Desigual" do Mario Theodoro, economista do IPEA e professor da UnB. Ambos discutem a questão econômica, política e jurídica do racismo, além de outr@s, como Alberto Guerreiro Ramos.
A primeira vez que ouvi esse conceito fiquei com os dois pés atrás (pelos mesmos motivos que tu mencionou no vídeo) cheguei até a discutir sobre a sua existência (metodológica mesmo) mas por estar imerso na academia acabei me convencendo da existência dele, esse vídeo foi extremamente importante.
Quando fui ver sobre a filosofa critica ao marxismo, confesso que senti algo muito ruim. Isso é no mínimo um contrassenso, ainda mais se levarmos em conta o que foi produzido por ela mesma. Valeu pelo video Jones! E sem querer ser presunçoso, mete seu nome no título do vídeo. Ajuda na indexação da busca. Um abraço!
Pra mim faz muito sentido o que foi dito para as áreas que você citou, das humanidades em geral. Porém, pra quem está nas ciências biológicas, na ecologia, no ambientalismo, acho que é importante esse termo e essa discussão do racismo ambiental, pq que expõe essa face que muitos nessa área não percebem, que existe racismo na questão ambiental, que existe desigualdade no uso de recursos e nos impactos sofridos pela destruição ambiental. Pra mim, por exemplo, que sou professor de ciências da escola pública, é importante eu não ficar só naquelas de dizer pra molecada não jogar lixo no rio e tomar banho mais curto, mas expor que existe essa questão racial e, por fim, a questão de classe tbm, e a impossibilidade do capitalismo ser sustentável do ponto de vista ambiental.
Faltou geografia na sua análise, o ambiente é a totalidade. Que por sinal acrescenta elementos historicamente negligenciados. Da uma olhada no carlos Walter pra aprofundar sua análise sobre ambiente.
Exatamente, faltou a discussão que se faz em Educação Ambiental, a qual critica exatamente a fragmentação e aborda o conceito de meio ambiente de modo mais amplo. Apesar disso, tal pespectiva não ignora a história das disciplinas, que se desenvolveram, para o bem e para o mal, de modo disciplinar, mas busca integrar as diferentes perspectivas que estudam o meio ambiente.
Essa fragmentação serve tão bem para os detentores do capital que só lembro do dia em que vi a Globo fazendo matéria no Fantástico sobre racismo ambiental e logo em seguida mostrando como os moradores de favela são "resilientes", "empreendedores" só porque abrem uma barbearia ou salão de beleza em 2m² na frente de casa. Ou seja, nunca tocam na pedra basilar da desigualdade socioeconômica que é o materialismo. E mais uma vez concordo com você: o que vejo de colega nas Ciências Sociais que sabem debater muito bem temas da sociologia, política, antropologia, mas evitam a economia porque tem "matemática"...um dia, meio irritado até, acabei soltando "ok, deixem a economia nas mãos dos liberais então pra vocês verem, porque eles não têm preguiça de analisar números.".
Isso me lembra em situações que vi em que a questão socioeconômica foi totalmente ignorada ou deixada de escanteio. Situações estas em que pessoas negras mais humildes, se ressentiam por não terem uma melhor condição de vida, e aí passaram a sentir raiva do negro e pardo que se encontram numa condição melhor. Em vez de se revoltarem contra os donos do poder, se revoltam contra aqueles semelhantes que têm mais grana, como se esses fossem os culpados pelos demais estarem na miséria. Tanto é que já vi o absurdo de de comentarem que negros de classe média não podem reclamar do racismo porque se estão na classe média, nada sofrem. Assim como, também, de ficarem do lado do algoz e não do igual pelo fato do igual ter mais dinheiro, não vendo que na hora que o calo apertar, o algoz irá descartar na hora. É triste essa ignorância.
Gente escrota , sem educação tem em todo os lugares, mas no Brasil, o racismo está associado mais pelas condições socioeconômicas do que pela cor de pele em si, também pela religião de matiz africana, já nos EUA é diferente, existe uma separação complicada lá.
Análise extremante pertinente. Lembremos que o materialismo histórico nos elucida que as relações culturais vêm das relações econômicas, se essa estrutura fundamental não for derrubada, não adianta muito evitar termos racistas no cotidiano.
Jones vc está atingindo uma maturidade política ideológica econômico e social como Marxista que me dá uma alegria imensa. Ver vc criticando o comportamento ou a praxis marxista como deve ser obrigação de todas que se pretendem de esquerda, o que é outro mérito, principalmente, na tua vida doméstica de separação dos afazeres como crítica prática do patriarcalismo. Tenho orgulho de vc. Grande abraço!
Essa tendência fragmentária das áreas do conhecimento tem muito a ver também com a tecnicalidade e até o método científico que não são neutros. Eles têm uma política neoliberal
Sou da filosofia e no curso estudamos como ela veio ao Brasil. Veio dos estruturalostas franceses e o próprio Paulo Arantes têm o livro um departamento frances de ultramar falando em que ele fala sobre como o curso veio ao país e foi desenvolvendo esse lado da tecnicalidade que é esse movimento fragmentário do conhecimento. A "solução" do Paulo -mal dizendo- é trazer de volta o que já existiu no curso em seu começo: sensibilidade, fazer o aluno participar do que estuda e pensar criticamente não apenas o conteúdo específico estudado
Entendo e concordo em grande parte com o vídeo, porém o termo Racismo Ambiental nasce em resposta as teorias liberais que diziam que frente a crise ambiental estariamos todos enfrentando as mesmas dificuldades, é a bobagem da teoria do risco, as teorias de ecologismo dos pobres e racismo ambiental vem para explicar que sofreremos de maneira distintas o colapso ambiental, é uma teoria que sem dúvida não pode ser olhada de maneira isolada, inclusive o ecologismo dos pobres é escrito por um economista.
Exatamente. Nesse vídeo, faltou ir na origem e no contexto de formulação do conceito pra entender o porquê dele ter sido cunhado. Racismo ambiental, aliás, surge no seio do movimento de justiça ambiental como forma de denominar um fenômeno que se queria denunciar e que, embora expressão do racismo, tinha uma dinâmica de operação específica. Isso ajudou e ajuda até hoje a desmontar a falácia liberal de que a questão ambiental atinge a todos de modo igual. No mais, de modo análogo, não é porque existe o conceito de poluição ambiental que isso invalida expressões particulares desse mesmo fenômeno, tais como poluição atmosférica ou hídrica. Dessa vez, discordo do Jones e acho que faltou ir fundo no conceito para não misturar com, aí sim, noções liberais com pouco poder explicativo do real.
No meu curso de história, por mais que tente fazer essa delimitação acaba não acontecendo, por inúmeros motivos, mas acho interessante pensar que, estas obras monumentais são a maioria da bibliografia que a gente tem que analisar, discutir e tal, por isso os trabalhos acabam ainda refletindo essa antiga tendência acadêmica/intelectual. Hj mesmo estou fazendo meu projeto de pesquisa sobre as políticas agrárias da Venezuela durante o primeiro plano socialista da nação, sou cobrado constantemente de delimitar minha problematização, não vejo como algo feito de má fé até porque essa posição pelo menos na minha universidade ocorre porque a desistência do curso é mt alta e muitos param no projeto de pesquisa ou na monografia, por inúmeros motivos, uma das formas de resolver isso que os professores decidiram é puxar o aluno para diminuir o objeto e as esferas de observação.
Continue fazendo essa síntese entre questões sociais e econômicas. Isso é fundamental. Qualquer pensador relevante em ciências sociais deve se preocupar com isso.
Jones! Esse quadro ai é muito phoderoso! Pf me dê os créditos. Qm sabe tenha outras impressões. Amaria dar um desse pro meu pirraio🎉 e claro, ter em minha casa! Vídeo to vendo ainda.... interessadissima nessa discussão ❤
Impecavel o conteudo, como sempre Jones. Mas gostaria de sugerir que você invista em um microfone, talvez um clip-on... Vou contribuir, nao so reclamar.
Aos 14:30 aproximadamente, acho q vc pode ter se confundido falando "Odeia o marxismo mas não vive"... Ainda assim, deu pra entender a ideia na hora e, no geral, ficou fácil entender
Sou sociólogo e convivo mto com coleguinhas da área q estão imersos na perspectiva pós-moderna/pós-estruturalista. Eles são culturalistas e tendem a analisar tudo pelo viés cultural liberal, e esse viés torna difícil entender se eles estão fazendo uma análise cultural ou moral liberal. Eles usam uma série de conceitos pós-modernos, e o termo “racismo estrutural” é um deles. A crítica de que esses conceitos são esvaziados da categoria de totalidade, das categorias da economia-política (e palatáveis à ordem burguesa, portanto) é verdadeiro: percebo isso todos os dias.
Tem um livro chamado Racismo Estrutural do feinho Silvio Almeida. Pense em um livro ruim, perspectivas e conceitos usados tão errados 😂😂😂😂. Um dos piores livros que eu já li.
@@joegreenleaf, dicordo totalmente. Da coleção "Feminismo Plurais", esse é o único livro que desenvolve uma tese sociológica original sem perder a perspectiva da totalidade, se aproximando mais dos clássicos sobre o assunto do que dos outros livros da mesma coletânea.
@@thiagolisboatubeeu usei pro meu TCC cara, junto com Pele Negra e Máscara branca de Frantz Fanon, entre outros. Na época, de fato, eu achei bonzinho, mas depois me questionei bastante e ali tem muitas contradições como o próprio conceito de estrutural. Eu entendo que é uma tese dele, mas depois de ver outros autores negros acerca do assunto, me questiono se no Brasil há o racismo estrutural
Duas afirmações que revelam um pouco desse debate: 1 o racismo é, sobretudo, ambiental. 2 O ajuste fiscal é, sobretudo, racista. A 2 afirmação é muito menos comum. Contudo, exige mais esforço para compreensão da totalidade. Enfim, racismo ambiental é um disfarce redundante
Vídeo maneiro, Jones. A única coisa que penso um pouco diferente é sobre a relação entre hiperfragmentação e pós-modernidade/pós-estruturalismo. Vejo a hiperfragmentação como efeito das novas dinâmica do capitalismo mesmo: são as teses e dissertações se adequando as novas normas dos programas de pós, capes e cnpq. Os professores da antoga faziam o doutorado em uma década, hoje em dia é em 4 anos e o fundamento e publicação mesmo! O pós-estruturalismo, inclusive, aparece em inúmeroes momentos como denúncia dessa novas relação entre saber, capital e produção. Sobre os intelectuais que discutem questões raciais, so conheço você como resistência! Tem uma bem famosa, "diferentona", que sustenta a importância de artistas negra bilionária!!!
Acho muito importante essa sua fala, Jones; e esse diálogo importantíssimo com essa referência que é o Clóvis Moura. Esse vídeo tá sensacional... Reflexões e apontamentos muito importantes (e urgentes).
Vou deixar aqui uma dica técnica. Precisa melhorar muito o áudio dos vídeos, caro Jones. Eu tive muita dificuldade de assistir, porque o volume está extremamente baixo. Precisa de um microfone mais próximo e precisa colocar no volume (LUFS) padrão do TH-cam. Sucesso pra você e avante.
Foi o q Ciro falou o tempo todo, mas chamavam ele de racista por dar o foco na economia como reprodutor de desigualdade. Q mais gente acorde através da sua fala.
Concordo com a crítica às adjetivações do termo racismo. Só fiquei me perguntando se o adjetivo ambiental pode mesmo ser ligado à tendência à fragmentação ou ao micro do momento "pós-moderno" na academia. Ora bolas, o sistema Terra, atualmente em ebulição, não forma uma totalidade? Uma totalidade inclusive imensamente mais ampla (essa fina camada de atmosfera em torno da Terra em que a vida prolifera) que a totalidade chamada "Brasil"? Jones me pareceu desatualizado nessa crítica aí. Viveiros de Castro, Alyne Costa e Luiz Marques já não se focam mais no "micro"... bem pelo contrário. Sim, é importante falarmos mais de economia, mas tbm da economia em contradição com o sistema Terra. Tenho ouvido muitos marxistas falarem sobre a questão ambiental e, às vezes, me dá vergonha alheia. Quem ainda não compreendeu as consequências do conceito de entropia não poderia se reinvidicar materialista.
Vídeo fundamental, mas penso que a questão ainda vai além da exploração econômica como o encarceramento em massa de negros nos EUA e no Brasil claro dentro da sociedade capitalista.
Eu entendo e concordo com seu ponto sobre a fragmentação do conhecimento. Mas penso que ele se aplica mais na discussão em um nível intelectual mais elevado, maisnperto da academia. Não sei se o conhecimento popular sofre tanto com isso. Você nao acha que o reducionismo do racismo a meras atitudes "isoladas" ou "individuais" ocorre mesmo sobre o conceito não fragmentado? Não vejo a necessidade dessa fragmentação para a opinião pública tirar toda a questão socio-ecomonica por ex.
Inclusive, falando mais pela minha experiência com estes conceitos, eu penso que definir termos como "racismo ambiental" traz dois pontos interessantes para a luta anti racista: Primeiro ele aponta para a complexidade e profundidade do racismo, que estando inserido em problemáticas de outras áreas do conhecimento, não é sua versão reduzida. E segundo, aproxima problematicas de outras áreas do conhecimento com seus desdobramentos ou origens na questão socio-economica-racial.
Só conheço o Silvio Almeida, mas como você disse que ele não vale, acho que o Renato Freitas aborda essa questão. Não acompanho o trabalho dele, mas vez ou outra aparece um corte aqui. Num deles fez uma bela defesa dos Palestinos no plenário. Da pra ver que ele é bom porque a globo nunca pega nos atos racista cometidos contra ele. Mas o contrário eu vi. A Globo tem dado espaço pra uma economista preta nos comentários econômicos e que me parece, já aderiu ao neoliberalismo.
O preto, o pobre, o alienado, algumas minorias... Conhecer as entranhas do capitalismo é fundamental para abrir a mente e passar a contribuir para a superação desse sistema.
Lembro que há um tempo atrás essa fragmentação estava vendendo muitos livros em história - história da vida privada na idade média, o que as pessoas vestiam na idade média, o que comiam, o que bebiam, como era o vaso sanitário na idade média. kkk
Entendo sua analogia Jones, sobre a fragmentação do conceito racismo, que é um sistema politico organizado de opressão, mas nao vejo de todo mal ter essas vertentes, desde que isso seja feito por pessoas negras afrocentradas.
Isso me lembrou de um texto curtinho que li do Mao. onde ele basicamente tá falando que questão racial é uma questão de classe, obrigatoriamente. Tema importantíssimo, essa cooptação liberal no movimento negro é triste de ver.
O hip hop e o rap o mesmo caminho parecem coachs, teve um que foi conversar sobre o movimento hip-hop brasileiro com uma secretária de estado dos estadunidense pra introduzir ainda mais isso na cultura hip hop br.
Para possibilitar a construção de contribuições científicas robustas, a hiperespecialização é uma condição necessária. Para militância com certeza não. Tem que dar as condições de contorno do que se está falando. Quem quer fazer militância, não precisa ir para um doutorado, que é por essência, uma hiperespecialização. Fora este ponto, a análise é muito interessante. Na área que eu atuo a discussão de pobreza energética é muito comum. Isso se opera como uma estratégia em alguns momentos para não discutir a pobreza enquanto mazela. Em poucos casos, a seccionamentos dos problemas pode ser uma questão estratégica para avanças. Na maioria das pautas, é uma forma de não tocar no âmago da pauta, que em última instância, é se dá, na organização social vigente.
acho que, no geral, discordo fortemente, mas primeiro aquilo com que concordo: 1- já que vc admitiu que em última instância qq conceito pode ser disputado, é também verdade que alguns conceitos oferecem mais resistência do que outros. 2- o debate econômico é quase que ausente na chamada "nova esquerda", e é uma pena. agora com o que eu discordo: essa coisa de perspectiva de totalidade não existe e não pode existir. vc mesmo disse algo para o efeito de "não é uma questão de saber tudo". ora, se não é sobre tudo não é totalidade. e nunca é sobre tudo. quem é o autor, qualquer autor, que tentou explicar algo e primeiro descreveu todos os elementos do contexto? e eu quero dizer todos. nenhum. ninguém faz isso pq exigiria conhecimento não apenas das diversas áreas (economia, sociologia, linguística, etc.) mas conhecimento sobre como os objetos dessas áreas interagem entre si. é simplesmente um trabalho impossível. o que é mais comum quando se quer ter uma perspectiva "total" é que o autor selecione os elementos que lhe parecem mais importantes e os insira na análise. isso, quando feito com cuidado, é preferível ao especialismo, mas não é uma perspectiva total. como psicólogo, posso dizer que quase toda vez vez que vi um economista, sociólogo ou, principalmente, historiador falar sobre emoções, p.e., eu preferiria que tivessem ficado calados. outros pontos, mais focado no tema do vídeo: conceitos como racismo ambiental se justificam porque: 1- não é possível dizer que o racismo se imponha sobre a vida das pessoas racializadas da mesma forma. ou seja, não é pq há algo que se chama de racismo no rio de janeiro, em recife e em nova iorque que se pode dizer que esse algo seja a mesma coisa nas três cidades. isso é mais fácil de entender quando se trata da diferença entre o racismo dos states e do brasil, mas as pessoas parecem esquecer que isso é verdade para o território de um mesmo país, principalmente um tão grande quanto o brasil. racismo, afinal, é um conjunto de atos que desfavorece pessoas entendidas como pertencentes a uma raça inferior. por isso nada garante que joão negro seja vítima dos mesmos atos que josé negro. 2- se racismo não é um fenômeno total, i.e., não afeta todas suas vítimas da mesma maneira. é lógico que algumas pessoas racializadas sofrem uma forma de racismo que não necessariamente se extende às demais. no caso específico, há certos atos pertinentes ao meio ambiente que desfavorecem pessoas racializadas, racismo ambiental. 3- apenas compreendendo como certas formas específicas de racismo afetam certas pessoas e não outras é possível desenvolver estratégias capazes de mudar a situação. seria possível, por exemplo, acabar com a violência policial contra a população negra sem mudar as condições ambientais em que muitas delas vivem, e vice-versa. mas o objetivo é acabar com ambas, daí é preciso compreendê-las em sua especificidade.
Eu entendo vc, Jones. Mas vc não acha que, por exemplo, chamar de racismo religioso os ataques às religiões de matriz africana ajuda às pessoas que sofrem com os ataques? Consegui parar as piadinhas na sala de aula com relação ao candomblé e à umbanda nomeando isso de racismo religioso. Será que essa "fragmentação" não seria importante pra combater questões mais específicas, sem que isso seja um problema para a questão que envolve o racismo num aspecto mais geral, inclusive relacionado à economia?
Mesmo que educação ambiental. E depois a educação patrimonial e agora a educação financeira. Sendo que a educação é tudo isso e mais. Esses fragmentos, em vez de aprofundarem os estudos, viraram abobrinha e foram engolidos.
@@Zend-Oz sim, o racismo é um só. Mas às vezes eu acho que fica difícil, por exemplo, apontar o racismo quando ele não está relacionado diretamente à pessoa negra, mas sim de outras maneiras. Por exemplo: se uma pessoa branca sofre preconceito por ser do candomblé, tem gente que vai dizer que o que ela sofre não é racismo, mas intolerância religiosa. O problema é que se essa pessoa branca fosse, digamos, budista, ela não sofreria nem 1% do grau de intolerância religiosa que alguém que frequenta o candomblé. No entanto, o racismo não é contra a pessoa branca que frequenta o candomblé, mas contra a religiosidade que ela escolheu. Quando se nomeia como racismo religioso fica mais fácil de identificar a atitude racista nesse exemplo que eu dei.
@@melinamelen3645 sim, estou de total acordo com vc e com o José Paulo Netto, mas sabemos que essa ideia do "somos todos iguais" veio primeiramente lá do Iluminismo e mesmo assim não impediu os males do imperialismo no século XIX, do darwinismo social e das teorias racistas que vieram na mesma época. Sim, biologicamente todos somos iguais (raça humana); nossas capacidades cognitivas, de produzir pelo trabalho toda materialidade da vida em sociedade, de intervir na natureza para a própria sobrevivência do grupo humano, a capacidade de produzir cultura, tudo isso nos faz iguais. A questão é que a ideologia da classe dominante inventa a separação entre raças para melhor dominar os grupos oprimidos. No entanto, na minha opinião dizer que "todos somos iguais" não ajuda no combate ao racismo como ideologia do capitalismo. Até mesmo porque não dá pra dizer que "todos somos iguais" sem problematizar sobre como o liberalismo utiliza desse discurso hoje em dia: é por causa do "todos somos iguais" que as classes dominantes nos ensinaram até agora que a meritocracia dá certo. E a meritocracia tem tudo a ver com o racismo, já que é o principal discurso que se opõe às cotas para negros. Por isso que eu disse que só dizer que "todos somos iguais" fica meio incompleto, entendeu?
O racismo ambiental é um conceito que parte da perspectiva da Geografia que busca trazer a instância do espaço e suas escalas para a discussão das diferentes organizações sócio espaciais que vão constituir o todo de um sistema mundo que precisa do racismo para a manutenção das relações de reprodução capitalista do espaço, na Geografia não se fala de estrutura racista sem questão agrária, na verdade ela é o pilar para se entender como se constituíram as relações de produção e reprodução social até o atual estágio. Concordo plenamente que até os que usam dentro da Geografia precisam desenvolvê-lo melhor, mas uma das hipóteses do estranhamento que sociólogos tem em entender o conceito é porque eles usam referenciais da sociologia para interpretar um conceito de epsteme geográfica. A fragmentação pega a todos.
16:21 São poucos os intelectuais/militantes/lideranças/acadêmicos comunicadores negros que debatem economia e racismo, só conheço entre marxistas como tu honestamente.
A maioria que debate racismo é só a partir de uma perspectiva moral, e não numa questão revolucionario economica
th-cam.com/video/8fXa5FiTT8Q/w-d-xo.htmlfeature=shared😂😂
17:33 eu nunca vou esquecer que na semana em que o novo teto de gastos foi apresentado o tema do anti racismo no brasil era o Vini Jr
Anti racismo só pra preto rico e famoso 😅
Não é tendencia, é uma imposição na academia essa fragmentação. Ninguém passa num processo seletivo stricto sensu com um projeto muito amplo, os membros exigem essa "delimitação". Eu sou fã e defensor da interdisciplinaridade e uso esse mecanismo no meu projeto de pesquisa, sou bem criticado por seguir essa linha. Valeu pelo vídeo, me serviu como incentivo.
A especialização promove a alienação sendo por isso uma exigência do capital.
Só conheço você que fala sobre racismo e economia.
Te recomendo a ler os livros "Racismo Estrutural" do Ministro Silvio Almeida e "A Sociedade Desigual" do Mario Theodoro, economista do IPEA e professor da UnB. Ambos discutem a questão econômica, política e jurídica do racismo, além de outr@s, como Alberto Guerreiro Ramos.
Humberto Matos é muito bom na economia também
Jones, como sempre, no ponto, dedo na ferida. Precisão cirúrgica.
Ele é esforçado, mas acho fraco nas análises
@@joegreenleaffalou a pessoa com foto de anime
@@joegreenleaf bom mesmo é joe greenleaf, o otaku
@@fabiocarvalho4684brother, eu sou livre pra opinar 😂😂😂🎉
@@luangiovanni😂😂😂😂dorme comigo?
Simplesmente sensacional. Um dos melhores vídeos disparado!
A primeira vez que ouvi esse conceito fiquei com os dois pés atrás (pelos mesmos motivos que tu mencionou no vídeo) cheguei até a discutir sobre a sua existência (metodológica mesmo) mas por estar imerso na academia acabei me convencendo da existência dele, esse vídeo foi extremamente importante.
Mas ela existe, só que como consequência da desigualdade econômica e política fundantes.
Quando fui ver sobre a filosofa critica ao marxismo, confesso que senti algo muito ruim. Isso é no mínimo um contrassenso, ainda mais se levarmos em conta o que foi produzido por ela mesma.
Valeu pelo video Jones! E sem querer ser presunçoso, mete seu nome no título do vídeo. Ajuda na indexação da busca.
Um abraço!
Quem é a filósofa?
Pra mim faz muito sentido o que foi dito para as áreas que você citou, das humanidades em geral. Porém, pra quem está nas ciências biológicas, na ecologia, no ambientalismo, acho que é importante esse termo e essa discussão do racismo ambiental, pq que expõe essa face que muitos nessa área não percebem, que existe racismo na questão ambiental, que existe desigualdade no uso de recursos e nos impactos sofridos pela destruição ambiental. Pra mim, por exemplo, que sou professor de ciências da escola pública, é importante eu não ficar só naquelas de dizer pra molecada não jogar lixo no rio e tomar banho mais curto, mas expor que existe essa questão racial e, por fim, a questão de classe tbm, e a impossibilidade do capitalismo ser sustentável do ponto de vista ambiental.
Faltou geografia na sua análise, o ambiente é a totalidade. Que por sinal acrescenta elementos historicamente negligenciados. Da uma olhada no carlos Walter pra aprofundar sua análise sobre ambiente.
Exatamente, faltou a discussão que se faz em Educação Ambiental, a qual critica exatamente a fragmentação e aborda o conceito de meio ambiente de modo mais amplo. Apesar disso, tal pespectiva não ignora a história das disciplinas, que se desenvolveram, para o bem e para o mal, de modo disciplinar, mas busca integrar as diferentes perspectivas que estudam o meio ambiente.
Essa fragmentação serve tão bem para os detentores do capital que só lembro do dia em que vi a Globo fazendo matéria no Fantástico sobre racismo ambiental e logo em seguida mostrando como os moradores de favela são "resilientes", "empreendedores" só porque abrem uma barbearia ou salão de beleza em 2m² na frente de casa.
Ou seja, nunca tocam na pedra basilar da desigualdade socioeconômica que é o materialismo.
E mais uma vez concordo com você: o que vejo de colega nas Ciências Sociais que sabem debater muito bem temas da sociologia, política, antropologia, mas evitam a economia porque tem "matemática"...um dia, meio irritado até, acabei soltando "ok, deixem a economia nas mãos dos liberais então pra vocês verem, porque eles não têm preguiça de analisar números.".
Este é um daqueles melhores vídeos do Jones
Definitivamente
fantástico a profundidade do debate, Jones.
15:30 Essas fragmentações visam ocultar o debate econômico. Perfeito.
Um dos melhores vídeos que já assisti aqui no seu canal!
Isso me lembra em situações que vi em que a questão socioeconômica foi totalmente ignorada ou deixada de escanteio. Situações estas em que pessoas negras mais humildes, se ressentiam por não terem uma melhor condição de vida, e aí passaram a sentir raiva do negro e pardo que se encontram numa condição melhor. Em vez de se revoltarem contra os donos do poder, se revoltam contra aqueles semelhantes que têm mais grana, como se esses fossem os culpados pelos demais estarem na miséria. Tanto é que já vi o absurdo de de comentarem que negros de classe média não podem reclamar do racismo porque se estão na classe média, nada sofrem. Assim como, também, de ficarem do lado do algoz e não do igual pelo fato do igual ter mais dinheiro, não vendo que na hora que o calo apertar, o algoz irá descartar na hora. É triste essa ignorância.
Gente escrota , sem educação tem em todo os lugares, mas no Brasil, o racismo está associado mais pelas condições socioeconômicas do que pela cor de pele em si, também pela religião de matiz africana, já nos EUA é diferente, existe uma separação complicada lá.
identitarismo liberal ja dominou a esquerda
0:24 Note
Tem gente tirando onda más não sabe o que é viver debaixo de uma pele Negra
Análise extremante pertinente. Lembremos que o materialismo histórico nos elucida que as relações culturais vêm das relações econômicas, se essa estrutura fundamental não for derrubada, não adianta muito evitar termos racistas no cotidiano.
Ótima aula!
Jones sempre me faz refletir sobre coisas que nunca tinha pensando antes...Obrigado camarada!
Jones vc está atingindo uma maturidade política ideológica econômico e social como Marxista que me dá uma alegria imensa. Ver vc criticando o comportamento ou a praxis marxista como deve ser obrigação de todas que se pretendem de esquerda, o que é outro mérito, principalmente, na tua vida doméstica de separação dos afazeres como crítica prática do patriarcalismo. Tenho orgulho de vc. Grande abraço!
Essa tendência fragmentária das áreas do conhecimento tem muito a ver também com a tecnicalidade e até o método científico que não são neutros. Eles têm uma política neoliberal
Sou da filosofia e no curso estudamos como ela veio ao Brasil. Veio dos estruturalostas franceses e o próprio Paulo Arantes têm o livro um departamento frances de ultramar falando em que ele fala sobre como o curso veio ao país e foi desenvolvendo esse lado da tecnicalidade que é esse movimento fragmentário do conhecimento. A "solução" do Paulo -mal dizendo- é trazer de volta o que já existiu no curso em seu começo: sensibilidade, fazer o aluno participar do que estuda e pensar criticamente não apenas o conteúdo específico estudado
Você é demais!!!!! Pé no chão e na teoria simultaneamente.
Os vídeos mais longo são ótimos Jones
inclusive saudades de mais vídeos longos. mas devem ser muito mais custosos de se fazer
Jones gigante ❤
Entendo e concordo em grande parte com o vídeo, porém o termo Racismo Ambiental nasce em resposta as teorias liberais que diziam que frente a crise ambiental estariamos todos enfrentando as mesmas dificuldades, é a bobagem da teoria do risco, as teorias de ecologismo dos pobres e racismo ambiental vem para explicar que sofreremos de maneira distintas o colapso ambiental, é uma teoria que sem dúvida não pode ser olhada de maneira isolada, inclusive o ecologismo dos pobres é escrito por um economista.
Pois é.
Exatamente. Nesse vídeo, faltou ir na origem e no contexto de formulação do conceito pra entender o porquê dele ter sido cunhado. Racismo ambiental, aliás, surge no seio do movimento de justiça ambiental como forma de denominar um fenômeno que se queria denunciar e que, embora expressão do racismo, tinha uma dinâmica de operação específica. Isso ajudou e ajuda até hoje a desmontar a falácia liberal de que a questão ambiental atinge a todos de modo igual. No mais, de modo análogo, não é porque existe o conceito de poluição ambiental que isso invalida expressões particulares desse mesmo fenômeno, tais como poluição atmosférica ou hídrica. Dessa vez, discordo do Jones e acho que faltou ir fundo no conceito para não misturar com, aí sim, noções liberais com pouco poder explicativo do real.
Termos e mais termos sendo criados 😂😂😂 meu deus
@@leokaplan9580 Exato.
Grita Luta de Classes 3 vezes para cima sem maiores analises, é assim que vencemos o capitalismo. @@melinamelen3645
No meu curso de história, por mais que tente fazer essa delimitação acaba não acontecendo, por inúmeros motivos, mas acho interessante pensar que, estas obras monumentais são a maioria da bibliografia que a gente tem que analisar, discutir e tal, por isso os trabalhos acabam ainda refletindo essa antiga tendência acadêmica/intelectual. Hj mesmo estou fazendo meu projeto de pesquisa sobre as políticas agrárias da Venezuela durante o primeiro plano socialista da nação, sou cobrado constantemente de delimitar minha problematização, não vejo como algo feito de má fé até porque essa posição pelo menos na minha universidade ocorre porque a desistência do curso é mt alta e muitos param no projeto de pesquisa ou na monografia, por inúmeros motivos, uma das formas de resolver isso que os professores decidiram é puxar o aluno para diminuir o objeto e as esferas de observação.
Que vídeo espetacular, professor! Meus parabéns!
Continue fazendo essa síntese entre questões sociais e econômicas. Isso é fundamental. Qualquer pensador relevante em ciências sociais deve se preocupar com isso.
Jones! Esse quadro ai é muito phoderoso! Pf me dê os créditos. Qm sabe tenha outras impressões. Amaria dar um desse pro meu pirraio🎉 e claro, ter em minha casa!
Vídeo to vendo ainda.... interessadissima nessa discussão ❤
Obrigado pelo trabalho
Cada vídeo é uma porrada na consciência. Continue assim!
boa noite camarada, comprei hoje o raça classe e revolução, vamos à frente !
15:36 Jones Manoel e Humberto Matos.
Salve, Jones Manoel!
✊🏼✊🏼✊🏼
Pouquíssimos mesmo intelectuais como vc fazem essas discussões amplas sobre os temas importantes da nossa sociedade/política.
Que vídeo!!!!✊️❤️
Cara…. Que perspectiva analítica excelente, Jones. Esse é o vídeo que mais gostei do seu canal.
Impecavel o conteudo, como sempre Jones. Mas gostaria de sugerir que você invista em um microfone, talvez um clip-on... Vou contribuir, nao so reclamar.
Excelente vídeo
Aos 14:30 aproximadamente, acho q vc pode ter se confundido falando "Odeia o marxismo mas não vive"... Ainda assim, deu pra entender a ideia na hora e, no geral, ficou fácil entender
Muito bom, Jones!
Sou sociólogo e convivo mto com coleguinhas da área q estão imersos na perspectiva pós-moderna/pós-estruturalista. Eles são culturalistas e tendem a analisar tudo pelo viés cultural liberal, e esse viés torna difícil entender se eles estão fazendo uma análise cultural ou moral liberal. Eles usam uma série de conceitos pós-modernos, e o termo “racismo estrutural” é um deles. A crítica de que esses conceitos são esvaziados da categoria de totalidade, das categorias da economia-política (e palatáveis à ordem burguesa, portanto) é verdadeiro: percebo isso todos os dias.
Tem um livro chamado Racismo Estrutural do feinho Silvio Almeida. Pense em um livro ruim, perspectivas e conceitos usados tão errados 😂😂😂😂. Um dos piores livros que eu já li.
@@joegreenleafPois é, foi exatamente isso que o Jones não falou.
@@ibsfabisé um dos motivos de que não levo muito a sério esse cara, pois quando é pra criticar o Silvio Almeida, ele se omite. Fora que se contradiz
@@joegreenleaf, dicordo totalmente. Da coleção "Feminismo Plurais", esse é o único livro que desenvolve uma tese sociológica original sem perder a perspectiva da totalidade, se aproximando mais dos clássicos sobre o assunto do que dos outros livros da mesma coletânea.
@@thiagolisboatubeeu usei pro meu TCC cara, junto com Pele Negra e Máscara branca de Frantz Fanon, entre outros. Na época, de fato, eu achei bonzinho, mas depois me questionei bastante e ali tem muitas contradições como o próprio conceito de estrutural. Eu entendo que é uma tese dele, mas depois de ver outros autores negros acerca do assunto, me questiono se no Brasil há o racismo estrutural
10:32 muito necessário!
Conteúdo bacana demais! Fora o tanto que o homi está lindo. Aprendi muito. Obg
Saravá camarada Jones! 🤘🏽
Duas afirmações que revelam um pouco desse debate: 1 o racismo é, sobretudo, ambiental. 2 O ajuste fiscal é, sobretudo, racista. A 2 afirmação é muito menos comum. Contudo, exige mais esforço para compreensão da totalidade. Enfim, racismo ambiental é um disfarce redundante
É muito visível também a fragmentação e distanciamento da questão econômica quando se debate educação
Vídeo maneiro, Jones. A única coisa que penso um pouco diferente é sobre a relação entre hiperfragmentação e pós-modernidade/pós-estruturalismo. Vejo a hiperfragmentação como efeito das novas dinâmica do capitalismo mesmo: são as teses e dissertações se adequando as novas normas dos programas de pós, capes e cnpq. Os professores da antoga faziam o doutorado em uma década, hoje em dia é em 4 anos e o fundamento e publicação mesmo! O pós-estruturalismo, inclusive, aparece em inúmeroes momentos como denúncia dessa novas relação entre saber, capital e produção. Sobre os intelectuais que discutem questões raciais, so conheço você como resistência! Tem uma bem famosa, "diferentona", que sustenta a importância de artistas negra bilionária!!!
Acho muito importante essa sua fala, Jones; e esse diálogo importantíssimo com essa referência que é o Clóvis Moura. Esse vídeo tá sensacional... Reflexões e apontamentos muito importantes (e urgentes).
Muito bem Jones Manoel , nao deixe passar nada.
Excelente aula!
Jones sempre sensacional!
+Um vídeo necessário!
Que aula Jones, parabéns 👏🏼👏🏼👏🏼
Um dos seus melhores vídeos, Jones. Você é essencial!!
Eu precisava deve vídeo hoje! ✊🏾
Vou deixar aqui uma dica técnica. Precisa melhorar muito o áudio dos vídeos, caro Jones. Eu tive muita dificuldade de assistir, porque o volume está extremamente baixo. Precisa de um microfone mais próximo e precisa colocar no volume (LUFS) padrão do TH-cam. Sucesso pra você e avante.
Acho muito importante você conhecer o conceito de Ação Direta do Capital que o professor Dennis de Oliveira vem propondo.
Foi o q Ciro falou o tempo todo, mas chamavam ele de racista por dar o foco na economia como reprodutor de desigualdade. Q mais gente acorde através da sua fala.
Muito bom 👍👍👍
Boa explanação, camarada
De certa forma, toda novidade gera resistências.
Mais uma análise bastante correta
Esse foi pedrada. Muito verdade
vídeo essencial!!
Sinto que essas fragmentações são distrações para evitar discutir e buscar soluções para os problemas de forma concreta
valeu jones vc é zika!
Concordo com a crítica às adjetivações do termo racismo. Só fiquei me perguntando se o adjetivo ambiental pode mesmo ser ligado à tendência à fragmentação ou ao micro do momento "pós-moderno" na academia. Ora bolas, o sistema Terra, atualmente em ebulição, não forma uma totalidade? Uma totalidade inclusive imensamente mais ampla (essa fina camada de atmosfera em torno da Terra em que a vida prolifera) que a totalidade chamada "Brasil"? Jones me pareceu desatualizado nessa crítica aí. Viveiros de Castro, Alyne Costa e Luiz Marques já não se focam mais no "micro"... bem pelo contrário. Sim, é importante falarmos mais de economia, mas tbm da economia em contradição com o sistema Terra. Tenho ouvido muitos marxistas falarem sobre a questão ambiental e, às vezes, me dá vergonha alheia. Quem ainda não compreendeu as consequências do conceito de entropia não poderia se reinvidicar materialista.
Por falar em economistas negros, tu viu o vídeo no podcast do Átila Iamarino com o economista Michael França?
Buraco negro é um termo racista, e agora temos o novo termo racismo ecológico. 😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂
Vídeo fundamental, mas penso que a questão ainda vai além da exploração econômica como o encarceramento em massa de negros nos EUA e no Brasil claro dentro da sociedade capitalista.
Jones é foda
A questão do quão ameaçadora ou inofensiva determinada pauta é para a ordem vigente é central.
Eu entendo e concordo com seu ponto sobre a fragmentação do conhecimento. Mas penso que ele se aplica mais na discussão em um nível intelectual mais elevado, maisnperto da academia. Não sei se o conhecimento popular sofre tanto com isso. Você nao acha que o reducionismo do racismo a meras atitudes "isoladas" ou "individuais" ocorre mesmo sobre o conceito não fragmentado? Não vejo a necessidade dessa fragmentação para a opinião pública tirar toda a questão socio-ecomonica por ex.
Inclusive, falando mais pela minha experiência com estes conceitos, eu penso que definir termos como "racismo ambiental" traz dois pontos interessantes para a luta anti racista: Primeiro ele aponta para a complexidade e profundidade do racismo, que estando inserido em problemáticas de outras áreas do conhecimento, não é sua versão reduzida. E segundo, aproxima problematicas de outras áreas do conhecimento com seus desdobramentos ou origens na questão socio-economica-racial.
Dá lhe Jones
Perfeito
Cirúrgico como sempre
agora faz uma serie de videos explicando de forma detalhada
👏👏👏
Só conheço o Silvio Almeida, mas como você disse que ele não vale, acho que o Renato Freitas aborda essa questão. Não acompanho o trabalho dele, mas vez ou outra aparece um corte aqui. Num deles fez uma bela defesa dos Palestinos no plenário. Da pra ver que ele é bom porque a globo nunca pega nos atos racista cometidos contra ele.
Mas o contrário eu vi. A Globo tem dado espaço pra uma economista preta nos comentários econômicos e que me parece, já aderiu ao neoliberalismo.
O preto, o pobre, o alienado, algumas minorias... Conhecer as entranhas do capitalismo é fundamental para abrir a mente e passar a contribuir para a superação desse sistema.
Lembro que há um tempo atrás essa fragmentação estava vendendo muitos livros em história - história da vida privada na idade média, o que as pessoas vestiam na idade média, o que comiam, o que bebiam, como era o vaso sanitário na idade média. kkk
Entendo sua analogia Jones, sobre a fragmentação do conceito racismo, que é um sistema politico organizado de opressão, mas nao vejo de todo mal ter essas vertentes, desde que isso seja feito por pessoas negras afrocentradas.
Isso me lembrou de um texto curtinho que li do Mao. onde ele basicamente tá falando que questão racial é uma questão de classe, obrigatoriamente. Tema importantíssimo, essa cooptação liberal no movimento negro é triste de ver.
O hip hop e o rap o mesmo caminho parecem coachs, teve um que foi conversar sobre o movimento hip-hop brasileiro com uma secretária de estado dos estadunidense pra introduzir ainda mais isso na cultura hip hop br.
Bommmm
Massa.
Excelente
Camarada, o que dizer da divulgação eventual do "Pele Negra, Máscaras Brancas" de Fanon? Como explicar?
Esses termos novos são pernósticos...e nada dizem
Para possibilitar a construção de contribuições científicas robustas, a hiperespecialização é uma condição necessária. Para militância com certeza não. Tem que dar as condições de contorno do que se está falando. Quem quer fazer militância, não precisa ir para um doutorado, que é por essência, uma hiperespecialização.
Fora este ponto, a análise é muito interessante.
Na área que eu atuo a discussão de pobreza energética é muito comum. Isso se opera como uma estratégia em alguns momentos para não discutir a pobreza enquanto mazela. Em poucos casos, a seccionamentos dos problemas pode ser uma questão estratégica para avanças. Na maioria das pautas, é uma forma de não tocar no âmago da pauta, que em última instância, é se dá, na organização social vigente.
A geografia tem potencial para superar essa fragmentação.
Só conheço Flávia Oliveira, que fala de economia também
acho que, no geral, discordo fortemente, mas primeiro aquilo com que concordo:
1- já que vc admitiu que em última instância qq conceito pode ser disputado, é também verdade que alguns conceitos oferecem mais resistência do que outros.
2- o debate econômico é quase que ausente na chamada "nova esquerda", e é uma pena.
agora com o que eu discordo:
essa coisa de perspectiva de totalidade não existe e não pode existir. vc mesmo disse algo para o efeito de "não é uma questão de saber tudo". ora, se não é sobre tudo não é totalidade. e nunca é sobre tudo. quem é o autor, qualquer autor, que tentou explicar algo e primeiro descreveu todos os elementos do contexto? e eu quero dizer todos.
nenhum. ninguém faz isso pq exigiria conhecimento não apenas das diversas áreas (economia, sociologia, linguística, etc.) mas conhecimento sobre como os objetos dessas áreas interagem entre si. é simplesmente um trabalho impossível.
o que é mais comum quando se quer ter uma perspectiva "total" é que o autor selecione os elementos que lhe parecem mais importantes e os insira na análise. isso, quando feito com cuidado, é preferível ao especialismo, mas não é uma perspectiva total. como psicólogo, posso dizer que quase toda vez vez que vi um economista, sociólogo ou, principalmente, historiador falar sobre emoções, p.e., eu preferiria que tivessem ficado calados.
outros pontos, mais focado no tema do vídeo: conceitos como racismo ambiental se justificam porque:
1- não é possível dizer que o racismo se imponha sobre a vida das pessoas racializadas da mesma forma. ou seja, não é pq há algo que se chama de racismo no rio de janeiro, em recife e em nova iorque que se pode dizer que esse algo seja a mesma coisa nas três cidades. isso é mais fácil de entender quando se trata da diferença entre o racismo dos states e do brasil, mas as pessoas parecem esquecer que isso é verdade para o território de um mesmo país, principalmente um tão grande quanto o brasil. racismo, afinal, é um conjunto de atos que desfavorece pessoas entendidas como pertencentes a uma raça inferior. por isso nada garante que joão negro seja vítima dos mesmos atos que josé negro.
2- se racismo não é um fenômeno total, i.e., não afeta todas suas vítimas da mesma maneira. é lógico que algumas pessoas racializadas sofrem uma forma de racismo que não necessariamente se extende às demais. no caso específico, há certos atos pertinentes ao meio ambiente que desfavorecem pessoas racializadas, racismo ambiental.
3- apenas compreendendo como certas formas específicas de racismo afetam certas pessoas e não outras é possível desenvolver estratégias capazes de mudar a situação. seria possível, por exemplo, acabar com a violência policial contra a população negra sem mudar as condições ambientais em que muitas delas vivem, e vice-versa. mas o objetivo é acabar com ambas, daí é preciso compreendê-las em sua especificidade.
Eu entendo vc, Jones. Mas vc não acha que, por exemplo, chamar de racismo religioso os ataques às religiões de matriz africana ajuda às pessoas que sofrem com os ataques? Consegui parar as piadinhas na sala de aula com relação ao candomblé e à umbanda nomeando isso de racismo religioso. Será que essa "fragmentação" não seria importante pra combater questões mais específicas, sem que isso seja um problema para a questão que envolve o racismo num aspecto mais geral, inclusive relacionado à economia?
Mesmo que educação ambiental. E depois a educação patrimonial e agora a educação financeira. Sendo que a educação é tudo isso e mais. Esses fragmentos, em vez de aprofundarem os estudos, viraram abobrinha e foram engolidos.
@@Zend-Oz sim, o racismo é um só. Mas às vezes eu acho que fica difícil, por exemplo, apontar o racismo quando ele não está relacionado diretamente à pessoa negra, mas sim de outras maneiras. Por exemplo: se uma pessoa branca sofre preconceito por ser do candomblé, tem gente que vai dizer que o que ela sofre não é racismo, mas intolerância religiosa. O problema é que se essa pessoa branca fosse, digamos, budista, ela não sofreria nem 1% do grau de intolerância religiosa que alguém que frequenta o candomblé. No entanto, o racismo não é contra a pessoa branca que frequenta o candomblé, mas contra a religiosidade que ela escolheu. Quando se nomeia como racismo religioso fica mais fácil de identificar a atitude racista nesse exemplo que eu dei.
@@melinamelen3645 essa resposta é interessante, mas não funciona na prática. É o mesmo que combater racismo dizendo somente que "todos somos iguais".
@@melinamelen3645 sim, estou de total acordo com vc e com o José Paulo Netto, mas sabemos que essa ideia do "somos todos iguais" veio primeiramente lá do Iluminismo e mesmo assim não impediu os males do imperialismo no século XIX, do darwinismo social e das teorias racistas que vieram na mesma época. Sim, biologicamente todos somos iguais (raça humana); nossas capacidades cognitivas, de produzir pelo trabalho toda materialidade da vida em sociedade, de intervir na natureza para a própria sobrevivência do grupo humano, a capacidade de produzir cultura, tudo isso nos faz iguais. A questão é que a ideologia da classe dominante inventa a separação entre raças para melhor dominar os grupos oprimidos. No entanto, na minha opinião dizer que "todos somos iguais" não ajuda no combate ao racismo como ideologia do capitalismo. Até mesmo porque não dá pra dizer que "todos somos iguais" sem problematizar sobre como o liberalismo utiliza desse discurso hoje em dia: é por causa do "todos somos iguais" que as classes dominantes nos ensinaram até agora que a meritocracia dá certo. E a meritocracia tem tudo a ver com o racismo, já que é o principal discurso que se opõe às cotas para negros. Por isso que eu disse que só dizer que "todos somos iguais" fica meio incompleto, entendeu?
O racismo ambiental é um conceito que parte da perspectiva da Geografia que busca trazer a instância do espaço e suas escalas para a discussão das diferentes organizações sócio espaciais que vão constituir o todo de um sistema mundo que precisa do racismo para a manutenção das relações de reprodução capitalista do espaço, na Geografia não se fala de estrutura racista sem questão agrária, na verdade ela é o pilar para se entender como se constituíram as relações de produção e reprodução social até o atual estágio. Concordo plenamente que até os que usam dentro da Geografia precisam desenvolvê-lo melhor, mas uma das hipóteses do estranhamento que sociólogos tem em entender o conceito é porque eles usam referenciais da sociologia para interpretar um conceito de epsteme geográfica. A fragmentação pega a todos.
16:21 São poucos os intelectuais/militantes/lideranças/acadêmicos comunicadores negros que debatem economia e racismo, só conheço entre marxistas como tu honestamente.
Obrigada pelo vídeo, camarada. Um dos melhores. Essa hiperfragmentação me tira o tesão da academia e assim vou adiando o doutorado.