Tenho amigos que aqui cantam, com os quais andei na escola. É um orgulho enorme ser de Serpa! Fico sempre de lágrimas nos olhos ao ouvir essas vozes a enaltecer a notavel cidade de Serpa.
Há um ano e tal escrevi aqui, como comentário, um simples «sem comentários»; e pedi aos santos dos videoclipes da Rádio Santos que viessem do Brasil até cá para conhecerem este; vieram e, como na ocasião escreveram, ficaram emocionados com o que viram. Há seis meses deixei um texto de Fernando Lopes-Graça sobre o cante de Serpa. Ontem desafiei mais uma pessoa, nos seguintes termos: «Escute e olhe com atenção, som e imagem são excelentes, pura poesia, mas imagine-se lá, também, sentindo o grupo ali ao vivo; e depois diga-me se já acredita, como eu com este videoclipe passei a acreditar, em milagres.» Não sei se ela veio, eu voltei hoje para dizer o seguinte ao dono deste canal, Martin Hesse, que foi o produtor deste clipe: Não conseguindo esquecer o que li no comentário que Lopes-Graça por meu intermédio aqui deixou, venho por teu intermédio suplicar às deusas Nora Longatti e Geraldine Zosso, autoras deste sagrado clipe, por um segundo milagre de Serpa: o de gravarem o Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa agora pela noitinha, a noitinha serpense "dos cantes até às tantas". Hesse, esse seria mais um grande milagre para tu revelares aqui! Diz Lopes-Graça, desafiador: «O ar e a paisagem vibram constantemente de melodias. É, porém, no silêncio da noite, da vasta e profunda noite alentejana, que estas ganham toda a sua altura e projecção anímica; e Serpa, na sua quietação, no seu cenário a um tempo humilde e fascinante de velho burgo parado e esquecido, constitui a moldura perfeitamente adequada, a atmosfera própria onde as vozes dos seus noctâmbulos cantadores adquirem o relevo e a ressonância necessários e ideais.» (excerto do excerto de "Apontamento sobre a canção alentejana" aqui publicado.) Ainda não fui a Serpa. Certa vez, precisando de lá estar pelas 7 da manhã, e morando a 300 km, deitei-me cedo para cedo erguer. O despertador tocou e... não o ouvi! Gorou-se assim a viagem e uma grande expectativa. Quebrei o diacho do despertador e rasguei o raio do mapa. Da próxima, não vou à cama, nem cá nem lá!
Sou do norte do concelho de felgueiras distrito do porto mas gosto muito do alentejo dessas lindas paisagens e planises e cânticos que o alentejo tem um abraço para todos os alentejanos
"Serpa de Guadalupe". Autores: Francisco Torrão e Zeca Torrão. O Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa foi filmado (por milagre lindo) em Serpa (Baixo Alentejo, Portugal) por Nora Longatti e Geraldine Zosso, em 2017. Som: Peter Bräker. Produção: Martin Hess (o homem deste canal).
«Tem de ir ao coração do Alentejo, a Serpa e seu termo, quem quiser conhecer uma das mais genuínas e curiosas manifestações do nosso povo: as canções corais que os íncolas da região, na sua maioria rudes trabalhadores do campo e pequenos mesteirais, cantam com uma admirável musicalidade nata e a compenetração de quem cumpre um velho ritual. É vê-los, concentrados e um tanto bisonhos, formar os seus grupos, cerrados uns aos outros, muitas vezes as raparigas os braços nos braços, e, numa cadenciação suave do corpo, com messe de altas espigas tocadas pela brisa, darem início à função. Uma voz entoa a melodia: canta sozinha os primeiros compassos; em geral, outra lhe dá uma como que réplica - e logo as restantes se lhes juntam, numa harmonização instintiva, em que outro gostoso arcaísmo lembra a arte medieva do Organum e do Discantus. Esta gente canta com verdadeira paixão e todas as ocasiões lhe são boas para dar largas ao seu lirismo ingénito. Não há trabalho, folga, festa ou reunião de qualquer espécie sem um rosário infindo de cantigas. A alma do alentejano é profundamente musical e o canto é o elo vital que liga aqueles seres primitivos no sentimento de uma fraternidade de destinos, na afirmação de uma comunidade telúrica. Em qualquer parte o alentejano se reconhece e identifica, reconhecendo e identificando do mesmo passo os seus irmãos em sangue e espírito, mediante o viático das suas canções. O ar e a paisagem vibram constantemente de melodias. É, porém, no silêncio da noite, da vasta e profunda noite alentejana, que estas ganham toda a sua altura e projecção anímica; e Serpa, na sua quietação, no seu cenário a um tempo humilde e fascinante de velho burgo parado e esquecido, constitui a moldura perfeitamente adequada, a atmosfera própria onde as vozes dos seus noctâmbulos cantadores adquirem o relevo e a ressonância necessários e ideais.» Fernando Lopes-Graça excerto de "Apontamento sobre a canção alentejana", de Janeiro de 1946, publicado na Vértice n.º 46, em Maio de 1947, e na 1.ª edição de "A Canção Popular Portuguesa", de 1953
Fico como eles no fim, mudo (não é preciso dizer mais nada). Mudo e quedo. Sem comentários. Ainda bem que não sou surdo (bem posso agradecer à santa mãe, minha e deles) para poder escutá-los já outra vez. Senti assim que cheguei Apertar-me o coração Senti assim que cheguei Apertar-me o coração Cantando pra ti chorei Tal é a minha paixão Cantando pra ti chorei Tal é a minha paixão Ó Serpa de Guadalupe Das muralhas casas brancas Dos poetas e pastores Dos cantes até às tantas Não se cansam as gargantas Dos teus filhos a cantar São preces à Santa Mãe Ao teu encanto sem par Senhora de Guadalupe Cantando te vou rogar Senhora de Guadalupe Cantando te vou rogar Esse milagre tão lindo A Serpa um dia voltar Esse milagre tão lindo A Serpa um dia voltar Ó Serpa de Guadalupe Das muralhas casas brancas Dos poetas e pastores Dos cantes até às tantas Não se cansam as gargantas Dos teus filhos a cantar São preces à Santa Mãe Ao teu encanto sem par "Serpa de Guadalupe" Autores: Francisco Torrão e Zeca Torrão Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa filmado (por milagre lindo) em Serpa (Baixo Alentejo, Portugal) por Nora Longatti e Geraldine Zosso, em 2017 Som: Peter Bräker Produção: Martin Hess
Quel texte ! J'ai suivi tous les liens que tu m'as envoyés, et je suis très impressionnée par ces choeurs magnifiques. Merci Carlos pour toutes ces découvertes
Sinto-me honrado pelo vosso comentário, REM. E não sou de Serpa... mas para lá caminho... talvez ainda este Verão... th-cam.com/video/Ag_kx4IQqtE/w-d-xo.html...
Tenho amigos que aqui cantam, com os quais andei na escola. É um orgulho enorme ser de Serpa! Fico sempre de lágrimas nos olhos ao ouvir essas vozes a enaltecer a notavel cidade de Serpa.
Há um ano e tal escrevi aqui, como comentário, um simples «sem comentários»; e pedi aos santos dos videoclipes da Rádio Santos que viessem do Brasil até cá para conhecerem este; vieram e, como na ocasião escreveram, ficaram emocionados com o que viram. Há seis meses deixei um texto de Fernando Lopes-Graça sobre o cante de Serpa. Ontem desafiei mais uma pessoa, nos seguintes termos: «Escute e olhe com atenção, som e imagem são excelentes, pura poesia, mas imagine-se lá, também, sentindo o grupo ali ao vivo; e depois diga-me se já acredita, como eu com este videoclipe passei a acreditar, em milagres.»
Não sei se ela veio, eu voltei hoje para dizer o seguinte ao dono deste canal, Martin Hesse, que foi o produtor deste clipe:
Não conseguindo esquecer o que li no comentário que Lopes-Graça por meu intermédio aqui deixou, venho por teu intermédio suplicar às deusas Nora Longatti e Geraldine Zosso, autoras deste sagrado clipe, por um segundo milagre de Serpa: o de gravarem o Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa agora pela noitinha, a noitinha serpense "dos cantes até às tantas".
Hesse, esse seria mais um grande milagre para tu revelares aqui!
Diz Lopes-Graça, desafiador: «O ar e a paisagem vibram constantemente de melodias. É, porém, no silêncio da noite, da vasta e profunda noite alentejana, que estas ganham toda a sua altura e projecção anímica; e Serpa, na sua quietação, no seu cenário a um tempo humilde e fascinante de velho burgo parado e esquecido, constitui a moldura perfeitamente adequada, a atmosfera própria onde as vozes dos seus noctâmbulos cantadores adquirem o relevo e a ressonância necessários e ideais.» (excerto do excerto de "Apontamento sobre a canção alentejana" aqui publicado.)
Ainda não fui a Serpa. Certa vez, precisando de lá estar pelas 7 da manhã, e morando a 300 km, deitei-me cedo para cedo erguer. O despertador tocou e... não o ouvi! Gorou-se assim a viagem e uma grande expectativa. Quebrei o diacho do despertador e rasguei o raio do mapa. Da próxima, não vou à cama, nem cá nem lá!
O cante alentejano é fantástico!! Gosto especialmente deste grupo de Serpa !! 😊
Sou do norte do concelho de felgueiras distrito do porto mas gosto muito do alentejo dessas lindas paisagens e planises e cânticos que o alentejo tem um abraço para todos os alentejanos
Muito bom
"Serpa de Guadalupe". Autores: Francisco Torrão e Zeca Torrão. O Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa foi filmado (por milagre lindo) em Serpa (Baixo Alentejo, Portugal) por Nora Longatti e Geraldine Zosso, em 2017. Som: Peter Bräker. Produção: Martin Hess (o homem deste canal).
«Tem de ir ao coração do Alentejo, a Serpa e seu termo, quem quiser conhecer uma das mais genuínas e curiosas manifestações do nosso povo: as canções corais que os íncolas da região, na sua maioria rudes trabalhadores do campo e pequenos mesteirais, cantam com uma admirável musicalidade nata e a compenetração de quem cumpre um velho ritual.
É vê-los, concentrados e um tanto bisonhos, formar os seus grupos, cerrados uns aos outros, muitas vezes as raparigas os braços nos braços, e, numa cadenciação suave do corpo, com messe de altas espigas tocadas pela brisa, darem início à função. Uma voz entoa a melodia: canta sozinha os primeiros compassos; em geral, outra lhe dá uma como que réplica - e logo as restantes se lhes juntam, numa harmonização instintiva, em que outro gostoso arcaísmo lembra a arte medieva do Organum e do Discantus.
Esta gente canta com verdadeira paixão e todas as ocasiões lhe são boas para dar largas ao seu lirismo ingénito. Não há trabalho, folga, festa ou reunião de qualquer espécie sem um rosário infindo de cantigas. A alma do alentejano é profundamente musical e o canto é o elo vital que liga aqueles seres primitivos no sentimento de uma fraternidade de destinos, na afirmação de uma comunidade telúrica. Em qualquer parte o alentejano se reconhece e identifica, reconhecendo e identificando do mesmo passo os seus irmãos em sangue e espírito, mediante o viático das suas canções.
O ar e a paisagem vibram constantemente de melodias. É, porém, no silêncio da noite, da vasta e profunda noite alentejana, que estas ganham toda a sua altura e projecção anímica; e Serpa, na sua quietação, no seu cenário a um tempo humilde e fascinante de velho burgo parado e esquecido, constitui a moldura perfeitamente adequada, a atmosfera própria onde as vozes dos seus noctâmbulos cantadores adquirem o relevo e a ressonância necessários e ideais.»
Fernando Lopes-Graça
excerto de "Apontamento sobre a canção alentejana", de Janeiro de 1946,
publicado na Vértice n.º 46, em Maio de 1947, e na 1.ª edição de "A Canção Popular Portuguesa", de 1953
muito bonito 😊
Adoro! São espetaculares
Fantástico grandes vozes
Adoro o canto alentejano.
Lindo compadres !
Tiraram o chapéu em respeito à Senhora de Guadalupe. Muito bem.
Sabe também ouvir estas modas sempre vou matando saudades do meu pai obrigada porque não tenho nenhum resisto da vos do.meu pai
Alentejo é mágico encantador o cante alentejano o que se ouve é o cante alentejano ardente com tanta belesa parabéns ao grupo
Fico como eles no fim, mudo (não é preciso dizer mais nada). Mudo e quedo. Sem comentários. Ainda bem que não sou surdo (bem posso agradecer à santa mãe, minha e deles) para poder escutá-los já outra vez.
Senti assim que cheguei
Apertar-me o coração
Senti assim que cheguei
Apertar-me o coração
Cantando pra ti chorei
Tal é a minha paixão
Cantando pra ti chorei
Tal é a minha paixão
Ó Serpa de Guadalupe
Das muralhas casas brancas
Dos poetas e pastores
Dos cantes até às tantas
Não se cansam as gargantas
Dos teus filhos a cantar
São preces à Santa Mãe
Ao teu encanto sem par
Senhora de Guadalupe
Cantando te vou rogar
Senhora de Guadalupe
Cantando te vou rogar
Esse milagre tão lindo
A Serpa um dia voltar
Esse milagre tão lindo
A Serpa um dia voltar
Ó Serpa de Guadalupe
Das muralhas casas brancas
Dos poetas e pastores
Dos cantes até às tantas
Não se cansam as gargantas
Dos teus filhos a cantar
São preces à Santa Mãe
Ao teu encanto sem par
"Serpa de Guadalupe"
Autores: Francisco Torrão e Zeca Torrão
Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa
filmado (por milagre lindo) em Serpa (Baixo Alentejo, Portugal)
por Nora Longatti e Geraldine Zosso, em 2017
Som: Peter Bräker
Produção: Martin Hess
Quel texte ! J'ai suivi tous les liens que tu m'as envoyés, et je suis très impressionnée par ces choeurs magnifiques. Merci Carlos pour toutes ces découvertes
@@evabaila9006 Je t'embrasse ❣
@@carlosmatos1142 moi aussi :-)
Minha querida terra ❤️
Outras terras outras GENTES- VOZES DO ALEN - SERPA -
Muito bonito.Sempre emociona.
Sinto-me honrado pelo vosso comentário, REM. E não sou de Serpa... mas para lá caminho...
talvez ainda este Verão... th-cam.com/video/Ag_kx4IQqtE/w-d-xo.html...
A REM brasileira faz videoclipes e já fez centenas deles tão emocionantes quanto este:
th-cam.com/video/EAntF1kH2JI/w-d-xo.html.
Serpa tem bom vinho e bom queijo, mais os cantares...
Moda: "SERPA DE GUADALUPE".