Os vídeos do Canto do ilé são muito legais. Tenho acompanhado... Aliás desde a primeira vez que vi a pousada lembrei de uma música do Caetano " um canto do afoxé para o bloco do ilê" . Um forte abraço
*CONVERSANDO COM AS PEDRAS* Caminhar pelo centro histórico, a quem nós nativos, carinhosamente chamamos de "centrinho" é um exercício difícil, principalmente para quem tem dificuldade de mobilidade. Alguns perguntam por que não asfaltar, desconhecendo totalmente a importância histórica do rústico calçamento. Realmente como está hoje o nosso calçamento é de dar dó. Mas é importante frisar que nem sempre foi assim. Lembro bem dos anos 70, quando meu pai como fiscal de obras volante fiscalizava também o trabalho dos calceteiros da prefeitura, ainda não havia essa coisa de contratar empresa terceirizada para realizar o trabalho no município. Tempo bom de trabalho esmerado e feito com zelo. Por diversas vezes vi esses valorosos homens durante sua labuta, assentando as pedras no bate estacas, feito de um tronco grosso com duas alças de madeira ou metal. As pedras eram batidas até se acomodarem justas umas às outras. A deterioração das ruas de paraty se deu com a ação de uma empresa contratada para realizar o saneamento de esgoto da cidade. O resultado catastrófico, foi a destruição do calçamento com o desaparecimento de boa parte das pedras originais. Ao restaurar o calçamento, encontrou-se a terra afogada pelas escavações e menor quantidade de pedras que causaram afundamento entre os vãos agora maiores que os originais. O serviço hoje, executado por terceirizados nem se compara ao do passado, feito de forma que as pedras são assentadas com o cabo da colher e areias são derramadas nos vãos e varridas para cobrir as frestas, sendo levadas nas primeiras chuvas mais fortes, causando os buracos e poças. Conversar com as pedras, observá-las com cuidado de forma conjunta e depois cada uma isoladamente, nos abre os olhos para perceber que trata-se de rochas locais, muitas são rochas do complexo cristalino. Nas ruas estão cristais, basalto, pedra ferro, granitos, granito paratiense, etc. É possível encontrar algumas pedras portuguesas, possivelmente retiradas dos escombros de prédios que desabaram no início do século XX, devido ao abandono e falta de manutenção. Elas nos contam sua história através de suas marcas deixadas por carroças, cascos dos burros, mulas e cavalos, bem como os sinais antrópicos deixados nelas, atestando sua antiga função nas obras da Vila. Cada pedra tem sua história particular que se liga umas às outras, nos contando seu passado. Renan Pinto Guia Especializado 24-999159119
Os vídeos do Canto do ilé são muito legais. Tenho acompanhado... Aliás desde a primeira vez que vi a pousada lembrei de uma música do Caetano " um canto do afoxé para o bloco do ilê" . Um forte abraço
Volta Marcelo :) vai ter tanta coisa nova!!!!
*CONVERSANDO COM AS PEDRAS*
Caminhar pelo centro histórico, a quem nós nativos, carinhosamente chamamos de "centrinho" é um exercício difícil, principalmente para quem tem dificuldade de mobilidade.
Alguns perguntam por que não asfaltar, desconhecendo totalmente a importância histórica do rústico calçamento. Realmente como está hoje o nosso calçamento é de dar dó. Mas é importante frisar que nem sempre foi assim. Lembro bem dos anos 70, quando meu pai como fiscal de obras volante fiscalizava também o trabalho dos calceteiros da prefeitura, ainda não havia essa coisa de contratar empresa terceirizada para realizar o trabalho no município. Tempo bom de trabalho esmerado e feito com zelo. Por diversas vezes vi esses valorosos homens durante sua labuta, assentando as pedras no bate estacas, feito de um tronco grosso com duas alças de madeira ou metal. As pedras eram batidas até se acomodarem justas umas às outras. A deterioração das ruas de paraty se deu com a ação de uma empresa contratada para realizar o saneamento de esgoto da cidade. O resultado catastrófico, foi a destruição do calçamento com o desaparecimento de boa parte das pedras originais.
Ao restaurar o calçamento, encontrou-se a terra afogada pelas escavações e menor quantidade de pedras que causaram afundamento entre os vãos agora maiores que os originais. O serviço hoje, executado por terceirizados nem se compara ao do passado, feito de forma que as pedras são assentadas com o cabo da colher e areias são derramadas nos vãos e varridas para cobrir as frestas, sendo levadas nas primeiras chuvas mais fortes, causando os buracos e poças.
Conversar com as pedras, observá-las com cuidado de forma conjunta e depois cada uma isoladamente, nos abre os olhos para perceber que trata-se de rochas locais, muitas são rochas do complexo cristalino. Nas ruas estão cristais, basalto, pedra ferro, granitos, granito paratiense, etc. É possível encontrar algumas pedras portuguesas, possivelmente retiradas dos escombros de prédios que desabaram no início do século XX, devido ao abandono e falta de manutenção. Elas nos contam sua história através de suas marcas deixadas por carroças, cascos dos burros, mulas e cavalos, bem como os sinais antrópicos deixados nelas, atestando sua antiga função nas obras da Vila.
Cada pedra tem sua história particular que se liga umas às outras, nos contando seu passado.
Renan Pinto
Guia Especializado
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Muito legal a sua explanação Renan!!!! Já conhece o canto do Ilé? Venha tomar um café com a gente :)
@@CantodoIle Qualquer dia irei. Obrigado pelo convite!