Iole de Freitas: "Arte é invenção, não é repetição"

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  • เผยแพร่เมื่อ 20 ก.ย. 2024
  • Do alto dos seus 1,57m de altura, a artista plástica Iole de Freitas tem a potência de um gigante. Dona de esculturas monumentais, que parecem flutuar no vácuo como um corpo que dança em escala arquitetônica, ela flerta com um equilíbrio tênue, em peças que se ancoram com leveza em paredes, pisos e tetos. Sua obra, define, é um “movimento expandido”, uma “body art” que se espalha de fora para dentro, buscando pouso em vias públicas, museus e coleções privadas.
    Todo esse movimento que Iole imprime, de forma visceral, em seu trabalho não acontece à toa: por 20 anos, desde bem jovem, ela foi bailarina de dança contemporânea. “Mas minha formação oficial é em Design, que cursei na Esdi, a escola de desenho industrial da Uerj. Nos anos 70, me mudei para Milão, acompanhando o meu marido, o artista plástico Antonio Dias, e acabei indo trabalhar no Corporate Image studio da Olivetti. Ali a prática da dança ficou para trás, caiu num limbo, e senti a necessidade de experimentar novas linguagens artísticas, principalmente depois que minha filha Rara nasceu, quando parei tudo para cuidar dela. Nesse momento, me vi diante da máquina de fotografar e uma filmadora, ambas do Antonio, e comecei a tatear com esses equipamentos. Os primeiros trabalhos foram dois filmes, que buscavam um olhar transgressor do cotidiano. Expus na galeria Diagrama, em Milão, que trabalhava na época com as performances de Marina Abramovic”, revela.
    O resultado desse despertar da artista Iole de Freitas, nos anos 70, rendeu uma retrospectiva recente,, a mostra “Imagem como presença”. Ali, ela reuniu, com a curadoria de Sônia Salzstein - fotos e filmes desse momento inicial de sua carreira nas artes plásticas. “Quando voltei ao Brasil, em 78, busquei dar materialidade a esse processo. A necessidade de uma fisicalidade resultou nas grandes instalações e esculturas”, revela ela, que se define como uma “viciada em desobedecer”.
    “Arte é invenção, não é repetição. Claro que me deixo impregnar pelas obras de artistas que admiro, como os trabalhos de Waltercio Caldas, José Rezende, Tunga, parceiros importantes e com quem troquei e troco muito. Mas vou sempre trilhar a linha do desafio, de buscar algo que ainda não fiz”. Suas primeiras esculturas foram os “aramões”, que Iole define de forma quase intuitiva: “peguei uns fios de cobre, latão e arame, uns tubos de borracha, panos e lençóis, e pensei em criar uma corporeidade externa.
    Depois vieram os “esgarçados”, entremeando tecido e plástico, mas Iole sentiu necessidade de uma corporeidade mais presente e começou a experimentar trabalhar com chapas de cobre e, em seguida, se encantou com placas de policarbonato. “Essa é uma estrutura maleável, muito usada na arquitetura, e pode ganhar diferentes formas, já que curva a frio”, afirma, destacando que esse material virou a matéria prima fundamental de grandes instalações suas (a partir dos anos 90), inclusive a que participou da Documenta de Kassel (2007).
    Quem acompanha as obras monumentais criadas por Iole não imagina que o início do processo parte de pequenas e simples maquetes de arame contorcido - e são essas estruturas, simples e artesanais, que servem de base para sua equipe trabalhar. “Quando comecei e mostrava minhas ideias, eles quase infartavam”, ri. Hoje, ela se cercou de técnicos que conhecem bem suas “loucuras”.
    Atualmente, em sua produção, Iole explora formas metalizadas em menor escala, revelando o côncavo e o convexo. Outro grande passo foi usar seu corpo como objeto de experimentação, incluindo seu neto, Bento Dias, jovem dançarino que participa da companhia da Lia Rodrigues.
    Há 25 anos atuando como professora na escola de Artes Visuais do Parque Lage, Iole diz que não trabalha com “alunos” e, sim, jovens artistas. “Eles ocupam uma sala como se fosse uma exposição, montam tudo, e eu faço uma análise. Depois, todos os participantes falam também o que acham. Há uma troca intensa e acho fundamental aprender a pensar e elaborar o trabalho do outro, observando com cuidado e respeito. Não vou citar nomes, mas você pode imaginar que muita gente, que hoje está aí, no mercado e com um currículo enorme, passou por esse momento comigo”, conta, orgulhosa. Hoje, em plena ativa e com o atelier repleto de encomendas, Iole se diz desapegada de seu acervo.
    “Vivendo anos com Antônio Dias, brilhante artista, extremamente inteligente no encaminhamento de sua obra, ouvia sempre dele: o que é bom você guarda e, se tiver vendido, compra de volta. Sua reserva técnica detém, assim, o percurso principal da carreira Ele fez isso brilhantemente. Não sei ser assim e busquei justamente o contrário: adoro que meu trabalho esteja no mundo, fazendo parte de uma boa coleção”, avisa.
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    Entrevista e texto: Simone Raitzik. Produção, captação e edição de imagens: Felipe David Rodrigues. Imagens adicionais: Arte 1, Curta!, IMS e Iole de Freitas. Editor responsável: Renato Henrichs.

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