4:38 - Os diálogos vão ficando mais difíceis. Embora nós não estejamos seguindo uma sequência cronológica da escrita dos diálogos. Nossa sequência é uma sequência já clássica em que os diálogos foram divididos em tetralogias (por assunto). A primeira tetralogia é composta por 4 livros com o tema comum a morte de Sócrates: 1 - Eutífron (a acusação à Sócrates) 2 - Apologia de Sócrates (a condenação de Sócrates) 3 - Críton (a aceitação de Sócrates à sua condenação) 4 - Fédon (a morte de Sócrates). Porém, elas não foram escritas em ordem cronológica por que Fédon provavelmente foi escrita em um período posterior. 11:10 - Há muita dificuldade de saber quanto é que daquilo que esta na boca de Sócrates é na verdade Platão [...] quanto é mais ou menos a recuperação daquilo que Sócrates tenha dito, por que Sócrates não é uma personagem ficcional, Sócrates é existiu. Há ai conteúdos socráticos verdadeiros. Só que Sócrates não tem um corpo filosofico, Sócrates não é um filósofos com corpo filosófico, Sócrates tem apenas a metodologia filosófica. Não há uma filosofia socratica, não há um conteúdo socrático que vice pode dizer "isso aqui é o que Sócrates pensa sobre o mundo". Isso não existe. Eu posso dizer o que Platão pensa do mundo, o que Aristóteles pensa do mundo, mas eu não consigo fazer a mesma coisa com o Sócrates por que ele não escreveu nenhum linha (ele não acreditava que pudesse haver filosofia fora daquele embate real, concreto, da oralidade prática). 26:46 - O Eutífron é um dos diálogos mais fáceis de se ler, embora ele tenha um núcleo que não é tão fácil assim: ele tem la um núcleo duro né, digamos assim, uma nóz no meio que é um pouco mais dificil. Mas todos os comentaristas julgam que Eutífron seja uma obra da juventude, da primeira fase de Platão. Tanto é que Platão ainda não tinha desenvolvida a sua filosofia. 28:38 - O Eutífron começa, é uma história muito trivial: começa com um encontro na porta do arconte - o arconte no tempo em que Sócrates estava vivo ja havia se tornado muito mais uma autoridade júridica do que uma autoridade executiva, o arconte na verdade é o rei. 33:39 - No sistema jurídico de Atenas qualquer cidadão poderia encaminhar uma queixa ao arconte. 34:30 - Uma vez aceita a denúncia e, levada a causa em frente, se o denunciador perde (ou seja, se no julgamento há a perda da acusação), o acusador pode até mesmo ser condenado a mesma pena que propôs ao acusado: se Meleto - que é o acusador de Sócrates, o primeiro que aparece na história - pediu pena de morte na denuncia, é muito possível que ele pudesse ser condenado a mesma pena de morte como consequência disso. No mínimo seria multado. 46:18 - Antes de haver o julgamento [...] há uma conversa entre esse Eutífron e Sócrates. 48:42 - Esse Eutífron é muito fraquinho como argumentador. Depois vocês vão ver o Górgias, o Protágoras, essa gente é pesada, mesmo Símias [...] esses sujeitos são muito, mas muito melhores, são muito mais sofisticados que esse Eutífron [...] ele é um jovem, é um ilusionista (ele é uma espécie de mágico). 52:26 - Nesse mundo ai, tanto a acusação quanto a defesa são pessoais: o acusador tem que ir la dizer por que você esta sendo acusado e você defende-se a si próprio [...] por isso havia no tempo de Sócrates, Platão e Ariatóteles, havia uma enorme indústria [...] do sofista, da retórica (todos aqueles sujeitos que viviam de ensinar os outros a discursarem, por que você precisava de um discurso para se defender no tribunal). 53:49 - Esse é o assunto do segundo livro, da "A Apologia de Sócrates": mostrar que enquanto o retórico e o sofista querem ganhar o debate, o filósofo não quer ganhar debate nenhum, ele quer descobrir a verdade [...] Essa é a diferença essencial que transforma Sócrates num sofista completamente atípico. Do ponto de vista da opinião publica ele é um sofista por que não há a categoria de filósofo. 1:00:26 - Sócrates se reduz a esse metodo, o método dialético, é isso que é Sócrates. O metodo dialético é o método de perguntas de confrontação com seu adversário com posições quem possam contrariar de alguma maneira para ver o que sobra dessa contrariação. 1:00:52 - No caso do Eutífron, se vocês repararem, Sócrates vai até o final sem chegar a uma conclusão do que seja piedade, e é por isto que este é dito um dos diálogos aporéticos [...] significam diálogos problematicos, por que no fundo é como se não houvesse solução para a questão em si. Mas quando você considera este diálogo não como uma busca da definição da piedade e impiedade mas como uma demonstração do método socratico, ai então você percebera que tanto faz ou não chegar a uma conclusão do que seja impiedade ou piedade. 1:02:28 - Eutífron [...] acaba achando uma solução [...] dizendo então que piedade é aquilo que os deuses gostam, e que impiedade é aquilo de que os deuses não gostam. 1:03:45 - Reparem que todo método que Sócrates usa é conduzir o sujeito a um impasse e que dai ele não consegue sair. Veja, os aristotélicos - assim digamos, radicais - costumam dizer que há em Sócrates, e Platão [...] uma boa dose de sofística. 1:05:59 - E ele ai obriga o sujeito a admitir que de fato os deuses estão as vezes em desacordo. 1:08:24 - Portanto, toda tese de que as coisas podem ser de qualquer jeito, de que não há uma realidade objetiva, não há verdade objetiva [...] são todas teses dessa natureza, são todas teses relativistas. A tese do Eutífron é uma tese relativista, ou seja: eu estou dizendo que a piedade ou a impiedade esta no sujeito que a analisa, investiga. 1:09:09 - Portanto, se os deuses acham piedoso então é piedoso, se os deuses acham que não é então é impiedoso. Mas se você não tem consenso entre os deuses, logo você não tem de fato uma solução pra esse problema. 1:11:42 - Sócrates irá [...] obriga-lo a mudar a sua argumentação, que consiste fundamentalmente em perguntar assim: afinal de contas a piedade esta em quem a analisa ou na coisa em si? 1:13:00 - Em filosofia chama-se petição de princípio: ele vai estabelecer um pressuposto que ele não prova e o prossuposto o qual ele se aguarra lara defender a sua própria tese [...] - malandramente! é uma malandragem! é uma espécie de patifaria intelectual - você estabelece uma premissa o qual você não se deixou provar e ai você aceita como verdadeiros as conclusões dessa premissa. 1:21:46 - O Eutífron não raciocina de modo nenhum. Ele tem apenas uma indignação pessoal, uma raiva do pai. E com essa raiva ele vai fazer uma besteira que é criar uma situação jurídica terrível pro pai dele. E [...] Sócrates esta tentando evitar que isso aconteça. 1:34:22 - Toda vez que ele vai por um lado, o Sócrates fecha a porta; mostra que a solução que ele ta dando é uma solução errada e vai fazendo o Eutífron perceber que ele não tem a menor condição de acusar alguém daquilo - por que, afinal, ele não tem a menor ideia do que seja piedade ou impiedade. 1:45:11 - Uma enorme quantidade dos pontos que estão em Aristóteles ja estão em Platão. 1:47:40 - Como é que Sócrates vai resolver esse problema? Ele vai resolver do jeito que Aristóteles depois resolveu, sem deixar as coisas obviamente na mesma clareza. Mas fundamentalmente a solução pra esse problema que Sócrates começa a resolver, depois Aristóteles resolve em pleno, é a ideia de que [...] o que é piedoso, ou impiedoso, aquilo que tem a potencia da piedade ou a potencia da impiedade [...] essa é a solução para o problema que não esta desenvolvida com Sócrates, que não queria desenvolver com essa clareza. 1:54:52 - Logo, se alguma coisa é amável pelos deuses, para que ela possa ser amada por qualquer um, ela tem que ter dentro de si a potência dessa amabilidade. Se alguma coisa é amada por ser piedosa, ela tem que ter dentro dela a potência da "piedobilidade", ou sei la, da "piedosibilidade". 1:55:26 - Sócrates não esta dizendo isso pra vocês com essas palavras por que ele não esta querendo resolver o problema, na verdade talvez Platão não tivesse percebido completamente essa ideia por que você só consegue resolver esse dilema se você bota Aristóteles nisso. 1:58:04 - Sócrates esta nesse primeiro momento só esta querendo demonstrar como funciona o metodo filosófico e não esta querendo lidar com conceitos filosóficos. Os conceitos filosóficos estão todos na boca de Platão e vão aparecer só no Menon, só no Fedon aqui na nossa sequência. Não há conceito filosófico nenhum em Críton. Não há conceito filosófico nenhum na Apologia de Sócrates. 1:58:29 - Todos os dialogos platônicos referem-se a interlocutores, com excessão da Apologia de Sócrates que é um relato jornalístico, com excessão do Sofista, Política, Leis e República que são - e do Banquete -, que referem-se a, que não tem nome de interlocutores. E todos os interlocutores que Platão punha nome nos seus livros eram interlocutores mortos ja [...] portanto supõe-se que esse Eutífron ja tinha morrido.
Professor Carlos Nadalim. Admiro seu trabalho na Secretaria do MEC -alfabetização- e agradeço por compartilhar a preciosidade das aulas do professor José Monir Nasser...que trabalho extraordinário e legado gigantesco!!!!! impagável...
Belíssima iniciativa essa de divulgar as aulas do professor José Monir Nasser. Devemos muito a tal homem, que contribuiu muito para a formação mesmo que não de todo o Brasil.
Espetacular. Escuto os áudios do professor a muito tempo, agora tenho a oportunidade de vê uma aula. Monir me ajudou muito a alavancar meu entendimento sobre o mundo e a mim mesmo, então só tenho a agradecê-lo.
Que saudade desse grande mestre! Eu aguardava com ansiedade as suas aulas mensais de sábado de "Expedições no Mundo da Cultura", onde ele analisava obras clássicas da literatura universal. Obrigado por compartilhar esses vídeos conosco.
Um ser brilhante que nos agraciou com a sua convivência, seu conhecimento, seu espirito amigo para conosco. Seremos sempre gratos pela oportunidade de conhece-lo.
Já havia escutado praticamente todo o compilado das "Expedições pelo mundo da cultura" do Prof Monir disponíveis em podcast, mas só em áudio. Ótimo também ter o feedback das imagens, feições e linguagem corporal. A partida do professor foi uma perda incrível, enquanto isso a grande mídia tratou de dar espaço a todo tipo de falastrões como os "filósofos" de palco, o Banal, o Mortadela et caterva. Serão mais 50 anos para despoluir as mentes dessa geração.
1:04:49 - Eu costumo dizer que segunda, quarta e sexta eu sou aristotélico, terça, quinta e sábado eu sou platonico, e domingo eu sou pitagórico [...] eu me maravilho dos dois lados, é uma espécie de bissexualidade filosófica. kk
"Bissexualidade filosófica" kkkkk O professor Monir, além de grande formador, era muito divertido. Gostaria de ter frequentado essas aulas pessoalmente. Duas perguntas aos colegas: o professor Monir deixou alguma obra escrita (publicada ou por publicar)? Essa Física do Aristóteles, que ele disse que estava traduzindo, que fim levou?
Amo o professor Monir, mas conheci ele através de um livro quando eu cursava agronomia: O Brasil que deu certo, um histórico da soja no Brasil. Depois vi que ele era amigo do Olavo e escrevia diversos textos e aulas sobre o mundo da cultura, sem falar nos prefácios incríveis que ele escreveu, como no livro do Mortimier Adler. Inclusive eu estava querendo reeditar esse livro sobre a história da soja, com dados atuais, pois nem em sebo acho mais esse livro.
Fernando, além de O Brasil Que Deu Certo (sobre a soja no Brasil), o prof Monir deixou tb A Economia do Mais, de 2003 (sobre Empreendedorismo Cívico). Faleceu muito jovem em 2013.
Tem 10 aulas deles editada pelo SENAI que virou livro. São elas Box I: A Morte de Ivan Ilitch - Tolstói; O Senhor dos Anéis - Tolkien; O Mercador de Veneza - Shakespeare; Moby Dick - Hermann Melville; O Inspetor Geral - Gogol; Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley; Gênesis; O Livro de Jó; Os Lusíadas - Camões; Fédon - Platão. Box 2: O Processo - Franz Kafka; A Consolação da Filosofia - Boécio; Otelo - Shakespeare; O Idiota - Fiódor Dostoiévski; Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis; Os Noivos - Alessandro. Links: www.sesipr.org.br/cultura/jose-monir-nasser-e-homenageado-no-teatro-sesi---campus-da-industria-1-14094-247610.shtml e www.sesipr.org.br/cultura/literatura/uploadAddress/expedicoes_pelo_mundo_da_cultura_box_ii[81514].pdf
Obrigada Nadalim por disponibilizar estes vídeos do professor Monir, Deus te abençoe!!🙏
4:38 - Os diálogos vão ficando mais difíceis. Embora nós não estejamos seguindo uma sequência cronológica da escrita dos diálogos. Nossa sequência é uma sequência já clássica em que os diálogos foram divididos em tetralogias (por assunto).
A primeira tetralogia é composta por 4 livros com o tema comum a morte de Sócrates:
1 - Eutífron (a acusação à Sócrates)
2 - Apologia de Sócrates (a condenação de Sócrates)
3 - Críton (a aceitação de Sócrates à sua condenação)
4 - Fédon (a morte de Sócrates).
Porém, elas não foram escritas em ordem cronológica por que Fédon provavelmente foi escrita em um período posterior.
11:10 - Há muita dificuldade de saber quanto é que daquilo que esta na boca de Sócrates é na verdade Platão [...] quanto é mais ou menos a recuperação daquilo que Sócrates tenha dito, por que Sócrates não é uma personagem ficcional, Sócrates é existiu. Há ai conteúdos socráticos verdadeiros. Só que Sócrates não tem um corpo filosofico, Sócrates não é um filósofos com corpo filosófico, Sócrates tem apenas a metodologia filosófica. Não há uma filosofia socratica, não há um conteúdo socrático que vice pode dizer "isso aqui é o que Sócrates pensa sobre o mundo". Isso não existe. Eu posso dizer o que Platão pensa do mundo, o que Aristóteles pensa do mundo, mas eu não consigo fazer a mesma coisa com o Sócrates por que ele não escreveu nenhum linha (ele não acreditava que pudesse haver filosofia fora daquele embate real, concreto, da oralidade prática).
26:46 - O Eutífron é um dos diálogos mais fáceis de se ler, embora ele tenha um núcleo que não é tão fácil assim: ele tem la um núcleo duro né, digamos assim, uma nóz no meio que é um pouco mais dificil. Mas todos os comentaristas julgam que Eutífron seja uma obra da juventude, da primeira fase de Platão. Tanto é que Platão ainda não tinha desenvolvida a sua filosofia.
28:38 - O Eutífron começa, é uma história muito trivial: começa com um encontro na porta do arconte - o arconte no tempo em que Sócrates estava vivo ja havia se tornado muito mais uma autoridade júridica do que uma autoridade executiva, o arconte na verdade é o rei.
33:39 - No sistema jurídico de Atenas qualquer cidadão poderia encaminhar uma queixa ao arconte.
34:30 - Uma vez aceita a denúncia e, levada a causa em frente, se o denunciador perde (ou seja, se no julgamento há a perda da acusação), o acusador pode até mesmo ser condenado a mesma pena que propôs ao acusado: se Meleto - que é o acusador de Sócrates, o primeiro que aparece na história - pediu pena de morte na denuncia, é muito possível que ele pudesse ser condenado a mesma pena de morte como consequência disso. No mínimo seria multado.
46:18 - Antes de haver o julgamento [...] há uma conversa entre esse Eutífron e Sócrates.
48:42 - Esse Eutífron é muito fraquinho como argumentador. Depois vocês vão ver o Górgias, o Protágoras, essa gente é pesada, mesmo Símias [...] esses sujeitos são muito, mas muito melhores, são muito mais sofisticados que esse Eutífron [...] ele é um jovem, é um ilusionista (ele é uma espécie de mágico).
52:26 - Nesse mundo ai, tanto a acusação quanto a defesa são pessoais: o acusador tem que ir la dizer por que você esta sendo acusado e você defende-se a si próprio [...] por isso havia no tempo de Sócrates, Platão e Ariatóteles, havia uma enorme indústria [...] do sofista, da retórica (todos aqueles sujeitos que viviam de ensinar os outros a discursarem, por que você precisava de um discurso para se defender no tribunal).
53:49 - Esse é o assunto do segundo livro, da "A Apologia de Sócrates": mostrar que enquanto o retórico e o sofista querem ganhar o debate, o filósofo não quer ganhar debate nenhum, ele quer descobrir a verdade [...] Essa é a diferença essencial que transforma Sócrates num sofista completamente atípico. Do ponto de vista da opinião publica ele é um sofista por que não há a categoria de filósofo.
1:00:26 - Sócrates se reduz a esse metodo, o método dialético, é isso que é Sócrates. O metodo dialético é o método de perguntas de confrontação com seu adversário com posições quem possam contrariar de alguma maneira para ver o que sobra dessa contrariação.
1:00:52 - No caso do Eutífron, se vocês repararem, Sócrates vai até o final sem chegar a uma conclusão do que seja piedade, e é por isto que este é dito um dos diálogos aporéticos [...] significam diálogos problematicos, por que no fundo é como se não houvesse solução para a questão em si. Mas quando você considera este diálogo não como uma busca da definição da piedade e impiedade mas como uma demonstração do método socratico, ai então você percebera que tanto faz ou não chegar a uma conclusão do que seja impiedade ou piedade.
1:02:28 - Eutífron [...] acaba achando uma solução [...] dizendo então que piedade é aquilo que os deuses gostam, e que impiedade é aquilo de que os deuses não gostam.
1:03:45 - Reparem que todo método que Sócrates usa é conduzir o sujeito a um impasse e que dai ele não consegue sair. Veja, os aristotélicos - assim digamos, radicais - costumam dizer que há em Sócrates, e Platão [...] uma boa dose de sofística.
1:05:59 - E ele ai obriga o sujeito a admitir que de fato os deuses estão as vezes em desacordo.
1:08:24 - Portanto, toda tese de que as coisas podem ser de qualquer jeito, de que não há uma realidade objetiva, não há verdade objetiva [...] são todas teses dessa natureza, são todas teses relativistas. A tese do Eutífron é uma tese relativista, ou seja: eu estou dizendo que a piedade ou a impiedade esta no sujeito que a analisa, investiga.
1:09:09 - Portanto, se os deuses acham piedoso então é piedoso, se os deuses acham que não é então é impiedoso. Mas se você não tem consenso entre os deuses, logo você não tem de fato uma solução pra esse problema.
1:11:42 - Sócrates irá [...] obriga-lo a mudar a sua argumentação, que consiste fundamentalmente em perguntar assim: afinal de contas a piedade esta em quem a analisa ou na coisa em si?
1:13:00 - Em filosofia chama-se petição de princípio: ele vai estabelecer um pressuposto que ele não prova e o prossuposto o qual ele se aguarra lara defender a sua própria tese [...] - malandramente! é uma malandragem! é uma espécie de patifaria intelectual - você estabelece uma premissa o qual você não se deixou provar e ai você aceita como verdadeiros as conclusões dessa premissa.
1:21:46 - O Eutífron não raciocina de modo nenhum. Ele tem apenas uma indignação pessoal, uma raiva do pai. E com essa raiva ele vai fazer uma besteira que é criar uma situação jurídica terrível pro pai dele. E [...] Sócrates esta tentando evitar que isso aconteça.
1:34:22 - Toda vez que ele vai por um lado, o Sócrates fecha a porta; mostra que a solução que ele ta dando é uma solução errada e vai fazendo o Eutífron perceber que ele não tem a menor condição de acusar alguém daquilo - por que, afinal, ele não tem a menor ideia do que seja piedade ou impiedade.
1:45:11 - Uma enorme quantidade dos pontos que estão em Aristóteles ja estão em Platão.
1:47:40 - Como é que Sócrates vai resolver esse problema? Ele vai resolver do jeito que Aristóteles depois resolveu, sem deixar as coisas obviamente na mesma clareza. Mas fundamentalmente a solução pra esse problema que Sócrates começa a resolver, depois Aristóteles resolve em pleno, é a ideia de que [...] o que é piedoso, ou impiedoso, aquilo que tem a potencia da piedade ou a potencia da impiedade [...] essa é a solução para o problema que não esta desenvolvida com Sócrates, que não queria desenvolver com essa clareza.
1:54:52 - Logo, se alguma coisa é amável pelos deuses, para que ela possa ser amada por qualquer um, ela tem que ter dentro de si a potência dessa amabilidade. Se alguma coisa é amada por ser piedosa, ela tem que ter dentro dela a potência da "piedobilidade", ou sei la, da "piedosibilidade".
1:55:26 - Sócrates não esta dizendo isso pra vocês com essas palavras por que ele não esta querendo resolver o problema, na verdade talvez Platão não tivesse percebido completamente essa ideia por que você só consegue resolver esse dilema se você bota Aristóteles nisso.
1:58:04 - Sócrates esta nesse primeiro momento só esta querendo demonstrar como funciona o metodo filosófico e não esta querendo lidar com conceitos filosóficos. Os conceitos filosóficos estão todos na boca de Platão e vão aparecer só no Menon, só no Fedon aqui na nossa sequência. Não há conceito filosófico nenhum em Críton. Não há conceito filosófico nenhum na Apologia de Sócrates.
1:58:29 - Todos os dialogos platônicos referem-se a interlocutores, com excessão da Apologia de Sócrates que é um relato jornalístico, com excessão do Sofista, Política, Leis e República que são - e do Banquete -, que referem-se a, que não tem nome de interlocutores. E todos os interlocutores que Platão punha nome nos seus livros eram interlocutores mortos ja [...] portanto supõe-se que esse Eutífron ja tinha morrido.
Queria te dar um abraço por essa bela contribuição!!! Fica com deus!
Obrigado!
Monstro.
Muito obrigada!!!!
Grata prof Nadalin
Professor Carlos Nadalim. Admiro seu trabalho na Secretaria do MEC -alfabetização- e agradeço por compartilhar a preciosidade das aulas do professor José Monir Nasser...que trabalho extraordinário e legado gigantesco!!!!! impagável...
Cabeça privilegiada
Uma Luz que iluminou o Brasil. Faz falta
Belíssima iniciativa essa de divulgar as aulas do professor José Monir Nasser. Devemos muito a tal homem, que contribuiu muito para a formação mesmo que não de todo o Brasil.
Espetacular. Escuto os áudios do professor a muito tempo, agora tenho a oportunidade de vê uma aula. Monir me ajudou muito a alavancar meu entendimento sobre o mundo e a mim mesmo, então só tenho a agradecê-lo.
Saudoso professor José Monir Nasser.
Que saudade desse grande mestre! Eu aguardava com ansiedade as suas aulas mensais de sábado de "Expedições no Mundo da Cultura", onde ele analisava obras clássicas da literatura universal. Obrigado por compartilhar esses vídeos conosco.
Essas aulas são uma relíquia 🖤
Um ser brilhante que nos agraciou com a sua convivência, seu conhecimento, seu espirito amigo para conosco. Seremos sempre gratos pela oportunidade de conhece-lo.
Já havia escutado praticamente todo o compilado das "Expedições pelo mundo da cultura" do Prof Monir disponíveis em podcast, mas só em áudio. Ótimo também ter o feedback das imagens, feições e linguagem corporal. A partida do professor foi uma perda incrível, enquanto isso a grande mídia tratou de dar espaço a todo tipo de falastrões como os "filósofos" de palco, o Banal, o Mortadela et caterva. Serão mais 50 anos para despoluir as mentes dessa geração.
Saudoso mestre Monir, tenho ele como um parente pelo amor com que ele passava o conhecimento. Terei reverência eterna a ele
Que coisa maravilhosa. Saudoso professor Monir, que Deus os abençoe.
Só agora descobri o prof. MUNIZ e não consigo parar de ouvi-lo !!! Deus o abençoe ! Só pode estar no céu... 🙏
Saudades do Professor Monir.
Que ótimo ter uma aula em vídeo! Passei anos imaginando como teria sido. Parabéns!
Preciosidade! Obrigado por disponibilizar.
Muito obrigado, Carlos e Laudelino. Não temos palavras para agradecer.
Deus abençoe o professor Monir !
1:04:49 - Eu costumo dizer que segunda, quarta e sexta eu sou aristotélico, terça, quinta e sábado eu sou platonico, e domingo eu sou pitagórico [...] eu me maravilho dos dois lados, é uma espécie de bissexualidade filosófica.
kk
PEPITA DE OURO 😍😍😍
Valeu, Nadalim e Laudelino.
"Bissexualidade filosófica" kkkkk O professor Monir, além de grande formador, era muito divertido. Gostaria de ter frequentado essas aulas pessoalmente. Duas perguntas aos colegas: o professor Monir deixou alguma obra escrita (publicada ou por publicar)? Essa Física do Aristóteles, que ele disse que estava traduzindo, que fim levou?
Amo o professor Monir, mas conheci ele através de um livro quando eu cursava agronomia: O Brasil que deu certo, um histórico da soja no Brasil. Depois vi que ele era amigo do Olavo e escrevia diversos textos e aulas sobre o mundo da cultura, sem falar nos prefácios incríveis que ele escreveu, como no livro do Mortimier Adler. Inclusive eu estava querendo reeditar esse livro sobre a história da soja, com dados atuais, pois nem em sebo acho mais esse livro.
Fernando, além de O Brasil Que Deu Certo (sobre a soja no Brasil), o prof Monir deixou tb A Economia do Mais, de 2003 (sobre Empreendedorismo Cívico). Faleceu muito jovem em 2013.
Tem 10 aulas deles editada pelo SENAI que virou livro. São elas Box I: A Morte de Ivan Ilitch - Tolstói; O Senhor dos Anéis - Tolkien; O Mercador de Veneza - Shakespeare; Moby Dick - Hermann Melville; O Inspetor Geral - Gogol; Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley; Gênesis; O Livro de Jó; Os Lusíadas - Camões; Fédon - Platão.
Box 2: O Processo - Franz Kafka; A Consolação da Filosofia - Boécio; Otelo - Shakespeare; O Idiota - Fiódor Dostoiévski; Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis; Os Noivos - Alessandro. Links: www.sesipr.org.br/cultura/jose-monir-nasser-e-homenageado-no-teatro-sesi---campus-da-industria-1-14094-247610.shtml e www.sesipr.org.br/cultura/literatura/uploadAddress/expedicoes_pelo_mundo_da_cultura_box_ii[81514].pdf
Que maravilha!👏🏼Obrigada!🙏🏼
Muito obrigado por manter este registro.
Muito obrigado por disponibilizar!
Que tesouro!!! Muito obrigada ao canal!! Que Nosso Senhor tenha a seu lado direito o querido professor Monir.
Páscoa . Que emoção assistir este grande homem. A providência , seguindo seu curso
Muito bom ! 😊
Muito , muiito obrigada, Nadalin !
Professor, obrigado por disponibilizar esta preciosidade.
mestre Corção! mais um grande resgate de Olavo (pelo menos pra mim foi Olavo que o mostrou)
Obrigado por postar estas jóias.
Uma capacidade didática brilhante e uma mente espetacular!!!
Aula maaaraavilhosa!
Excelente! Grato!
Uma bênção! Obrigada!
Obrigado pela partilha!
Professor Monir, um herói nacional!
Caro Carlos Nadalin, 4 dos vídeos estão como vídeo privado.
Alguem aqui sabe me dizer por onde começo???? É a primeira vez que vou ouvir estas estorias,
Acesse mental food .
Ali tem outros áudios do monir
E acesse o site do monir para entender a história do hoje já falecido.