ótima apresentação discussão, que nos coloca em questão como professorxs e educadorxs funcionários do Estado, mas parece que não temos como negar essa situação a não ser agindo dentro da contradição...
Muito boa a entrevista. Nem parece um intelectual de humanas que está falando. É surpreendente ouvir alguém praticando Wittgenstein pra valer: ""O que pode ser enunciado, pode ser enunciado claramente. E o que não se pode enunciar claramente, não se pode enunciar de modo algum.". Terminei o vídeo com a impressão de que entendi tudo o que ele disse e nem por isso tive a sensação de ter ouvido algo óbvio e repetitivo. O conteúdo é desanimador para quem gosta de pensar o mundo (como Antonio Negri ou Adorno) e até mesmo para os adeptos da famosa tese 11 de Marx ou da intelectualidade orgânica de Gramsci. Foi uma patada útil, que doeu, mas pode me ajudar em alguma coisa. Não sei bem o quê. Estou entre aqueles que ainda tem algum apreço pela racionalidade (não falo do idealismo), mas de uma racionalidade que visa compreender um mundo onde o próprio racionalismo não está presente. Não sou platônico e, portanto, não acredito que a razão só seria aplicável como escada para o mundo das ideias. A razão é uma ferramenta útil, tão útil quanto às emoções ou a materialidade. O mundo dos humanos é louco. É uma mistura de razões, emoções e fatos que forma um vatapá. Gostoso para alguns e detestável para outros. Vou te comentar agora usando razão, emoções e fatos. Não sou nem um gênio do pensamento crítico, mas sou bom em reclamar pra caralho. Você está certo quando disse que a religiosidade voltou pra ficar, mas também acho que o racionalismo veio pra ficar. A razão é uma arma humana, que pode ser utilizada pelos capitalistas (e é), mas também pode ser usada por quem quer destruir o capitalismo (está sendo mal usada). Você argumenta muito bem sobre a percepção de que o Brasil não carece de modernidade, mas que o Brasil é um exemplo típico de modernidade. Concordo com isso, mas se é difícil defender uma saída fora do capitalismo (como construir algo não capitalista?), é mais difícil ainda imaginar uma saída fora da modernidade (vale lembrar que o socialismo é uma proposta de modernidade alternativa). Só vi um breve momento de otimismo na sua fala. Quando você se lembrou que a esquerda já foi capaz de produzir propostas de condução da sociedade. Isso é muito interessante. Infelizmente, os intelectuais de esquerda vivos estão praticando apenas o ressentimento da modernidade. Até mesmo os revolucionários parecem incapazes de apresentar alternativas efetivas para viabilizar a revolução. Tudo o que vejo nos que pregam a revolução é mais ou menos o seguinte: - Camaradas. Veja como o capitalismo é uma merda. Só a revolução pode resolver esta porcaria. - Diz o revolucionário - Concordo!!!! - Digo eu - Mas como a gente pode fazer essa tal de revolução e vencer exércitos que tem mísseis e aviões a jato? - Sei lá - Diz o revolucionário - O importante agora é convencer as pessoas a gostarem da ideia de revolução. - Sei não meu chapa. - Eu sou capaz de jogar na loteria, mesmo sem ter certeza de que vou ganhar, mas apostar minha vida em algo, que parece não ter sido nem mesmo projetado? - Foi projetado por Marx e Lenin e já aconteceu muitas vezes. Revoluções são fatos históricos e acontecem quando o operariado quer e as conidções materiais permitem. - Que operiado? tá todo mundo dirigindo uber e Ifood, sem nem mesmo um sindicato. Dá pra planejar revoluções assim? - Claro que dá. Só leva mais tempo. Temos que organizar estas categorias também. E depois a revolução virá quando as condições materiais permitirem. - Mas antes tinhamos que organizar catagorias sidicalizadas pra fazer revolução e não conseguimos. Agora temos que organizar catagorias de pessoas que nem conversam umas com as outras? E essa tal de condição material? ela acontecerá antes ou depois da vinda do messias? - Para de ser pessimista seu pelego. - Pelego eu? Não. Não estou do lado do patrão. Só não sei como devo fazer pra derrotar mísseis e aviões a jato. Acho que até o Lenin teria levado um cacete se o capitalismo estivesse tão bem armado no tempo dele. Não sou pelego, sou apenas covarde. - A coragem não é um atributo dos indivíduos. A coragem surge quando o proletariado se une. A coragem é um predicado das coletividades. - Caraio mano. Isso é massa mesmo. Cadê os outros proletários pra gente se juntar e ficar tão corajosos que vamos dar um cacete nos aviões a jato. - Tão todos desempregados ou trabalhando de uber. - Fodeu!!! Agora deixa eu te deixar pessimista também. Você disse que devemos ser críticos (críticos pra caralho) com as ilusões da modernidade. Beleza. Eu concordo. Adoro ficar falando mal do capitalismo. Nunca vi ninguem que falasse mal do capitalismo e estivesse errado. Todo mundo que fala mal dessa porra está certo, afinal esta porra de regime é uma merda mesmo. O problema é que criticar não basta. Tem que botar a cara na reta pra tomar porrada. Os intelectuais contemporêneos acham que os tapinhas com carinho que eles levam de outros intelectuais sobre as críticas que eles fazem são as bases para um debate: Fulano é de esquerda e critíca o capitalismo pelo ponto de vista X. Beltrano também é de esquerda e critica o ponto de vista X, mas reitera que o ponto de vista Y é a melhor forma de criticar o capitalismo. Que merda de debate de comadres? Quem se interessa sobre qual é a melhor forma de meter o pau no capitalismo, quando todo mundo já sabe que essa porra é uma bosta? Será que vamos convencer aqueles que ainda não são de esquerda? Acho difícil convencer alguem quando não conseguimos converncer nem a nós mesmos sobre qual é o melhor jeito de meter o pau no capitalismo. Quero ver botar a cara na reta e dizer: A solução pra derrubar essa porra é X.
E não venha me dizer que a solução é a revolução. Marx disse isso em 1867 e talvez ainda esteja certo, mas o que interessa é: Se a revolução for o jeito certo de acabar com essa porra toda. Como é que vamos fazer essa tal de revolução. Dizer Isso seria botar a cara na reta. Se a revolução já não for o jeito certo, como parecia ser em 1867, então qual é esse jeito? Eu não sei. Sou só um bosta, que nem todo mundo. Mas garanto uma coisa, O dia que alguém apresentar uma solução que seja válida em 2024, ou 2030 e não na universalidade eterna. Eu topo. Só não consigo ver como soluções formuladas em 1867 ainda possam ser válidas como se fossem valores universiais imutáveis (pode até ser que revoluções sejam a coisa certa a se fazer, mas eu quero saber jeito de fazer. Isso vai me convencer muito mais do que uma análise crítica do capitalismo). Você disse que a esquerda fez propostas econômicas e políticas no início dos anos 60. Verdade e isso foi muito legal Pelo menos aqueles caras não gastaram a vida apenas falando mal desse regime podre. Propuseram coisas que muita gente criticou (esquerdista adora critícar as críticas, mas gosta mais ainda de criticar as soluções propostas), mas pelo menos propuseram, né? Você disse que o contexto é outro e que hoje as condições já não permitem uma participação propositiva das esquerdas na condução da política e da ecomnomia. Mas eu penso o seguinte: Se não dá pra encontrar governos que queiram colocar as ideias de uma economia esquerdista (válida para os problemas materiais do Brasil em 2024 e não apenas um papo genérico de validade universal), pelo menos dá pra escrever sobre tais ideias. Só precisa das próprias ideias, de capacidade analítica, de capacidade de observar as condições materiais no Brasil de hoje e de um bom teclado. Ideias são meras utopias? Ficar gastando a vida só metendo o pau no sistema é menos utópico? Ninguém liga para as críticas ao sistema meu irmão. Foda-se a razão pela qual o capitalismo é ruim. Quero saber o que fazer pra mexer nessa merda. O dia que pintar um esquerdista propositivo, vai fazer o maior sucesso. Olha que o Lula nem é esquerdista de verdade e 99,99% de suas propostas envolvem abraçar a sujeira capitalista, mas o simples fato de existir esse 0,01% de esquerdismo nele já faz as pessoas preferirem o Lula ao Hadad. Lula faz propostas e Hadad faz críticas. Hadad parece conhecer bem o regime que ele critica e o Lula parece não conhecer tão bem o capitalismo e suas mazelas, mas faz propostas. Imagina como seria se alguém que é um pouco mais esquerdista fizesse propostas? Não precisa ser necessariamente a revolução, mas até poderia ser, desde que dissesse como fazer essa porra. Não é só falar que a revolução é o único caminho. Mas até um reformista poderia ajudar se tentasse propor coisas úteis ao invés de ser o suprassumo do pensamento crítico. Como fazer a tal reforma agrária sair do papel? Precisa ter uma resposta melhor do que a tal "vontade política" e a maldita expectitiva nas condições materiais adequadas. Precisa dizer como derrotar os latifundiários (boicotes, greves, campanhas?) Como derrotar a polícia "cão de guarda" dos interesses dos ricos? Não vale a porra da vontade política - isso é conversa fiada. Tô falando de proposta práticas. Como capacitar a população pra produzir mais, melhor e com consciência política? Vale lembrar que o socialismo também precisa de matemáticos, engenheiros, médicos e um monte de outros pensadores instrumentais. Não dá pra ser crítico e instrumental ao mesmo tempo? Será que Horkheimer estava certo ao dizer que pensamento crítico e instrumental formam um par dialético? Não existem médicos, engenheiros e matemáticos úteis para produzir com justiça ou até pra preservar o meio ambiente e que também sejam capazes de criticar o capitalismo? Talvez não sejam as críticas corretas na sua opinião, mas quais são as porras das críticas corretas se cada sabichão tem uma diferente? (Caralho!!! Fiquei parecendo o Habermas, mas foda-se) Como resolver a porcaria das mudanças climáticas sem matar todo mundo de fome? Falo de propostas concretas. Não estou falando daquelas generalidades nojentas que são verdadeiros truísmos* (Oh! É preciso mudar o paradigma de produção e consumo de bens no capitalismo). Estou falando de propor maneiras de mudar este paradigma. Como mudar? E não apenas dizer que temos que mudar. Isso é óbvio e não precisa se dito outravez. Tem muitas outras propostas esperando pra serem escritas e eu, que não tenho competência pra escrevê-las, estou esperando que esse pessoal tão letradinho consiga propor alguma coisa ao invés de passar o tempo todo falando só o óbvio: "O capitalismo é merda". Isso eu já sei. * Desculpe por usar esse palavrão. Essa maldita palavra que só intelectual conhece, mas eu estava muito nervoso e não resisti a tentação de escrever a palavra "truísmo", só pra provocar.
Pedro Rocha, excelente professor, fui sua aluna Marilete ,na Unirio no primeiro periodo de Serviço Social, hoje estou no sexto😍
Pedro Rocha de Oliveira é muito bom !
Aprendi muito com essa entrevista.
Grande Pedrão! Excelente convidado. Saudades da suas aulas.
Muito bom! O canal poderia convidar o Marildo Menegat pra falar sobre a crise do capitalismo
🎉 UFJ presente
ótima apresentação discussão, que nos coloca em questão como professorxs e educadorxs funcionários do Estado, mas parece que não temos como negar essa situação a não ser agindo dentro da contradição...
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Muito boa a entrevista. Nem parece um intelectual de humanas que está falando. É surpreendente ouvir alguém praticando Wittgenstein pra valer: ""O que pode ser enunciado, pode ser enunciado claramente. E o que não se pode enunciar claramente, não se pode enunciar de modo algum.". Terminei o vídeo com a impressão de que entendi tudo o que ele disse e nem por isso tive a sensação de ter ouvido algo óbvio e repetitivo. O conteúdo é desanimador para quem gosta de pensar o mundo (como Antonio Negri ou Adorno) e até mesmo para os adeptos da famosa tese 11 de Marx ou da intelectualidade orgânica de Gramsci. Foi uma patada útil, que doeu, mas pode me ajudar em alguma coisa. Não sei bem o quê.
Estou entre aqueles que ainda tem algum apreço pela racionalidade (não falo do idealismo), mas de uma racionalidade que visa compreender um mundo onde o próprio racionalismo não está presente. Não sou platônico e, portanto, não acredito que a razão só seria aplicável como escada para o mundo das ideias. A razão é uma ferramenta útil, tão útil quanto às emoções ou a materialidade. O mundo dos humanos é louco. É uma mistura de razões, emoções e fatos que forma um vatapá. Gostoso para alguns e detestável para outros.
Vou te comentar agora usando razão, emoções e fatos. Não sou nem um gênio do pensamento crítico, mas sou bom em reclamar pra caralho.
Você está certo quando disse que a religiosidade voltou pra ficar, mas também acho que o racionalismo veio pra ficar. A razão é uma arma humana, que pode ser utilizada pelos capitalistas (e é), mas também pode ser usada por quem quer destruir o capitalismo (está sendo mal usada).
Você argumenta muito bem sobre a percepção de que o Brasil não carece de modernidade, mas que o Brasil é um exemplo típico de modernidade. Concordo com isso, mas se é difícil defender uma saída fora do capitalismo (como construir algo não capitalista?), é mais difícil ainda imaginar uma saída fora da modernidade (vale lembrar que o socialismo é uma proposta de modernidade alternativa).
Só vi um breve momento de otimismo na sua fala. Quando você se lembrou que a esquerda já foi capaz de produzir propostas de condução da sociedade. Isso é muito interessante. Infelizmente, os intelectuais de esquerda vivos estão praticando apenas o ressentimento da modernidade. Até mesmo os revolucionários parecem incapazes de apresentar alternativas efetivas para viabilizar a revolução. Tudo o que vejo nos que pregam a revolução é mais ou menos o seguinte:
- Camaradas. Veja como o capitalismo é uma merda. Só a revolução pode resolver esta porcaria. - Diz o revolucionário
- Concordo!!!! - Digo eu - Mas como a gente pode fazer essa tal de revolução e vencer exércitos que tem mísseis e aviões a jato?
- Sei lá - Diz o revolucionário - O importante agora é convencer as pessoas a gostarem da ideia de revolução.
- Sei não meu chapa. - Eu sou capaz de jogar na loteria, mesmo sem ter certeza de que vou ganhar, mas apostar minha vida em algo, que parece não ter sido nem mesmo projetado?
- Foi projetado por Marx e Lenin e já aconteceu muitas vezes. Revoluções são fatos históricos e acontecem quando o operariado quer e as conidções materiais permitem.
- Que operiado? tá todo mundo dirigindo uber e Ifood, sem nem mesmo um sindicato. Dá pra planejar revoluções assim?
- Claro que dá. Só leva mais tempo. Temos que organizar estas categorias também. E depois a revolução virá quando as condições materiais permitirem.
- Mas antes tinhamos que organizar catagorias sidicalizadas pra fazer revolução e não conseguimos. Agora temos que organizar catagorias de pessoas que nem conversam umas com as outras? E essa tal de condição material? ela acontecerá antes ou depois da vinda do messias?
- Para de ser pessimista seu pelego.
- Pelego eu? Não. Não estou do lado do patrão. Só não sei como devo fazer pra derrotar mísseis e aviões a jato. Acho que até o Lenin teria levado um cacete se o capitalismo estivesse tão bem armado no tempo dele. Não sou pelego, sou apenas covarde.
- A coragem não é um atributo dos indivíduos. A coragem surge quando o proletariado se une. A coragem é um predicado das coletividades.
- Caraio mano. Isso é massa mesmo. Cadê os outros proletários pra gente se juntar e ficar tão corajosos que vamos dar um cacete nos aviões a jato.
- Tão todos desempregados ou trabalhando de uber.
- Fodeu!!!
Agora deixa eu te deixar pessimista também.
Você disse que devemos ser críticos (críticos pra caralho) com as ilusões da modernidade.
Beleza. Eu concordo. Adoro ficar falando mal do capitalismo. Nunca vi ninguem que falasse mal do capitalismo e estivesse errado. Todo mundo que fala mal dessa porra está certo, afinal esta porra de regime é uma merda mesmo.
O problema é que criticar não basta. Tem que botar a cara na reta pra tomar porrada. Os intelectuais contemporêneos acham que os tapinhas com carinho que eles levam de outros intelectuais sobre as críticas que eles fazem são as bases para um debate:
Fulano é de esquerda e critíca o capitalismo pelo ponto de vista X.
Beltrano também é de esquerda e critica o ponto de vista X, mas reitera que o ponto de vista Y é a melhor forma de criticar o capitalismo.
Que merda de debate de comadres?
Quem se interessa sobre qual é a melhor forma de meter o pau no capitalismo, quando todo mundo já sabe que essa porra é uma bosta?
Será que vamos convencer aqueles que ainda não são de esquerda?
Acho difícil convencer alguem quando não conseguimos converncer nem a nós mesmos sobre qual é o melhor jeito de meter o pau no capitalismo.
Quero ver botar a cara na reta e dizer:
A solução pra derrubar essa porra é X.
E não venha me dizer que a solução é a revolução. Marx disse isso em 1867 e talvez ainda esteja certo, mas o que interessa é:
Se a revolução for o jeito certo de acabar com essa porra toda. Como é que vamos fazer essa tal de revolução. Dizer Isso seria botar a cara na reta.
Se a revolução já não for o jeito certo, como parecia ser em 1867, então qual é esse jeito?
Eu não sei. Sou só um bosta, que nem todo mundo. Mas garanto uma coisa, O dia que alguém apresentar uma solução que seja válida em 2024, ou 2030 e não na universalidade eterna. Eu topo. Só não consigo ver como soluções formuladas em 1867 ainda possam ser válidas como se fossem valores universiais imutáveis (pode até ser que revoluções sejam a coisa certa a se fazer, mas eu quero saber jeito de fazer. Isso vai me convencer muito mais do que uma análise crítica do capitalismo).
Você disse que a esquerda fez propostas econômicas e políticas no início dos anos 60. Verdade e isso foi muito legal Pelo menos aqueles caras não gastaram a vida apenas falando mal desse regime podre. Propuseram coisas que muita gente criticou (esquerdista adora critícar as críticas, mas gosta mais ainda de criticar as soluções propostas), mas pelo menos propuseram, né?
Você disse que o contexto é outro e que hoje as condições já não permitem uma participação propositiva das esquerdas na condução da política e da ecomnomia. Mas eu penso o seguinte:
Se não dá pra encontrar governos que queiram colocar as ideias de uma economia esquerdista (válida para os problemas materiais do Brasil em 2024 e não apenas um papo genérico de validade universal), pelo menos dá pra escrever sobre tais ideias. Só precisa das próprias ideias, de capacidade analítica, de capacidade de observar as condições materiais no Brasil de hoje e de um bom teclado.
Ideias são meras utopias?
Ficar gastando a vida só metendo o pau no sistema é menos utópico?
Ninguém liga para as críticas ao sistema meu irmão. Foda-se a razão pela qual o capitalismo é ruim. Quero saber o que fazer pra mexer nessa merda.
O dia que pintar um esquerdista propositivo, vai fazer o maior sucesso.
Olha que o Lula nem é esquerdista de verdade e 99,99% de suas propostas envolvem abraçar a sujeira capitalista, mas o simples fato de existir esse 0,01% de esquerdismo nele já faz as pessoas preferirem o Lula ao Hadad. Lula faz propostas e Hadad faz críticas. Hadad parece conhecer bem o regime que ele critica e o Lula parece não conhecer tão bem o capitalismo e suas mazelas, mas faz propostas.
Imagina como seria se alguém que é um pouco mais esquerdista fizesse propostas? Não precisa ser necessariamente a revolução, mas até poderia ser, desde que dissesse como fazer essa porra. Não é só falar que a revolução é o único caminho.
Mas até um reformista poderia ajudar se tentasse propor coisas úteis ao invés de ser o suprassumo do pensamento crítico.
Como fazer a tal reforma agrária sair do papel? Precisa ter uma resposta melhor do que a tal "vontade política" e a maldita expectitiva nas condições materiais adequadas. Precisa dizer como derrotar os latifundiários (boicotes, greves, campanhas?)
Como derrotar a polícia "cão de guarda" dos interesses dos ricos? Não vale a porra da vontade política - isso é conversa fiada. Tô falando de proposta práticas.
Como capacitar a população pra produzir mais, melhor e com consciência política? Vale lembrar que o socialismo também precisa de matemáticos, engenheiros, médicos e um monte de outros pensadores instrumentais. Não dá pra ser crítico e instrumental ao mesmo tempo? Será que Horkheimer estava certo ao dizer que pensamento crítico e instrumental formam um par dialético? Não existem médicos, engenheiros e matemáticos úteis para produzir com justiça ou até pra preservar o meio ambiente e que também sejam capazes de criticar o capitalismo? Talvez não sejam as críticas corretas na sua opinião, mas quais são as porras das críticas corretas se cada sabichão tem uma diferente? (Caralho!!! Fiquei parecendo o Habermas, mas foda-se)
Como resolver a porcaria das mudanças climáticas sem matar todo mundo de fome? Falo de propostas concretas. Não estou falando daquelas generalidades nojentas que são verdadeiros truísmos* (Oh! É preciso mudar o paradigma de produção e consumo de bens no capitalismo). Estou falando de propor maneiras de mudar este paradigma. Como mudar? E não apenas dizer que temos que mudar. Isso é óbvio e não precisa se dito outravez.
Tem muitas outras propostas esperando pra serem escritas e eu, que não tenho competência pra escrevê-las, estou esperando que esse pessoal tão letradinho consiga propor alguma coisa ao invés de passar o tempo todo falando só o óbvio: "O capitalismo é merda". Isso eu já sei.
* Desculpe por usar esse palavrão. Essa maldita palavra que só intelectual conhece, mas eu estava muito nervoso e não resisti a tentação de escrever a palavra "truísmo", só pra provocar.