Herberto Helder dito por Luis Miguel Cintra

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  • เผยแพร่เมื่อ 5 ม.ค. 2025

ความคิดเห็น • 11

  • @trestigres9910
    @trestigres9910 9 ปีที่แล้ว +9

    Excelente iniciativa do jornal Público.
    E já tínhamos saudades de ouvir Luís Miguel Cintra declamar poesia.

  •  7 ปีที่แล้ว +3

    Apaixonada por essa voz, esse sotaque... poderia ouvi-lo pra sempre.

  • @suricatafari
    @suricatafari 9 ปีที่แล้ว +6

    que bem escrito, que bem dito. que maravilha.

  • @ivoneteles4721
    @ivoneteles4721 5 ปีที่แล้ว +2

    Belíssimo o poema, magistralmente dito por L.M.Cintra com a sua inesquecível voz.

  • @ruiduartesa
    @ruiduartesa 9 ปีที่แล้ว +6

    Soberbo. Obrigado Luís Miguel Cintra.

  • @woolf28
    @woolf28 4 ปีที่แล้ว +2

    Lindo, lindo!

  • @carlosluis8617
    @carlosluis8617 7 ปีที่แล้ว +3

    Obrigado Luís

  • @catarinafaro
    @catarinafaro 5 ปีที่แล้ว +1

    Uma palavra, obrigada.

  • @fernandoarturov
    @fernandoarturov 9 ปีที่แล้ว +7

    LUGAR (poema II).
    Há sempre uma noite terrível para quem se despede
    do esquecimento. Para quem sai,
    ainda louco de sono, do meio
    do silêncio. Uma noite
    ingénua para quem canta.
    Deslocada e abandonada noite onde o fogo se instalou
    que varre as pedras da cabeça.
    Que mexe na língua a cinza desprendida.

    E alguém me pede: canta.
    Alguém diz, tocando-me com seu livre delírio:
    canta até te mudares em cão azul,
    ou estrela electrocutada, ou em homem
    nocturno. Eu penso
    também que cantaria para além das portas até
    raízes de chuva onde peixes
    cor de vinho se alimentam
    de raios, seixos límpidos.
    Até à manhã orçando
    pedúnculos e gotas ou teias que balançam
    contra o hálito.
    Até à noite que retumba sobre as pedreiras.
    Canta - dizem em mim - até ficares
    como um dia órfão contornado
    por todos os estremecimentos.
    E eu cantarei transformando-me em campo
    de cinza transtornada.
    Em dedicatória sangrenta.

    Há em cada instante uma noite sacrificada
    ao pavor e à alegria.
    Embatente com suas morosas trevas.
    Desde o princípio, uma onde que se abre
    no corpo, degraus e degraus de uma onda.
    E alaga as mãos que brilham e brilham.
    Digo que amaria o interior da minha canção,
    seus tubos de som quente e soturno.
    Há uma roda de dedos no ar.
    A língua flamejante.
    Noite, uma inextinguível
    inexprimível
    noite. Uma noite máxima pelo pensamento.
    Pela voz entre as águas tão verdes do sono.
    Antiguidade que se transfigura, ladeada
    por gestos ocupados no lume.
    Pedem tanto a quem ama: pedem
    o amor. Ainda pedem
    a solidão e a loucura.
    Dizem: dá-nos a tua canção que sai da sombra fria.
    E eles querem dizer: tu darás a tua existência
    ardida, a pura mortalidade.
    Às mulheres amadas darei as pedras voantes,
    uma a uma, os pára-
    -raios abertíssimos da voz.
    As raízes afogadas do nascimento. Darei o sono
    onde um copo fala
    fusiforme
    batido pelos dedos. Pedem tudo aquilo em que respiro.
    Dá-nos tua ardente e sombria transformação.
    E eu darei cada uma das minhas semanas transparentes,
    lentamente uma sobre a outra.
    Quando se esclarecem as portas que rodam
    para o lugar da noite tremendamente
    clara. Noite de uma voz
    humana. De uma acumulação
    atrasada e sufocante.
    Há sempre sempre uma ilusão abismada
    numa noite, numa vida. Uma ilusão sobre o sono debaixo
    do cruzamento do fogo.
    Prodígio para as vozes de uma vida repentina.
    E se aquele que ama dorme, as mulheres que ele ama
    sentam-se e dizem:
    ama-nos. E ele ama-as.
    Desaperta uma veia, começa a delirar, vê
    dentro de água os grandes pássaros e o céu habitado
    pela vida quimérica das pedras.
    Vê que os jasmins gritam nos galhos das chamas.
    Ele arranca os dedos armados pelo fogo
    e oferece-os à noite fabulosa.
    Ilumina de tantos dedos
    a cândida variedade das mulheres amadas.
    E se ele acorda, então dizem-lhe
    que durma e sonhe.
    E ele morre e passa de um dia para outro.
    Inspira os dias, leva os dias
    para o meio da eternidade, e Deus ajuda
    a amarga beleza desses dias.
    Até que Deus é destruído pelo extremo exercício
    da beleza.
    Porque não haverá paz para aquele que ama.
    Seu ofício é incendiar povoações, roubar
    e matar,
    e alegrar o mundo, e aterrorizar,
    e queimar os lugares reticentes deste mundo.
    Deve apagar todas as luzes da terra e, no meio
    da noite aparecente,
    votar a vida à interna fonte dos povos.
    Deve instaurar o corpo e subi-lo,
    lanço a lanço,
    cantando leve e profundo.
    Com as feridas.
    Com todas as flores hipnotizadas.
    Deve ser aéreo e implacável.
    Sobre o sono envolvida pelas gotas
    abaladas, no meio de espinhos, arrastando as primitivas
    pedras. Sobre o interior
    da respiração com sua massa
    de apagadas estrelas. Noite alargada
    e terrível terrível noite para uma voz
    se libertar. Para uma voz dura,
    uma voz somente. Uma vida expansiva e refluída.
    Se pedem: canta, ele deve transformar-se no som.
    E se as mulheres colocam os dedos sobre
    a sua boca e dizem que seja como um violino penetrante,
    ele não deve ser como o maior violino.
    Ele será o único único violino
    Porque nele começará a música dos violinos gerais
    e acabará a inovação cantada.
    Porque aquele que ama nasce e morre.
    Vive nele o fim espalhado da terra.

  • @suricatafari
    @suricatafari 9 ปีที่แล้ว +1

    ...mas faltam os créditos musicais!

  • @rosaareias9859
    @rosaareias9859 ปีที่แล้ว

    Deixo fluir...senão a onda sufoca