MANUEL BANDEIRA - O Poeta do Castelo - Curta-metragem de Joaquim Pedro de Andrade (1959)
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- เผยแพร่เมื่อ 30 ก.ย. 2024
- "Ontem, hoje, amanhã, a vida inteira
Teu nome será para nós, Manuel, bandeira."
Carlos Drummond de Andrade
Três poemas de Jorge de Sena para Manuel Bandeira
NOS SETENTA ANOS DO POETA MANUEL BANDEIRA
A tua voz, ó poeta, não pode envelhecer,
se envelhecer é não sentir as graças da linguagem
ou recordar não quanto se recorda mas
quanto de nós é recordar a vida, como se humanos fôramos sozinhos
sem outros que viveram, que sofreram, que
escreveram versos quais os teus resumem.
Porque é de nós esse dizer do mundo
em que não há quem não reviva em verso
a vida que perdeu nos versos que ideou.
Toda a poesia a ti concorre, toda,
e tu, singelo e humilde, sábio e juvenil,
a pegas delicado em teu fervor sem mácula,
e a ressuscitas nova, em português, eterna.
Do poço fundo de silêncio e sombras,
da noite ambígua de monstruosas trevas,
do claro dia que hesitante cai,
da beira-mar tão triste que daí contemplas,
a minha voz sozinha te dirijo,
para que a vejas, a recebas, nessa
alegria de estar vivo e ouvir
a música pensada, a música secreta,
no coração que se abre às vozes e aos sentidos,
a tudo o que de humano passa e fica em ti.
E deixa-me dizer-te, meu Amigo e Mestre,
um obrigado simples, sem pensamento ou forma,
um obrigado apenas, porque existes,
e porque não foste embora p’ra Pasárgada,
e a deste contigo francamente a todos nós.
19/04/1956
NOS SETENTA E CINCO ANOS DO POETA
Em teu último poema, tu dizias
Da morte, que não é milagre algum,
E antes o fim de todos os milagres.
Olháva-la nos olhos, com coragem
De quem muito viveu com as palavras.
De um milagre, porém, porque escrevias,
tu te esqueceste, poeta de Pasárgada,
e que a morte nada contra ele pode.
Porque escrever é morte, mas o escrito,
se o foi por ti, Manuel, não morre mais.
15/05/1961
MORTE DE MANUEL BANDEIRA
Só hoje, depois de muitas aulas de um curso
sobre a poesia dele, folheando poema seus,
tive, subitamente, consciência da sua morte,
há mais de um ano, longe, apenas notícia.
Não é essa coisa eventual de notar-se, consabido pasmo
(e a frustração do que jamais vai repetir-se)
que não mais torno a vê-lo e à sua humanidade,
à sua gentileza firme de menino egoísta,
e à surdez com que em verdade não ouvia ninguém
senão a vida e a morte. No fim de contas,
há centenares de poetas que nunca conheci, que admiro,
e que nem sequer estou certo de valer a pena
havê-los conhecido: seriam suportáveis,
humanamente suportáveis, o Dante ou o Camões?
Não: o que de súbito encontro é um vazio
maior. Morreu. Não dirá mais nada,
nada sentirá que nos revele. Os poetas
morrem como toda a gente. A poesia deles
fica, e morrerá mais tarde, como tudo
morre. Mas que um que está connosco
morra inda que velho, e não seja mais
quem escreverá, se ainda escrever: se cale
- e a gente saiba pelas notícias como se calou - é a morte, a pavorosa, a estúpida, a grosseira.
O fim de todos os milagres, que ele bendisse.
O horror de descobrir-se no que fica
quanto morreu quem fez o que ficou.
22/11/1969
Inspiração para o POEMA DO BECO! ❤
O prédio onde moro aparece aos 9:55 💙