Os meus pais são de uma das aldeias de Penamacor. Contaram-me que eram os rapazes do ano (da inspecção militar) que faziam o madeiro. É bom ver as raparigas envolvidas agora. Também me contam que o madeiro (as árvores usadas) tinha que ser roubado. Ou seja, não se pedia permissão ao dono. As vítimas eram sempre as famílias mais ricas da aldeia. O madeiro tinha a função de aquecer os pés ao menino Jesus e, a meu vêr, era simbólico que os moços da terra cobrassem este imposto forçado aos ricos da terra. Durante a missa da consoada o madeiro era aceso, com muitos dos homens, mais aversos a missas, a escolherem ficar no adro. Vinho e aguardente eram vendidos pelos moços e esse dinheiro era então dado como compensação ao dono da(s) árvore(s) abatida(s). Mas só depois de passado o Natal. Com o passar do tempo, e maior afluência da aldeia, o madeiro era doado, ou por um dos representantes duma dessas famílias mais ricas, ou pelos pais dos moços, mas sempre de maneira discreta, tipo com uma conversa com o presidente dos moços comentando sobre uma árvore ou outra que estava seca ou doente no terreno tal e que precisaria ser cortada. Mesmo não tendo nascido na aldeia o meu pai deu uma árvore de um dos terrenos da família em meu nome quando foi o meu ano.
👏👏 amei esse trabalho aí de vcs, e a comida pareceu me bem deliciosa!!! Bela reportagem.
Os meus pais são de uma das aldeias de Penamacor. Contaram-me que eram os rapazes do ano (da inspecção militar) que faziam o madeiro. É bom ver as raparigas envolvidas agora. Também me contam que o madeiro (as árvores usadas) tinha que ser roubado. Ou seja, não se pedia permissão ao dono. As vítimas eram sempre as famílias mais ricas da aldeia.
O madeiro tinha a função de aquecer os pés ao menino Jesus e, a meu vêr, era simbólico que os moços da terra cobrassem este imposto forçado aos ricos da terra.
Durante a missa da consoada o madeiro era aceso, com muitos dos homens, mais aversos a missas, a escolherem ficar no adro. Vinho e aguardente eram vendidos pelos moços e esse dinheiro era então dado como compensação ao dono da(s) árvore(s) abatida(s). Mas só depois de passado o Natal.
Com o passar do tempo, e maior afluência da aldeia, o madeiro era doado, ou por um dos representantes duma dessas famílias mais ricas, ou pelos pais dos moços, mas sempre de maneira discreta, tipo com uma conversa com o presidente dos moços comentando sobre uma árvore ou outra que estava seca ou doente no terreno tal e que precisaria ser cortada. Mesmo não tendo nascido na aldeia o meu pai deu uma árvore de um dos terrenos da família em meu nome quando foi o meu ano.