Aqui - Eron Vaz Mattos -

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  • เผยแพร่เมื่อ 14 ม.ค. 2025

ความคิดเห็น • 6

  • @franciellyalffazevedo1462
    @franciellyalffazevedo1462 4 หลายเดือนก่อน +1

    AQUI
    ERON VAZ MATTOS
    O progresso e o tempo novo mataram os rebanhos,
    As comparsas de esquila a martelo...
    O brete, o rodeio e as marcações porteira a fora.
    O rádio emudeceu as vitrolas
    E o caminhão matou o tropeiro.
    E o homem? E a mulher?
    Ah! Estes ainda não...
    Os homens e mulheres deste pago
    Estão como cernes de guajuvira,
    Eretos e firmes, como sempre.
    Nas suas almas está guardada
    A melhor fibra da raça crioula,
    Mantendo, como patrimônio maior,
    A honra, a dignidade, o apego ao chão,
    Ao trabalho e a honestidade.
    A gente do meu rincão
    Sabe arrancar deste solo
    O seu sustento suado.
    Crescemos tranqueando atrás do arado
    E conversando com os bois,
    Por isso temos o braço forte, as mãos, a alma
    E o coração calejados pelo trabalho pacífico;
    Conduta que adquirimos pelos ensinamentos
    Dos nossos anteriores que balizaram rumos para nós
    E montaram o cavalo para defender
    E tornar brasileiro o chão onde pisamos
    E que guarda as suas cinzas.
    Aqui, as nostalgias da campanha
    encontram amparo nas cruzes sozinhas
    quando debruçam as sombras de braços abertos,
    sobre a teimosia dos pajonais...
    por essas imagens é que as saudades
    ganham estatura de cerros.
    Aqui, repartimos a dor em silêncio
    porque a alma, quando está ferida,
    substitui as palavras pelo idioma do coração
    Aqui, a sombra dos cinamomos
    É muito mais que uma sombra...
    É o lugar onde comungam os mansos e xucros,
    Remoendo, tranquilos, nos sóis dos verões,
    A seiva natural dos campos onde as espécies se igualam,
    celebrando a vida, ao redor das casas.
    Apenas aqui o andante descobre
    o valor de um “ô de casa”, quando sovado de corredores
    bate palmas de esperança na frente do parapeito
    e as portas se abrem para ouvir
    os seus relatos colhidos nas estradas.
    Aqui, a cordeona tem voz de recuerdo;
    A guitarra tem alma de pátria e querência.
    Os galos acordam as madrugadas
    E o cheiro dos campos vem dormir dentro de casa.
    Aqui, se conhece a volta certa dos cambões das porteiras
    E se entende de laços, arames e tranças,
    De potros e domas, conjuntas e jugos,
    Arados e enxadas, mariposas e galeotas,
    Machados e tiradeiras...
    Aqui, as mangueiras encerram os tombos dos pealos
    e os comandos de “forma cavalo”,
    Os berros das vacas mansas timbram a alma do pago,
    Com refrões enluarados de madrugada.
    Apenas aqui ainda se ouve,
    Nas tardes quentes de chuva,
    O tuco-tuco justificando o seu nome
    E as calhandras ainda encontram
    Varais com charque para temperar o assovio.
    Nas noites quentes ainda se escuta
    A saparia afiando o canto nas chairas dos juncais.
    As esporas ainda riscam o chão dos galpões
    E as botas têm o couro queimado pelo suor dos cavalos.
    As chaminés dos fogões a lenha
    ainda fumegam pelas madrugadas
    e, ainda, se pode ouvir as cantigas
    das sangas claras, os berros de touro
    e a cantoria dos grilos...
    As babas-de-boi tremulam nos caraguatás,
    hasteando em mastros de espinhos
    Os rumos dos ventos
    Aqui, ainda se pode ver bombachas remendadas
    E camisas feitas de saco estendidas num quarador
    próximo à tábua de bater roupas,
    nos empedrados das sangas
    As mulheres ainda usam sombrinhas,
    Lenços na cabeça, para a lida
    E ainda bordam panos, aventais, guardanapos...
    E ainda fazem pão com torresmo.
    Aqui, a sabedoria secular ensinou
    que fazendo uma cruz com carvão
    sobre os ovos de galinhas para chocar
    os trovões não conseguem gorar
    e a natureza se encarrega de “descascar” as ninhadas
    e espalhar infâncias de veludo nos terreiros bem varridos.
    Aqui ainda se usa o macete
    e a mordaça para sovar um couro...
    e se toma café com bolo frito
    nas tardes chuvosas de inverno.
    A cicatriz dos rodados que nasciam nas cacimbas,
    hoje serve de caminho para a sobra dos aguaceiros
    engordar as enchentes.
    As vezes, o céu pinga pelas goteiras dos nossos tetos
    apaga luas e estrelas...
    mas acende, em cada um, a sabedoria e a esperança.
    Aqui, a felicidade não tem anéis nos dedos
    nem diplomas nas paredes.
    Mas se tem olhos na alma capazes de interpretar
    as parábolas da natureza...
    porque sabemos:
    Que o canto matinal dos bem-te-vis
    É, na verdade, um diálogo com Deus.

  • @mariaisolinacardozodeolive1434
    @mariaisolinacardozodeolive1434 7 ปีที่แล้ว +4

    Maravilha!!!Gracias por compartilhar"

  • @DiozerGaucho
    @DiozerGaucho 11 ปีที่แล้ว +3

    muito buenacho tchê, gracias pela postagem.

  • @murilomancio9147
    @murilomancio9147 9 ปีที่แล้ว +2

    Alguém tem a letra desta poesia ?