A ideia de uma ontologia geral já merece um pé atrás. Há quem diga que a cultura ocidental se baseia em noções substancialistas, uma vez que acredita numa ideia de obra como entidade autônoma, muito embora alguém como Roman Ingarden tenha levantado a suspeita utilizando ferramentas da fenomenologia. Em outras tradições a própria ideia de obra se torna ainda mais estranha, como no jazz. Isso fica muito claro no Ontology of Jazz, de Andrew Kania. Afinal, se compreendermos obra como a causa final do obrar, voltamos a Aristóteles e sua noção de música como energeia, (en ergon, em obra), ou atividade, que é mais antiga porém mais ampla que a noção de obra que é familiar para nós, em um contexto onde ainda opera uma certa hegemonia europeia. Por outro lado, caberia também separar ambas tradições epistêmicas e operar partindo da base que nem toda tradição criativa utiliza a ideia de obra como causa final da música enquanto atividade, como reivindica Kania, e o demonstra de forma bastante convincente observando o modus operandi comum no âmbito da tradição jazzística. Desculpe o textão mas esse assunto me pega rsrsrs
Ótima conversação. Parabéns Henrique e Caio 🙌
A ideia de uma ontologia geral já merece um pé atrás. Há quem diga que a cultura ocidental se baseia em noções substancialistas, uma vez que acredita numa ideia de obra como entidade autônoma, muito embora alguém como Roman Ingarden tenha levantado a suspeita utilizando ferramentas da fenomenologia. Em outras tradições a própria ideia de obra se torna ainda mais estranha, como no jazz. Isso fica muito claro no Ontology of Jazz, de Andrew Kania. Afinal, se compreendermos obra como a causa final do obrar, voltamos a Aristóteles e sua noção de música como energeia, (en ergon, em obra), ou atividade, que é mais antiga porém mais ampla que a noção de obra que é familiar para nós, em um contexto onde ainda opera uma certa hegemonia europeia. Por outro lado, caberia também separar ambas tradições epistêmicas e operar partindo da base que nem toda tradição criativa utiliza a ideia de obra como causa final da música enquanto atividade, como reivindica Kania, e o demonstra de forma bastante convincente observando o modus operandi comum no âmbito da tradição jazzística. Desculpe o textão mas esse assunto me pega rsrsrs