Escutar ao Fábio falar, com essa intimidade que costuma sobre o contexto histórico das peças de violão, é sempre uma satisfação gigantesca e um momento único de aprender de e sobre música.
Pesquisa musicológica: acho que é um acréscimo à responsabilidade dos músicos que vai pesar cada vez mais até se tornar indispensável. Apenas ter talento, dominar bem a técnica do instrumento e saber interpretar num sentido amplo e geral lendo uma partitura talvez deixe de bastar.
Acabei de assistir embevecido a essa sensacional segunda entrevista do próprio "Il Capo" Marcelo Kayath da GuitarCoop com o sempre profundo Fábio Zanon, na qual fica claro, para os que (ainda) não o conhecem direito, que este não apenas é um grande Músico na mais completa acepção do termo, mas também um cuidadoso estudioso do caráter estético-histórico, somado também ao ambiente emocional e humano que cercou, nutriu e permeou o nascimento das obras que escolhe para registrar em seu repertório ou em suas gravações. E tudo isso soma-se ainda ao fato de Fábio ser um diligente pesquisador, cuja abordagem e reflexão detalhista sempre busca contextualizar sua "leitura" musical, o quê resulta num processo mais trabalhoso e demorado, mas cujos belos frutos são muito mais saborosos do que uma mera repetição dessa cansada busca pelo espalhafato e do que é apenas tecnicamente impressionante, algo que, tristemente, caracteriza muito da escolha atual do repertório de muitos intérpretes - cuja exceção é feita por esses poucos Músicos tão determinados quanto o nosso Fábio Zanon. Ele é um raro integrante daquela quase secreta confraria de Músicos dignos desse nome, que troca a frívola sedução temporária da mera "aparência" externa, que apela ao ângulo mais raso dos nossos Sentidos, pela legítima e permanente Essência, que ressoa na eterna Verdade, da Música e da Vida. Bravo Maestro Zanon. Uma sugestão é que algumas peças do CD sejam doravante tocadas na íntegra durante a entrevista; mas não pelo Músico, ali, ao vivo, porque isso seria pôr uma carga a mais sobre ele. Minha idéia é que ambos ouçam a gravação do próprio registro de estúdio em silêncio e que depois até comentem, situando e relacionando a obra com a visão do próprio intérprete naquela escolha. É certamente uma idéia que se somará e ilustrará a narrativa do Músico, sendo coerente com a chamada e divulgação que a própria entrevista representa - que, depois, certamente virará uma "isca" irresistível para o ouvinte mais atento. Eu só sinceramente lamento que essa aula de entusiasmo e pura dedicação anímica à Verdade Musical tenha sido encurtada para satisfazer o ADD do povo condicionado pela aleijadora linguagem videoclípica da finada Êmitíví. É um indesejável nivelamento, a reboque de uma abordagem estatística que é sempre mecânica, artificial e desumanizante, porque generalizadora, e que só consagra a mesmice do grupo gadificado, em detrimento da busca individual pela excelência. Afinal, lembremo-nos sempre do cientista e filósofo francês Blaise Pascal que, numa sacada inspiradora, observou que: - "Todas as generalizações são um erro - inclusive esta." Se possível, peço que o pessoal da GuitarCoop reflita sobre isso, e decida passar a sempre disponibilizar a versão original da entrevista, para o ouvinte mais interessado ter essa opção. E, quem sabe, se a busca é por "números", então depois compare as visitas das duas versões (Editada e Integral), se o pessoal da GuitarCoop quiser decidir qual versão favorecer. Ou então, muito melhor: simplesmente decida que o mais generoso seria "favorecer" a História, e aí apenas ponha sempre as duas versões no Canal e deixe os visitantes à vontade pra escolher a qual delas querem assistir. Afinal, "mesmo que alguns não queiram", o TH-cam ainda não exige qualquer limite no uso do Canal, não é mesmo? Quem poderá então prever se tal riqueza de informações, contada com a fluência e espírito contagiante do próprio Músico, resultará num tal positivo estímulo ao ouvinte que isso se refletirá num aumento de venda das gravações? É uma aposta válida, a meu ver. Um toque, aliás, dois: eu não estava prestando uma atenção fechada às legendas em Inglês, mas pude notar que fizeram um belo e meticuloso serviço nisso também, e congratulo os responsáveis pela cansativa (!) tarefa - com só duas correções: há um "forgetful" ali aos 06'01" que, no contexto, deveria ter sido "forgotten"; e também quando aos 14'04" Fábio usa o termo "notou" o certo seria grafar "notated", em vez de "composed". Aliás, agora vi alguns outros cochilos mas, como diria Joe Pesci, let's just "forgerabauri"... rs E aos 06'26" Marcelo "errou uma nota" quando, distraído, "russificou" a pronúncia do nome do polonês J. N. de Bobrowicz, trocando o pátrio "vitch" pelo indesejável "vitsk" de seus históricos opressores. ;) Sinto também que faltou comentar mais sobre o instrumento usado, porque não é sempre que se pode ouvir um raríssimo Robert Bouchet de 1964 nessa terra brasilis (aliás, ele é raro demais em qualquer "terra" do planeta...). De onde veio essa jóia em madeira? A quem ela pertenceu? Ou será que "ainda pertence", pois seria apenas um empréstimo para essa gravação? Enfim, todo mundo gosta de ouvir estórias de músicos e alguns gostam também da História dos instrumentos, quando é o caso de um exemplar dessa importância, e estou certo que essa raridade mereceria um capítulo à parte na entrevista. Bem, eu ia dar meus "2 cents" e acabei excedendo o orçamento da paciência de quem lerá (rs), então receba meus mais sinceros e calorosos (38º cariocas) parabéns à tua bela iniciativa, Marcelo, que são extensivos à caprichosa e competente equipe que ajudou a tornar essa bendita idéia da GuitarCoop numa tão querida e musical realidade.
Comentário longo, mesmo....mais, pelo menos eu, agradeço! Apenas adicionando um pequeno dado: na Christie's foi vendida uma Bouchet de 1964, estimada a atingir U$40-50 mil, chegou a USD 122,500!!!
Amo música, mas a música sem efeitos, música raiz , o clássico O violão é um instrumento fantástico, ele faz com que a harmonia e a melodia chegam a um ritmo perfeito uma junção fantástico e fica incrível com contraponto (mais de uma melodia, diferente uma da outra) mas se unem em uma ordem perfeita Fábio Zanon excelente músico e intérprete , parabéns pelo trabalho Toco violão não de forma profissional, mas gosto de aperfeiçoar cada vez mais Por outro lado me encantei com o violoncelo, e a cada dia gosto mais Violão e violoncelo gosto muito de ambos
There are many points of interest in this fascinating interview - I hope Fabio will find time in future to write 'A Life on the Road II' (even though I may have departed this mortal coil when it is published).
The Romantic Guitar collection CD is a wonderful artistic work for the acoustic classic guitar. Thank you Fabio Zanon.
Sensacional Fábio Zanon.
Foi uma grande inspiração quando me aventurei no universo do violão erudito.
Grande mestre.
Excelente intérprete e profundo conhecedor da história da música mundial.
Escutar ao Fábio falar, com essa intimidade que costuma sobre o contexto histórico das peças de violão, é sempre uma satisfação gigantesca e um momento único de aprender de e sobre música.
Pesquisa musicológica: acho que é um acréscimo à responsabilidade dos músicos que vai pesar cada vez mais até se tornar indispensável. Apenas ter talento, dominar bem a técnica do instrumento e saber interpretar num sentido amplo e geral lendo uma partitura talvez deixe de bastar.
Zanon, homem culto! ❤
Grande violonista de renome internacional !
Entrevista/aula de música. Obrigado, maestros Fábio Zanon e Marcelo Kayat!
Acabei de assistir embevecido a essa sensacional segunda entrevista do próprio "Il Capo" Marcelo Kayath da GuitarCoop com o sempre profundo Fábio Zanon, na qual fica claro, para os que (ainda) não o conhecem direito, que este não apenas é um grande Músico na mais completa acepção do termo, mas também um cuidadoso estudioso do caráter estético-histórico, somado também ao ambiente emocional e humano que cercou, nutriu e permeou o nascimento das obras que escolhe para registrar em seu repertório ou em suas gravações.
E tudo isso soma-se ainda ao fato de Fábio ser um diligente pesquisador, cuja abordagem e reflexão detalhista sempre busca contextualizar sua "leitura" musical, o quê resulta num processo mais trabalhoso e demorado, mas cujos belos frutos são muito mais saborosos do que uma mera repetição dessa cansada busca pelo espalhafato e do que é apenas tecnicamente impressionante, algo que, tristemente, caracteriza muito da escolha atual do repertório de muitos intérpretes - cuja exceção é feita por esses poucos Músicos tão determinados quanto o nosso Fábio Zanon. Ele é um raro integrante daquela quase secreta confraria de Músicos dignos desse nome, que troca a frívola sedução temporária da mera "aparência" externa, que apela ao ângulo mais raso dos nossos Sentidos, pela legítima e permanente Essência, que ressoa na eterna Verdade, da Música e da Vida. Bravo Maestro Zanon.
Uma sugestão é que algumas peças do CD sejam doravante tocadas na íntegra durante a entrevista; mas não pelo Músico, ali, ao vivo, porque isso seria pôr uma carga a mais sobre ele. Minha idéia é que ambos ouçam a gravação do próprio registro de estúdio em silêncio e que depois até comentem, situando e relacionando a obra com a visão do próprio intérprete naquela escolha. É certamente uma idéia que se somará e ilustrará a narrativa do Músico, sendo coerente com a chamada e divulgação que a própria entrevista representa - que, depois, certamente virará uma "isca" irresistível para o ouvinte mais atento.
Eu só sinceramente lamento que essa aula de entusiasmo e pura dedicação anímica à Verdade Musical tenha sido encurtada para satisfazer o ADD do povo condicionado pela aleijadora linguagem videoclípica da finada Êmitíví. É um indesejável nivelamento, a reboque de uma abordagem estatística que é sempre mecânica, artificial e desumanizante, porque generalizadora, e que só consagra a mesmice do grupo gadificado, em detrimento da busca individual pela excelência. Afinal, lembremo-nos sempre do cientista e filósofo francês Blaise Pascal que, numa sacada inspiradora, observou que:
- "Todas as generalizações são um erro - inclusive esta."
Se possível, peço que o pessoal da GuitarCoop reflita sobre isso, e decida passar a sempre disponibilizar a versão original da entrevista, para o ouvinte mais interessado ter essa opção. E, quem sabe, se a busca é por "números", então depois compare as visitas das duas versões (Editada e Integral), se o pessoal da GuitarCoop quiser decidir qual versão favorecer. Ou então, muito melhor: simplesmente decida que o mais generoso seria "favorecer" a História, e aí apenas ponha sempre as duas versões no Canal e deixe os visitantes à vontade pra escolher a qual delas querem assistir.
Afinal, "mesmo que alguns não queiram", o TH-cam ainda não exige qualquer limite no uso do Canal, não é mesmo? Quem poderá então prever se tal riqueza de informações, contada com a fluência e espírito contagiante do próprio Músico, resultará num tal positivo estímulo ao ouvinte que isso se refletirá num aumento de venda das gravações? É uma aposta válida, a meu ver.
Um toque, aliás, dois: eu não estava prestando uma atenção fechada às legendas em Inglês, mas pude notar que fizeram um belo e meticuloso serviço nisso também, e congratulo os responsáveis pela cansativa (!) tarefa - com só duas correções: há um "forgetful" ali aos 06'01" que, no contexto, deveria ter sido "forgotten"; e também quando aos 14'04" Fábio usa o termo "notou" o certo seria grafar "notated", em vez de "composed". Aliás, agora vi alguns outros cochilos mas, como diria Joe Pesci, let's just "forgerabauri"... rs
E aos 06'26" Marcelo "errou uma nota" quando, distraído, "russificou" a pronúncia do nome do polonês J. N. de Bobrowicz, trocando o pátrio "vitch" pelo indesejável "vitsk" de seus históricos opressores. ;)
Sinto também que faltou comentar mais sobre o instrumento usado, porque não é sempre que se pode ouvir um raríssimo Robert Bouchet de 1964 nessa terra brasilis (aliás, ele é raro demais em qualquer "terra" do planeta...). De onde veio essa jóia em madeira? A quem ela pertenceu? Ou será que "ainda pertence", pois seria apenas um empréstimo para essa gravação? Enfim, todo mundo gosta de ouvir estórias de músicos e alguns gostam também da História dos instrumentos, quando é o caso de um exemplar dessa importância, e estou certo que essa raridade mereceria um capítulo à parte na entrevista.
Bem, eu ia dar meus "2 cents" e acabei excedendo o orçamento da paciência de quem lerá (rs), então receba meus mais sinceros e calorosos (38º cariocas) parabéns à tua bela iniciativa, Marcelo, que são extensivos à caprichosa e competente equipe que ajudou a tornar essa bendita idéia da GuitarCoop numa tão querida e musical realidade.
Comentário longo, mesmo....mais, pelo menos eu, agradeço! Apenas adicionando um pequeno dado: na Christie's foi vendida uma Bouchet de 1964, estimada a atingir U$40-50 mil, chegou a USD 122,500!!!
Ótima entrevista
Amo música, mas a música sem efeitos, música raiz , o clássico
O violão é um instrumento fantástico, ele faz com que a harmonia e a melodia chegam a um ritmo perfeito uma junção fantástico e fica incrível com contraponto (mais de uma melodia, diferente uma da outra) mas se unem em uma ordem perfeita
Fábio Zanon excelente músico e intérprete , parabéns pelo trabalho
Toco violão não de forma profissional, mas gosto de aperfeiçoar cada vez mais
Por outro lado me encantei com o violoncelo, e a cada dia gosto mais
Violão e violoncelo gosto muito de ambos
There are many points of interest in this fascinating interview - I hope Fabio will find time in future to write 'A Life on the Road II' (even though I may have departed this mortal coil when it is published).
Prezados Fábio e Marcelo! Que tal um cd do violonista Fábio Lima pela GuitarCoop? Seria muito bacana. Parabéns pelo genial trabalho de vocês.
não entendi nada mas adorei
Esse cara só conversa, não toca?