Atualmente estou pensando, será que em relação a alguns temas da sociedade atual, eu devo ser pessimista, otimista ou realista, pois estou uma confusão enorme. Em se tratando sobre o que é cultura, precisamos ter cuidado para não sermos preconceituosos, assim cautela deve ser algo praticado por nós.
Olha, eu particularmente achei que o Llosa faz críticas interessantes e acerta em algumas reflexões. Contudo, achei também que o debate foi conduzido num tom elitista e determinista. O autor, no final das contas, banaliza aspectos da modernidade que também podem ser criativos; menospreza a cultura popular; evoca a necessidade de uma hierarquia cultural... dá a sensação que ele está escrevendo de muito mau humor porque expressões de cultura diferentes das que ele aprecia estão surgindo e agradando as pessoas. A impressão que eu tive foi: tudo aquilo que ele não aprecia não pode ser considerado cultura, porque ele é um homem muito culto e um homem muito culto é quem tem a legitimidade para definir o que é ou não cultura.
Exatamente, Priscila! Achei o mau humor uma constante na leitura. Um tanto ranzinza, eu diria. Ele acerta quando diz que não temos mais algo / alguém ou uma instituição que valide e balize o que é bom ou não. Contudo, acho que essa é uma das características evolutivas de nosso tempo. A reflexão, como alguém "do passado" é interessante para pensarmos o nosso presente. Por isso indico e gosto do livro.
- O livro é interessantíssimo, acho os argumentos do autor muito bem embasados, inclusive em temas espinhosos, em particular achei muito interessante o cap. VI. (O ópio do povo) p/ quem não leu deixo esse trecho: A diferença entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, durar, continuar vivos nas gerações futuras, ao passo que os produtos deste são fabricados p/ serem consumidos no momento e desaparecer, tal como biscoitos ou pipoca.
Esse livro é fantástico!! Mostrando muitíssimo o quanto, em nome da igualdade, estamos nos nivelando por baixo. O avesso dos princípios e valores básicos; Direitos humanos que mais protegem os assassinos e aqueles que cometem crimes do que suas vítimas e assim vai.
Eu acredito que toda reflexão é válida. Há coisas que eu não permito que entrem na minha corrente pessoal, mas não posso ignorá-las enquanto fenômeno social. Quando se fala sobre cultura, há possibilidades infinitas. Para citar um pequeno exemplo: O Rock in Rio é um festival com bandas de vários cenários musicais distintos; alguns eu admiro e curto, enquanto outros eu dispenso completamente. Procuro não exibir uma opinião determinista sobre aquilo que não gosto, mas explico pontualmente o que me desagrada (como a "canção" que você citou no final do vídeo). Acho que a sociedade anda carente de se enxergar representada naquilo que ouve, assiste e lê. Por isso as redes sociais andam tão repletas de ódio gratuito e que ninguém entende com clareza de onde surgiu. Provavelmente isso se dá pela profunda dificuldade de autorreconhecimento, o que faz com que algumas criaturas destilem o veneno do desequilíbrio pessoal latente. Vejo, então, que o autor tem uma certa razão ao falar sobre o risco da autodestruição da sociedade como conhecemos (o que não significa que outro modelo não surgirá dessa mudança.), o que não é, por si só, algo ruim. Pode ser que os cataclismos iminentes tragam novos ares progressistas ao mundo e à nossa forma de experienciar a vivência na Terra. Mas tenho de estar aberto a compreender que tudo o que refleti aqui possa ser um tremendo equívoco e o apocalipse seja realmente algo de proporções bíblicas e sem nenhum retorno positivo. Zigmunt Bauman falava sempre sobre a vivência líquida das relações humanas atuais e eu tenho de concordar com ele, ainda que não deixe de lutar diariamente para solidificar minha relação com os que me cercam. Lya Luft também faz profundas análises das relações humanas em seus textos, e sigo me alimentando dessas ideias para vivenciar um pouco do "outro" que existe à minha volta. (Desculpe o longo texto, mas achei importante trazer algumas ponderações pessoais para possivelmente enriquecer o debate. Talvez um café e um bom papo pessoalmente pudessem levar as ideias ao nível de uma discussão mais densa.🤣)
Juarez sempre contribuindo para elevar o nível do canal! Muito obrigado! O café podemos marcar quando você quiser! Esse livro do Llosa é muito denso. Ele cobre muitas ideias em poucas páginas. Vejo ele pessimista e preocupado com a cultura. Cultura... o que é isso hoje em dia? Não existe mais a cultura como baliza e norte estético da sociedade, segundo o autor. Tudo é entretenimento. No momento estamos indo para um extremo, justamente o da civilização do espetáculo. Mas não é assim? De extremos em extremos que vamos (evoluindo) vivendo?
São ótimos questionamentos para dar início a novas reflexões. Pq de fato fomos extremistas muitas vezes em nossa história. Imagine o que pensaram dos modernistas na semana de arte de 1922. Quando criamos obras distópicas como Laranja Mecânica e 1984, não estamos sendo extremistas/pessimistas ao pintar um mundo absolutamente caótico?! Mas será que essa pintura também não apresentou o extremo descontentamento com o que era definido como "cultura" oficial àquele tempo? E pior, será que essas distopias às vezes não nos mostram traços perigosos de que podem começar a ser implantadas em nossa sociedade alienada e apática?! Enfim, mais tópicos para acrescentar ao caos já instaurado.
"Restringindo" ao campo da arte, é claro que é uma pretensão exorbitante querer ditar o que é arte e o que não é. O que é feito por Vargas Llosa e por outros, como por exemplo o falecido Roger Scruton, é chamar atenção para uma um fenômeno que o autor considera ser uma depreciação da arte no main stream da divulgaçao artística mundial em grandes museus, stablishment artístico, etc... . Grande exemplo do descontentamento de Llosa pode ser entendido se tomarmos por exemplo o caso recente de uma obra de arte que era uma banana presa por uma fita adesiva a uma parede que foi vendida por um preço descomunal em um leilão, valorizando a obra como uma das mais caras do mundo. Tendo isso em mente, muito do que Llosa e também Scruton fizeram no que diz respeito à critica da arte moderna não consiste em "cagar regra" sobre padrões estéticos ou qualquer coisa dessa natureza, e sim fazer a pessoa refletir consigo mesma: " Isso realmente é uma obra que pode ser encarada como uma obra de arte? Ela tem valor artistico? Quais técnicas foram usadas em sua feitura? O quão talentoso o artista teve que ser para fazer essa obra? etc,etc... É um convite para que o leitor possa, se concordar com os argumentos do autor, perceber e ter coragem de dizer por si só que o rei está nu.
@@PauloRicardo-fc4li Quem compra arte não compra por gostar de arte. Rico compra arte porque precisa de um meio pra reservar o próprio capital, por isso eles compram obras de arte completamente aleatórias por preços exorbitantes. É preciso ter muito cuidado na hora de utilizar a realidade como fonte de suas conclusões, não é à toa que temos todo um método científico aí que é fundamental pra compreensão de mundo. A população não valoriza essa obra de arte, a grande maioria das pessoas no mundo não comprariam essa banana, o preço sobe porque há ricos que buscam um meio de aprimorar seu patrimônio. Sobre ser uma reflexão e não "cagação de regra", eu até acreditaria se eles não estivessem com os olhos sempre voltados pro elitismo e pro eurocentrismo, se eles não fossem tão reacionários.
Uma onda de anti-intectualismo tem sido uma constante trama se espalhando por nossa vida política e cultural, nutrida pela falsa noção de que democracia significa que " minha ignorância tem tanto valor quanto o seu conhecimento" Isaac Asimov
Mario Vargas Llosa as vezes acerta nas opiniões, em outras é uma tremenda bola fora. A banalização da cultura nem é de hoje, achei essa opinião dele bem elitista na verdade. Afinal, a cultura do entretenimento surgiu obviamente por vários outros problemas. É muito mais fácil vender entretenimento no nosso sistema capitalista, do que um produto que faça pensar, desperte emoções sinceras, que possa perigosamente fazer as pessoas refletirem etc.
Importante reflexão também, Raul. Especialmente quando você fala sobre pensamento elitista (que normalmente são os personagens que ditam a cultura) e o risco (para esses mesmos personagens) de ideias que façam as pessoas pensarem.
Tenho esse livro há anos, parece que quanto mais o tempo passa ele faz mais sentido !
Atualmente estou pensando, será que em relação a alguns temas da sociedade atual, eu devo ser pessimista, otimista ou realista, pois estou uma confusão enorme. Em se tratando sobre o que é cultura, precisamos ter cuidado para não sermos preconceituosos, assim cautela deve ser algo praticado por nós.
Olha, eu particularmente achei que o Llosa faz críticas interessantes e acerta em algumas reflexões. Contudo, achei também que o debate foi conduzido num tom elitista e determinista. O autor, no final das contas, banaliza aspectos da modernidade que também podem ser criativos; menospreza a cultura popular; evoca a necessidade de uma hierarquia cultural... dá a sensação que ele está escrevendo de muito mau humor porque expressões de cultura diferentes das que ele aprecia estão surgindo e agradando as pessoas. A impressão que eu tive foi: tudo aquilo que ele não aprecia não pode ser considerado cultura, porque ele é um homem muito culto e um homem muito culto é quem tem a legitimidade para definir o que é ou não cultura.
Exatamente, Priscila! Achei o mau humor uma constante na leitura. Um tanto ranzinza, eu diria. Ele acerta quando diz que não temos mais algo / alguém ou uma instituição que valide e balize o que é bom ou não. Contudo, acho que essa é uma das características evolutivas de nosso tempo. A reflexão, como alguém "do passado" é interessante para pensarmos o nosso presente. Por isso indico e gosto do livro.
exatamente , MVL sempre teve uma postura elitista ,mimado e com um ego gigantesco ao ponto do ódio ...
Adorei...
Gostei,vou ler este livro.
Vale muito a pena!
Excelente vídeo!
Sensacional
Nossa, muito bom video, tinha posto ja o livro no meu carrinho amazon
- O livro é interessantíssimo, acho os argumentos do autor muito bem embasados, inclusive em temas espinhosos, em particular achei muito interessante o cap. VI. (O ópio do povo) p/ quem não leu deixo esse trecho: A diferença entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, durar, continuar vivos nas gerações futuras, ao passo que os produtos deste são fabricados p/ serem consumidos no momento e desaparecer, tal como biscoitos ou pipoca.
Esse livro é fantástico!! Mostrando muitíssimo o quanto, em nome da igualdade, estamos nos nivelando por baixo.
O avesso dos princípios e valores básicos; Direitos humanos que mais protegem os assassinos e aqueles que cometem crimes do que suas vítimas e assim vai.
- Em que trecho você leu isso ? Li a obra, e não a esse argumento.
Conheci o canal agora, bem bacana!
Valeu, Guilherme! Bem vindo ao canal! Qualquer sugestão de livro só falar!
Mário Vargas Llosa é o maior romancista vivo.
Eu acredito que toda reflexão é válida. Há coisas que eu não permito que entrem na minha corrente pessoal, mas não posso ignorá-las enquanto fenômeno social. Quando se fala sobre cultura, há possibilidades infinitas. Para citar um pequeno exemplo: O Rock in Rio é um festival com bandas de vários cenários musicais distintos; alguns eu admiro e curto, enquanto outros eu dispenso completamente. Procuro não exibir uma opinião determinista sobre aquilo que não gosto, mas explico pontualmente o que me desagrada (como a "canção" que você citou no final do vídeo). Acho que a sociedade anda carente de se enxergar representada naquilo que ouve, assiste e lê. Por isso as redes sociais andam tão repletas de ódio gratuito e que ninguém entende com clareza de onde surgiu. Provavelmente isso se dá pela profunda dificuldade de autorreconhecimento, o que faz com que algumas criaturas destilem o veneno do desequilíbrio pessoal latente. Vejo, então, que o autor tem uma certa razão ao falar sobre o risco da autodestruição da sociedade como conhecemos (o que não significa que outro modelo não surgirá dessa mudança.), o que não é, por si só, algo ruim. Pode ser que os cataclismos iminentes tragam novos ares progressistas ao mundo e à nossa forma de experienciar a vivência na Terra. Mas tenho de estar aberto a compreender que tudo o que refleti aqui possa ser um tremendo equívoco e o apocalipse seja realmente algo de proporções bíblicas e sem nenhum retorno positivo. Zigmunt Bauman falava sempre sobre a vivência líquida das relações humanas atuais e eu tenho de concordar com ele, ainda que não deixe de lutar diariamente para solidificar minha relação com os que me cercam. Lya Luft também faz profundas análises das relações humanas em seus textos, e sigo me alimentando dessas ideias para vivenciar um pouco do "outro" que existe à minha volta. (Desculpe o longo texto, mas achei importante trazer algumas ponderações pessoais para possivelmente enriquecer o debate. Talvez um café e um bom papo pessoalmente pudessem levar as ideias ao nível de uma discussão mais densa.🤣)
Juarez sempre contribuindo para elevar o nível do canal! Muito obrigado! O café podemos marcar quando você quiser! Esse livro do Llosa é muito denso. Ele cobre muitas ideias em poucas páginas. Vejo ele pessimista e preocupado com a cultura. Cultura... o que é isso hoje em dia? Não existe mais a cultura como baliza e norte estético da sociedade, segundo o autor. Tudo é entretenimento. No momento estamos indo para um extremo, justamente o da civilização do espetáculo. Mas não é assim? De extremos em extremos que vamos (evoluindo) vivendo?
São ótimos questionamentos para dar início a novas reflexões. Pq de fato fomos extremistas muitas vezes em nossa história. Imagine o que pensaram dos modernistas na semana de arte de 1922. Quando criamos obras distópicas como Laranja Mecânica e 1984, não estamos sendo extremistas/pessimistas ao pintar um mundo absolutamente caótico?! Mas será que essa pintura também não apresentou o extremo descontentamento com o que era definido como "cultura" oficial àquele tempo? E pior, será que essas distopias às vezes não nos mostram traços perigosos de que podem começar a ser implantadas em nossa sociedade alienada e apática?! Enfim, mais tópicos para acrescentar ao caos já instaurado.
"Restringindo" ao campo da arte, é claro que é uma pretensão exorbitante querer ditar o que é arte e o que não é. O que é feito por Vargas Llosa e por outros, como por exemplo o falecido Roger Scruton, é chamar atenção para uma um fenômeno que o autor considera ser uma depreciação da arte no main stream da divulgaçao artística mundial em grandes museus, stablishment artístico, etc... . Grande exemplo do descontentamento de Llosa pode ser entendido se tomarmos por exemplo o caso recente de uma obra de arte que era uma banana presa por uma fita adesiva a uma parede que foi vendida por um preço descomunal em um leilão, valorizando a obra como uma das mais caras do mundo.
Tendo isso em mente, muito do que Llosa e também Scruton fizeram no que diz respeito à critica da arte moderna não consiste em "cagar regra" sobre padrões estéticos ou qualquer coisa dessa natureza, e sim fazer a pessoa refletir consigo mesma: " Isso realmente é uma obra que pode ser encarada como uma obra de arte? Ela tem valor artistico? Quais técnicas foram usadas em sua feitura? O quão talentoso o artista teve que ser para fazer essa obra? etc,etc...
É um convite para que o leitor possa, se concordar com os argumentos do autor, perceber e ter coragem de dizer por si só que o rei está nu.
@@PauloRicardo-fc4li Quem compra arte não compra por gostar de arte. Rico compra arte porque precisa de um meio pra reservar o próprio capital, por isso eles compram obras de arte completamente aleatórias por preços exorbitantes. É preciso ter muito cuidado na hora de utilizar a realidade como fonte de suas conclusões, não é à toa que temos todo um método científico aí que é fundamental pra compreensão de mundo. A população não valoriza essa obra de arte, a grande maioria das pessoas no mundo não comprariam essa banana, o preço sobe porque há ricos que buscam um meio de aprimorar seu patrimônio. Sobre ser uma reflexão e não "cagação de regra", eu até acreditaria se eles não estivessem com os olhos sempre voltados pro elitismo e pro eurocentrismo, se eles não fossem tão reacionários.
Tem razão. Por isso gosto de ler ambos, Baumann e Luft...
Excelente vídeo. Ganhou mais um inscrito.
q existem culturas superiores a outras ele está certíssimo
Uma onda de anti-intectualismo tem sido uma constante trama se espalhando por nossa vida política e cultural, nutrida pela falsa noção de que democracia significa que " minha ignorância tem tanto valor quanto o seu conhecimento"
Isaac Asimov
Perfeito.
Mario Vargas Llosa as vezes acerta nas opiniões, em outras é uma tremenda bola fora. A banalização da cultura nem é de hoje, achei essa opinião dele bem elitista na verdade. Afinal, a cultura do entretenimento surgiu obviamente por vários outros problemas. É muito mais fácil vender entretenimento no nosso sistema capitalista, do que um produto que faça pensar, desperte emoções sinceras, que possa perigosamente fazer as pessoas refletirem etc.
Importante reflexão também, Raul. Especialmente quando você fala sobre pensamento elitista (que normalmente são os personagens que ditam a cultura) e o risco (para esses mesmos personagens) de ideias que façam as pessoas pensarem.
@@Juarezlove obrigado, também gostei muito da sua opinião!
Fala, Fred, faz um tempo, hein, mas voltei, hehehe, espero que tenha sentido a minha falta!
Fala, Jhonny! Bem vindo de volta!