O IDIOTA: A LIÇÃO DA DIALÉTICA

แชร์
ฝัง
  • เผยแพร่เมื่อ 29 ก.ย. 2024
  • Cremos que a faculdade de idealizar um mundo melhor é intrínseca ao homem. Gostaríamos que o mundo fosse justo, que todos fossem dignos (iguais) e que vivêssemos em paz permanente. Devemos sempre procurar alcançar esse ideal. Como foi colocado, não temos esse mundo ainda. A realidade - e não entraremos em sua conceituação filosófica - é outra: não temos justiça, igualdade e muito menos paz permanente. É preciso, portanto, entender essa realidade ao projetarmos o nosso ideal de mundo. Do contrário, não partiremos das premissas certas, pois só estamos enxergando o mundo que queremos, esquecendo deste que já existe. A dialética (Hegel) nos permite entender a dinâmica que perpassa esses dois mundos, aquele a que almejamos e aquele que já temos.
    Como sempre, Dostoiévski nos deixa perplexo acerca deste assunto. Em "O idiota" (1868), o grande autor russo constrói a figura de um homem, o príncipe Míchkin, que ele mesmo caracteriza como "a idealização da perfeição". Em uma de suas cartas, Dostoiévski escreve que:
    (...) o mais alto emprego que o homem pode fazer de sua personalidade, da plenitude do desenvolvimento do seu eu, é como que eliminar esse eu, consagrá-lo inteiramente a todos e a cada um, sem reservas e com abnegação. ” [Carta de Dostoiévski a Ivánova, 1868]”
    O príncipe Míchkin faz isso. Ao entender o drama (as sutilezas, as baixezas, as grandezas) de todas as pessoas com que convive, o príncipe fica inerte, não toma uma posição frente aos problemas, parece relativizar tudo. Não julga a baixeza de Gánia Ívolguin e não denuncia Rogojín pelos seus crimes, por exemplo. Ao acreditar, ao não entender as premissas do mundo que existe (vil, mesquinho, egoísta, individualista), e sem a dialética que proporciona o entendimento entre o real e o ideal, Míchkin acaba por ficar na inércia. Ao entrar no covil no qual Natacha Filippovna fora assassinada, Míchkin não consegue fazer outra coisa que entender o assassino e afagar a sua cabeça. A professora Rossana Rossanda sabidamente interpreta que o Príncipe
    “(...) não conseguirá impedir nada; quanto mais entende, menos poderá modificar. O mundo é do mal (...) A bondade é inútil. Ou pelo menos não pertence ao universo da utilidade. ” [512]

ความคิดเห็น • 23