Adriana Calcanhotto lê o poema Clandestino de Waly Salomão

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  • เผยแพร่เมื่อ 12 ก.ย. 2024
  • Clandestino - para Adriana Calcanhotto
    vou falar por enigmas.
    apagar as pistas visíveis.
    cair na clandestinidade.
    descer de paraquedas
    / camuflado /
    numa clareira clandestina da mata atlântica.
    já não me habita mais nenhuma utopia.
    animal em extinção, quero praticar poesia
    - a menos culpada de todas as ocupações.
    já não me habita mais nenhuma utopia.
    meu desejo pragmático-radical
    é o estabelecimento de uma reserva de ecologia
    - quem aqui diz estabelecimento diz ESCAVAÇÃO -
    que arrancará a erva daninha do sentido ao pé da letra,
    capinará o cansanção dos positivismos e literalismos,
    inseminará e disseminará metáforas,
    cuidará da polinização cruzada,
    cultivará hibridismos bolados pela engenharia genética,
    adubará e corrigirá a acidez do solo,
    preparará a dosagem adequada de calcário,
    utilizará o composto orgânico
    excrementado pelas minhocas fornicadoras cegas
    e propagará plantas por alporque ou por enxertia.
    já não me habita mais nenhuma utopia.
    sem recorrer ao carro alegórico:
    olhar o que é, como é, por natureza, indefinido.
    quero porque quero o êxtase,
    uma réplica reversora da república de Platão
    agora expulsando para sempre a não poesia
    da metamorfose do mundo.
    já não me habita mais nenhuma utopia.
    bico do beija-flor suga glicose no camarão em flor.
    (de um livro em preparação, sem nome fixo)
    Direitos autorais: Companhia das Letras.

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