Obrigado Prof. Clóvis, por tantos instantes felizes, virginais e irrepetíveis! Entre 1995 e 1999, fui aluno da USP no Campus Cidade Universitária "Armando de Salles Oliveira" (aliás, mesma denominação do Colégio Industrial no qual cursei o 2º GrauTécnico em Botucatu-SP) e por um infeliz desencontro do destino (à época não conhecia seu trabalho), perdi oportunidades de assistir às tuas aulas como "bicão" (pois fui aluno de Exatas), fato que me entristeceu quando a mim me foi foi revelado. Entretanto, perder tantos momentos presenciais me apurou o gosto pela Filosofia, tornando-me um assíduo consumidor dos verdadeiros saberes proporcionados pelos conteúdos do Inédita Pamonha, Casa do Saber, Partiu Pensar, Café Filosófico, Lendo com o Clóvis entre tantos outros e os quais remetem ao verdadeiro objetivo do (e de todo) professor ao transmitir um ensinamento.... *Estimular e desenvolver um Pensamento Crítico-Analítico* em todos seus alunos, para que esses sejam, sobretudo, Independentes. Gratidão, sempre!
Em adendo à resposta do prof à pergunta do Felipe tenho a dizer algo que falávamos quando estávamos trabalhando na Nokia, como braço tecnológico da responsabilidade social da empresa. Era mais ou menos assim "Quando acaba o dinheiro, os primeiros que morrem são as criancinhas e as árvores"
Ótimo video. Lembrei de uma palestra em que o senhor diz. Trabalhe bem e de forma consistente mas tenha um plano B. Só seguir em frente sem reclamar é uma boa estratégia. Mas só reclamar sem trabalhar também não. Precisamos ter uma perseverança estratégica, e saber o melhor momento de contestar melhorias
Professor desculpa minha ignorância mas Marco Aurelio achava que pimenta no olho do outro era refresco? Ele vivia estoicamente? Acho que nao. Amo essas pamonhas. Muiiiito obrigada.
Marabilhoso episódio em respostas a aqueles que chamam o Clóvis para podcasts, digo Os Socios mesmo. A alta classe, que """"ama"""" e "pratica" o Estoicismo e fala da boca pra fora, desculpe, mas é essa a realidade, nao apenas difamo, constato o fato
Se você estacionar o carro no centro de uma cidade média ou grande e houver livros no banco de trás, não se preocupe: eles não têm "valor" numa sociedade que os renega. Sobre os estóicos, fico com o saudoso Contardo Calligaris: prefiro filósofos mais razoáveis. Pergunta: sobre esse NEO-estoicismo, vale a máxima de Hegel segunda a qual tudo na História acontece duas vezes?
OS ERROS DO PROF. CLÓVIS DE BARROS FILHO QUANTO AO ESTOICISMO Gosto muito do Prof. Clóvis, ele é uma referência para mim tanto por sua erudição como pela forma didática em como expõe temas complexos para as pessoas mais simples. Ele faz com que a filosofia seja "democratizada" de maneira bela e poética; porém, creio que nesse episódio, ele foi muito infeliz. Levantarei 2 pontos com 2 subpontos cada para tratar de elementos do vídeo que creio serem falsas interpretações da filosofia estoica que podem ser prejudiciais para o entendimento desse sistema filosófico por parte das pessoas que o assistirem. 1. O NÃO CONFIRMISMO ESTOICO Em primeiro lugar, creio que o Prof. Clóvis erra ao dizer no vídeo que o estoicismo é um sistema filosófico que defende o status quo e que ele é um instrumento excelente nas mãos dos poderosos e da elite (como a do Vale do Silício) para subjugar os oprimidos e mais fracos. Tratarei e responderei sobre isso nos dois subpontos abaixo: 1.1. QUANTO AOS DITADORES E AO STATUS QUO POLÍTICO OPRESSOR O estoicismo não é simplesmente uma filosofia da aceitação de todas as coisas de modo conformista. Para os estoicos, os heróis, na verdade, são justamente os homens que lutam contra a tirania e a ditadura, contra o poder opressor, como, por exemplo, Catão, o Jovem, que lutou contra Júlio César para que a República e a liberdade fossem preservas contra a ditadura que este último finalmente conseguiu estabelecer (Sêneca, Sobre a Providência 2.9,10; Sobre a Constância do Sábio 2.1); ou homens como aqueles que não aceitaram o status quo ao participarem da Conspiração de Pisão para destronarem o monstro Nero, a exemplo de Laterano (As Diatribes de Epicteto 1.18,19) e do próprio filósofo Sêneca; ou outros estoicos como Trásea que também se opuseram a esse mesmo imperador louco; ou outros como Helvídio Prisco que também se levantou contra outro imperador, Vespasiano, em nome dos seus próprios ideais (As Diatribes de Epicteto 1.2.19-24). Muitos deles tiveram que pagar com a vida para tentarem fazer o que era certo, na medida do que podiam, em prol da justiça. Eles não eram conformistas que se resignavam diante de um poder irresistível. Pelo contrário, eles lutavam com coragem para que o que acreditavam ser bom para todos os cidadãos e mesmo os que não eram considerados cidadãos (veja sobre a escravidão abaixo) fosse efetivado na vida pública e no Estado. 1.2. QUANTO À INSTITUIÇÃO DA ESCRAVIDÃO Além do mais, em sua visão antropológica universalista e ampla, os estoicos não consideravam nem mesmo os escravos como inferiores. Todos os seres humanos são iguais. Sêneca chega ao ponto de dizer que foi a cobiça e ambição que gerou "a queda" do homem em seu desejo de subjugar o próximo para adquirir posses (Carta 90.40,41). Em uma carta a Lucílio, ele chegava ao ponto de dizer que os escravos brotaram de uma mesma semente que Lucílio e, portanto, é da mesma natureza e pode ser verdadeira e interiormente livre enquanto o próprio Lucílio, caso não se concentre na verdadeira sabedoria, pode se tornar um escravo (Carta 47.10). Lembremos também que o próprio Epicteto, um dos maiores mestres estoicos romanos, era um escravo que foi liberto. Ele diz em muitos capítulos do seu Encheirídion ou Manual (caps. 12, 14 e 26) que os senhores não devem castigar os seus escravos, pois isso é uma atitude de uma pessoa má e que não é senhora de si mesma, mas que é controlada pelas coisas externas. O estoicismo é uma filosofia que, desde o início, pensa no homem de uma perspectiva cosmopolita e não restrita e limitada. Todos os homens são cidadãos do cosmos, do mundo, por causa da razão (Logos) que lhes é comum (cf. Marco Aurélio, Meditações 4.4). Assim como todo o mundo, todo o universo, é ordenado e cada ser participa e contribui para essa ordem com a sua própria natureza, também o homem participa dessa ordem por meio da sua própria e peculiar natureza. Pois bem, a razão é o principal motivo de todos seres humanos serem de uma mesma natureza e, portanto, por isso todos eles devem cooperar para o bem comum, como os membros do corpo cooperam uns com os outros para o bem de todo o corpo (Meditações 2.1). Essa razão é a faculdade condutora que faz com que o ser humano seja diferente de todos os demais seres. Se é assim, então para os estoicos, os homens livres e os escravos possuem o mesmo status ontológico com igual dignidade por haverem recebido de Deus (na visão deles, dos deuses) a mesma parcela de divindade, o Logos, a Razão. Ela os torna partícipes dos deuses, estes que "arrancaram" essa parcela de si mesmos e a deram aos homens (As Diatribes de Epicteto 1.1.7-12; 1.17.27; Marco Aurélio, Meditações 5.27). Portanto, o estoicismo não tenta fazer com que haja conformismo no que diz respeito ao status social dos menos favorecidos, pelo contrário, ele demonstra a dignidade de todos e incentiva o tratamento igual para com todos, pois todos são da mesma natureza: "carne, sopro vital e faculdade condutora" (Meditações 2.2). CONTINUA...
CONTINUAÇÃO 2. O "MAL-ENTENDIDO" QUANTO ÀS MEDITAÇÕES 2.3 E 4.28 DE MARCO AURÉLIO 2.1. A "REJEIÇÃO" AOS LIVROS DE MARCO AURÉLIO O Prof. Clóvis irá dizer que Marco Aurélio defende uma rejeição aos livros como que se ele estivesse tentando - por ser o imperador - incentivar os leitores a uma espécie de anti-intelectualismo que faria com que os cidadãos fossem manipulados mais facilmente. Para isso, ele cita a meditação 3 do livro 2 que diz: "No que toda a tua sede por livros, apressa-te em repudiá-la para que não venhas a morrer em murmúrios e resmungos, mas sim de uma maneira propícia e autêntica e agradecendo de coração aos deuses". Essa tradução usada por ele (e reproduzida aqui) é da Editora Edipro (2019, p.26) e foi realizada pelo Dr. Edson Bini. Mas já na primeira página da introdução do livro (p.9), Bini dirá que o título original das Meditações é TON EIS EAYTO que poderia ser traduzido como "para si mesmo", indicando que eram reflexões de caráter privado. Bini diz que isso "indica explicitamente o caráter de privacidade e até intimista desses escritos. O visível tom de autoadmoestação, autocrítica, confissão e, por vezes, desabafo perpassa todas as seções dos doze livros que compõem o conjunto de reflexões, sugerindo o cunho estritamente pessoal de um diário atípico que não era para ser publicado" (p.9). Deste modo não somente a meditação 2.3 citada acima sobre os livros, como também outras em que ele fala sobre esse tema (1.17; 2.2). Marco Aurélio era um imperador que enfrentou muitos problemas em seu reinado e teve de lidar com muitos conflitos políticos (que ele não apreciava nem um pouco), além precisar defender as fronteiras de Roma durante vários anos. Ele não era um filósofo estoico propriamente dito, mas sim, como também aponta Bini, "um estoico, uma vez que levou à prática e em larga escala os princípios da doutrina estoica, tanto no âmbito pessoal como, na medida do possível, em sua intensa e árdua atividade como governante do Império Romano" (p.9; cf. p.10, 12). Marco Aurélio diz algo que ilustra de modo interessante o que ele quer dizer quando fala que não gastava muito tempo em leituras. No Livro 1, onde ele agradece a várias pessoas que influenciaram positivamente a sua vida, ele agradece por fim aos deuses por praticamente tudo de bom que ele possuía e era e, no final da meditação 17, ele diz o seguinte: "[Foi graças aos deuses que] quando comecei a me ocupar de filosofia, não topei com algum sofista nem despendi muito tempo lendo tratados, analisando silogismos nem me detendo no estudo dos corpos e fenômenos celestes". O que ele quer dizer com isso é que foi graças aos deuses que, quando ele iniciou seus estudos filosóficos, ele pôde se dirigir para aquilo que era mais importante para a formação dele como imperador para servir bem ao Império no futuro. Ou seja, ele acreditava que os deuses o guiaram para uma formação mais prática tendo em vista o bem de todo o Império. Portanto, o ponto dele não é influenciar um anti-intelectualismo nos leitores, pois ele nem sequer escreveu suas meditações com o propósito de publicá-las, mas para uso privado. O ponto dele era que como imperador, ele tinha problemas urgentes para resolver em seu reinado e para o bem de todo o império. 2.2. "O CARÁTER NEGATIVO FEMININO E DO PEQUENO EMPREENDEDOR" O Prof. Clóvis também cita a meditação 4.28 da mesma tradução do Dr. Edson Bini da Editora Edipro (p.47) que diz: "Caráter negativo, caráter feminino, caráter obstinado, selvagem, pueril, bestial, covarde, desleal, charlatanesco, de pequeno mercador, tirânico". Bem, como dito no último subponto, o Dr. Bini deixa claro que essa obra de Marco Aurélio tinha um "cunho estritamente pessoal de um diário atípico que não era para ser publicado " (p.9). E podemos ver isso, por exemplo no livro 2, meditação 6 que diz: "Insulta, insulta a ti mesma, ó alma! O tempo na justa medida de que dispões para honrares a ti mesma escasseia; com efeito, a vida de cada ser humano é curta. E embora a tua esteja quase no fim, não respeitas a ti mesma e fazes tua felicidade depender de outras almas (p. 27, grifo meu); ou na seguinte: "Não se trata mais, em absoluto, da discussão em torno do que deve ser o homem bom, mas sim de ser o homem bom" (Meditações 10.16). Marco Aurélio não estava com essas meditações querendo diminuir as demais pessoas, estava apenas fazendo reprimendas a si mesmo. Ele sabia que era igual às demais pessoas em dignidade, pois compartilhava com elas de uma "idêntica inteligência e parcela da divindade" (Meditações 2.1; cf. 5.27). Desse modo, ainda que ele tenha usado termos fortes na meditação 4.28, em primeiro lugar devemos lembrar que ele está repreendendo a si mesmo e não menosprezando as demais pessoas e, em segundo lugar, devemos nos lembrar que ele está falando tendo como base um contexto histórico completamente diferente do contexto moderno. O feminino era considerado tanto na cultura grega como na romana como qualificativo de inferioridade. Isso devido a vários motivos, dentre eles, a suposta fragilidade feminina e sua suposta maior inclinação às emoções do que os homens (cf. Meditações 2.10). Porém, olhar para trás com o dedo em riste e expressando juízos morais muito restritos cobrando que a cultura grega e romana antigas tivessem o mesmo padrão e valores modernos e pós-modernos é, no mínimo, anacrônico. Houve evolução moral no que diz respeito à igualdade dos gêneros e isso é excelente, porém, cobrar que um antigo romano do século 2 tivesse a mesma visão que nós temos hoje é completamente inadequado de um ponto de vista histórico. Quanto ao caráter do pequeno mercador, Marco Aurélio não está menosprezando os comerciantes, mas sim os desonestos. O termo grego "KAPELIKÓN" usado por ele aqui significa "pouco honesto". Desse modo, o que Marco Aurélio tem em mente não é o pequeno empreendedor, mas sim uma pessoa desonesta, uma pessoa vigarista. CONTINUA...
CONCLUSÃO Concluo dizendo reforçando o que disse no início do comentário, que respeito e admiro muito o Prof. Clóvis; porém, com base em tudo o que expus acima, preciso dizer que discordo fortemente do teor deste episódio do Inédita Pamonha. Nele, o Prof. foi impreciso em suas afirmações e colocações ao dizer que o estoicismo é uma filosofia que serve às classes dominantes em detrimento das classes dominadas e oprimidas quando, na verdade, podemos ver pelo exemplo de um dos maiores filósofos desse sistema, Epicteto, que essa filosofia é universalista em todos os aspectos, defendendo a igualdade entre todas as pessoas por todas elas compartilharem - na visão dos estoicos - de uma mesma e "idêntica parcela de inteligência e divindade" (Meditações 2.1). Sendo assim, o que o estoicismo preconiza e ensina é justamente que seus adeptos usem tudo o que está sob seu controle para auxiliar as pessoas que estão ao seu redor e até mesmo para tentar mudar realidades sociais injustas e opressoras como muitos "heróis" dentre eles tentaram. Para os estoicos, a paz de espírito e a tranquilidade da alma são encontradas justamente no exercício da virtude, que é um uso adequado da razão (Sêneca, Cartas 66.32; 71.32; 76.10; 92.2,3; Marco Aurélio, Meditações 3.6, 12) para a efetivação do bem no mundo. Sendo assim, termino dizendo que o Prof. Clóvis de Barros Filho errou ao sugerir que o estoicismo é uma filosofia elitista a serviço dos opressores, pelo contrário, ela é uma filosofia da ataraxia, da tranquilidade da alma, mas uma ataraxia gerada pela prática ativa da virtude com vistas ao bem comum dos homens e de toda a ordem do mundo.
...o conformismo é a" lógica" daqueles levam vantagem sendo escravos. "Somos vítimas, eles nos devem tudo, nós merecemos tudo o que eles têm porque eles nos roubam", logo, posso roubar também, logo é meu dever ser preguiçoso, irresponsável, mentiroso. É minha defesa contra quem quer me dominar e assim, levar vantagem. Essa é a ante sala do terrorismo... Não concordei em gênero, número e grau com essa postagem, ainda que goste de vc e do seu trabalho.
"Vantagem em ser escravo?" O ser cuja liberdade foi cerceada por interesse de outrem, viverá um sofrimento tão grande , que para alguns supera o medo da morte, pois ferem seus mais básicos direitos sociais a ponto dessa revolta se lhe custar a própria vida, na defesa de seus iguais
Não vai faltar gente para chamar o prof Clóvis de "comunista", apesar de 99% dos que usam essa palavra para diminuir os outros não saibam o real significado da mesma. A sociedade emburreceu,e muito
Prof. Clóvis, sigo suas aulas publicadas desde a USP, e para mim você é um dos que ajudam a melhorar este mundão difícil.
Professor Clovis o senhor é maravilhoso, sem igual!❤
Prof. Clovis, maravilhoso!!!
Deu vontade de pegar o gancho e lamuriar...mas o necessário já foi dito.
Clóvis 🤝
Obrigado Prof. Clóvis, por tantos instantes felizes, virginais e irrepetíveis! Entre 1995 e 1999, fui aluno da USP no Campus Cidade Universitária "Armando de Salles Oliveira" (aliás, mesma denominação do Colégio Industrial no qual cursei o 2º GrauTécnico em Botucatu-SP) e por um infeliz desencontro do destino (à época não conhecia seu trabalho), perdi oportunidades de assistir às tuas aulas como "bicão" (pois fui aluno de Exatas), fato que me entristeceu quando a mim me foi foi revelado. Entretanto, perder tantos momentos presenciais me apurou o gosto pela Filosofia, tornando-me um assíduo consumidor dos verdadeiros saberes proporcionados pelos conteúdos do Inédita Pamonha, Casa do Saber, Partiu Pensar, Café Filosófico, Lendo com o Clóvis entre tantos outros e os quais remetem ao verdadeiro objetivo do (e de todo) professor ao transmitir um ensinamento.... *Estimular e desenvolver um Pensamento Crítico-Analítico* em todos seus alunos, para que esses sejam, sobretudo, Independentes. Gratidão, sempre!
Caramba, mestre, que análise sensacional! Vi com um pé atrás essa onda estóica .... e o sr.vem e justifica minha desconfiança!
Em adendo à resposta do prof à pergunta do Felipe tenho a dizer algo que falávamos quando estávamos trabalhando na Nokia, como braço tecnológico da responsabilidade social da empresa. Era mais ou menos assim "Quando acaba o dinheiro, os primeiros que morrem são as criancinhas e as árvores"
Valeu!
Nós que agradecemos!
BORA LER!!!!! OBRIGADA PROFESSOR! CONTINUE.
Boa tarde.
Baita reflexão professor
Que coragem e destreza para questionar a visão dos Stoicos. So posso aplaudir de pé! Admiro muito.
Nossa véio! Que análise fantástica!
Obrigado
Professor sempre aproveita os Pamonhas muito bem.
Está vez falando de educação.
Não por acaso é a semana do Enem.
Parabéns por sua dedicação.
A pergunta do Filipe passou longe da minha capacidade cognitiva 😂
O Prof. Clóvis poderia se candidatar para prefeito em alguma cidade em, seria legal! EU mudaria para lá kkk
Ótima reflexão!
O que brotou de canal motivacional “baseado” na filosofia estóica não é brincadeira 😂
Ótimo video. Lembrei de uma palestra em que o senhor diz. Trabalhe bem e de forma consistente mas tenha um plano B. Só seguir em frente sem reclamar é uma boa estratégia. Mas só reclamar sem trabalhar também não. Precisamos ter uma perseverança estratégica, e saber o melhor momento de contestar melhorias
Muito obrigada, fico ouvindo e ouvindo
SENSACIONAL!
Obrigado professor
Esclarecedor...👀✍👂👍
❤❤❤ Bom dia de Paris Professor! Sigo te seguindo, bisou ❤❤❤
Perfeito sempre
Professor desculpa minha ignorância mas Marco Aurelio achava que pimenta no olho do outro era refresco? Ele vivia estoicamente? Acho que nao.
Amo essas pamonhas. Muiiiito obrigada.
❤
Parabéns pelo conteúdo
Marabilhoso episódio em respostas a aqueles que chamam o Clóvis para podcasts, digo Os Socios mesmo. A alta classe, que """"ama"""" e "pratica" o Estoicismo e fala da boca pra fora, desculpe, mas é essa a realidade, nao apenas difamo, constato o fato
Se você estacionar o carro no centro de uma cidade média ou grande e houver livros no banco de trás, não se preocupe: eles não têm "valor" numa sociedade que os renega.
Sobre os estóicos, fico com o saudoso Contardo Calligaris: prefiro filósofos mais razoáveis.
Pergunta: sobre esse NEO-estoicismo, vale a máxima de Hegel segunda a qual tudo na História acontece duas vezes?
Estou pasmada! Não se fala essas coisas nas palestras que ouvi sobre o estoicismo.
Adorando o professor quando começa a estapear os sabichões. Hoje foi o Marco Aurélio.😂😂😂
Valeu professor. Isso foi um tapa na cara dos estoicos de Nutella
OS ERROS DO PROF. CLÓVIS DE BARROS FILHO QUANTO AO ESTOICISMO
Gosto muito do Prof. Clóvis, ele é uma referência para mim tanto por sua erudição como pela forma didática em como expõe temas complexos para as pessoas mais simples. Ele faz com que a filosofia seja "democratizada" de maneira bela e poética; porém, creio que nesse episódio, ele foi muito infeliz. Levantarei 2 pontos com 2 subpontos cada para tratar de elementos do vídeo que creio serem falsas interpretações da filosofia estoica que podem ser prejudiciais para o entendimento desse sistema filosófico por parte das pessoas que o assistirem.
1. O NÃO CONFIRMISMO ESTOICO
Em primeiro lugar, creio que o Prof. Clóvis erra ao dizer no vídeo que o estoicismo é um sistema filosófico que defende o status quo e que ele é um instrumento excelente nas mãos dos poderosos e da elite (como a do Vale do Silício) para subjugar os oprimidos e mais fracos. Tratarei e responderei sobre isso nos dois subpontos abaixo:
1.1. QUANTO AOS DITADORES E AO STATUS QUO POLÍTICO OPRESSOR
O estoicismo não é simplesmente uma filosofia da aceitação de todas as coisas de modo conformista. Para os estoicos, os heróis, na verdade, são justamente os homens que lutam contra a tirania e a ditadura, contra o poder opressor, como, por exemplo, Catão, o Jovem, que lutou contra Júlio César para que a República e a liberdade fossem preservas contra a ditadura que este último finalmente conseguiu estabelecer (Sêneca, Sobre a Providência 2.9,10; Sobre a Constância do Sábio 2.1); ou homens como aqueles que não aceitaram o status quo ao participarem da Conspiração de Pisão para destronarem o monstro Nero, a exemplo de Laterano (As Diatribes de Epicteto 1.18,19) e do próprio filósofo Sêneca; ou outros estoicos como Trásea que também se opuseram a esse mesmo imperador louco; ou outros como Helvídio Prisco que também se levantou contra outro imperador, Vespasiano, em nome dos seus próprios ideais (As Diatribes de Epicteto 1.2.19-24). Muitos deles tiveram que pagar com a vida para tentarem fazer o que era certo, na medida do que podiam, em prol da justiça. Eles não eram conformistas que se resignavam diante de um poder irresistível. Pelo contrário, eles lutavam com coragem para que o que acreditavam ser bom para todos os cidadãos e mesmo os que não eram considerados cidadãos (veja sobre a escravidão abaixo) fosse efetivado na vida pública e no Estado.
1.2. QUANTO À INSTITUIÇÃO DA ESCRAVIDÃO
Além do mais, em sua visão antropológica universalista e ampla, os estoicos não consideravam nem mesmo os escravos como inferiores. Todos os seres humanos são iguais. Sêneca chega ao ponto de dizer que foi a cobiça e ambição que gerou "a queda" do homem em seu desejo de subjugar o próximo para adquirir posses (Carta 90.40,41). Em uma carta a Lucílio, ele chegava ao ponto de dizer que os escravos brotaram de uma mesma semente que Lucílio e, portanto, é da mesma natureza e pode ser verdadeira e interiormente livre enquanto o próprio Lucílio, caso não se concentre na verdadeira sabedoria, pode se tornar um escravo (Carta 47.10). Lembremos também que o próprio Epicteto, um dos maiores mestres estoicos romanos, era um escravo que foi liberto. Ele diz em muitos capítulos do seu Encheirídion ou Manual (caps. 12, 14 e 26) que os senhores não devem castigar os seus escravos, pois isso é uma atitude de uma pessoa má e que não é senhora de si mesma, mas que é controlada pelas coisas externas. O estoicismo é uma filosofia que, desde o início, pensa no homem de uma perspectiva cosmopolita e não restrita e limitada. Todos os homens são cidadãos do cosmos, do mundo, por causa da razão (Logos) que lhes é comum (cf. Marco Aurélio, Meditações 4.4). Assim como todo o mundo, todo o universo, é ordenado e cada ser participa e contribui para essa ordem com a sua própria natureza, também o homem participa dessa ordem por meio da sua própria e peculiar natureza. Pois bem, a razão é o principal motivo de todos seres humanos serem de uma mesma natureza e, portanto, por isso todos eles devem cooperar para o bem comum, como os membros do corpo cooperam uns com os outros para o bem de todo o corpo (Meditações 2.1). Essa razão é a faculdade condutora que faz com que o ser humano seja diferente de todos os demais seres. Se é assim, então para os estoicos, os homens livres e os escravos possuem o mesmo status ontológico com igual dignidade por haverem recebido de Deus (na visão deles, dos deuses) a mesma parcela de divindade, o Logos, a Razão. Ela os torna partícipes dos deuses, estes que "arrancaram" essa parcela de si mesmos e a deram aos homens (As Diatribes de Epicteto 1.1.7-12; 1.17.27; Marco Aurélio, Meditações 5.27). Portanto, o estoicismo não tenta fazer com que haja conformismo no que diz respeito ao status social dos menos favorecidos, pelo contrário, ele demonstra a dignidade de todos e incentiva o tratamento igual para com todos, pois todos são da mesma natureza: "carne, sopro vital e faculdade condutora" (Meditações 2.2).
CONTINUA...
CONTINUAÇÃO
2. O "MAL-ENTENDIDO" QUANTO ÀS MEDITAÇÕES 2.3 E 4.28 DE MARCO AURÉLIO
2.1. A "REJEIÇÃO" AOS LIVROS DE MARCO AURÉLIO
O Prof. Clóvis irá dizer que Marco Aurélio defende uma rejeição aos livros como que se ele estivesse tentando - por ser o imperador - incentivar os leitores a uma espécie de anti-intelectualismo que faria com que os cidadãos fossem manipulados mais facilmente. Para isso, ele cita a meditação 3 do livro 2 que diz: "No que toda a tua sede por livros, apressa-te em repudiá-la para que não venhas a morrer em murmúrios e resmungos, mas sim de uma maneira propícia e autêntica e agradecendo de coração aos deuses". Essa tradução usada por ele (e reproduzida aqui) é da Editora Edipro (2019, p.26) e foi realizada pelo Dr. Edson Bini. Mas já na primeira página da introdução do livro (p.9), Bini dirá que o título original das Meditações é TON EIS EAYTO que poderia ser traduzido como "para si mesmo", indicando que eram reflexões de caráter privado. Bini diz que isso "indica explicitamente o caráter de privacidade e até intimista desses escritos. O visível tom de autoadmoestação, autocrítica, confissão e, por vezes, desabafo perpassa todas as seções dos doze livros que compõem o conjunto de reflexões, sugerindo o cunho estritamente pessoal de um diário atípico que não era para ser publicado" (p.9). Deste modo não somente a meditação 2.3 citada acima sobre os livros, como também outras em que ele fala sobre esse tema (1.17; 2.2). Marco Aurélio era um imperador que enfrentou muitos problemas em seu reinado e teve de lidar com muitos conflitos políticos (que ele não apreciava nem um pouco), além precisar defender as fronteiras de Roma durante vários anos. Ele não era um filósofo estoico propriamente dito, mas sim, como também aponta Bini, "um estoico, uma vez que levou à prática e em larga escala os princípios da doutrina estoica, tanto no âmbito pessoal como, na medida do possível, em sua intensa e árdua atividade como governante do Império Romano" (p.9; cf. p.10, 12). Marco Aurélio diz algo que ilustra de modo interessante o que ele quer dizer quando fala que não gastava muito tempo em leituras. No Livro 1, onde ele agradece a várias pessoas que influenciaram positivamente a sua vida, ele agradece por fim aos deuses por praticamente tudo de bom que ele possuía e era e, no final da meditação 17, ele diz o seguinte: "[Foi graças aos deuses que] quando comecei a me ocupar de filosofia, não topei com algum sofista nem despendi muito tempo lendo tratados, analisando silogismos nem me detendo no estudo dos corpos e fenômenos celestes". O que ele quer dizer com isso é que foi graças aos deuses que, quando ele iniciou seus estudos filosóficos, ele pôde se dirigir para aquilo que era mais importante para a formação dele como imperador para servir bem ao Império no futuro. Ou seja, ele acreditava que os deuses o guiaram para uma formação mais prática tendo em vista o bem de todo o Império. Portanto, o ponto dele não é influenciar um anti-intelectualismo nos leitores, pois ele nem sequer escreveu suas meditações com o propósito de publicá-las, mas para uso privado. O ponto dele era que como imperador, ele tinha problemas urgentes para resolver em seu reinado e para o bem de todo o império.
2.2. "O CARÁTER NEGATIVO FEMININO E DO PEQUENO EMPREENDEDOR"
O Prof. Clóvis também cita a meditação 4.28 da mesma tradução do Dr. Edson Bini da Editora Edipro (p.47) que diz: "Caráter negativo, caráter feminino, caráter obstinado, selvagem, pueril, bestial, covarde, desleal, charlatanesco, de pequeno mercador, tirânico". Bem, como dito no último subponto, o Dr. Bini deixa claro que essa obra de Marco Aurélio tinha um "cunho estritamente pessoal de um diário atípico que não era para ser publicado " (p.9). E podemos ver isso, por exemplo no livro 2, meditação 6 que diz: "Insulta, insulta a ti mesma, ó alma! O tempo na justa medida de que dispões para honrares a ti mesma escasseia; com efeito, a vida de cada ser humano é curta. E embora a tua esteja quase no fim, não respeitas a ti mesma e fazes tua felicidade depender de outras almas (p. 27, grifo meu); ou na seguinte: "Não se trata mais, em absoluto, da discussão em torno do que deve ser o homem bom, mas sim de ser o homem bom" (Meditações 10.16). Marco Aurélio não estava com essas meditações querendo diminuir as demais pessoas, estava apenas fazendo reprimendas a si mesmo. Ele sabia que era igual às demais pessoas em dignidade, pois compartilhava com elas de uma "idêntica inteligência e parcela da divindade" (Meditações 2.1; cf. 5.27). Desse modo, ainda que ele tenha usado termos fortes na meditação 4.28, em primeiro lugar devemos lembrar que ele está repreendendo a si mesmo e não menosprezando as demais pessoas e, em segundo lugar, devemos nos lembrar que ele está falando tendo como base um contexto histórico completamente diferente do contexto moderno. O feminino era considerado tanto na cultura grega como na romana como qualificativo de inferioridade. Isso devido a vários motivos, dentre eles, a suposta fragilidade feminina e sua suposta maior inclinação às emoções do que os homens (cf. Meditações 2.10). Porém, olhar para trás com o dedo em riste e expressando juízos morais muito restritos cobrando que a cultura grega e romana antigas tivessem o mesmo padrão e valores modernos e pós-modernos é, no mínimo, anacrônico. Houve evolução moral no que diz respeito à igualdade dos gêneros e isso é excelente, porém, cobrar que um antigo romano do século 2 tivesse a mesma visão que nós temos hoje é completamente inadequado de um ponto de vista histórico. Quanto ao caráter do pequeno mercador, Marco Aurélio não está menosprezando os comerciantes, mas sim os desonestos. O termo grego "KAPELIKÓN" usado por ele aqui significa "pouco honesto". Desse modo, o que Marco Aurélio tem em mente não é o pequeno empreendedor, mas sim uma pessoa desonesta, uma pessoa vigarista.
CONTINUA...
CONCLUSÃO
Concluo dizendo reforçando o que disse no início do comentário, que respeito e admiro muito o Prof. Clóvis; porém, com base em tudo o que expus acima, preciso dizer que discordo fortemente do teor deste episódio do Inédita Pamonha. Nele, o Prof. foi impreciso em suas afirmações e colocações ao dizer que o estoicismo é uma filosofia que serve às classes dominantes em detrimento das classes dominadas e oprimidas quando, na verdade, podemos ver pelo exemplo de um dos maiores filósofos desse sistema, Epicteto, que essa filosofia é universalista em todos os aspectos, defendendo a igualdade entre todas as pessoas por todas elas compartilharem - na visão dos estoicos - de uma mesma e "idêntica parcela de inteligência e divindade" (Meditações 2.1). Sendo assim, o que o estoicismo preconiza e ensina é justamente que seus adeptos usem tudo o que está sob seu controle para auxiliar as pessoas que estão ao seu redor e até mesmo para tentar mudar realidades sociais injustas e opressoras como muitos "heróis" dentre eles tentaram. Para os estoicos, a paz de espírito e a tranquilidade da alma são encontradas justamente no exercício da virtude, que é um uso adequado da razão (Sêneca, Cartas 66.32; 71.32; 76.10; 92.2,3; Marco Aurélio, Meditações 3.6, 12) para a efetivação do bem no mundo. Sendo assim, termino dizendo que o Prof. Clóvis de Barros Filho errou ao sugerir que o estoicismo é uma filosofia elitista a serviço dos opressores, pelo contrário, ela é uma filosofia da ataraxia, da tranquilidade da alma, mas uma ataraxia gerada pela prática ativa da virtude com vistas ao bem comum dos homens e de toda a ordem do mundo.
Irretocável!!
...o conformismo é a" lógica" daqueles levam vantagem sendo escravos. "Somos vítimas, eles nos devem tudo, nós merecemos tudo o que eles têm porque eles nos roubam", logo, posso roubar também, logo é meu dever ser preguiçoso, irresponsável, mentiroso. É minha defesa contra quem quer me dominar e assim, levar vantagem. Essa é a ante sala do terrorismo... Não concordei em gênero, número e grau com essa postagem, ainda que goste de vc e do seu trabalho.
"Vantagem em ser escravo?" O ser cuja liberdade foi cerceada por interesse de outrem, viverá um sofrimento tão grande , que para alguns supera o medo da morte, pois ferem seus mais básicos direitos sociais a ponto dessa revolta se lhe custar a própria vida, na defesa de seus iguais
Não vai faltar gente para chamar o prof Clóvis de "comunista", apesar de 99% dos que usam essa palavra para diminuir os outros não saibam o real significado da mesma. A sociedade emburreceu,e muito
Valeu!
Nós que agradecemos!