Paixão à primeira vista, existe?

Existe mesmo paixão à primeira vista? E o que vem depois?
Eu sou da opinião que toda paixão sempre é à primeira vista. Mesmo quando acordamos num belo dia apaixonados por alguém que há muito tempo conhecemos, mesmo assim, no meu entendimento, é à primeira vista. Uma visão do outro que se apresenta de tal maneira pela primeira vez.
A paixão é diferente de tudo e deixa tudo muito diferente. A palavra traz em seu sentido literal o significado passividade e assim ela age em nós, passivamente e passionalmente.
Não há controle e nem contenção. Não há o que se possa fazer para tê-la e, muito menos, para detê-la. É um estado de arrebatamento bastante forte e duradouro o suficiente capaz de dominar e submeter a vida mental.
Esse encantamento é um feitiço. No blues (estilo musical inventado pelos negros que cantavam melodias chorosas sobre suas vidas às margens do rio Mississipi) é dito que toda magia tem data para começar e data para terminar, ou seja, não existe feitiçaria que dure eternamente. E sobre essa questão especificamente, tal verdade pode ser um bálsamo para uns e um desconsolo para outros.
Segundo Shakespeare “o que a nós na paixão foi por nós prometido terminada a paixão perde todo o sentido. O mundo não é eterno e tudo tem um prazo nossas vontades mudam na virada do acaso”.
E, é nessa virada que reside a nossa maior provação: nossa alma é igual ao nosso corpo, se ela não é desafiada ela atrofia. É por isso que a paixão não é eterna. O fim de um estado de apaixonamento inaugura um estado de reflexão.
E o que vem depois?
Inúmeras possibilidades. Eu não sei te dizer com certeza.
A única certeza que tenho é que mais do que se apaixonar se desapaixonar nos ensina muito.