- PAI, vamos gravar uma moda juntos?
- Ih, rapaz. Como se eu nem sei cantar?
- Não tem problema. Também não sei tocar.
Gravamos. Tocamos e cantamos. Depois até nos demos um nome como dupla: Pica Fumo e Rasga Paia. E dale risada. Quem sabe, nessa brincadeira, até nasceu mesmo uma dupla de caipiras, que, se não cantam assim tão bem, compensam no amor e admiração mútua que sentem um pelo outro.
É uma realização para mim ter meu pai como dupla para minhas cantorias desafinadas. Além de referência para o homem que me tornei, Seu Davi é meu companheiro pra tudo: desde as piadas que contamos um pro outro o dia todo, passando pelos causos antigos que ele reconta sempre, até nossas idas periódicas ao supermercado. Assim, inseparáveis, sempre juntos e em harmonia.
Foi dele o braço que me susteve quando mais precisei. E, naqueles dias de grande dor, jurei comigo mesmo, que seria eu o braço que o amparia em sua velhice. Meu pai: seu filho é por ti, como Deus é por nós.
Gravamos Chico Mineiro. Logo mais, A vingança do Chico Mineiro, que já tá quase ensaiada. Quem sabe depois umas modas de viola bem doída, hein? Só o tempo dirá. Disposição temos.
Em casa o amor prevalece, e onde houver amor, haverá felicidade... E agora, felizmente, também cantoria.
Pica Fumo e Rasga Paia, guardem esse nome, porque promete. Sim, músicas boas, risadas sinceras, plateia animada, e violeiro desafinado. Só o ouro.
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